O projeto “Arte e intervenção social” da EMEF Professor Aurélio Arrobas Martins, de Itaquera, na zona lesta de São Paulo, venceu a décima edição do Prêmio Paulo Freire nesta sexta-feira (18). “Foi muito emocionante, e também uma realização pessoal muito grande. É uma confirmação para continuarmos com esse trabalho. A escola hoje em dia precisa de projetos”, declarou à UMES Daniel Carvalho de Almeida, organizador do projeto na escola.
O Prêmio Paulo Freire de Qualidade de Ensino Municipal é entregue anualmente na Câmara Municipal de São Paulo, e esta na sua décima edição. “É um prêmio que estimula e valoriza as iniciativas de estudantes e educadores das escolas, que mesmo com todas as dificuldades, levam adiante os ideais de Paulo Freire para construir uma educação emancipadora”, disse Tiago Cesar, vice-presidente da UMES, que compôs a mesa solene durante a premiação e também integrou o Comissão Julgadora em nome da UMES.
Ao explicar o projeto da escola Daniel disse que se trata de um projeto de intervenção social baseado na organização da segunda edição do livro “Entre versos controversos: o canto de Itaquera”, que integra diferentes ações artísticas produzidas pelos estudantes. “Os alunos publicaram o segundo volume de poesias no sentido de transformar a realidade onde vivem, transformar a realidade da periferia de Itaquera”.
O livro tem como foco abordar diversas questões sociais de forma a transformar a vida dos alunos por meio da arte que eles produzem, discutindo as desigualdades e o preconceito racial, disse Daniel. Para ele o livro demonstra o encanto da periferia. “Na verdade o que os alunos estão tentando mostrar é que mesmo com vários olhares frios da sociedade tentando engaiola-los, o canto de Itaquera, esses pássaros de Itaquera, que são eles mesmos, podem voar alto, para além dessa gaiola que vive tentando aprisionar essa sociedade”, disse Daniel após citar um trecho de Kafka que dizia que “uma gaiola saiu a procura de um pássaro”.
Durante a solenidade Daniel explicou que o projeto nasceu a partir da reflexão de um verso do poeta alemão Bertold Brecht. “A árvore é xingada de estéril, mas quem analisa o solo? O galho estava seco e se quebrou, mas alguém perguntou se havia neve sobre ele?”
“Esse prêmio valoriza os projetos de educação e aqui várias escolas apresentaram suas iniciativas e foram analisadas. Isso nada mais é do que estimular, exaltar aqueles que lutam por uma educação de qualidade, que realmente trabalham para que São Paulo seja uma cidade educadora”, afirmou o vereador Reis que presidiu a solenidade.
O segundo lugar ficou com a escola CIEJA Sapopemba, que organizou o projeto “Etnia: Um estudo sobre as histórias, cultura, opressão e a resistência da população afro-brasileira”, organizado por Denis Ricardo Bezerra, Maria das Graças de Oliveira Galvão e Douglas Sanches da Silva. Em terceiro lugar ficou o EMEI Dona Leopoldina, com o projeto “Pequenos conselheiros, grandes ideias”, dos organizadores Márcia Covelo Harmbach, Simone Cavalcanti da Silva e Iveline Santos Zacharias.
Foram 140 projetos inscritos e analisados pela Comissão Julgadora composta pela Secretaria Municipal de Educação, Comissão Permanente de Educação, Cultura e Esportes da Câmara, SINPEEM (Sindicato dos Profissionais de Educação no Ensino Municipal de São Paulo) e UMES.
Em 2014 o projeto “Abram alas para a cultura popular brasileira”, do Centro de Integração de Ensino de Jovens e Adultos, organizado por Clóvis Caitano Miquelazzo, foi o vencedor.