Redução da maioridade penal para 16 anos é inconstitucional

 

“Tendo a concluir que é cláusula pétrea, e, portanto, insuscetível de emenda constitucional”, considerou o ex-presidente do Supremo, Sepúlveda Pertence

 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (31), a Proposta de Emenda Constitucional 171/93, sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos de idade com 42 votos a favor e 17 contrários. A proposta apadrinhada pelos deputados da chamada “bancada da bala” contou com uma forte campanha da mídia e dos setores mais reacionários do país pela sua aprovação.

 

Desde 1993, o texto leproso perambulava pelos corredores da Câmara sem contar com o apoio de qualquer deputado sério. Mas, somente agora, numa situação onde o ataque aos os direitos do povo, patrocinado pelo conluio Dilma, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, se torna o principal objetivo dos poderes Executivo e Legislativo, o coro em defesa de tal proposta ganha força.

 

Na CCJ, membros da velha e da nova direita se fizeram presentes para defender este princípio neoliberal.

 

De acordo com o artigo 60 da Constituição Federal, inciso 4º: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir […] IV – os direitos e garantias individuais” dos cidadãos.

 

Ao reduzir a idade penal o Congresso está abolindo direitos de adolescentes entre 16 e 18 anos previstos nos artigos 227 e 228 da Constituição, que reconhecem as crianças e os adolescentes como pessoas em condição peculiar de desenvolvimento, inimputabilidade penal (incapacidade do sujeito em responder por sua conduta delituosa, não ser capaz de entender que o fato é ilícito e de agir conforme esse entendimento, fundamentando em sua maturidade psíquica), e estabelece que as medidas de responsabilização por atos infracionais devem ser específicas, não integradas ao código penal.

 

A partir dos 12 anos, qualquer adolescente é responsabilizado pelo ato cometido contra a lei. Essa responsabilização, executada por meio de medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), tem o objetivo de ajudá-lo a recomeçar e a prepará-lo para uma vida adulta de acordo com o socialmente estabelecido. É parte do seu processo de aprendizagem que ele não volte a repetir o atoinfracional. Inimputabilidade nada tem a ver com impunidade.

 

De acordo com a PEC aprovada na CCJ, os adolescentes continuarão sendo julgados nas Varas Especializadas Criminais da Infância e Juventude, mas, se o Ministério Público quiser, poderá pedir para “desconsiderar inimputabilidade”, o juiz que decidirá se o adolescente deverá responder como adulto por seus delitos.

 

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Sepúlveda Pertence, considera inconstitucional a redução. “Tendo a concluir que é cláusula pétrea, e, portanto, insuscetível de emenda constitucional. Creio que essa discussão vai chegar ao Supremo”, afirmou.

 

O secretário-geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Pereira de Souza Neto também considera inconstitucional a possibilidade de redução da maioridade penal e é contrário à medida. “A sociedade não está fazendo o seu trabalho, é negligente com a sua educação, e depois quer resolver os problemas sociais com punição. Não é caminho”, destacou.

 

DIREITOS

 

Além disso, a Constituição brasileira assegura nos artigos 5º e 6º os direitos fundamentais como educação, saúde, moradia, etc. Com muitos desses direitos negados, a probabilidade do envolvimento com o crime aumenta, sobretudo entre os jovens. O adolescente marginalizado não surge ao acaso. Ele é fruto de um estado de injustiça social que gera e agrava a pobreza em que sobrevive grande parte da população. A marginalidade torna-se uma prática incentivada pelas condições sociais e históricas em que os adolescentes vivem no Brasil. O adolescente em conflito com a lei é considerado um ‘sintoma’ social, utilizado como uma forma de eximir a responsabilidade que a sociedade tem nessa construção. Reduzir a maioridade é transferir o problema, como se para o Estado fosse mais fácil prender do que educar.

 

Para o advogado Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, em entrevista para a Revista Fórum, “quem nunca teve sua vida valorizada não vai valorizar a vida do próximo. O que esperar de crianças e adolescentes que nunca tiveram acesso à saúde, educação, assistência social, entre outros direitos?”, indagou.

 

Segundo Ariel de Castro “os sistemas e programas educacionais e sociais bastante frágeis e precários, além da falta da oportunidades e a desagregação familiar. A evasão escolar e a dependência de drogas também contribuem significativamente para o envolvimento de jovens com crimes. Se verificarmos o perfil dos jovens que estão em unidades de internação para adolescentes ou inseridos em outras medidas socioeducativas, concluiremos que praticamente todos eles são originários de bairros com uma grande concentração de população juvenil, mas com pouca oferta de serviços públicos de educação, cultura, esportes, lazer, entre outros”.

 

CRIMINALIDADE

 

Para a subprocuradora-geral da República, Raquel Elias Ferreira Dodge, há uma má interpretação dos índices de violência cometidos por jovens. “Há uma sensação social de descontrole que é irreal. Os menores que cometem crimes violentos estão ou nas grandes periferias ou na rota do tráfico de drogas e são vítimas dessa realidade”, diz.

 

Atualmente, roubos e atividades relacionadas ao tráfico de drogas representam 38% e 27% dos atos infracionais, respectivamente, de acordo com o levantamento da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Crianças e do Adolescentes. Já os homicídios não chegam a 1% dos crimes cometidos por jovens de 16 a 18 anos. Segundo a Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância da ONU, dos 21 milhões de adolescentes brasileiros, apenas 0,013% cometeu atos contra a vida.

 

Ao mesmo tempo, não há comprovação de que a redução da maioridade penal contribua para a redução da criminalidade. Do total de homicídios cometidos no Brasil nos últimos 20 anos, apenas 3% foram realizados por adolescentes. O número é ainda menor em 2013, quando apenas 0,5% dos homicídios foram causados por menores. Por outro lado, são os jovens (de 15 a 29 anos) as maiores vítimas da violência. Em 2012, entre os 56 mil homicídios em solo brasileiro, 30 mil eram jovens, em sua maioria (mais de 70%) negros e pobres.

 

São minoria os países que definem o adulto como pessoa menor de 18 anos. Das 57 legislações analisadas pela ONU, 17% adotam idade menor do que 18 anos como critério para a definição legal de adulto.

 

Alemanha e Espanha elevaram recentemente para 18 a idade penal e a primeira criou ainda um sistema especial para julgar os jovens na faixa de 18 a 21 anos. Tomando 55 países de pesquisa da ONU, na média os jovens representam 11,6% do total de infratores, enquanto no Brasil está em torno de 10%. Portanto, o país está dentro dos padrões internacionais e abaixo mesmo do que se deveria esperar. No Japão, eles representam 42,6% e ainda assim a idade penal no país é de 20 anos. Se o Brasil chama a atenção por algum motivo é pela enorme proporção de jovens vítimas de crimes e não pela de infratores.

 

A comissão especial terá o prazo de 40 sessões do Plenário para dar seu parecer. Depois, a PEC deverá ser votada pelo Plenário da Câmara em dois turnos. Para ser aprovada, precisa de pelo menos 308 votos (3/5 dos deputados) em cada uma das votações. Se aprovada na Câmara, a PEC seguirá para o Senado, onde será analisada pela CCJ e depois pelo Plenário, onde precisa ser votada novamente em dois turnos.

 

Se o texto for alterado, volta para a Câmara, para ser votado novamente. Não cabe veto da Presidência da República, pois se trata de emenda à Constituição. A redução, se aprovada, pode ser questionada no Supremo Tribunal Federal, responsável último pela análise da constitucionalidade das leis.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo, por MAÍRA CAMPOS

Professora Amanda Gurgel denuncia o descaso dos governos com a educação

Acesse o link do vídeo clicando na foto acima!

 

Republicamos esse vídeo de 2011 da professora Amanda Gurgel, que leciona no ensino médio de Natal, Rio Grande do Norte, tendo em vista a atualidade do total abando e descaso com a educação a nível nacional por parte dos governos. Onde não só os professores do Estado de São Paulo estão em greve, mas de outros três Estados: Pará, Paraíba e Santa Catarina. Todos reclamando a total negligência com a educação e sentindo na pele os cortes perpetrados pelas esferas federal e estadual.

 

 

Os R$ 7 bilhões cortados pela Dilma deixaram as universidades federais sem condições de funcionamento e barraram 1,1 milhão de estudantes já matriculados na rede privada através do programa de financiamento do Fies. Em São Paulo os cortes impostos por Geraldo Alckmin já somam R$ 470 milhões, enquanto as salas de aula estão caindo aos pedaços, os professores recebem salários de fome, e milhares de alunos saem analfabetos das salas de aula.

Cortes de Geraldo Alckmin na educação já atingem programas de alfabetização

O governo do Estado de São Paulo paralisou desde janeiro o programa de alfabetização Alfabetiza São Paulo, em vigor desde 1997, deixando os 14.858 jovens e adultos atendidas pelo programa fora das salas de alfabetização devido a “readequação orçamentária”, que cortou R$ 470 milhões da pasta de educação.

 

Em 2010 o Censo Demográfico do IBGE indicava a existência de 1,4 milhão de analfabetos apenas no Estado de São Paulo, dos quais 920 mil tinham mais de 50 anos. Por sua vez o Censo Escolar do Inep demonstra para o mesmo ano que o número de matrículas de alfabetização no Estado é muito inferior, totalizando 251.552 alunos matriculados na educação fundamental para jovens e adultos no Estado de São Paulo.

Venha com a UMES construir o Plano de Mobilidade Urbana de São Paulo

 

O PlanMob-SP constitui um instrumento de gestão pública que visa orientar as ações, os projetos e os investimentos em mobilidade urbana já em curso, bem como planejar os próximos anos seguindo diretrizes do Plano Diretor Estratégico. O plano tem como um dos princípios fundamentais a integração dos sistemas de mobilidade urbana incluindo todos os modos de deslocamento, dando prioridade ao transporte público coletivo e incentivo aos modos ativos (não motorizados).

 

Elaboração intersecretarial

 

A elaboração do PlanMob/2015 está sob a coordenação da Secretaria Municipal dos Transportes, mas está sendo elaborado de forma coletiva e intersecretarial por meio de um Grupo Técnico (GTI) composto pelas seguintes Secretarias Municipais: do Verde e Meio Ambiente, do Desenvolvimento Urbano, da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, do Planejamento Orçamento e Gestão, de Infraestrutura Urbana e Obras, da Habitação e da Coordenação das Subprefeituras. Mais informações

 

Participação Social

 

A participação social é outro princípio fundamental e está sendo efetivada pela agenda do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (CMTT), em que já foram recepcionadas sugestões das principais categorias e segmentos ligados à mobilidade urbana. Neste momento está sendo lançada e etapa conclusiva onde a população terá a oportunidade de participar:

 

Presencial: em uma extensa rodada de reuniões nas subprefeituras (32), reuniões temáticas (10) e audiências públicas;

 

Virtual: com apenas alguns "cliques", respondendo a perguntas em um formulário de levantamento de opinião.

Festival de esportes da UMES na zona leste

 

“Vamos organizar um novo festival de esportes com as escolas da zona leste neste mês de abril. Com a experiência do Jesp, e do festival regional de Voleibol que organizamos em fevereiro percebemos que a importância de integrar os estudantes através de atividades esportivas”.

 

Se você é estudante de alguma escola da zona leste, entre em contato com um de nossos diretores da zona leste:

Caio Guilherme: tel. (11)98378-1406/ 2642-0451; ou pelo e-mail: caio.umes1997@gmail.com

Jonathan Mateus: tel. (11)94866-4018/ 2642-0451; ou pelo e-mail: jonathanoliveira.umes@gmail.com

 

O primeiro festival de esportes da UMES da zona leste foi realizado na quadra da escola estadual Charles de Gaulle, na modalidade Voleibol feminino e masculino.

 

O campeonato foi organizado em um sábado (28 de fevereiro), com a participação das escolas estaduais Professor Francisco de Assis Pires Correia (Chiquinho) e Charles de Gaulle, e contou com a presença do presidente do grêmio da escola Astrogildo Arruda, Lucas Bismarck. Também estava presente a vice-diretora Adriana, da escola Charles de Gaulle, que fez questão de participar do festival.

 

A escola campeã foi a Charles de Gaulle, que venceu a competição nas modalidades masculina e feminina. Porém as equipes das duas escolas foram premiadas com uma bola oficial da Penalty.

Daniel Cara: Dilma se afasta do PNE e reduz financiamento federal para educação

O PNE revê o pacto federativo na educação, a partir do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial). O prazo para implementá-lo é junho de 2016. A partir dai, o Governo Federal terá que participar mais do financiamento da educação básica.

 

Após o anúncio, foi grande a repercussão de Renato Janine Ribeiro como novo titular do MEC (Ministério da Educação). Além de me surpreender positivamente com a escolha, defendi a centralidade da implementação do PNE 2014-2024 (Plano Nacional de Educação) como prioridade para o novo ministro.

 

Em matéria educacional e pelos próximos 10 anos, cumprir este plano é uma obrigação para todos os gestores públicos que atuam na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios. É o que determina o artigo 214 da Constituição Federal, além do compromisso firmado pela própria Lei 13.005/2014, que estabelece o PNE.

 

No entanto, implementá-lo não é trivial. Em seus 26 discursos desde a posse, a presidenta Dilma Rousseff sequer mencionou o PNE. E isso é uma contradição: o novo plano foi sancionado por ela mesma, sem vetos, em junho de 2014. Ademais, ao eclipsar o PNE, Dilma enfraquece o lema de seu segundo mandato: “Brasil: pátria educadora”.

 

O principal motivo do escanteamento é simples: o PNE demanda uma revisão federativa dos investimentos em políticas públicas educacionais. Em fevereiro de 2012, quando Mercadante tinha acabado de assumir o MEC, publiquei na Folha de S. Paulo o artigo “Mais dinheiro federal na educação básica”. Ali demonstrava que a União, maior e mais eficiente arrecadadora, deveria ter uma participação mais decisiva nos custos educacionais.

 

Naquele momento, segundo o último dado disponível, a cada R$1,00 investidos em educação pública, o Governo Federal colocava R$0,20. Sobrava a Estados e Municípios o restante da conta: R$0,41 e R$ 0,39, respectivamente. Em 2014, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) produziu novos dados. Contudo, a distribuição piorou: a cada R$1,00 investidos em educação pública, a União passou a colaborar com R$0,18, cabendo aos Estados uma participação de R$0,40 e aos Municípios, R$0,42.

 

Para corrigir essa discrepância, o PNE elegeu o CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial) como primeiro mecanismo de equilíbrio federativo. Criado e desenvolvido pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação desde 2002, o CAQi foi aprovado nas edições de 2010 e 2014 da Conae (Conferência Nacional de Educação). Ele busca materializar o direito de brasileiros e brasileiras a escolas públicas com professores condignamente remunerados, estimulados por uma política atrativa de carreira, formação continuada e turmas com o número adequado de alunos. Além disso, todas as unidades escolares devem ter bibliotecas, laboratórios de ciências, laboratórios de informática, quadras poliesportivas cobertas e acesso à Internet de banda larga.

 

O CAQi está amplamente amparado na legislação nacional. É estabelecido em estratégias da meta 20 do PNE (financiamento da educação), mas também está alicerçado nos artigos 205, 206 e 211 da Constituição Federal, além do inciso IX do artigo 4º da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Em síntese, o CAQi concretiza o padrão mínimo, digno e necessário de qualidade do ensino.

 

Segundo o novo plano educacional, o prazo para implementação do CAQi é junho de 2016. Em um contexto de crise arrecadatória e econômica, será preciso estabelecer critérios de transitoriedade e prioridade para a distribuição dos novos recursos a serem transferidos da União para Estados e Municípios.

 

Em outras palavras, caberá ao novo ministro e sua equipe negociar com seus colegas da área econômica (Fazenda e Planejamento), além de governadores, prefeitos, entidades da sociedade civil, gestores educacionais, conselheiros de educação, sindicatos e parlamentares. E a base da conversa deve ser institucional: as Leis precisam e devem ser cumpridas.

 

Sem dúvida o desafio é complexo e o contexto é um dos mais difíceis, mas como concluí no artigo de 2012, “até o momento, nenhum ministro da Educação quis ou soube enfrentar a espinhosa agenda para regulamentar'' o pacto federativo na área. O desafio permanece. Agora está com Renato Janine Ribeiro.

 

Fonte: Daniel Cara (Blog do Daniel Cara)

 

 

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Apeoesp convoca assembleia dia 2 de abril

Dia Nacional de Luta em defesa da Educação

Na última quinta-feira (26) foi celebrado o Dia Nacional de Luta pela Educação, organizado por uma ampla mobilização estudantil contra o corte de mais de R$ 7 bilhões no orçamento da Educação. “Este corte vai transferir os recursos da educação para os banqueiros, através do superávit primário”, explicou Kauê, presidente da UMES. Foram milhares de estudantes manifestando sua indignação contra os cortes em São Paulo e em todo o país.

 

As mobilizações da UMES começaram logo pela manhã na escola estadual Alcântara Machado, onde a diretoria da entidade convocou os estudantes para a manifestação de greve dos professores de São Paulo no MASP, na avenida Paulista. “Os estudantes estão juntos com os professores na luta pela valorização, na luta contra as salas super lotadas, por melhorias nos laboratórios, mas principalmente por uma educação pública de qualidade, com mais dinheiro para a educação”, disse Marcos Kauê, presidente da UMES.

 

No inicio da tarde o bandeijão da USP foi o palpo do movimento contra os cortes, impostos pela dupla Zago-Alckmin que tiraram da educação R$ 470 milhões. Já na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), os estudantes organizaram uma ampla assembleia para declarar greve devido aos cortes que paralisaram as universidades federais, deixando-as sem nem mesmo água, luz ou serviço de limpeza.

 

No período noturno os estudantes invadiram o Corredor Vergueiro para denunciar os cortes do governo federal que deixaram cerca de 1 milhão e 100 mil estudantes previamente matriculados através do Fies fora das salas de aula. Durante a manifestação os estudantes cantavam “Libera o FIES, ou paramos o Brasil”. Também foram realizadas manifestações descentralizadas em algumas universidades da cidade, a exemplo da PUC-SP, e outras universidades mais distantes do centro.

 

“Não existe nenhuma razão para a política de cortes, principalmente os da educação, pois este dinheiro está sendo desviado para os bancos através da cada vez mais elevada taxa de juros. Ou seja, o problema não é a falta de dinheiro, mas sim o seu destino. A conclusão é clara: o ajuste fiscal que se coloca em curso incide apenas para os trabalhadores, os grupos oprimidos e os mais pobres, mantendo intactos os lucros e interesses dos ricos. O Brasil precisa voltar a crescer”, afirmou a secretária-geral da UNE, Iara Cassano. Em diversas outras cidades como Distrito Federal e Porto Alegre foram realizadas manifestações contra os cortes.

 

Embora o conselho das ruas seja claro ao dizer não aos cortes, a presidente Dilma insiste em afirmar que vai fazer “cortes” e um bloqueio “significativo” no orçamento de 2015, tudo para cumprir a meta de superávit primário, desviando os recursos públicos para os bancos. O anúncio foi feito logo após a aprovação do orçamento do ano pelo congresso. “Tivemos, agora, aprovado nosso orçamento. Assim que sancionado, vamos fazer um contingenciamento que será significativo. Não será um pequeno contingenciamento”, disse Dilma em entrevista coletiva dia 20.

“É fundamental que nós tratemos o contingenciamento porque temos o objetivo de fazer 1,2% [do PIB] de superávit primário. Para fazer, contamos com as medidas que nós enviamos ao Congresso e também com processos de redução dos nossos gastos, o que só pode ser feito depois de o orçamento ser aprovado. Dado o orçamento, vamos fazer cortes no Orçamento e vamos fazer um contingenciamento de gastos”, afirmou a presidente.

Após cortes, universidades federais restringem verba de custeio

 

Enquanto o corte na UFBA chega a R$ 100 milhões, estudantes da Unifesp deflagram greve. Reitores pedem que orçamento seja preservado para evitar a crise

 

Os cortes no orçamento do Ministério da Educação (MEC) promovidos pelo governo Dilma levaram as universidades federais, que tiveram um terço de suas verbas ceifadas a passar por grandes apuros, instalando o caos nas instituições país afora.

 

A Universidade Federal da Bahia (Ufba) anunciou uma série de medidas de redução de custo para o ano letivo de 2015, devido à diminuição em mais de R$ 100 milhões do seu orçamento de custeio e no atraso do pagamento de contas em até três meses. Em uma carta destinada à comunidade acadêmica, a instituição informou que enfrenta dificuldades na manutenção das atividades desde o final do ano passado.

 

Segundo a assessoria, o orçamento de custeio da Ufba seria, para 2015, R$ 310 milhões. Agora, a ordem é racionalizar o consumo de água, telefone e energia. Além disso, a concessão de passagens, diárias e hospedagens foi suspensa: segundo a carta, a recomendação é que se use serviço de teleconferência. Para completar, contratos de serviços terceirizados podem ser diminuídos em até 25%. O gasto com esses credores chega a R$ 5,8 milhões por mês.

 

Em uma das principais instituições federais de ensino superior do país, a Universidade Federal de Brasília as condições de trabalho dos servidores já é afetada, serviços a comunidades foram cortados, há alternância no pagamento de contas de água e luz para evitar o corte no abastecimento e também há falta até de insumos básicos como material de escritório, papel, tonner de impressora e papel higiênico.

 

Cesar Augusto Silva, decano de Planejamento e Orçamento da UnB explica que não sabe se conseguirá fechar as contas de março “O Ministério da Educação liberou 1/12 de verba para as universidades públicas, mas, dado o volume de contas, é possível que isso não seja suficiente para fechar março. No início do ano, o governo federal repassou R$ 7,4 milhões a menos do que o normal à UnB”, explica. A Universidade precisa de cerca de R$ 10 milhões ao mês apenas para a manutenção da instituição, sem realizar qualquer tipo de investimento.

 

“O problema também atinge os trabalhadores. Calculamos uma previsão de corte de 25% dos terceirizados em 2015, diante da redução do orçamento”, afirma Mauro Mendes, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), que estuda a possibilidade de entrar em greve este ano pela liberação de mais recursos para as universidades e também para pedir aumento salarial.

 

Sem ter completado um mês do início do semestre letivo, o mato alto pode ser observado em pontos do campus Darcy Ribeiro na UnB, isso porque há falta de combustível na universidade afetando a poda da grama, já que os cortadores são movidos à gasolina que está em falta. Com isso, além da grama ficar alta, alunos tiveram saídas de campo canceladas por não haver como abastecer os ônibus.

 

“Com a suspensão das saídas de campo, a gente perde a chance de ver, na prática, o que aprende na sala de aula”, afirmou a estudante Jaqueline Passos.

 

No Hospital Veterinário, as cirurgias estão suspensas, sem previsão de retorno, já que não há anestésico, luvas e outros itens básicos no estoque. “Temos uma pilha de documentação para fazer a compra de artigos, mas, como a verba ainda não saiu, não é possível completá-la”, afirma o diretor do Hospital Veterinário, Antônio Raphael Neto.

 

SÃO PAULO

 

Estudantes do campus Guarulhos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) decidiram entrar em greve em assembleia realizada na noite desta quinta-feira (24). Segundo os alunos, a paralisação foi aprovada por 393 pessoas que estavam na reunião. Outras 282 votaram contra.

 

A principal reivindicação do movimento é a manutenção da chamada “Ponte Orca”, ônibus que faziam o transporte gratuito da estação Carrão (zona leste da capital) até o campus, no centro de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. O beneficio foi cortado após o anuncio dos cortes no repasse promovido pelo governo federal.

 

RIO DE JANEIRO

 

O alojamento de estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro é insuficiente para a demanda, como é na maioria das universidades federais. A novidade é que em meio a crise impetrada pelo governo Dilma a falta de verbas leva a precarização da infraestrutura e agora até infestação de ratos acontece no alojamento.

 

“Olha, se eu soubesse que estaria nesta situação, talvez não tivesse vindo.” O arrependimento é do brasiliense Italo Ferreira, 23, aluno de farmácia da UFRJ.

 

O edifício tem problemas de infraestrutura, como quartos sem porta, banheiros sem privada, infiltrações, além de estar superlotado. Atualmente, há 250 quartos com capacidade para uma pessoa. Um levantamento feito em 2014 pelos próprios moradores do alojamento apontou que havia 300 universitários morando no edifício.

 

A irresponsabilidade do governo é gritante. Uma instituição de ensino superior do tamanho da UFRJ, a maior do país, não pode contar apenas com 250 quartos, muito menos sem condições de habitação e pra completar com um terço das verbas cortadas sem conseguir pagar as contas, quanto mais realizar qualquer tipo de investimento.

 

BATALHA

 

Os reitores das universidades federais defendem o repasse integral da verba das universidades, mesmo com o corte no orçamento do MEC. Exigem que o governo de um jeito que arcar com seus compromissos. De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Targino de Araújo, as universidades precisam de mais professores e técnicos, além de mais verbas para o custeio. É preciso que o repasse seja integralmente o previsto no Orçamento Geral da União para 2015 aprovado, de aproximadamente 15% a mais do que em 2014. “Temos a expectativa grande de que o orçamento do Ministério da Educação (MEC) seja preservado. Mesmo que não seja, que o das universidades seja”, diz Araújo.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo