Encontro contou com a participação de 100 lideranças de 54 escolas da cidade de São Paulo – Foto: UMES/Divulgação
A UMES e a Secretaria de Educação de São Paulo realizaram nesta quarta-feira (07), um encontro com estudantes e grêmios estudantis da cidade de São Paulo para debater a implementação do Ensino Integral e do Novo Ensino Médio no estado.
O encontro de grêmios e membros da diretoria da UMES foi chamado pela entidade que contou com a participação do secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, e a sua equipe. Participaram do debate mais de 100 estudantes de 54 escolas estaduais da capital paulista.
Os estudantes apresentaram suas demandas à Secretaria e foram unânimes em defender o Ensino Integral como principal ferramenta para a melhoria da Educação no estado.
“Nesse encontro, apresentamos um documento da UMES e dos grêmios que reitera a importância da implementação, aceleração e expansão do Ensino Integral no estado de São Paulo”, explicou o diretor da UMES, Lucca Gidra.
“A pandemia agravou a situação da Educação de todo o Brasil e os estudantes sofreram um grande impacto negativo, inclusive nos índices de aprendizado. Nós precisamos garantir ferramentas para superarmos essas barreiras e o Ensino Integral é fundamental para mudarmos esta realidade”, destacou o líder secundarista.
Outros temas estiveram em pauta. Entre eles, inclusão tecnológica, investimentos, infraestrutura, ensino remoto, formação dos professores, aulas presencias, transparência e readequação de metodologias. Na fala aos estudantes, o secretário lembrou do passado para reforçar a importância do diálogo e da participação direta dos alunos em debates a respeito da qualidade educacional. “Minha origem escolar é a mesma de vocês. Também vim de Grêmio Estudantil. Para mim, essas conversas têm prioridade fundamental. Não temos respostas para algumas perguntas, mas, com esse diálogo, vamos evoluir em muitos pontos. Podemos errar, mas não por não estarmos de portas abertas”, afirmou Rossieli Soares.
Ao final do encontro, o secretário Rossieli assumiu o compromisso de ultrapassar a meta de, até 2024, 50% das escolas do estado de São Paulo serem de tempo integral. O secretário também assinou o documento de compromisso apresentado pela UMES e pelos grêmios das escolas da cidade de São Paulo.
Lucca Gidra, ressaltou a importância do Ensino Integral. “São escolas que ajudam diminuindo exposição a riscos sociais. Permite melhor aproveitamento escolar. É uma iniciativa fundamental, inclusive para todos os membros das famílias”, explicou.
Manutenção do diálogo
Na sequência, Rossieli citou as dificuldades inesperadas – do passado e do presente – enfrentadas durante a pandemia e confirmou que a ocasião será repetida para aumentar o processo de escuta. “Hoje, é quase uma mostra do que pretendemos fazer: um grande encontro de Grêmios Estudantis para o segundo semestre, entre setembro e outubro, conforme a manutenção dos índices de saúde, para colocar as pautas de forma organizada e ampliar esse debate”, revelou.
“É muito positivo esse canal aberto que temos hoje com a Secretaria de Educação, porque durante muito tempo essa conversa com os estudantes simplesmente não ocorria. Agora está acontecendo de uma forma muito recorrente sobre os mais variados temas e assuntos. Pra nós estudantes que queremos uma educação melhor, esse diálogo é superimportante”, comentou Lucca Gidra.
Leia a carta dos Estudantes em defesa do Ensino Integral
POR UM ENSINO INTEGRAL PARA TODOS
A educação é uma ferramenta de emancipação individual e coletiva, que atua, fundamentalmente, de maneira formativa para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa, em que o conhecimento e a razão sejam pilares desse processo. A UMES tem como sua bandeira principal a defesa da Educação pública, gratuita e de qualidade e por meio deste documento, reforçamos a necessidade do esforço e dedicação que a Secretaria de Educação tem feito para modernizá-la e queremos contribuir para isso.
Ainda temos muito a melhorar, o que inclui diversos problemas, desde a falta de professores às questões de infraestrutura. O melhor meio e mais eficaz para que a educação seja realmente de qualidade é pela implementação da escola em tempo e ensino integral.
O ensino em tempo integral possibilita ocupar tempo ocioso, que o estudante passaria fora do ambiente escolar, diminuindo a exposição aos problemas sociais da criança e do adolescente. Desse modo, o estudante, ao ficar o dia inteiro acompanhado por professores, é orientado em sua formação e suas dúvidas são sanadas, permitindo um melhor aproveitamento do período escolar e fixação das matérias. A educação integral é fundamental não apenas aos estudantes, mas também às famílias, tendo um aparato do Estado enquanto participante do processo de educação, permitindo tranquilidade para os pais cumprirem seus afazeres profissionais.
Acreditamos que o Ensino Integral deve articular o ensino regular com as diversas áreas do conhecimento, promovendo a autonomia e pensamento crítico; viabilizar o acesso ao Esporte, Cultura, Tecnologia, Ciência e à Formação Técnica; possibilitar a realização de tarefas e estudos orientados, garantir um maior conhecimento e preparo para o acesso à universidade e auxiliar também nutricionalmente com mais refeições ao dia, sendo garantidas pela escola.
Hoje, muitos professores acumulam funções em diferentes escolas, por vezes mesclando sistemas diferentes de ensino entre a rede pública e privada, precisando exercer cargos em mais de uma escola. Este acúmulo de tarefas colabora para a queda da qualidade de ensino, posto que, o professor precisa exigir-se duplamente para a preparação de aulas e correções de trabalhos pedagógicos e atividades, tornando suas condições de emprego precarizadas, além de saúde física e psicológica prejudicadas. Os professores melhor remunerados e com a possibilidade de se dedicar exclusivamente a uma única escola, podem elevar a qualidade da educação.
Com um ambiente escolar melhor, mais infraestrutura – laboratórios de informática, ciências, bibliotecas, espaços de convivência, ginásios poliesportivos e teatro, melhores condições de trabalho aos profissionais da educação, acompanhamento do estudante, combate à evasão escolar e auxílio às famílias – o ensino integral se demonstra bom para os professores, estudantes e famílias. O ensino integral é apropriado para a educação e para sociedade.
As longas conversas, discussões e estudos que tivemos sobre a nova reforma do ensino médio, mostra que ela pode ajudar a melhorar a educação em São Paulo. Porém, a principal questão para melhorarmos o ensino não diz respeito apenas ao método pedagógico, refere-se, principalmente, à questão estrutural. A reforma do Ensino Médio só ajudará a melhorar o ensino com uma política integrada à transformação da maioria das escolas em tempo integral, visto que, como apresentamos, é o melhor meio para termos uma educação à altura da população paulista. Há exemplo disso, conforme os últimos dados da avaliação nacional, 95% dos alunos da rede pública de ensino encerram o ano letivo sem saber o básico de Matemática, nesse contexto, o ensino integral pode melhorar muito o aprendizado dos estudantes, pois segundo o dado do IDEB as escolas estaduais de Ensino Médio com melhores indicadores são todas integrantes ao PEI.
Por meio desse documento, a diretoria da UMES, que representa os estudantes da capital de São Paulo, presta total apoio a implementação do ensino integral no Estado, a qual a secretaria pretende realizar. A meta de tornar 50% das escolas em tempo integral, até 2024, é importante, mas enfatizamos a necessidade de celeridade e aumento no investimento para alcançar a meta e realizar a implementação desse ensino que se apresenta benéfico à sociedade.