UMES realiza, no dia 30 de maio, seu 23º Congresso no Sindicato dos Metalúrgicos de SP

A UMES irá realizar, no dia 30 de maio, o seu 23º Congresso e convoca os estudantes de São Paulo a se mobilizarem para este encontro.

No Congresso, que será realizado no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, os delegados mobilizados em escolas de todas as regiões da cidade debaterão temas como Educação, Cultura, Movimento Estudantil, entre outros, e definirão as bandeiras da entidade para os próximos dois anos.

 

23º CONGRESSO DA UMES

Local: Sindicato dos Metalúrgicos de SP – Rua Galvão Bueno, 782 – Liberdade

Data: 30 de Maio

Horário: A partir das 9 horas

CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: Awaara – O Vagabundo

Neste sábado, 19/04, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “Awaara – O Vagabundo”. O filme inicia às 16 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca! 

 

AWAARA – O VAGABUNDO

Raj Kapoor (1951), com Raj Kapoor, Nargis, Prithviraj Kapoor, KN Singh, ÍNDIA, 193 min.

 

Sinopse

Raj sempre viveu pobre e afastado da família. Acaba enveredando pelo caminho do crime. É preso e levado à corte. Ele conta apenas com a ajuda de uma ex-namorada, sua defensora no tribunal. Seu pai é o juiz que decidirá sua sentença. Ele crê que os bons e os criminosos já nascem feitos. O presidente Mao aplaudiu esse filme de pé e recomendou-o a todos os chineses.

 

Direção: Raj Kapoor (1924-88)

Nascido em Peshwar, hoje Paquistão, filho do ator indiano Prithviraj Kapoor, Raj Ranbir Kapoor estreou no cinema, aos 11 anos, em “Inquilab” (Debaki Bose, 1935). Em 1948, criou a RK Filmes, produziu, dirigiu e atuou em “Aag”. Nos anos seguintes, repetiu a dose com “Barsaat” (1949) e “Awaara” (1951), obtendo aclamação popular na Índia, URSS, China, África, Oriente Médio e Sudeste da Ásia. Seu estilo, que marca a produção de Bollywood até os dias de hoje, integra temática social, trama romântica, emprego do canto e dança como elementos da narrativa. Admirador de Chaplin, Kapoor o homenageia na criação de seu próprio “vagabundo”, que aparece como personagem em “Awaara” (1951), “Shree 420” (1955) e “Mera Naam Joker” (1972). Trabalhou em estreita parceria com grandes talentos do cinema indiano, o escritor Kwaja Ahmed Abbas e os compositores Jaikishan Dayabhai Pankal e Shankarsinh Raguwanshi. Dirigiu 10 filmes, o último dos quais “Ram Teri Ganga Maili” (1985), e atuou em 68. Um selo postal com seu rosto foi lançado na Índia em 2001.

 

Argumento Original: KA Abbas (1914-87)

Romancista, roteirista e diretor de cinema, Kwaja Ahmed Abbas nasceu em Panipat, 90 km ao norte de Nova Delhi, Estudou na Universidade Muçulmana de Aligarh, trabalhou como jornalista no Bombay Chronicle (1935-47), escrevendo sobre política e cinema. Inspirado no realismo social, criou histórias, roteiros e diálogos para mais de 30 filmes, entre os quais “Neecha Nagar” (Chetan Anand, 1946), Palma de Ouro no Festival de Cannes, e “Saat Hindustani” (1969), que ele próprio dirigiu. Também escreveu e dirigiu “Shear Aur Sapna” (1963) e, em parceria com Vasili Pronin, a produção indo-soviética “Pardesi” (1957), ambos indicados para a Palma de Ouro. É autor dos argumentos dos maiores sucessos de Raj Kapoor: “Awaara” (1951), “Shree 420” (1955), “Mera Naam Joker” (1972) e “Bobby” (1973). Entre seus romances destacam-se “O Amanhã é Nosso” (1943), “Inquilab” (1958), “Bobby” (1973), “Sonho Distante” (1975).

 

Música Original: Jaikishan Dayabhai Pankal (1929-71), Shankarsinh Raguwanshi (1922-87)

A dupla Shankar-Jaikishan possui músicas em cerca de 140 filmes, inclusive “Gravidade” (Alfonso Cuarón, 2013) e “Viagem a Dajeerling” (Wes Anderson, 2007). Escreve trilhas para cinema desde 1949, compondo música clássica indiana e sendo precursora do jazz indo. Trabalhou com os cantores mais importantes de sua época e diretores como Raj Kapoor (“Barsaat”, 1949; “Awaara”, 1951; “Shree 420”, 1955; “Mera Naam Joker”, 1972), Amyia Chakrabaerty (“Patita”, 1953), Mohan Segal (“Nova Delhi”, 1956; “Kanyadaan, 1968).

 

Os azarados e os bem de vida no palco do Denoy de Oliveira

A peça, Os Azeredo mais os Benevides, de autoria de Oduvaldo Vianna Filho, prevista para estrear em 1964, permanceu inédita até hoje e será encenada pela primeira vez pelo Centro Popular de Cultura da UMES

 

Com um elenco de 20 atores, trabalhando 10 horas por dia, desde meados de fevereiro, o consagrado diretor João da Neves está montando no palco do Cine-Teatro Denoy de Oliveira a peça “Os Azeredo Mais Os Benevides”, de Oduvaldo Vianna Filho.

A peça iria inaugurar o teatro da UNE, no ano da graça de 1964. A trilha musical estava sendo composta por Edu Lobo, que já havia feito “Chegança”, especialmente para o espetáculo. O paulista Nelson Xavier, que desde 1962 participava em Recife das atividades do Movimento de Cultura Popular (MCP), já estava no Rio para assumir a direção da peça. O teatro estava tinindo. A expectativa era de uma grande estreia.

O golpe que depôs o presidente João Goulart, ocorrido há 50 anos, impediu que isso acontecesse. O prédio da UNE, e consequentemente o teatro, foi incendiado na madrugada do dia 1º. de abril. Depois veio a censura. “Os Azeredo…” ainda chegou a obter premiação, em 1966, pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT), órgão do então Ministério da Educação e Cultura, e publicação em 1968. Mas montá-la, nem pensar.

A peça foi para o limbo e após o fim da censura, inexplicavelmente, permaneceu inédita. Há quem considere o texto excessivamente radical. Não vamos dizer que não seja radical, pois seu foco é a luta de classes, mas também é brilhante e transpira verdade por todos os poros. Outros avaliam que a montagem é complexa e a história datada, mas se isso fosse certo que razão haveria para encenar Shakespeare nos dias de hoje?

Por uma razão ou por outra, o fato é que fora do circuito das escolas de teatro – das boas, diga-se de passagem -, “Os Azeredo Mais Os Benevides” permanece inédita, 50 anos depois.

Para encarar o desafio de trazê-la à luz, nada mais apropriado do que contar com o trabalho do diretor João das Neves, que no auge dos 80 anos de uma vida talentosa, produtiva e coerente se lembra bem do dia em que teve que deixar o prédio da UNE que ardia em chamas. E montá-la no palco que leva o nome do multiartista Denoy de Oliveira, outro ex-integrante do CPC da UNE que estava lá naquela ocasião. A trilha musical iniciada por Edu Lobo foi completada pelo maestro Marcus Vinicius, pernambucano atraído para a vida artística pelos ventos emanados da experiência do MCP.

O time está formado e a estreia prevista para final do mês de abril. A produção é do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES). Vianinha, do céu, agradece. Nós, o público, também.

 

Os Azeredo mais os Benevides

 

JOÃO DAS NEVES

 

Havíamos saído da sede da UNE que estava em chamas, pulando o muro do quintal. Do alto de um edifício, ao lado, os moradores nos apontavam aos invasores. Conseguimos, não sei como, pegar um táxi na Rua do Catete. Tivemos de ir até a Glória e retornar pela praia do Flamengo, pois o Largo do Machado estava interditado por caminhões de lixo. A passagem pela frente do prédio em chamas permanece indelével em minhas retinas: eu, Vianinha e Carlos Vereza nos abraçamos chorando. Reedição cabocla do incêndio do Reichstag, ali ardia a utopia de transformar o Brasil num país menos injusto. Ardiam sonhos, esperanças, ardia também o nosso teatro que deveria ser inaugurado com “Os Azeredo Mais Os Benevides”.

Relendo hoje o texto para esta apresentação me vem à lembrança as palavras de Vianinha naquele instante: “apesar de tudo, eu não acredito num retrocesso do processo democrático”. O que me faz pensar na curiosa dicotomia que, às vezes, se estabelece entre o artista e sua obra. No caso, Vianinha, o militante político não conseguia perceber o que o artista já dizia com admirável clareza em Os Azeredo Mais Os Benevides”: que era irrealizável a aliança entre opressores e oprimidos; que aqueles sempre acabariam colocando em primeiro plano os seus interesses, e só eles, não importando as razões e (ou) emoções destes.

“Uma funda amizade

aqui começou.

Um doutor de verdade

e um camponês meu amor.”

Assim canta Lindaura, sublinhando o início da amizade entre seu homem, o camponês Alvimar e Esperidião, um jovem e empreendedor senhor de terras. Uma amizade que vai sendo desmontada ao longo do texto, por mais que os dois homens se obstinem em preservá-la. O olhar frontal, reflexo não apenas da nascente confiança mútua e da confiança em si mesmo, mas também do engajamento no projeto comum de redenção da terra vai sendo substituído, passo a passo, pela submissão e humilhação finais de Alvimar.

A terra redimida aumentou a fortuna dos senhores e a miséria dos camponeses. E o canto de Lindaura, com ligeira variação – “Uma funda amizade / aqui continuou…” – só faz ressaltar o absurdo desta amizade e o aviltamento que agora representa o ser amigo do inimigo de sua classe. A contradição sem solução possível que não a destruição do mais fraco.

Outro fato a ressaltar é o grande salto qualitativo que a dramaturgia de Vianinha realiza em tão curto espaço de tempo. Vale a pena ler “Os Azeredo…” logo após “Quatro Quadras de Terra”, pois as duas têm muitos pontos em comum.

Vianinha era um perfeccionista obsessivo e a impressão que se tem é que, não satisfeito com o texto anterior, voltou a se debruçar sobre a temática, a conviver com seus personagens e a aprofundá-los, resultando deste mergulho “Os Azeredo Mais Os Benevides”. Um dos textos fundamentais no conjunto de uma obra que necessita uma correta reavaliação crítica para que dela possamos tirar, para além das afirmações categóricas e sectárias, as lições que seus caminhos e descaminhos podem nos proporcionar; caminhos e descaminhos que são o fruto de uma obstinada procura da verdade. Verdade que, como a impossível aliança de Alvimar e Esperidião é, no fundo:

“A luta do homem no mundo

A luta do homem no mundo”

 

O diretor João das Neves

O carioca João das Neves reúne em seu currículo prêmios Molière (vários), Bienal Internacional de São Paulo, APCA, Golfinho de Ouro, Quadrienal de Praga. Escreveu livros sobre teoria e história do teatro, entre os quais “Análise do Texto Teatral”, “1950-1980: Trinta anos de Teatro Brasileiro” (inédito); obras de ficção infantil, como “História do Boizinho Estrela”, e cerca de duas dezenas de peças teatrais.

Dirigiu o teatro de rua do CPC da UNE até a sua extinção em 1º de abril de 1964. Alguns meses depois participa da fundação do Grupo Opinião, em parceria com Vianinha, Paulo Pontes, Armando Costa, Denoy de Oliveira e Ferreira Gullar, que também integravam o CPC. O grupo estreia com o espetáculo “Opinião”, reunindo no palco Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale. Seguem-se os sucessos de “Liberdade, Liberdade” (1965), “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come” (1966), “Jornada de um Imbecil até o Entendimento” (1968). “O Último Carro”, peça escrita e dirigida por João das Neves em 1976, ficou mais de 2 anos em cartaz.

Em 1979, João faz na Alemanha o curso de Ciências Teatrais e trabalha no Westdeutscher Rundfunk (Setor de Peças Radiofônicas da WDR). Em 1986 transfere-se para o Acre e funda o Grupo Poronga, conhecido pela montagem de “Tributo a Chico Mendes”, de sua autoria. Em 1988 volta ao Rio de Janeiro onde encena, no centenário da Abolição, “A Missa dos Quilombos”, de Milton Nascimento, Pedro Tierra e D. Pedro Casaldáliga. O espetáculo ocupou o centro histórico da cidade, atraindo mais de 40 mil espectadores. Voltando ao Acre, encena “Caderno de Acontecimentos”.

Em 1991 e 1992 dirige a convite da Secretaria de Cultura de Belo Horizonte uma oficina de interpretação no Parque Ecológico Lagoa do Nado, da qual resulta o projeto “Primeiras Estórias” – adaptação de 11 contos de Guimarães Rosa. Em 1997, dirige o concerto cênico “A História do Soldado”, de Stravinski. No ano seguinte, escreve e dirige o espetáculo “Uma Noite com Brecht”.

No final de 2001, adapta e encena o clássico mexicano “Pedro Páramo” de Juan Rulfo. Em 2002, dirige “Território Interno”, solo de dança com a bailarina Diane Ichimaru. Em 2006, realiza a montagem de “Besouro Cordão de Ouro”, peça do poeta e compositor Paulo César Pinheiro. O espetáculo percorre diversas cidades e retorna ao Rio de Janeiro, em 2012, para nova temporada. Em 2013, dirige “Zumbi”, remontando com 10 atores negros o clássico de Boal e Guarnieri, musicado por Edu Lobo, “Arena Conta Zumbi” (1965).

 

Oduvaldo Vianna Filho (1936-74)

Vianinha viveu apenas 38 anos, mas de intensa atividade.

Foi um dos fundadores do Teatro de Arena (1955), com José Renato e Gianfrancesco Guarnieri. Junto com eles participou da revolução estética produzida pela montagem da peça “Eles Não Usam Black Tie” (1958), escrita por Guarnieri, com direção de José Renato e músicas de Adoniran Barbosa.

No Rio de Janeiro, criou o Centro Popular de Cultura da UNE (1960-1964) e foi se destacando como um autor de peças sintonizadas com a realidade brasileira, que tiveram importante significado no desenvolvimento da estética nacional-popular.

Em 1964, foi criador do Grupo Opinião, com Paulo Pontes, Armando Costa, João das Neves, Denoy de Oliveira, Ferreira Gullar, Pichin Plá e Thereza Aragão.

Também trabalhou como ator de teatro, cinema e como autor de televisão – onde fez sucesso com a série “A Grande Família”, na Rede Globo (1973).

Entre suas peças encontram-se “Bilbao, Via Copacabana” (1957), “Chapetuba Futebol Clube” (1959), “A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar” (1960), “Auto dos 99%” (1962), “Quatro Quadras de Terra” (1963), “Os Azeredo Mais Os Benevides” (1964), “Opinião” (1964), “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come” (1965), “Moço em Estado de Sítio” (1965), “Mão na Luva” (1966), “Meia Volta Vou Ver” (1967), “Papa Highirte” (1968), “A Longa Noite de Cristal” (1971), “Corpo a Corpo” (1971), “Em Família” (1972), “Allegro Desbum” (1973) e “Rasga Coração” (1974).”

 

Marcus Vinicius

Violonista, maestro e compositor, Marcus Vinicius ganhou, em 1967, o primeiro, segundo e quarto lugar da Feira de Música do Nordeste, realizada em Recife, sendo ainda escolhido o “Melhor Autor-Compositor” pelo conjunto da obra apresentada. Foi para o Rio de Janeiro em 1968 e formou, com Geraldo Azevedo e Naná Vasconcelos, um grupo de pernambucanos que se apresentavam em diversos locais. Em 1970, completou o curso superior de música no Instituto Villa-Lobos, onde passou a lecionar. No mesmo período, participou com Sérgio Ricardo e Sidney Muller do show “Opção”.

Em 1974, lançou seu primeiro disco, o LP “Dedalus”, seguido de “Trem dos Condenados” (1976) e “Nordestino” (1979). Foi diretor artístico da gravadora Marcus Pereira, que empreendeu uma importante série de gravações com intuito de preservar a memória musical popular de diversas regiões do Brasil. É autor das peças “Domingo Zeppelin” e “Boca do Inferno”, premiadas em 1975 e 1978 pelo Serviço Nacional do Teatro (SNT).

Compôs trilhas para cinema, como as de “O Evangelho Segundo Teotônio” (Vladimir Carvalho, 1984), “A Hora da Estrela” (Susana Amaral, 1985), “Uma Questão de Terra” (Manfredo Caldas, 1993), “São Paulo, Cidade Aberta” (Caio Plessmann, 2010), e teatro – “Sonho de Uma Noite de Verão” (1984), “O Burguês Ridículo” (1996), “Turandot” (1999). Em 1997 lançou o CD duplo “Música do Cinema Brasileiro”, com suas composições para diversos filmes.

Nos anos 90 passou a dirigir a gravadora CPC-UMES, voltada para a difusão da música brasileira de qualidade, cujo espaço nas majors é cada vez mais reduzido.

 

Fonte: Hora do Povo

PNE: mobilização garante repasse da União a estados e municípios para a educação básica

A votação do relatório final do Plano Nacional de Educação foi adiada para o próximo dia 22. Na sessão desta quarta-feira, a mobilização dos estudantes e entidades da educação garantiu uma vitória importante: o relatório do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) retoma a implantação do Custo Aluno Qualidade (CAQ), um valor mínimo a ser investido por aluno para se garantir qualidade na educação, que havia sido suprimida pelo Senado.

Com a proposta, a forma de financiamento da educação muda: será calculado um valor mínimo a ser investido por aluno e a União será obrigada a repassar para estados e municípios o total necessário para se alcançar esse valor, independente de quanto seja. Atualmente, o governo federal investe um valor fixo em educação, de 18% da sua arrecadação total.

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação estima que, com a mudança, o repasse de recursos do governo federal para estados e municípios passe de R$ 9 bilhões para R$ 46,4 bilhões. Para garantir a efetividade da medida, o relatório de Vanhoni contempla também uma série de diretrizes que estabelecem prazos para a elaboração do projeto de lei que regulamenta a proposta.

O coordenador da entidade, Daniel Cara, agradeceu em seu perfil pessoal no Twitter: “Agradeço às bancadas do DEM, PDT, PSB e PSOL pelos destaques em favor do CAQi. E ao Núcleo de Educação do PT pelo convencimento do governo”. Nas duas últimas semanas, pelo menos 100 entidades divulgaram uma carta aberta solicitando a alteração no relatório final.

 

EDUCAÇÃO PÚBLICA
A mobilização continua agora com o objetivo de garantir a alteração referente ao financiamento da educação pública. Conforme as entidades denunciaram na carta aberta, a divergência entre os movimentos em defesa da educação e o relatório do deputado Vanhoni se dá porque “mesmo afirmando que na Meta 20 do PNE o investimento público será em educação pública, ao incorporar proposta do Senado Federal na forma do parágrafo 4º ao Art. 5º, o relatório do Dep. Vanhoni acaba por estabelecer uma nova maneira de contabilizar o investimento em políticas públicas educacionais”, diz a carta.

O texto do parágrafo considera que o investimento público em educação engloba “os recursos aplicados nos programas de expansão da educação profissional e superior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, as bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior, os subsídios concedidos em programas de financiamento estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e de educação especial”.

Para as entidades, “para considerar na contabilização da Meta 20 do PNE (10% do PIB para educação pública) programas como Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), ProUni (Programa Universidade para Todos), Ciências Sem Fronteiras e FIES (Fundo de Financiamento Estudantil), além de matrículas em creches e pré-escolas conveniadas, o relator absorve um dispositivo que pode levar à falta de garantia da expansão da educação pública nos diversos níveis e modalidades de ensino”.

As entidades defendem que o projeto garanta o financiamento à educação pública, sob risco de todo o recurso destinado à educação ser deslocado para a educação privada.

 

Informações: Rede Brasil Atual

Professores das universidades federais fazem greve dia 10

Docentes das Instituições Federais de Ensino Superior reivindicam aumento real de salário e melhores condições de ensino

 

Os Professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) realizam no próximo dia 10 uma paralisação nacional da categoria, que fará vigília durante a audiência entre o ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) e a Secretaria Executiva de Ensino Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC). A decisão foi tomada durante assembléia realizada nos dias 29 e 30 e será em conjunto com a Fasubra (Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras) – atualmente em greve, e o Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica) – com greve marcada para iniciar no dia 21.

Além da paralisação, o ANDES-SN também deliberou um extenso calendário de mobilizações que dura até maio, em conjunto com outros servidores federais. As datas foram definidas pelas entidades que compõem o Fórum das Entidades dos Servidores Públicos Federais (SPF). No dia 8, aconteceram atos nos estados, pautando as reivindicações unificadas dos SPF.

Os professores foram responsáveis por uma enorme greve em 2012, a maior realizada pelo setor até hoje. Na ocasião conquistaram o mesmo acordo que todos os demais servidores federais; 15% divididos em três anos. Os docentes também reivindicam que o aumento previsto para o ano que vem seja incorporado ao deste ano, visando um reajuste que represente algum aumento real. O previsto não cobre sequer a inflação do período, em 5,9%.

De acordo com Marina Barbosa Pinto, 1º secretária do ANDES-SN e da coordenação do Setor das Ifes, “consideramos também a mobilização conjunta com os demais servidores federais e específica do setor da educação federal, que já tem uma greve em curso iniciada pela Fasubra e outra deliberada para o dia 21 de abril, dos companheiros do Sinasefe, que estiveram presentes na reunião e trouxeram relatos da mobilização nas suas bases. Além disso, foram destacados os resultados que a implantação do projeto de carreira do governo trouxe para a realidade dos professores, consolidando a desestruturação da carreira – o que já era previsto pelo movimento desde 2012 quando a proposta foi amplamente rejeitada pela categoria. Avaliamos ainda o aprofundamento da precarização das condições de trabalho nas IFE”.

Até agora, o governo se negou a negociar com os docentes. A categoria participou das duas manifestações em Brasília, e os servidores técnico-administrativos das universidades federais estão em greve desde 17 de março. No entanto, o Ministério do Planejamento não deu resposta aos funcionários, bem como o Ministério da Educação (MEC) não o faz com os professores. Foram duas reuniões e há mais uma marcada para o dia da paralisação nacional.

Em nota publicada recentemente, o MEC deixou claro que não tem intenção de negociar, classificando o acordo assinado pela Fasubra – o mesmo que receberam os demais servidores – como “o segundo melhor firmado por uma categoria com o governo federal”.

Faz parte da pauta de reivindicações ainda a fixação da data-base em 1º de maio; incorporação de todas as gratificações ao vencimento, assegurando isonomia salarial; piso remuneratório no valor de R$ 2.748,22 para 20h por semana, correspondente ao salário-mínimo do DIEESE em 1º de janeiro de 2014; interstício de 5% entre os níveis da carreira; remuneração integral e isonômica dos integrantes de mesmo nível da carreira; dentre outros.

Há uma reunião apontada para os dias 26 e 27 de abril, quando os docentes irão decidir se haverá greve nacional das IFES em 2014.

 

Fonte: Hora do Povo

CPC-UMES lança os primeiros filmes da Série Cinema Soviético

O CPC-UMES (Centro Popular de Cultura) realizou no último dia 4 de abril o lançamento de DVDs da série Cinema Soviético. Com o auditório do Cine-Teatro Denoy de Oliveira lotado, foi exibido trechos das obras “Lênin em Outubro” e “Volga-Volga”.

Os filmes fazem parte dos 14 títulos da série que serão lançados este ano, em sua maioria clássicos do cinema soviético dos anos 30, 40 e primeira metade da década de 50, pouco ou quase totalmente desconhecidos no Brasil. Produzidos pela Mosfilm, os filmes foram licenciados após negociação entre o estúdio e o Núcleo de Cinema do CPC-UMES. O Mosfilm, hoje o maior estúdio de cinema da Europa, tem em seu acervo mais de 2.500 filmes.

“Lênin em Outubro”, de 1937, dirigido por Mikhail Romm, se passa em 1917. Tem no elenco Boris Shchukin, Nikolai Okhlopkov, Yelena Shatrova e Vasili Vanin. Unidades do exército sublevadas contra o governo Kerenski, Lênin na reunião do Comitê Central, de 10 de outubro, quando derrota as resistências de Zinoviev, Kamenev e Trotsky para deflagrar a insurreição e as forças contrarrevolucionárias em uma caçada para matar o líder dos bolcheviques são alguns dos acontecimentos que se precipitam em ritmo veloz até o momento final.

Já “Volga-Volga” é uma comédia musical do diretor Grigori Aleksandrov, que de 1934 a 1947 realizou um ciclo de filmes do gênero estrelados por Lyubov Orlova, cantora e atriz extremamente popular na União Soviética, que obtiveram estrondoso sucesso na época. O filme conta a história de dois grupos rivais de artistas amadores – um erudito e outro popular – que deixam a aldeia e vão a Moscou para participar de um concurso de talentos, acompanhados pelo burocrata Byalov, que pretende utilizá-los em proveito de sua ascensão.

O lançamento ganhou bastante repercussão, inclusive através de jornais russos que possuem sites no Brasil. Conforme reportagem do portal Gazeta Russa, o professor Eduardo Morettin, professor de História do Audiovisual da Escola de Comunicações e Artes da USP e conselheiro da Cinemateca Brasileira, destacou que “existem cópias em película de alguns filmes russos dos anos 1930 na Cinemateca, mas a maioria não tem legenda, então não circula”.

Para Morettin, esses filmes “são obras de arte; Pudóvkin, que circulava na Europa dos anos 1930 e 1940, foi muito importante porque sua produção está nas raízes do neorrealismo italiano”, lembra o professor em declaração ao portal (veja mais nos links abaixo).

O lançamento, apresentado pelo presidente da UMES, Rodrigo Lucas Paulo, junto com a diretoria da entidade, e pelo presidente do CPC, Gabriel Aves, contou com as presenças de Sérgio Muniz, diretor de cinema e documentarista brasileiro; do mestre Marcus Vinicius, presidente da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes (AMAR-SOMBRÁS); Luisa Moura, pró-reitora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA); Ekaterina Pivinskaya, professora de russo e assessora linguística e cultural; Alla Dib, professora de russo; Ubiraci Dantas, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB); Gláucia Morelli, presidente da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB); Valério Bemfica, representante do Ministério da Cultura em São Paulo, entre outros.

Na lista dos próximos lançamentos estão ainda “Circus” (Grigóri Aleksandrov, 1936), “Os Tratoristas” (Ivan Piriev, 1939) e “A Mãe” (Gleb Panfilov, 1989).

 

Membros do comunidade russa que moram em

São Paulo prestigiaram o evento

 

Foto: José Fernandes Junior

 

Veja mais sobre o lançamento nos sites abaixo:

 

Gazeta Russa (Cinema do realismo socialista chega ao Brasil em DVD)

Pravda

Diário da Rússia

Página 13

Jornal Hora do Povo

PNE: Privatização e internacionalização da educação – Carta do deputado federal Paulo Rubem Santiago (PDT-PE)

O texto do Senado e a senha para a privatização da educação, a estratégia dos fundos internacionais para finalmente transformá-la em mercadoria.

 

Leia abaixo carta do deputado federal Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), titular da Comissão Especial do PNE na Câmara Federal:

 

Uma gigantesca contradição, forjada na progressiva privatização da saúde no país, começa a dar sinais de vida também no âmbito da educação.

Permitam-me explicar o risco em curso.

Embora a Constituição Federal de 1988 (artigos 194 a 198) tenha assegurado de forma clara princípios e fontes de financiamento, via seguridade social, para implantarmos o SUS de forma universal e de qualidade, o que vimos de lá para cá foi a substituição dessa arquitetura por outra. Segundo Ocké Reis, no capítulo terceiro de seu livro “SUS: O desafio de ser único”, Editora Fiocruz, 2012, os gastos familiares com a saúde revelam, progressivamente, o domínio do privado sobre o público no financiamento do setor no país. Ao permitir que tais despesas fosses descontadas nas declarações do imposto de renda, de consultas médicas a planos de saúde, ao ampliar as desonerações tributárias a favor das instituições filantrópicas que prestam serviços ao SUS, o governo assegurou que essa inversão de valores acontecesse. Hoje os gastos privados superam os gastos públicos em saúde, as desonerações beneficiam, sobretudo as classes mais ricas e a união reduziu sua participação em saúde de 59% para 45% dos gastos públicos, entre 2000 e 2012.

Agora o mesmo sistema está prestes a decolar de vez na educação. No final de 2013, o Senado da República alterou vários artigos do relatório aprovado pela Câmara Federal em 2012, para a implementação do futuro Plano Nacional de Educação. Os Senadores propõem, por exemplo, que os gastos tributários indiretos (renúncias fiscais) que sustentam o PROUNI, os recursos aplicados no FIES e as desonerações a favor das instituições filantrópicas e privadas que promovem a expansão da educação profissional através do PRONATEC sejam computados no total de investimentos públicos em educação, contidos na meta de 10% do PIB em dez anos.

Consolidada essa tese, abre-se definitivamente a porteira para a privatização da educação no país. Os recursos públicos e isenções aplicados no FIES (R$ 4,3 bilhões em 2012, de R$ 51,3 bilhões de gastos diretos executados pelo MEC) e PROUNI (R$ 601,11 milhões para 2014) já representam expressiva fonte de remuneração do acesso às vagas privadas no ensino superior por estudantes endividados em todo o país, sendo também um forte pilar na expansão do setor oferecida por grupos internacionais, muitos das quais geridos por fundos de investimentos estrangeiros, quem vem adquirindo instituições nacionais universitárias. Para eles nada melhor do que esse modelo. Os risco de inadimplência dos alunos é zero. Além disso, estimuladas com o texto do Senado para o PNE nesse aspecto, seguindo o exemplo da saúde privatizada com fundos públicos, logo se multiplicarão as instituições interessadas em oferecer educação superior e profissional, presencial e à distância, às custas das renúncias fiscais e do financiamento via FIES.

Por isso precisamos manter o texto aprovado pelo PNE na Câmara em 2012. Os 10% do PIB em investimentos na educação estarão referenciados na educação pública. Os gastos indiretos (renúncias fiscais) e o FIES seriam complementares e cada vez menores. Do contrário, o avanço privado sobre o dinheiro público fará com que, como vimos na saúde, dos 10% do PIB na educação pública, cheguemos próximo de 7% apenas em dez anos (hoje estamos em 5,4%), o que havia sido previsto em 2001 para ser atingido em 2006, vetado por FHC há 12 anos, mantido o veto pela maioria da base do governo Lula em 2009 contra o nosso voto e de mais alguns. O texto do Senado é a senha para a privatização da educação, a estratégia dos fundos internacionais para finalmente transformá-la em mercadoria. 

BC eleva juros pela nona vez seguida e Selic sobe a 11%

Uma alta de 160% nos juros reais básicos

 

O nono aumento seguido nos juros básicos, perpetrado pelo Banco Central na quarta-feira sob aplausos explícitos do Planalto, significa, em termos reais, uma elevação de +160% nos juros reais básicos dentro do país, ou seja, na taxa acima da inflação – de 1,7% (abril/2013) para 4,42% (abril/2014).

Bem maior, portanto, do que o aumento apenas nominal de 7,25% para 11%, apesar deste aumento (+51,72%) já ter, para um cidadão normal, um travo, no mínimo, de extorsão.

É preciso ser estúpido ou cínico para dizer que esses aumentos de juros foram para combater a inflação. Essa é a parte em que os aplausos do Planalto se revelam dignos do velho Nabucodonosor em sua fase final – aquela em que se apresentava de quatro, nos Jardins da Babilônia, para comer capim.

Pois o Planalto acha que vai ganhar votos com a estagnação, a paralisia e o retrocesso do país – os aumentos de juros do BC levam (aliás, já levaram) a isso. Deve ser, portanto, o plano mais maluco ou mais asinino que alguém já bolou para uma eleição no país.

Bem, leitores, parece dispensável repetir que não houve e não há, faz muito, nenhum descontrole quanto à inflação. O problema do país é falta de crescimento e não descontrole de preços.

Até o recente Relatório de Inflação, publicado pelo próprio BC, apesar das suas negaças & firulas, diz quatro vezes (p. 7, 80, 104 e 118) que há “baixa probabilidade de ocorrência de eventos extremos”; duas vezes (p. 7 e 78) que “os preços de commodities têm mostrado certa acomodação”; e, até mesmo, que “hoje não se faz necessária a geração de superavit primários de ampla magnitude” (p. 82).

Claro que o relatório diz também o contrário – afinal, é um relatório do BC. Mas o fato de não conseguirem expurgar o lado que não lhes é favorável, somente mostra como tem força a realidade.

Entretanto, há algo que não é tão claro: os aumentos de juros, ao contrário do que dizem os neoliberais do Planalto e do BC, estão tendo – eles, sim – um efeito inflacionário. Como disse na quarta-feira, inadvertidamente, um executivo da área financeira, os aumentos de juros estão sendo embutidos por antecipação no preço dos produtos, assim como nos outros juros, pois sempre se espera – e é fácil prever – que o BC aumentará outra vez os juros básicos (o executivo estava querendo mostrar que o aumento da taxa básica não redundará em grande aumento dos outros juros ou dos demais preços, porque esse aumento já foi embutido, antes de acontecer, tanto nos juros quanto nas mercadorias em geral).

Em fevereiro – antes, portanto, do último aumento nos juros básicos – a média dos juros do crediário estava em 68,81% ao ano (taxa que está, obviamente, embutida inclusive no preço à vista dos produtos – daí as promoções de crediário “sem entrada e sem juros”). Essa taxa de 68,81% era um aumento de +14% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Os juros do cartão de crédito estavam em  216,59% (aumento de +12% na mesma comparação).

O cheque especial cobrava, em média, 154,06% (aumento de +6%)

Quanto às empresas, houve um aumento de +16,75% nos juros dos empréstimos para capital de giro e de +12% no desconto de duplicatas (todos os cálculos de variação foram feitos a partir da Pesquisa de Juros mensal da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Na média, considerando todas as operações de crédito, desde que o BC começou a aumentar os juros básicos, em abril de 2013, “a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de (…)  88,61% ao ano para 97,16%. Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma elevação de (…) 43,74% para 47,98%” (ANEFAC, Pesquisa de Juros, fev/2014)

E os aumentos de juros só não tinham sido maiores porque há um ponto em que tudo fica muito arriscado. Isto, repetimos, antes do aumento de quarta-feira.

Resta saber qual é o país do mundo que convive – e sobrevive – com essa aberração.

Nenhum, exceto o nosso. Estão completamente certos os vários líderes (dos trabalhadores aos empresários) e profissionais que apontaram que esse brutal aumento de juros (nove aumentos seguidos e +160% em termos reais!) é o estrangulamento da produção nacional em benefício de cinco ou seis bancos que mandam e desmandam no mal chamado “mercado financeiro”.

Até porque o aumento da inflação pelos juros só não aparece mais nitidamente porque, ao mesmo tempo, pratica-se ainda uma taxa de câmbio que diminui o preço das importações e encarece a produção interna – o que é uma consequência não somente dos juros altos, mas também das intervenções do BC no “mercado de câmbio”. Essa taxa de câmbio é a pior causa da destruição industrial, ao lado dos juros. A isso se chama frequentemente de desindustrialização. Não deixa de ser ilustrativo, do ponto de vista psicopatológico, como esse governo acredita ou finge acreditar que desnacionalizar a economia é a solução para o crescimento, e, sobretudo para a indústria, na mesma medida em que a realidade mostra o oposto. O máximo a que isso pode levar – e já estamos diante dela  – é a uma quebra nas contas externas.

Como já abordamos várias vezes esse aspecto, mais vale aqui reproduzir a descrição do professor Wilson Cano:

“O governo neoliberal adotou um modelo que funciona basicamente da seguinte forma: você barateia as importações de tal modo que o produtor interno não tem como competir no mercado com o produto importado e, portanto, é obrigado a fechar ou baixar seus preços e, com isso, sua taxa de lucro. Assim você contém a inflação.

“Evidentemente, isso abre um buraco na balança de pagamento, que antes não havia. Seus saldos comerciais acabaram e viraram déficits, e seus déficits em transações correntes aumentaram violentamente, porque com a privatização você estrangeirou empresas que eram nacionais e que não mandavam dinheiro para fora, mas agora passaram a mandar.

“Pagamento de assistência técnica, royalties, enormes remessas de lucros, além de inúmeros serviços internacionais que você não comprava.

“Então, o que se faz? Joga-se a taxa de juros lá no céu para atrair o capital estrangeiro. Este capital vem em dois tipos de aplicação, o investimento direto ou o indireto. O investimento direto é o que deveria ir prioritariamente para os setores do seu interesse. Para que eu quero investimento estrangeiro em supermercado e shopping center? O capital nacional faz isso e tira de letra. (…) O grosso da entrada vem para jogar na bolsa e na dívida pública brasileira” (entrevista à revista do IHU, 11/03/2014).

Nós teríamos apenas três observações a fazer: a primeira é que nem sempre as coisas acontecem nessa ordem (a. Subsídio cambial às importações; b. Aumento de juros). Mas isso é um detalhe.

A segunda é que a desnacionalização das empresas privadas tem um efeito semelhante ao que o professor descreveu para a privatização – o que está implícito no modo como ele expõe o problema. Por isso, o empresário nacional que apoia a política de privatização está apenas cavando a sua cova – para ser usada em breve.

A terceira é que o capital estrangeiro pode até prestar algum serviço ao desenvolvimento nacional, desde que seja a Nação a determinar o seu lugar na economia – como, por exemplo, fizeram os chineses.

Coisa completamente diferente ocorre quando se deixa o dinheiro estrangeiro à solta para definir qual é o espaço que cabe à Nação – como hoje é, claramente, a opção do governo Dilma.

 

CARLOS LOPES

Fonte: Hora do Povo

Com escolas degradadas, alunos têm aulas interrompidas na Zona Leste

Unidades de ensino dispensam estudantes quando chove.

 

Pelo menos três escolas públicas da Zona Leste de São Paulo estão em estado precário e prejudicam o ensino dos estudantes. Quando chove, as salas de água ficam cheias d’água e os pais são obrigados a buscar os filhos mais cedo.

Imagens feitas com um telefone celular mostram a Escola Estadual Professor Victor Manoel Romano, na Avenida Sapopemba, em dia de chuva. A água entra pela luminária e fica empoçada entre as carteiras.

Outras escolas da região estão em situação semelhante, como na Valdir Fernandes Pinto, onde usam papelão para impedir que água que cai do teto atinja os alunos. “Quando chove, a escola fica inteira lavada, é muita água dentro”, disse um aluno que preferiu não se identificar com medo de represálias.

Devido ao péssimo estado de conservação do prédio, os alunos realizaram um protesto nesta quarta-feira (2) que terminou em confusão. Houve confronto com a polícia e dois adolescentes foram detidos. Segundo testemunhas, a confusão começou depois que alguns baderneiros começaram a jogar pedras contra os policiais, que acompanhavam o ato. Para conter os manifestantes, a Polícia Militar usou bombas de gás.

O motorista Manoel Espindola, pai de um dos adolescentes apreendidos, diz que além das condições precárias da escola, também falta segurança no local.

Na Escola Municipal de Educação Infantil Adevaldo de Moraes está faltando parte do teto e os alunos só têm aula quando não chove. Placas inteiras do forro foram retiradas por causa de infiltração. Os pais já receberam um aviso por escrito da escola avisando que o lanche será distribuído mais cedo às crianças para evitar que a comida seja desperdiçada se as aulas forem interrompidas.

A Secretaria Estadual da Educação diz que foram investidos R$ 500 mil na Escola Estadual Professor Victor Manoel Romano e 17 salas de aula foram reformadas. Já na Escola Valdir Fernandes Pinto, uma equipe já está no local para fazer os reparos e a substituição das telhas.

Na Emei Adevaldo de Moraes, a Secretaria Municipal de Educação informou que será feita uma avaliação para saber se a unidade de ensino poderá ficar aberta ou será interditada.

 

Fonte: Globo

Daniel Cara: O que está em jogo no PNE?

Ficou para a próxima semana a votação do novo PNE (Plano Nacional de Educação) na Câmara dos Deputados, ainda no âmbito da Comissão Especial dedicada a analisar a matéria. Após a deliberação deste colegiado, formado por 52 parlamentares (26 titulares e 26 suplentes), o texto seguirá para o plenário da Casa, composto por 513 deputados e deputadas federais.

A votação do PNE é urgente. Há anos o Brasil não possui uma lei capaz de orientar a gestão educacional, fazendo com que os governos federal, distrital, estaduais e municipais reúnam esforços para o cumprimento das mesmas metas, todas necessárias para a consagração do direito à educação no Brasil.

Contudo, da mesma maneira que se faz urgente a aprovação do novo plano, é preciso aperfeiçoar o último relatório apresentado pelo Deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), relator da matéria. Caso contrário, o PNE não será capaz de cumprir integralmente com sua missão constitucional.

Em 31 de março, mais de 60 entidades, faculdades de educação e movimentos educacionais solicitaram – por meio de uma Carta Aberta – três alterações ao texto. A primeira é não contabilizar como investimento público em educação pública programas emergenciais como Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), Prouni (Programa Universidade para Todos), Ciências Sem Fronteiras e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), além de matrículas em creches e pré-escolas conveniadas.

Distantes de uma posição “estadocêntrica”, os signatários da Carta Aberta tampouco desconsideram a importância desses programas. A preocupação central recai sobre um provável rompimento da distinção entre o que é público e o que é privado – trazendo graves consequências à gestão educacional e à prioridade orçamentária da educação pública. Em outras palavras, são programas importantes; porém devem ter prazo e limites orçamentários.

O segundo ponto levantado pelo grupo de entidades e movimentos educacionais trata do mecanismo mais decisivo para a universalização do direito à educação básica pública de qualidade. Por pressão da área econômica do Governo Federal, o relator Angelo Vanhoni (PT-PR) mudou sua posição original e incorporou o entendimento do Senado Federal. Com isso, extraiu a Estratégia 20.10 de seu último relatório. Ela dizia:

“Estratégia 20.10) Caberá à União, na forma da Lei, a complementação de recursos financeiros a todos os Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não conseguirem atingir o valor do CAQi [Custo Aluno-Qualidade Inicial, correspondente ao padrão mínimo de qualidade] e, posteriormente, do CAQ [Custo Aluno-Qualidade, expressão do padrão de qualidade]”.

A supressão deste texto fragiliza gravemente o PNE. Em primeiro lugar, trata-se de uma demanda Constitucional. Conforme o primeiro parágrafo do Art. 211 da Constituição Federal, é obrigação da União (Governo Federal) exercer “função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios”. Ou seja, é preciso que o Governo Federal complemente recursos para o atingimento do CAQi.

Dois estudos recentes mostram a importância desse dispositivo: a Nota Técnica da Fineduca (Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação) e a tese de doutorado do Prof. Luiz Araújo (Universidade de Brasília).

Conforme os dados da Fineduca, em 2012, eram necessários cerca 1% do PIB a mais para o Brasil atingir os valores do CAQi. Já o Prof. Luiz Araújo estimou, em 2011, a necessidade de R$ 54 bilhões para todas as escolas brasileiras serem dignas.

Segundo dados oficiais do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) divulgados este ano, desde 2009 a União não amenta sua participação no investimento direto em educação, colaborando com apenas 1% do PIB (Produto Interno Bruto). Muito diferente do que ocorre com Estados e Municípios, que colaboram mais, mesmo arrecadando menos. Os governos estaduais investiam 2% do PIB diretamente em educação pública em 2009. O percentual mais recente é de 2,2%. No caso das prefeituras, a taxa subiu de 1,9% para 2,3% do PIB.

Consequentemente, caso a Estratégia 20.10 seja reinserida no PNE, o Governo Federal alcançará o mesmo patamar de investimento realizado por Estados e Municípios: cerca de 2% do PIB.

Os leitores dessa coluna sempre defendem, com razão, que não basta transferir recursos para Estados e Municípios, é preciso que esse dinheiro chegue às escolas, sem quaisquer desvios. O CAQi é a melhor garantia para isso. Com ele todas as salas de aula terão um número máximo de alunos por turma, nenhum profissional da educação – de qualquer lugar do país – receberá menos do que o piso nacional salarial, todos terão uma referência nacional de política de carreira, com formação continuada. Além disso, todas as escolas contarão com bibliotecas, laboratórios de ciências, laboratórios de informática e quadra poliesportiva coberta. A disponibilização de recursos para viabilizar esses insumos é a melhor maneira de simplificar e empoderar o controle social. E a maior parte da complementação da União ao CAQi irá para os Estados e Municípios do Norte e Nordeste do país.

Obviamente, isso não poderá ser feito de um dia para o outro. A Estratégia 20.10 prevê a elaboração de uma Lei específica, que precisará tramitar no Congresso Nacional. E é preciso uma lei dura e criteriosa. Segundo o trabalho do Prof. Luiz Araújo, a complementação da União ao CAQi reduzirá em 12% a desigualdade de renda dos municípios brasileiros, segundo o Coeficiente de Gini.

Mesmo sem ter sido votado o PNE, a semana não foi em vão. O relator Angelo Vanhoni suprimiu a Estratégia 7.36, advinda do texto do Senado Federal. O convencimento veio por meio da Carta Aberta supracitada, assinada pelos setores mais representativos da sociedade civil. Ou seja, a terceira reivindicação foi atendida, porém as duas outras são tão ou mais importantes.

A antiga estratégia 7.36 estimulava a formulação de políticas de remuneração por resultados dos professores. É uma medida que conta com expressivo apoio de movimentos e fundações empresariais atuantes no Brasil, mas que vem sendo revogada nos países mais desenvolvidos do mundo. O motivo é simples: é uma política inoperante e até mesmo contraproducente à qualidade da educação. Em outras palavras, não aumenta a aprendizagem. E pior: desconstrói a carreira docente, tornando-a desinteressante.

 

DANIEL CARA

Coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, bacharel em ciências sociais e mestre em ciência política pela USP

Fonte: UOL Educação