CPC-UMES anuncia lançamento em DVD da série “Cinema Soviético”

A cinematografia soviética posterior aos anos 20, quase desconhecida no Brasil, finalmente chega ao país com o lançamento pelo CPC-UMES (Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo) da série em DVD “Cinema Soviético”.

Após uma negociação de mais de um ano com o estúdio Mosfilm e a ida à Rússia dos representantes do Núcleo de Cinema do CPC-UMES, Bernardo Torres e Susana Lischinsky, o contrato de licenciamento para a distribuição em DVD no país foi fechado.

O Mosfilm existe há 90 anos e tem mais de 2.500 filmes em seu acervo. O contrato com o CPC-UMES para a distribuição de DVDs é o primeiro firmado com uma instituição no Brasil.

Esse ano serão lançados 14 títulos, em sua maioria clássicos do realismo socialista que, como afirma Bernardo, “ao se libertar dos excessos expressionistas presentes na estética anterior, tornou-se mais capaz de lidar com a complexidade humana”.

Leia abaixo a entrevista com Bernardo e Susana Lischinsky.

 

HP – De onde veio a ideia do CPC da UMES de lançar em DVD uma série dedicada ao cinema soviético?

Bernardo – É uma ideia antiga, que foi reforçada pelas sessões que temos realizado aos sábados, já há dois anos, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira. No Brasil, há um conhecimento mediano e possibilidades de acesso em DVD, ainda que com cópias precárias, à cinematografia soviética dos anos 20: Eisenstein, Pudovkin, Kuleshov, Vertov, etc. Mas há um desconhecimento quase completo sobre o que veio depois, particularmente sobre a produção dos anos 30, 40 e primeira metade da década de 50. Desconhecimento que alimenta o mito de que é uma produção de baixo teor artístico.

 

HP – E não é?

Bernardo – Claro que não. O problema é que do ponto de vista do sistema capitalista ela é mais corrosiva e mais difícil de ser assimilada. Primeiro por ser cinema falado, cujas possibilidades expressivas são superiores às do cinema mudo. Segundo porque o muito combatido e pouco conhecido realismo socialista, ao se libertar dos excessos expressionistas presentes na estética anterior, tornou-se mais capaz de lidar com a complexidade humana.

 

HP – Os filmes não são simplistas, dogmáticos?

Susana – Não, são profundos, comoventes, verdadeiros. E é preciso vê-los, pois não fica bem formar juízos a partir de preconceitos.

 

HP – Como vocês acharam esses filmes?

Susana – Inicialmente, garimpando. Depois abrindo uma longa negociação com o Mosfilm, que durou mais de um ano, com e-mail para lá e para cá, até que nos convidaram a dar uma chegada até Moscou. O Mosfilm é hoje o maior estúdio de cinema da Europa. Existe há 90 anos. Tem em seu acervo mais de 2.500 filmes, a maioria realizados nesse período em que, como dizem os sabidos, “se parou de fazer cinema na URSS”. O estúdio está produzindo cerca de 100 filmes por ano. É dirigido desde 1998 por Karen Shakhnazarov, um cineasta de obra sólida, criativa e coerente. Em 2012, “Tigre Branco”, filme dirigido por ele, recebeu indicação para o Oscar de melhor filme estrangeiro.

 

HP – E o resultado das conversas em Moscou, foi dentro do previsto?

Bernardo – Foi até melhor. Fechamos um contrato para o licenciamento de 14 filmes que vamos lançar durante este ano. Licenciar é importante, porque nos garante o acesso à matriz original ou restaurada, em ambos os casos a uma matriz analógica. Tem muito DVD no mercado que é cópia da cópia. E o cara que faz essa lambança, copiar um arquivo que já está comprimido, vende assim para a loja, que por sua vez repassa ao público. Ele não está nem aí para a licença, que lhe daria a chance de oferecer um produto com melhor acabamento. Esta é a medida do respeito que tem pela arte, pelo público, pelos autores e produtores das obras – e também por si próprio.

 

HP – Que obras o Mosfilm licenciou para o CPC-UMES?

Susana – Se declinarmos todas, você não vai precisar nos entrevistar das outras vezes [risos]. E necessitamos muito deste apoio em cada lançamento. Em março vamos lançar os dois primeiros da série: o épico “Lenin em Outubro” (Mikhail Romm, 1937) e a comédia musical “Volga,Volga” (Grigory Aleksandrov, 1938). Além de outras obras desses diretores, há filmes de Chukhray e Kalatozov, conhecidos no Brasil por “A Balada do Soldado” (1959), “Quando Voam as Cegonhas” (1957) e “Soy Cuba” (1964). Obtivemos também o último trabalho do lendário Vselvolod Pudovkin, realizado em 1953, filmes de Ivan Pyriev, Mikhail Chiaureli, Yuri Ozerov e a versão de 1989 de “A Mãe” (Gleb Panfilov).

 

HP – E esses DVDs vão custar quanto?

Bernardo – Nos lançamentos vamos vender o DVD simples a R$ 20,00 – no pacote há um duplo e um triplo, cujo preço estamos estudando. É o mesmo que vão custar para as lojas. Lá, pela praxe, o preço deve ficar em torno de R$ 40,00.

 

HP – Não está caro?

Bernardo – Está. Mas, por incrível que pareça, o custo mais alto que temos em toda a cadeia (pesquisa, licença, legendas, artes e textos externos/internos, autoração, fábrica) é a taxa da Ancine (Agência Nacional de Cinema). Ela nos cobra pelo direito de comercializar em DVD um clássico soviético inédito no Brasil o mesmo que a Disney/Buena Vista paga pelo “Homem de Ferro”. É absurdo, porque a Ancine cobra por título e não pela quantidade de cópias produzidas, o que equivale a criar uma reserva de mercado para os blockbusters.

 

HP – Não há exceção para produtos culturais?

Susana – Cultura, Ancine, fala sério… [risos]

 

HP – Nem para a produção dos BRICS?

Susana – Só para o Mercosul, e com visível má vontade. Eles fecham o mercado para cinematografias poderosas como as da Rússia, Índia e China. Em compensação o filme brasileiro nem sente o cheiro daqueles mercados gigantes. A Ancine sempre agiu como uma operadora da Alca, se deixando comandar pelas majors americanas, mesmo quando a política externa brasileira caminhava noutra direção.

 

HP – E vocês não vão solicitar nenhum licenciamento ao Mosfilm sobre a produção da década de 20 e a produção mais recente?

Bernardo – A produção mais recente está nos nossos planos. A mais antiga vai entrar se as cópias aqui não melhorarem. O fato é que até agora só a UMES tem contrato de licenciamento para distribuir em DVD no Brasil a produção do Mosfilm.

 

 

LENIN EM OUTUBRO

Mikhail Romm (1937), com Boris Shchukin, Nikolai Okhlopkov. Yelena Shatrova, Vasili Vanin, URSS, 108 min.

 

Sinopse

Neste clássico de Mikhail Romm, estamos em 1917. A Frota do Báltico e unidades do Exército estão sublevadas contra o governo Kerenski, unindo as vozes às dos operários e camponeses que exigem paz: a saída da Rússia da guerra mundial. Lenin chega a Petrogrado num trem vindo da Finlândia e na reunião do Comitê Central, de 10 de outubro, derrota as resistências de Zinoviev, Kamenev e Trotsky para deflagrar a insurreição. Paralelamente, as forças contrarrevolucionárias organizam uma caçada para matar o líder dos bolcheviques. Os acontecimentos se precipitam em ritmo veloz até o momento final.

Direção: Mikhail Romm (1901-71)

Mikhail Romm Ilich nasceu na cidade siberiana de Irkutsk, serviu no Exército Vermelho durante a guerra civil, graduou-se em escultura pelo Instituto Artístico-Técnico de Moscou. Em 1931 ingressou no Mosfilm Estúdio, atuou como produtor e diretor. No Instituto de Cinematografia Gerasimov (VGIK), desde 1962, foi professor de cineastas como Andrei Tarkovsky, Grigori Chukhrai, Gleb Panfilov, Elem Klimov. Realizou 18 longas-metragens, entre os quais “Treze” (1936), “Lenin em Outubro” (1937), “Lenin em 1918” (1939), “Sonho” (1941), “Garota nº. 217” (1945), “Missão Secreta” (1950), “Nove Dias em Um Ano” (1962), “Fascismo Ordinário” (documentário, 1965). De seu filme “Sonho” disse o presidente Franklin Roosevelt: “é um dos maiores do mundo”.

 

 

VOLGA-VOLGA

Grigori Aleksandrov (1938), com Lyubov Orlova e Igor Ilyinsky, URSS, 104 min.

Sinopse

Acompanhados pelo burocrata Byalov, que pretende utilizá-los em proveito de sua ascensão, dois grupos rivais de artistas amadores – um erudito e outro popular – deixam a aldeia e vão a Moscou para participar de um concurso de talentos. A maior parte da ação se passa em um barco a vapor viajando no rio Volga. O nome do filme é retirado da canção popular russa “Stenka Razin”, que Aleksandrov cantava enquanto remava com Charlie Chaplin nas águas da baía de San Francisco. Chaplin brincando sugeriu as palavras para título de um filme e Aleksandrov aproveitou a dica. Conta a lenda que era o preferido de Stalin.

Direção: Grigori Aleksandrov (1903-83)

Grigori Vasilyevich Aleksandrov nasceu em Yekaterinburg, distrito federal dos Urais. Em 1921 iniciou no Teatro Proletkult uma fecunda parceria com Eisenstein, que se estenderia ao cinema. Coescreveu o roteiro de “A Greve” (1924), codirigiu “Encouraçado Potemkin” (1925), “Outubro” (1928) e “Linha Geral” (1929). Em 1930 acompanhou Eisenstein em sua viagem aos EUA, participou, em 1932, das filmagens do inacabado “Que Viva México!” – em 1979 concluiu uma edição das imagens colhidas nesse trabalho. Retornou à URSS em 1933 e de uma conversação mantida com Stalin e Gorki surgiu o projeto de realizar comédias musicais estreladas por Lyubov Orlova, cantora extremamente popular, na época, que mais tarde se tornaria sua esposa. As produções deste ciclo são “Amigos Extraordinários” (1934), “Circus” (1936), “Volga-Volga” (1938), “Primavera” (1947). Os musicais obtiveram estrondoso sucesso e abriram caminho para outros diretores que se notabilizaram no gênero, como Ivan Pyriev.

 

Fonte: Hora do Povo

Colonizados já cogitam entregar áreas da União à Shell sem leilão

Segundo presidente da Petrosal, se houver um acordo, o “operador poderá ser a Shell”

 

Não é por acaso que a direção da Shell e da Total aplaudiram entusiasticamente a indicação de Oswaldo Pedrosa para a presidência da PPSA, estatal que deveria ser responsável pelos interesses da União no pré-sal. Após a denúncia de que a Shell invadiu uma área da União, chamada “acumulação Gato do Mato”, que extrapolava o bloco BM-S-54, localizado na Bacia de Santos, de responsabilidade da empresa anglo/holandesa, o zeloso diretor da estatal se apressou em anunciar que já “está negociando” com a petroleira e defendeu – em total desrespeito à lei – que ela seja a operadora do campo. “O acordo de individualização da área prevê que o reservatório seja único, com um único operador… Se houver um acordo, o operador poderá ser a Shell”, garantiu Pedrosa.

O próprio diretor da PPSA sabe que a lei manda repassar áreas como esta para a Petrobrás ou, caso a opção não seja essa, deve-se licitar as reservas novamente. Mas, açodado para agradar os seus apadrinhadores (leia coluna de Fernando Siqueira abaixo), ele insiste em desrespeitar o que manda a lei e afronta os interesses estratégicos do país. Segundo Pedrosa, as alternativas legais só serão lembradas se “não houver acordo com a Shell”. “Essas alternativas (Petrobrás ou uma nova licitação) só deverão ser pensadas se não houver um acordo entre a Shell e a PPSA”, argumentou.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP), outro órgão controlado por interesses das multinacionais do petróleo, estranhamente havia permitido à Shell estender de forma ilegal a área de exploração que, pela licitação realizada em 2010, limitava-se ao bloco BM-S-54. Quando a notícia de que a multinacional estava atuando ilegalmente em áreas da União, fora de sua jurisdição, vazou, a ANP se apressou em “solucionar” o problema. Ela determinou que a petroleira inglesa e a PPSA iniciassem “tratativas com vistas a Pré-Acordo e Acordo de Individualização da Produção da acumulação Gato do Mato (PAD do poço 1-SHEL-23-RJS, BM-S-54)”. A decisão foi tomada em janeiro deste ano. Nem bem sentaram para negociar, o presidente da PPSA já está admitindo que toda a área seja operada pela Shell/Total. Não é à toa que a PPSA, também conhecida por “Petrosal” vem sendo chamada de “PetroShell”.

A sofreguidão de Pedrosa e da ANP em agradar as múltis não para por aí. Além da agência sair por aí criminosamente “liberando” áreas da União sem licitação para a Shell, o executivo da PPSA aproveitou para dizer que este “deverá ser o primeiro de muitos acordos parecidos que terão de ser negociados entre petroleiras e o governo brasileiro”. “Todos os operadores deverão passar por isso”, acrescentou Pedrosa. Ou seja, ele está acenando que outras áreas da União serão abertas para a exploração pirata da Shell/Total.

E, mais do que isso, ele fala em “todos os operadores”. Ora. Que todos os operadores são estes? A lei não diz nada sobre mais de um operador no Pré-sal além da Petrobrás. Ela determina claramente que a operadora única do Pré-Sal é a Petrobrás e mais ninguém. Mas, Pedrosa parece estar se lixando para a lei. Ele quer a Shell como operadora no pré-sal. Afinal, ele não foi colocado no cargo para fritar bolinhos. Tem que mostrar serviço e logo.

O bloco BM-S-54 está localizado entre importantes áreas do pré-sal como Florim, operada pela Petrobrás por meio do contrato da “cessão onerosa”, e Paraty (BM-S-10), também da estatal brasileira. Com o acordo que Pedrosa está defendendo serão doadas áreas públicas para a Shell perfurar, inclusive em outras áreas não licitadas pertencentes à União. O bloco, operado pela Shell e a Total está localizado em uma das províncias petrolíferas mais promissoras do mundo. Se o leilão dessas áreas já era um escândalo, o que Barbosa está fazendo ao oferecer mai áreas sem licitação é um crime passível de cadeia.

 

SÉRGIO CRUZ

 

Shell negocia com a PPSA uma extensão do seu campo

 

FERNANDO SIQUEIRA (*)

 

Vejam como o Governo, mais uma vez se submete ao domínio do cartel internacional do petróleo. Os textos abaixo, publicados pela grande mídia mostram o teor dessa submissão: eis os textos:

“Um reservatório de petróleo encontrado pela Shell no bloco BM-S-54 extrapola os limites de concessão para uma área não licitada, sob o domínio da União, confirmou a Shell nesta segunda-feira ao ser procurada pela Reuters, sem dar mais detalhes sobre a negociação…”

“A Shell poderá pedir autorização para utilizar o reservatório todo, compartilhando a produção com a PPSA (proporcionalmente), que também é dona de uma parte dessa jazida”, afirmou uma fonte com conhecimento direto do assunto…

Vejamos a diferença de tratamento:

1) O campo de Libra, que faz parte da mesma estrutura do campo de Franco, adquirido pela Petrobrás por conta da cessão onerosa, foi perfurado, testado e comprovado como o maior campo de petróleo do mundo, pela Petrobrás. Pelo artigo 2º da Lei 12351/10 este campo é caracterizado como uma área estratégica; pelo artigo 12º da mesma lei, áreas estratégicas devem ser entregues à Petrobrás sem licitação. Mas o que Fez o Governo?

Tomou o campo da Petrobrás e fez um leilão fajuto, entregando 40% dele para a Shell/Total.

2) Agora a Shell quer invadir uma área da União, extrapolando o seu campo, BM-S-54, para uma área não leiloada e o Governo manda a Pré-sal Petróleo negociar com a Shell, sem leilão. Ora, os quatro dirigentes da Pré-sal Petróleo são “amigos” da Shell/Total, podemos até admitir que foram indicados por ela. Aliás, a Total declarou na mídia que só participou do leilão porque os nomes indicados para a PPSA foram esses quatro.

Quem são os dirigentes da Pré-sal petróleo: 1) Oswaldo Pedrosa – na volta de um curso de mestrado nos EUA voltou defendendo o fim do monopólio estatal do petróleo. Foi braço direito do David Zilberstajn na Agência Nacional do Petróleo, como Superintendente de Desenvolvimento da Produção na Agência até 2003. Trabalhou em várias empresas privadas, incluindo a Baker tools – equipamentos de produção de petróleo e, na última das quais a HRT, que se suspeita pertencer à Shell; Antonio Claudio – sócio do João Carlos de Luca, presidente do IBP, na empresa Barra Energia recém fundada. O IBP foi apontado pelo Wikileaks como chefe do lobby em favor do cartel internacional do Petróleo; Edson Yoshihito Nakagawa Atuava como líder do Centro de Excelência em Sistemas Submarinos na GE – General Electric (fornecedora de equipamentos a ser fiscalizada pela PPSA), até ser convidado para assumir uma diretoria na PPSA; geólogo Renato Marcos Darros de Matos trabalhava na Imetame – também fornecedora de equipamentos de petróleo.

Portanto, o Governo infringe duplamente a Lei para entregar petróleo para a Shell. No primeiro caso, a lei mandava entregar Libra para a Petrobras. O Governo não cumpriu e entregou boa parte para a Shell e com um edital que retira todos os riscos dela como produtora e os transfere para a União.

No segundo caso, a Lei é clara: se não for área estratégica, só pode ser entregue através de leilão. Mas o Governo manda a “Pró-Shell” Petróleo negociar burlando a Lei. Além disto, o cartel do petróleo sempre foi contra a Petrobrás ser operadora única do pré-sal, conforme determina a Lei 12351/2010. Agora quer usar a política do fato consumado: a Shell invade a área da União e vira operadora ilegalmente.

O Brasil precisa reagir antes que o pré-sal seja todo transferido para a Shell.

 

(*) Vice-presidente da Aepet e do Clube de Engenharia

 

Textos extraídos da Hora do Povo

Com nome sujo no Serasa, professor temporário reclama de atraso no salário

Alguns professores temporários da rede estadual de ensino de São Paulo já tiveram o nome incluído em cadastros de inadimplentes porque os salários atrasaram. Os docentes ouvidos pelo UOL contaram que todo início de contrato é preciso fazer malabarismo para manter as contas em dia. A reportagem acompanhou a atribuição de aulas (escolha das turmas e escolas) da rede estadual de São Paulo na última quinta (23), quando conversou com esses professores.

“Em 2012 as aulas começaram em fevereiro e eu recebi só em junho. Morava sozinha, tive que pegar empréstimo e fiquei com o nome sujo”, diz a professora de língua portuguesa Thaís Alves, 28. “Este ano eu sei que vai acontecer novamente, então eu fiz umas economias, guardei o 13º e agora tem o salário do meu marido”, conta.

A resposta das DREs (Diretorias Regionais de Ensino) para o atraso, dizem os professores, é sempre parecida: problemas no preenchimento do cadastro pela escola ou a perda de alguma documentação no caminho escola-DRE-secretaria. Boa parte do processo para o pagamentos desses professores temporários ainda é manual, o que facilita os problemas causados por falhas durante o processo, segundo os temporários.

“Este mês eu não tenho certeza se vou receber”, afirma Jacqueline Marinho, 22, professora de sociologia desde o ano passado na rede estadual de SP. Em 2013, as aulas começaram em fevereiro, mas o salário só entrou na conta da docente em julho. “A sorte é que moro com a minha mãe”, conta.

Outro temporário da rede estadual de SP que não quis se identificar diz que o mesmo aconteceu com ele em 2013, quando o primeiro salário do ano foi pago só em maio. “A sorte é que moro com a minha mãe e muito perto da escola, então não precisava pagar a condução, mas mesmo assim meu nome foi para o Serasa”, diz o professor de química.

O problema é que com a quantidade de aulas — um temporário pode trabalhar até 32 horas/aulas semanais — muitos docentes não conseguem outras formas de complementar a renda. O jeito é usar as economias, pedir dinheiro emprestado ou eliminar os carnês de prestação, contam os docentes. Se o professor ficar com toda a carga horária possível, o salário médio é de R$ 2.200.

“Em 2012, tive que pedir dinheiro emprestado para a condução. Minha mãe pagava o aluguel e meu noivo também ajudou. Hoje sei que não dá para pegar prestação por muito tempo”, diz Izabel de Souza, 28, professora de português.

Outro problema relatado é que os salários são depositados de uma só vez e o desconto de imposto de renda, retido na fonte, leva em conta o montante recebido. “Por isso demora muito tempo para reequilibrar as finanças”, afirma uma docente.

Com o início de um novo ano letivo, os temporários da rede já se preparam para possíveis atrasos e para as variações salariais durante o ano. “O salário sobe e desce, não dá pra fazer dívida grande”, diz uma professora de português. Isso acontece porque os temporários muitas vezes ocupam vagas de substituição e só recebem de acordo com a quantidade de aulas que lecionam no mês.

Amor pela profissão

Apesar da montanha-russa salarial, todos os entrevistados pretendem continuar na profissão. “A gente gosta do que faz. É estimulante quando você vê que está contribuindo para a vida de alguém, que pelo menos um dos 40 alunos se interessou e aprendeu de verdade”, afirma Izabel.

“Eu gosto de ensinar, de ser útil. Já trabalhei na rede particular, mas na pública o aluno precisa mais e tem uma carência afetiva também”, diz Ellen Fernandes, 29, professora de ciências e biologia.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação de SP disse estar apurando as falhas nos processos de pagamentos dos professores.

 

Fonte: UOL

Extraído do Portal da APEOESP

CD Terra Esperança: CPC-UMES lança último registro do som genial de Sivuca

O texto que publicamos hoje é a introdução escrita pelo maestro Marcus Vinícius de Andrade para o último – em mais de uma das acepções da palavra – CD do grande Sivuca. Pela importância do texto e do CD, uma edição da Gravadora CPC-UMES, oferecemos aos nossos leitores esse depoimento pouco comum na música de nosso país.
Quase escrevíamos “popular” depois da palavra música, e nada teríamos contra relacionar o povo brasileiro com Sivuca, pelo contrário. No entanto, existem artistas tão imensos, de obra tão transcendente, que até mesmo o vocábulo “popular” parece, por alguma razão, restringi-los indevidamente.
Pessoas mais ou menos lá pelos 60 anos – como é o nosso caso – cresceram ouvindo falar na lenda chamada “Sivuca”. Tanto assim que, nos bairros populares – e aqui vai bem o adjetivo – todos os albinos eram “Sivuca”. Para sorte deles, havia um que resgatara a autoestima da categoria.
A lenda era maior ainda porque só de vez em quando ela aparecia – no rádio ou na televisão. Talvez eu esteja amplificando demais este sentimento que virou memória, porque, além de tudo, quem é filho de nordestino (ainda mais com um pai nascido em Cabedelo e criado no Rio Grande do Norte) não tinha o direito – nem conseguia – ignorar o grande Sivuca. Para meus pais (inclusive minha mãe carioca) ele era um de nós que mostrara aos gringos quem nós éramos, sem nenhuma concessão – e com desculpas ao leitor pelo português em diagonal.
Havia, além de tudo, o acordeom (e estou seguindo o maestro Marcus Vinícius, ao grafar a palavra com “m” final, ao invés do “n” metido a besta que é comum encontrar por aí).
Quando você é pobre, não é fácil aprender piano – nem é muito bem visto um aluno de piano nas hostes dos machos do bairro, embora sempre é possível admirar aquelas moças que percorriam “La Violetera” no teclado do piano. Não sei por que a música de Padilla e Montesinos era a favorita de 10 entre 10 meninas que aprendiam piano. Talvez pela repercussão do filme com Sarita Montiel, que frequentemente passava nos “poeiras” – isto é, nos cinemas de bairro, os mesmos que hoje viraram igrejas evangélicas… Naquela época, não havia quem não tivesse assistido “La Violetera”, “Joselito”, “Marcelino Pão e Vinho”, “A Bela Adormecida no Bosque” e “Viva Villa” – a biografia de Pancho Villa que Wallace Beery interpretara na década de 30, mas que os “poeiras”, até a década de 60, passavam de vez em quando, completamente livres da atual ditadura dos lançamentos.
Mas, divago: o instrumento ao alcance de todos, lá por 1963, era o acordeom. Muito mais que o violão, visto ainda por alguns, injustamente, como “instrumento de vagabundo” ou “de malandro”. De Ramos até a Penha, passando por Olaria, no Rio de Janeiro, havia naquela época uma escola de acordeom em cada esquina – e o leitor aqui nos perdoará a hipérbole, pois é claro que só os ignorantes levam as coisas ao pé da letra.
A popularidade do acordeom era devida a dois colossos: Luís Gonzaga e Sivuca. O primeiro era, para nós, menos misterioso. Devo confessar um crime: quando minha mãe falou que eu poderia, se quisesse, aprender acordeom, a imagem que me veio a cabeça foi a de um trio com dois acompanhantes – um com triângulo, outro com uma zabumba – e um chapéu de cangaceiro na minha cabeça (só depois eu aprenderia que era um chapéu de vaqueiro), enquanto tocava o instrumento. Achei-me ridículo com aquele chapéu na cabeça. Não me ocorreu que eu pudesse tocar acordeom e não usar aquele chapéu. São coisas que acontecem a quem tem menos de 11 anos. Certamente, entre as criaturas do acordeom existia a Adelaide Chiozzo, que sempre tocava nos filmes da Atlântida, mas ela era diferente – ela era mulher.
O resultado é que me tornei ignorante em música para sempre. Luís Gonzaga era grande – e não ficava mal com aquele chapéu na cabeça. Mas eu não estava pretendendo ser um Luís Gonzaga…
Se tivesse pensado em Sivuca, talvez meu destino fosse diferente. No entanto, o grande Sivuca era – ou continuava a ser – uma presença nos bairros populares do Rio, sem que para isso precisasse aparecer. Quem sabe se ele realmente existia (nunca tive o atrevimento de apresentar esta hipótese ao meu pai – ainda bem)…
Era um tremendo mistério, até que, como se diz que fazem os velhos leões, ele voltou para sua terra. Finalmente era possível constatar que ele existia.
Sivuca era, em pouquíssimas palavras, um gênio. Não é preciso “entender de música” para sabê-lo. Basta não ser surdo.
O leitor deve estar se perguntando por que o HP encarregou um sujeito que não sabe nada sobre o assunto além do que qualquer um sabe, para fazer uma introdução a um texto de um maestro sobre um gênio da música.
Acontece, leitor, que jornal tem essas coisas – não se pode sair com uma parte da página em branco. Bem, pronto, confessei. Assim o leitor agora sabe que estou fazendo aquilo que se chamava um “nariz de cera”. Ou seja, como se falava no Colégio Pedro II, estou enchendo linguiça.
Então, leitores, é hora de acabar com isso e ir ao texto do nosso maestro sobre o grande Sivuca. Se você conseguiu vir até aqui, prometo que não se arrependerá, pois, como no caso do vinho servido nas bodas de Canaã, o melhor está por último.
 
CARLOS LOPES.
 
MARCUS VINÍCIUS DE ANDRADE*
 
Numa noite de um distante 1970, recebi um telefonema do meu amigo Paulo Pontes (que falta que ele faz), convocando-me com entusiasmo fora do comum:
“Marquinho, vem correndo aqui pra casa. Sabe quem tá aqui? Sivuca!”
Era no tempo do ditador. Com o Brasil debaixo de botas, a tristeza e o medo dominando praças e lares, qualquer notícia de brasileiros brilhando fora do Brasil nos enchia de ânimo e esperança, como o sol invadindo catedrais. O nome de Sivuca, na época já reconhecido como um dos grandes músicos do mundo, trazia para mim, além do mais, lembranças de minha infância nordestina, quando lá em casa sintonizava-se a Rádio Jornal do Commércio (que assim mesmo, com dois mm, era “Pernambuco falando para o mundo”) e o som mágico do acordeom de Sivuca mostrava como todo o universo podia caber num simples fole com teclas em volta. Naquele começo de anos 1950, quando ainda se vivia a euforia do pós ll Guerra, os programas de auditório da rádio da minha infância conseguiam juntar artistas locais, como Gilvan Chaves, Claudionor Germano, Jackson do Pandeiro e outros, com nomes nacionais como o maestro Guerra-Peixe e sua orquestra, e até com enxeridos internacionais de passagem pelo Recife: Errol Garner, Tommy Dorsey e o Frei José Mojica eram alguns de quem me lembro. Mas quem mais me impressionava eram três músicos sararás e de galeguice tão resplandecente que, quando se juntavam, apresentavam-se como sendo o grupo O Mundo Pegando Fogo! Esses músicos eram ninguém menos que Sivuca, Hermeto Paschoal e seu irmão Zé Neto, também este um talento digno de nota, caso contrário jamais tocaria junto aos ‘cobras’. Alguns recalcados por aí dizem que esse grupo nunca se apresentou em público, o que é uma mentira sem tamanho, pois até hoje ele faz o maior sucesso na minha lembrança. E se ele foi só uma lenda, tanto melhor: fico com a lenda, que é mil vezes mais verdadeira que as realidadezinhas sem graça.
Voltando a 1970, só posso dizer que aquela noite passada no apartamento carioca de Paulo Pontes e da grande Bibi Ferreira marcou definitivamente as almas dos que lá estivemos: eu, o pintor Raui Córdula (diga aí, Presidente!), o diretor José Renato, Waltinho Carvalho (hoje um excepcional fotógrafo e diretor de cinema, mas na época um estudante da ESDI, com quem eu dividia um apartamento em Laranjeiras), o compositor Gilvan Chaves e outros poucos privilegiados. Deslumbrados, varamos noite e madrugada ouvindo e aplaudindo Sivuca, já então uma big star internacional, que dividia palcos com Harry Belafonte, Miriam Makeba, Julie Andrews, Toots Thielemans, Putte Wickman e outros, além de ter protagonizado o espetáculo Joy, que fez uma temporada de sucesso em Nova York, num teatro vizinho de onde se apresentava um rapaz francês que fazia umas momices e mugangas, um tal de Marcel Marceau.
Para completar aquela noite de 1970, depois de ‘estraçalhar’ no acordeom, Sivuca ainda pegou um violão que eu levara e nos deslumbrou com algumas canções lindíssimas e de precioso sabor modal-nordestino. Como compositor e arranjador, fiquei simplesmente maravilhado com o que ouvi: lembro que registrei tudo num gravador doméstico e, caso pudesse recuperar essa fita de 43 anos atrás, a memória musical brasileira ganharia um precioso documento.
Após regressar ao Brasil e viver no Rio de Janeiro, Sivuca voltou de vez para a velha Paraíba, que ele chamava de ‘Viena Brasileira’, pois dizia que ali se encontravam alguns dos melhores músicos do país, por certo crias da Universidade local. Foi com muitos desses músicos que Sivuca prazerosamente trabalhou até o dia em que teve de sair de cena, para imensa tristeza de seu público, que sabia que o bis não mais viria.
Este TERRA ESPERANÇA é o último registro fonográfico feito por Sivuca, o que já basta para dar dimensão histórica ao CD que temos em mãos. Mas ele vai muito além: prova que Sivuca não era apenas o acordeonista (ou o sanfoneiro, como alguns o chamavam, de forma até meio desrespeitosa) virtuose, conhecido em todo o mundo, tendo sido também um arranjador-orquestrador de altíssimo quilate. Nesse aspecto, penso que sua singularidade estaria em que, mesmo escrevendo para as mais variadas formações instrumentais, Sivuca imprimia às suas concepções sonoras uma leitura acordeonística efetivamente preciosa e inusitada, pouco ou nada comum no contexto dos arranjos musicais. Até porque se são raros no mundo os acordeonistas-arranjadores, quase impossível seria encontrar dentre eles um que tenha sido gênio em seu instrumento. Mas um com certeza o foi: Severino Dias de Oliveira, Sivuca, paraibano de ltabaiana, a quem hoje os anjos respeitosamente tiram o chapéu, entre uma música e outra que ele toca por lá pelos sertões celestiais.
Quando regressou à sua Paraíba natal, Sivuca dedicou-se ao que considerou a fase mais produtiva e consistente de sua obra, atendendo ao chamado de um Brasil cuja voz era “o som do pandeiro, o batuque no terreiro, o axé do candomblé, a cirandinha, o reisado, a seresta gentil”, como disse Marilena Soneghet na letra da canção que nomeia este CD, feita em parceria com Glorinha Gadelha e gravada por esta. Mergulhando ainda mais nos sons do Brasil e na inesgotável alquimia da instrumentação, Sivuca buscou a excelência junto aos seus conterrâneos-músicos, com quem passou a conviver estreita e fraternalmente, com eles partilhando muitas formas de criar, desvendar, polir e, sobretudo, de reverenciar a música. Não por outra razão, este CD navega pelas mais distintas sonoridades, que vão desde um trio de acordeom-contrabaixo-bateria até uma big band, não sem antes passar por conjuntos camerísticos, quartetos, quintetos e sextetos de cordas ou de sopros: em todas estas formações destacam-se as digitais do gênio orquestrador de Sivuca, como se o mestre de Itabaiana estivesse nos legando uma aula magna para marcar sua despedida.
Nada disso teria sido possível, no entanto, sem Glorinha Gadelha. Musa, esposa, parceira e companheira de vida e arte de Sivuca, Glorinha não só foi a idealizadora deste CD, como também fez sua produção e direção musical. Assim, por justiça, este disco é também dela, já que foi Glorinha quem traçou a rota e capitaneou a travessia que levou Sivuca a ancorar na verdadeira Terra Esperança – que outra não é senão a terra da (boa) Música, da qual ele foi soberano e de cujo reinado este CD é prova mais que provada.
 
* Maestro, compositor e Diretor Artístico da Gravadora CPC-UMES
 
Fonte: Hora do Povo

CNTE: MEC reduziu custo aluno para achatar piso do magistério

Entidade conclama professores de todo o país à greve nacional no dia 17 de março

 

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) considerou insuficiente o reajuste do piso nacional dos professores, anunciado nesta quarta-feira, 29, e está convocando uma mobilização nacional com greve nos dias 17, 18 e 19 de março contra o achatamento. O valor a ser pago aos professores passou de R$ 1.567 para R$ 1.697, para uma jornada de 40 horas semanais. O aumento representa um reajuste de 8,32% no piso.

De acordo com a entidade, o reajuste ficou abaixo do esperado e até mesmo do que havia sido anunciado pelo próprio governo. De acordo com a CNTE, o critério utilizado pelo MEC para atualizar o piso tem como base o valor anual mínimo por aluno, o chamado custo aluno do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica). Segundo o anúncio do governo, o custo aluno entre 2012 e 2013 passou de R$ 1.867,15 para R$ 2.022,51, que representa 8,3%.

No entanto, esse custo aluno foi rebaixado pelo Ministério da Educação. Conforme a Portaria Interministerial nº 4, de 7 de maio de 2013, “Art. 2º O valor anual mínimo nacional por aluno, na forma prevista no art. 4º, §§ 1º e 2º, e no art. 15, inciso IV, da Lei nº 11.494, de 2007, fica definido em R$ 2.221,73 (dois mil, duzentos e vinte e um reais e setenta e três centavos), para o exercício de 2013”. Com isso, o reajuste em relação a 2012, ficaria em 19%. O valor foi reduzido através da Portaria nº 16, em 17 de dezembro de 2013, rebaixando o custo aluno para R$ 2.022,51.

No início do ano, a Confederação questionou a redução, em audiência com o Ministro da Educação, Aloísio Mercadante, ressaltando ainda que os recursos já depositados nas contas do Fundeb, de estados e municípios, dão conta de um percentual maior.

“Pelos dados da Receita Federal, já foram repassados R$ 117 bilhões e o percentual que ficou para nós corresponde a R$ 111 bilhões. As contas não batem e a categoria ficou revoltada porque isso joga contra o princípio da valorização do professor”, critica Roberto Leão, presidente da CNTE. Em março, ressalta “vamos nos manifestar contra esse baixo aumento que o governo federal deu ao piso nacional do magistério”, ressalta.

A definição do custo aluno é feita pelo Ministério da Educação, e é alterado através das portarias. Desde 2008, já foram expedidas até novembro de 2013, 20 portarias alterando o valor aluno, uma média de 4 portarias por ano. Não estranhamente, num momento em que se só se fala em corte de gastos e superávit primário, o valor é reduzido e, consequentemente, o reajuste do piso. Isso num momento em que se debate em toda a sociedade a urgente necessidade de se elevar os investimentos na educação pública.

Para o Secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, mesmo se cumprida a Lei do Piso e os critérios de atualização, o valor ainda é muito baixo. “Nenhum país consegue se desenvolver sem uma qualidade de ensino e sem professor qualificado, bem formado e com salário digno” afirma, ressaltando que o Brasil “não criará cientistas, pesquisadores, gente que representa a base do desenvolvimento”, caso não haja “aumento considerável de recursos, valorização da categoria e aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE)”.

A mobilização pela aprovação do PNE também foi uma das bandeiras aprovadas no Congresso da CNTE, realizado no início do mês, e que será levada às ruas em março. “O projeto que queremos é o que estava na Câmara e traz conquistas fundamentais como 10% do PIB para a educação pública. Ao tirar o termo “pública” do texto, o Senado contribui para outras interpretações”, de acordo com os interesses de cada governo”, afirma Leão.

 

Presidente da Confederação Nacional de Municípios:

“Temos que nos unir aos professores para cobrar participação da União”

 

Apesar do baixíssimo piso para o professor, atualizado em R$ 1.697, os estados e municípios vêm enfrentando uma enorme pressão por parte do governo federal, para que este cumpra as suas metas de pagamento aos bancos.

Com isso, os prefeitos e governadores apresentam grandes dificuldades em garantir o pagamento do piso, e cobram uma maior participação da União no cumprimento da lei.

De acordo com a Confederação Nacional de Municípios, para o reajuste de 8,32%, haverá aumento de R$ 4,151 bilhões no pagamento do magistério. Com isso, a média do comprometimento das receitas do Fundeb com salários dos professores irá para 79,7%. Para mais de mil municípios, esse valor chega a requerer até mesmo 100% dos recursos repassados pelo Fundeb. O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, lembra que, garantido o salário, “como é que fica a cadeia que envolve construção e conservação de escolas, bibliotecas, transporte e pagamento de outros profissionais”.

Segundo o site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) é “formado, na quase totalidade, por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal. Além desses recursos, ainda compõe o Fundeb, a título de complementação, uma parcela de recursos federais, sempre que, no âmbito de cada Estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente”.

A União faz a complementação em apenas nove estados, Amazonas, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Segundo Ziulkoski, os repasses deveriam ser maiores e feitos a todo o país. A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, diz que a situação é preocupante. “O professor tem direito ao reajuste do piso, mas voltamos à preocupação da participação de estados, municípios e União [nos gastos com educação]”.

A assistência financeira da União destinada ao piso salarial também é restrita aos nove Estado citados. Ziulkoski avalia que “essa situação concorre para que dezoito Estados fiquem sem receber da União a ajuda financeira para o pagamento dos professores, e têm de, sozinhos, cumprir o piso salarial nacional do magistério”. “Este ano (2013) os Municípios fecharão em R$ 207 bilhões os gastos com pessoal e 24,2% deste total é só com o magistério”, diz e ressalta: “E a União não complementa nada. Nem um centavo”.

“Para cada real investido em Educação, 41 centavos vem dos estados, 39 dos municípios e somente 25 centavos vem da União”, afirmou Márcia Viana, diretora de Comunicação da Undime. Ziulkoski classificou a complementação da União como “fictícia”. “A briga dos educadores não deve ser com os prefeitos. Temos que unir os prefeitos e professores e vir à Brasília cobrar maior participação da União na Educação”, disse.

 

Fonte: Hora do Povo

Professores do Estado de SP relatam situação ‘humilhante’ para pegar aulas

Poderia ser dia de festa na escola: o pátio interno está cheio, há cartazes, quase não é possível ouvir o que se diz ao microfone e a cantina está a todo vapor. “Não tem mais água para comprar”, diz uma pessoa ao meu lado, enquanto outra passa com um prato de comida.

Apesar da agitação, não são alunos, mas professores temporários da rede estadual que ocupam de pé ou sentados o pátio de uma escola no Conjunto Habitacional José Bonifácio, na zona leste de São Paulo, e não há muito o que comemorar. A longa espera e o caos marcam o dia de atribuição de aulas –quando professores escolhem as classes e escolas onde irão dar aulas naquele ano letivo. A reportagem do UOL acompanhou das 15h às 20h a atribuição de docentes temporários no dia 23 de janeiro.

Neste ano, a atribuição dos temporários começou com duas horas de atraso na DRE (Diretoria Regional de Ensino) Leste 3, que abrange 81 escolas da cidade de São Paulo. “Eu acho uma situação meio humilhante”, diz um professor que não se quis se identificar sentado em uma mureta do lado de fora do pátio. “Eles não se importam nem com o cumprimento dos horários”, afirma o docente de química de 27 anos, que é temporário desde 2009.

“É uma humilhação. Eu me formei em 2008, já fiz duas pós-graduações e sou tratada dessa forma”, afirma Thaís Alves, 28, professora de português que chegou antes das 15h e só conseguiu sair da escola com a relação das suas turmas mais de quatro horas depois.

 

Hora da chamada

Pelo microfone, uma representante da DRE chama os professores de acordo com a colocação em um prova classificatória – a lista está colada em uma das paredes do pátio da escola. “A gente não consegue ouvir direito quando é chamado e corremos o risco de perder a vez. Até o ano passado, a minha estratégia era saber quem eram os professores antes de mim. Quando chamavam o nome deles, eu já ficava posicionada”, diz Ellen Fernandes, 29, professora de ciências e biologia.

Ao todo, 957 professores do ensino fundamental 1 (até o 5º ano) e 1.268 do fundamental 2 e ensino médio são candidatos a vagas em escolas da DRE Leste 3. Independentemente da nota que tiraram na prova (que não é eliminatória), todos poderão assumir aulas se houver salas sem docentes.

Os primeiros colocados têm mais “sorte”, especialmente em matérias como português, inglês e educação física (as mais disputadas). “Você chega e espera horas sem saber se vai sair daqui com ou sem aula”, diz Izabel de Souza, 28, professora de português. Quem não consegue turmas fixas, tem que fazer substituições ou ser auxiliar de reforço. Os temporários só recebem pelas aulas dadas no mês.

 

Tabela no quadro negro

Quem enfim é chamado e deixa o pátio lotado, precisa subir uma rampa, apresentar os documentos que comprovem a sua formação e entrar em uma das salas, de acordo com a disciplina que está apto a ministrar.

Na sala, todas as escolas e turmas estão listadas em uma grande tabela no quadro negro. A cada escolha, um pedaço da tabela, escrita a giz, é apagado.

O método, responsável pela demora e desorganização, é usado desde 1998 na rede.

Para os professores, a distribuição das aulas poderia ser feita pela internet ou dividida em vários dias, de acordo com as disciplinas disponíveis.

“Sei que vocês estão cansados, mas peço um pouco de paciência”, diz uma representante da DRE ao microfone. Entre um nome e outro, começa a chover e o local fica sem luz por poucos minutos. Por volta das 19h, não há mais salgados na cantina.

Naquele dia, foram chamados 600 temporários que queriam trabalhar na região para atribuir aulas, os mais bem classificados chegaram antes das 15h e saíram por volta das 19h30. Outros docentes só conseguiram deixar a escola por volta da meia-noite.  No segundo dia de escolha são chamados os estudantes da graduação e os profissionais que ocupam as últimas posições na prova classificatória.

“Passar por tudo isso e chegar com um sorriso no rosto na segunda-feira é para poucos”, disse uma professora. As aulas na rede começaram na segunda (27) e até essa quarta-feira (29) alguns temporários que já tiveram suas aulas designadas ainda não tinham entrado em sala de aula porque aguardavam a assinatura do contrato.

 

Posicionamento

A Apeoesp (sindicato dos professores de SP) diz que já pediu ao Estado mudanças nos processos de atribuições de aulas.

Sobre os temporários, a Secretaria da Educação diz que objetivo é ampliar o quadro de professores efetivos na rede. “Dessa forma, haverá uma substituição gradual de temporários por efetivos sem, no entanto, extinguir a figura desse profissional (ele é necessário em uma rede do tamanho de SP para suprir as faltas como licenças-saúde e prêmio, faltas médicas, justificadas, injustificadas e abonadas). Esses temporários ficarão à disposição a Diretoria de Ensino e poderão atribuir aulas em outras unidades, assim que surgir demanda”.

A pasta diz ainda que estuda, em breve, informatizar o sistema de atribuição de aulas. A secretaria não informou quantos temporários fazem parte da rede no ano letivo de 2014. De acordo com órgão, os 20 mil professores convocados no último concurso da rede devem começar a dar aulas em março deste ano. Leia a nota da secretaria enviada após a publicação da reportagem.

 

Fonte: UOL Educação

CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: Jacob, O Mentiroso

Neste sábado, 01/02, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “Jacob, O Mentiroso”. O filme inicia às 17 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca! 

 

JACOB, O MENTIROSO

Frank Beyer (1974), com Vlastimil Brodský, Erwin Geschonneck, Manuela Simon, Henry Hübchen, RDA, 100 min.

 

Sinopse

Na Polônia, durante a 2ª. Guerra Mundial, Jacob Heym é preso por um guarda alemão por estar na rua após o toque de recolher. Na delegacia, ao procurar pelo guarda de plantão, a quem deveria se apresentar, Jacob acidentalmente escuta notícias, veiculadas por um rádio, sobre combates entre as tropas alemãs e o Exército Vermelho, em território polonês. De volta ao gueto, trabalhando na estação de cargas junto com outros moradores, nosso herói consegue demover seu faminto colega Mischa de realizar um roubo de batatas, crime punido com a morte nos guetos, contando que mantém secretamente um rádio onde ouve diariamente as notícias sobre o avanço das tropas libertadoras. Não demora para que a notícia se espalhe e o gueto passe a viver das esperanças acesas pelos relatos colhidos no rádio imaginário de Jacob.

 

Direção: Frank Beyer (1932-2006)

Paul Frank Beyer nasceu em Turingia, Alemanha, estudou teatro na Universidade de Humbolt, transferindo-se depois para a cidade de Praga, onde cursou a FAMU (Escola de Cinema da Academia de Artes Cênicas). Graduou-se em 1957 como diretor de cinema, com o filme “Zwei Mutter” (“Duas Mães”). Desde 1958 trabalhou na DEFA (Deutsche Film Aktiengesellschaft), empresa cinematográfica da RDA. Dirigiu “Cinco Cartuchos” (1960), “Amor Invencível” (1962), “Nu Entre Lobos” (1963), “Carbide e Sorrel” (1964), “Traço de Pedras” (1965). A interdição deste último pela censura forçou Beyer a concentrar-se em trabalhos para televisão e teatro. Retornou às telonas, em 1974, com “Jacob, o Mentiroso”, ganhador do Urso de Prata no Festival de Berlim (1975). Dirigiu também “A Estadia” (1982), “A Violação” (1989), entre outros.

De 1946 a 1990, a DEFA produziu cerca de 950 filmes, 820 animações, 5800 documentários e cine-jornais. Com a anexação da Alemanha Oriental, a empresa foi dissolvida, seus estúdios foram adquiridos pelo conglomerado Vivendi-Universal e o catálogo de filmes pela Progress Film-Verleih Gmbri. Fora da DEFA, Frank Beyer voltou à televisão e conseguiu realizar apenas um filme para cinema: “A Suspeita” (1991).

 

Argumento Original: Jurek Becker (1937-1997)

Nascido na Polônia, Jurek Becker cresceu em guetos e campos de concentração. Com a libertação, reencontrou o pai e juntos foram viver em Berlim Oriental. Estudou Filosofia na Universidade Humboldt, foi membro do Partido Socialista Unificado e serviu dois anos como voluntário na Polícia Popular. Trabalhou como escritor e roteirista na DEFA. Criou os argumentos de “Ohne Paß in Fremden Betten” (Vladimir Brebera, 1965), “Meine Stunde Null” (Joachim Hasler, 1970), “Jacob, o Mentiroso” e “Das Versteck” (Frank Beyer, 1975 e 1978). No final dos anos 70, mudou-se para o oeste de Berlim, mas manteve a cidadania alemã oriental. Escreveu também as histórias de “David” (Peter Lilienthal, 1979) e “Crianças de Bronstein” (Jerzy Kawalerowick, 1991).

 

Música Original: Joachim Werzlau (1913-2001)

Filho de músico de orquestra, Joachim Werzlau desde jovem estudou piano e violino com o pai. Aos 15 anos, empregou-se na tradicional fábrica de pianos Blüthner, em sua cidade natal, Leipzig.

Em 1945, Werzlau ganha a vida como pianista em cinemas e escolas de dança e atua na Aliança Cultural para a Renovação Democrática da Alemanha. Entre 1949 e 1952, trabalha como crítico musical e compositor em rádios de Berlim. Daí transferiu-se para a DEFA, escrevendo as trilhas de dezenas de filmes, desde obras infantis, “Os Encrenqueiros” (Wolfgang Schleif, 1953), “Tinko” (Herbert Ballmann, 1957), a parcerias com os diretores Konrad Lobo – “Recuperação” (1956), “Lissy” (1958) – e Frank Beyer – “Duas Mães” (1957), “Amor Invencível” (1962), “Nu Entre Lobos” (1963), “Carbide e Sorrel” (1964), “Jacob, o Mentiroso” (1975). Entre suas criações figuram as óperas “Regina” e “Mestre Rockle”, composições para orquestra, violino, esboços para piano e canções muito populares na Alemanha, como “Porque Somos Jovens” (1949).

 

UNE publica nota de repúdio ao cancelamento da CONAE 2014

Veja abaixo, nota de repúdio publicada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) sobre a decisão do Ministério da Educação de adiar a Conferência Nacional de Educação, que foi reagendada para ocorrer entre os dias 17 e 21 novembro:

 

Cancelamento da CONAE, pelo MEC, está na contramão das lutas das ruas e do movimento educacional brasileiro.

 

Na contramão das mobilizações que sacodem a política do país desde junho passado e que clamam, dentre outras coisas, por mais participação e abertura na formulação de políticas públicas, o Ministério da Educação – MEC decide cancelar a II Conferência Nacional de Educação – CONAE, que seria realizada nos dias 17 a 21 de fevereiro de 2014, forçando o Fórum Nacional de Educação (FNE) a fazer uma reconvocação da Conferência para a data de 19 a 23 de novembro, ainda deste ano.

Desde 2010, com a realização da I CONAE e com a criação do Fórum Nacional de Educação (FNE) – órgão responsável por juntar governo e sociedade civil para a construção de políticas educacionais e, também, por realizar a 2ª conferência – a decisão unilateral, autoritária e injustificável do MEC de cancelar o evento em fevereiro demonstra como esse Ministério não incorporou os eixos que dão base ao próprio tema da conferência: sendo central a participação popular – “O PNE na Articulação do Sistema Nacional de Educação: participação popular, cooperação federativa e regime de colaboração”. Com isso, demonstra o desrespeito com todos os mais de 4 mil delegados e delegadas e os fóruns organizadores das etapas municipais, intermunicipais, estaduais e distrital que com todo o esforço cumpriram e realizaram suas etapas preparatórias para a Conferência Nacional.

Por motivos insuficientes e a falta de documentos que os comprovam, o MEC demonstrou que não teve habilidade e comprometimento de buscar estrutura suficiente para realizar a etapa nacional de uma das principais conferências do país, sendo a educação uma agenda considerada prioritária pela presidenta Dilma. É uma evidente manobra na defesa de seus interesses na aprovação da proposta de PNE aprovada no Senado, francamente em desacordo com as deliberações da I CONAE e que, sem dúvidas, seriam reforçadas nessa II CONAE.

Não por acaso, o adiamento da conferência se dá em momento decisivo da tramitação do Plano Nacional de Educação – PNE no Congresso Nacional, hoje estando em sua etapa final de votação na Câmara dos Deputados.

Tendo apenas duas escolhas: o projeto do Senado (escancaradamente defendido pelo MEC e Governo) e o projeto da Câmara (próximo das deliberações da CONAE 2010 e defendido pela ampla maioria dos movimentos educacionais), o adiamento da Conferência demonstra uma manobra política e deflagra a orientação do governo de restringir a sua função estratégica na garantia do direito público à educação em benefício do setor privado. Um governo democrático e popular não pode adotar uma postura supostamente pragmática frente à correlação de forças existentes entre o setor público e privado. O Brasil exige educação pública, gratuita, laica, com qualidade social.

Se os deputados federais seguirem a orientação danosa do Governo, e optarem pelo texto do Senado Federal em detrimento daquele melhor, aprovado na Câmara dos Deputados, o Estado brasileiro ficará desresponsabilizado de expandir matrículas públicas na educação técnica de nível médio e superior. O Governo Federal também ficará desresponsabilizado de cumprir com a Constituição Federal e apoiar Estados e Municípios para que estes atinjam um padrão mínimo de qualidade na Educação Básica, por meio do Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi). O CAQi é o melhor caminho para a valorização dos profissionais da educação e adequação da infraestrutura das escolas aos jovens.

Como se fosse pouco, o PNE do Senado fragiliza drasticamente o princípio de que o investimento público seja na educação pública, cedendo à sede dos interesses mercantis, ao tirar a palavra “pública” do texto que estabelece a meta de “10% do PIB pra educação pública”, bandeira histórica defendida pelos sindicatos, movimentos estudantil e educacional brasileiro.

Haja vista a postura do MEC, já combatida com ampla mobilização pela UNE, nos casos recentes da falência das faculdades privadas do Rio de Janeiro, Gama Filho e UniverCidade, em que mais de 10 mil estudante encontram-se sem perspectivas de terminar seus estudos e milhares de trabalhadoras e trabalhadores da educação que estão desempregados, vemos o quão frágil é o controle exercido pelo governo sobre a oferta de ensino superior no país e mais frágil ainda, o controle sobre o setor privado que recebe recursos do próprio governo oriundos de programas de financiamento estudantil, como o Fies, e políticas como o PROUNI.

Por fim, acreditamos e construiremos com mais forças, a unidade do movimento educacional do país na centralidade da disputa da votação do PNE na e da Câmara dos Deputados. Desde já fazemos o chamado a todas e todos estudantes brasileiros para ocuparmos o Congresso Nacional na votação do plano.

Será, mais uma vez, através das nossas mobilizações, forças e de um sonho conjunto, que conquistaremos a criação do Sistema Nacional de Educação e um PNE que represente e dê respostas aos anseios da juventude do país, que conclama a garantia do seu direito social de ter acesso à educação pública de qualidade em todas etapas, níveis e modalidades!

#ocupaOcongresso

#10%doPIBParaEducaçãoPública

#investimentoPúblicoParaEducaçãoPública

#peloPNEdaCâmara

 

 União Nacional dos Estudantes

30 de janeiro de 2014.

FNE: texto do Senado para o Plano Nacional de Educação é privatista, segregacionista e não contribui para fortalecer o sistema nacional de educação.

Veja abaixo, nota pública do Fórum Nacional de Educação (FNE) enviada à Câmara dos Deputados em defesa dos conteúdos do Documento Final da CONAE 2010 no Projeto de Lei do novo Plano Nacional de Educação em etapa terminativa de tramitação no congresso:

 

Brasília, 24 de janeiro de 2014.

Diante da última etapa de tramitação do Projeto de Lei 8035/2010, que trata do novo Plano Nacional de Educação (PNE) no Congresso Nacional, o Fórum Nacional de Educação (FNE), cumprindo seu papel profícuo de monitorar a efetividade das deliberações da CONAE-2010, entende que o Substitutivo do Senado Federal à matéria se contrapõe às proposições centrais desta conferência, dedicada, entre outras tarefas, a determinar diretrizes para o próximo plano. A proposta que retorna à Câmara dos Deputados é privatista, segregacionista e não contribui para fortalecer o sistema nacional de educação.

O FNE considera que o texto do Senado Federal representa um retrocesso em relação ao debate realizado no contexto da discussão do PL nº 8035 de 2010, que resultou no Substitutivo do Deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) à proposta original de PNE, encaminhada ao Congresso Nacional pelo Poder Executivo Federal em dezembro de 2010.

Considera ainda que, para a etapa terminativa de tramitação do PNE na Câmara dos Deputados, no que concerne à Meta 4 (Educação Especial), tanto as versões da Câmara dos Deputados quanto do Senado desrespeitam convenções e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário e infringem o direito constitucional à educação inclusiva de todos os brasileiros e brasileiras.

O FNE reitera a necessidade de respeito ao direito da sociedade civil, garantido constitucionalmente, à participação democrática na discussão sobre o referido Projeto Lei, alertando aos Deputados e Deputadas Federais a necessidade de optarem pelo texto da Câmara, em detrimento do substitutivo do Senado, especialmente, em relação aos temas:

• retomar o prazo de alfabetização de crianças até, no máximo, os oito anos de idade ou o terceiro ano do ensino fundamental (Meta 5);• efetivar o compromisso do poder público com a ampliação de matrícula pública tanto na educação técnica profissional de nível médio (Meta 11) quanto na educação superior (Meta 12);

• retomar o princípio do investimento público em educação pública (Meta 20);

• assegurar a implementação do Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) no prazo de dois anos após a aprovação do PNE, garantindo a complementação, com recursos financeiros da União, aos Estados e Municípios que não atingirem o valor do CAQi e, posteriormente, do Custo Aluno-Qualidade (CAQ) (Estratégias à Meta 20);

• consagrar o papel da sociedade civil, representada no Fórum Nacional de Educação, frente às conferências municipais, estaduais, distrital e nacional.

Por fim, o FNE reafirma sua preocupação com o prazo de aprovação do PNE, entendendo que a sociedade brasileira já aguarda, desde dezembro de 2010, um encaminhamento coerente desta casa legislativa para esta pauta. Resguardada a importância do debate da matéria, entendemos que é fundamental que o PNE seja votado imediatamente.

Assinam:

Coordenador Nacional do Fórum Nacional de Educação – FNE

 

Entidades presentes:

1. Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais

(Abruem);

2. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC);

3. Confederação Nacional da Indústria (CNI);

4. Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE);

5. Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos (Confenapa);

6. Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen)

7. Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional,

Científica e Tecnológica (Conif);

8. Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino

(Contee);

9. Central Única dos Trabalhadores (CUT);

10.Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd);

11.Federação de sindicatos de trabalhadores de Universidades Brasileiras (Fasubra);

12.Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCE);13.Comissão Assessora de Diversidade para Assuntos relacionados aos

Afrodescentes (Cadara);

14.Campanha Nacional pelo Direito à Educação;

15.Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag);

16.União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme);

17.União Nacional dos Estudantes (Une);

18.Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

(ABGLT);

19.Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (Sase/MEC);

20.Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC);

21. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

(Secadi/MEC);

22.Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica 9Setec/MEC);

23. Secretaria Executiva Adjunta (SEA/MEC).