Globalização neoliberal para os ricos

HEDELBERTO LÓPEZ BLANCH*

 

As informações aparecidas no início deste ano de 2014 confirmam, com segurança, a verdadeira realidade da ‘globalização neoliberal’, que tem se estendido por todo o Planeta.

Acontece que as 300 pessoas mais ricas do mundo somaram durante 2013 um total de 524 bilhões de dólares a suas fortunas, que agora totalizam 3,7 trilhões de dólares, segundo dados compilados pela entidade de análise financeira, Bloomberg.

A situação da economia mundial continuou seu avanço negativo ao longo de 2013 com o incremento da iniquidade entre ricos e pobres.

Os dados aportados agora por Bloomberg ratificam a denúncia realizada anteriormente por um grupo de investigadores encabeçado pelo professor Jason Hickel da Escola de Economia de Londres, quando assinalou que atualmente as 300 maiores fortunas do mundo acumulam mais riqueza que os 3,5 bilhões de pessoas consideradas pobres. Todos os beneficiados na acumulação de capitais aparecem como proprietários ou relacionados diretamente com empresas transnacionais.

O primeiro na tabela é Bill Gates, fundador da Microsoft e o homem mais rico do mundo, que incrementou sua fortuna em 15,8 bilhões de dólares durante 2013 e agora possui nada menos que 78,5 bilhões de dólares. Gates obteve lucros pelas ações da Microsoft e por investimentos em empresas como Ecolab ou Canadian National Railway.

Neste círculo irracional de acumulação individual de capitais, lhe seguiu o investidor em cassinos Sheldon Adelson pois sua fortuna cresceu 14,4 bilhões de dólares, até chegar aos 37,1 bilhões de dólares, devido à proliferação dos cassinos de jogo na Ásia.

A lista é continuada pelo espanhol Amancio Ortega, fundador do império têxtil Inditex, cuja fortuna se incrementou em 8,9 bilhões de dólares e totaliza 66,4 bilhões. Por essas coisas do neoliberalismo, sua filha, Sandra Ortega, aparece no lugar 180, com 7,3 bilhões de dólares.

O magnata mexicano das comunicações, Carlos Slim, passou ao segundo lugar mundial, ao perder o primeiro posto para Gates, mantendo-se, porém, com um capital de 73,8 bilhões.

Entre as causas dessas incontroláveis fortunas estão o comportamento dos mercados e o incremento dos índices da bolsa. Como se observa, o que a crise econômica tem feito, isso sim, é golpear as grandes maiorias populacionais que têm padecido fortes medidas de reduções sociais impostas por governos de corte neoliberal.

A pobreza mundial resulta alarmante, embora organismos internacionais ofereçam cifras que, por falta de dados dos governos, não se aproximem da verdadeira realidade.

Estima-se que na Ásia Meridional, a população que subsiste com 1 dólar se situa em 535 bilhões de pessoas. Na Ásia Oriental, Sul-oriental e o Pacífico, 466 milhões e nos Estados Árabes, 15 milhões.

Na África subsaariana, 280 milhões. Na América Latina e o Caribe 120 milhões de pessoas sobrevivem com dois dólares diários. Na Europa Oriental e nos países de Ásia Central 160 milhões de pessoas vivem com quatro dólares ao dia e nos Estados Unidos já há 56 milhões de pobres.

O novo conceito de globalização irrompeu no mundo moderno impulsionado pelos países desenvolvidos, as empresas transnacionais e os grandes meios de comunicação. Sem restrições, seus propagandistas a definem como um fenômeno de caráter internacional cuja ação consiste principalmente em conseguir uma penetração mundial de capitais (financeiros, comerciais e industriais) para que o planeta abra espaços de integração e se intensifique a vida econômica.

Insistem em que é um processo de desnacionalização dos mercados, das leis e da política, e a detalham como a fase em que se encontra o capitalismo a nível mundial, caracterizado pela eliminação das fronteiras econômicas que impedem a livre circulação de bens, serviços e fundamentalmente de capitais.

Os desastres econômico-financeiros ocorridos no final da década de 1990 e princípios da de 2000, em vários países da América Latina como Argentina, Equador, Venezuela, Nicarágua e Bolívia, para citar alguns, abriram os olhos de alguns povos e governos do Terceiro Mundo que compreenderam que se quer um planeta globalizado, deve-se dar benefícios aos pequenos pois estes não podem perder o pouco que têm.

Na atualidade o processo de desnacionalização, bancado por governos pró-ocidentais e também pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM), possibilitou a entrada incondicional dos capitais transnacionais, que têm comprado as empresas nacionais, os meios básicos de produção e controlam os mercados.

Essas empresas estão enfileiradas para obter e tirar do país onde se estabelecem os maiores lucros, cuja consequência direta é a redução do orçamento nacional para os gastos sociais.

A proliferação dos tentáculos da globalização tem permitido que em muitos países se tenha autorizado a privatização dos serviços públicos, com nefastas consequências para os habitantes dos países em desenvolvimento e dos desenvolvidos.

Nessas nações têm se autorizado diversas empresas transnacionais a controlar os serviços de água potável, esgoto, eletricidade, saúde, educação, enquanto os usuários só podem aceder a eles pelas tarifas que impõem as empresas, sem que o Estado tenha poder para controlá-las.

Sob essas condições, os estados nacionais são desmontados para se converter em simples aparatos de segurança das transnacionais. Por isso, é necessário dar uma virada na globalização e que se transforme, em vez de neoliberal, em solidária, como o estão fazendo vários países da América Latina.

 

*Jornalista cubano, colaborador da Hora do Povo

Fonte: Hora do Povo

Riqueza dos 85 maiores magnatas equivale à de 3,5 bilhões de pessoas

Estudo da Oxfam assinala ainda que a deterioração das condições das famílias não seria possível sem as leis que privilegiam bancos e demais monopólios

 

Às vésperas do Fórum de Davos, a entidade inglesa de combate à fome e injustiça – Oxfam denunciou que a riqueza das 85 pessoas mais ricas do mundo equivale às posses de metade da população mundial e advertiu que é imperioso dar fim à desigualdade econômica extrema no planeta. “É chocante que no século 21 metade da população do mundo – 3,5 bilhões de pessoas – não tenha mais do que a minúscula elite cujos números podem caber confortavelmente em um ônibus de dois andares”, afirmou Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam. Ainda segundo o relatório, “nos EUA, o 1% mais rico acumulou 95% do crescimento total posterior à crise desde 2009 a 2012, enquanto os 90% mais pobres da população se empobreceram ainda mais”. E a participação dos 1% na renda nacional dos EUA subiu de 8% em 1980 para 20% em 2012, enquanto 400 magnatas acumulam mais riqueza que os 150 milhões de norte-americanos que estão entre a metade mais pobre da população.

Assim, a “austeridade” com cortes de salários e programas sociais para os 99%, e o bailout com superemissão de dólares para os bancos e monopólios, isto é, para os 1%, agravou a já exacerbada concentração de riqueza. De acordo com o documento “Working for Few” (“Trabalhando para Poucos”) da Oxfam, a riqueza açambarcada pelo 1% das pessoas mais ricas do mundo – US$ 110 trilhões – equivale a 65 vezes o total do que a metade mais pobre da humanidade, somada, tem. E a desigualdade não cessa de se intensificar: “no último ano, 210 pessoas se tornaram bilionárias, juntando-se ao seleto grupo de 1.426 indivíduos com um valor líquido combinado de US$ 5,4 trilhões”.

As raízes da intensificação da concentração de riqueza estão na ascensão do neoliberalismo desde Reagan e Thatcher, degringolada do bloco socialista e prevalência da especulação financeira desenfreada e dos cortes nos gastos públicos. De acordo com o estudo, “entre 1988 e 2008 o coeficiente de Gini – que mede a desigualdade de renda – aumentou em 58 países (dos que existem dados disponíveis) e sete em cada dez pessoas no mundo vivem em países onde a desigualdade cresceu”.

A Oxfam assinalou que essa deterioração das condições das famílias não seria possível sem leis em benefício dos bancos e monopólios, bem como a “desregulamentação dos mercados”. A entidade registrou pesquisa em seis países (EUA, Inglaterra, Brasil, África do Sul, Índia e Espanha), que mostrou que a maioria dos entrevistados considera que as leis são distorcidas em favor dos ricaços. Na Espanha, sob brutal arrocho da Troika, essa foi a resposta de oito em cada dez pessoas. Outra recente pesquisa da Oxfam com trabalhadores com salários baixos nos EUA revelou que 65% deles consideram que o Congresso aprova leis que beneficiam principalmente aos ricos.

O documento denunciou o “sequestro democrático que perpetua a desigualdade econômica”, referindo-se “à desregulamentação financeira, à iniquidade dos sistemas fiscais, às leis que facilitam a evasão fiscal, às políticas de austeridade econômica e à apropriação dos ingressos derivados do petróleo e mineração”. E ressaltou a famosa citação de Louis Brandeis, juiz da Suprema Corte, de que “podemos ter democracia, ou podemos ter a riqueza concentrada em poucas mãos, mas não podemos ter ambas”. Ou o presidente Franklin Roosevelt: “o governo mais livre do mundo, se existisse, deixaria de ser aceitável se suas leis tendessem a gerar uma rápida acumulação de propriedade em poucas mãos, fazendo com que a imensa maioria da população ficasse dependente e sem recursos”.

A concentração de riqueza pode ser, inclusive, maior do que a já apontada, pois como afirma o relatório “globalmente, os indivíduos e companhias mais ricos escondem trilhões de dólares dos impostos em uma rede de paraísos fiscais no mundo todo – estima-se que US$ 21 trilhões estão escondidos sem registros”. O documento também observa que na última década o número de bilionários na Índia passou de menos de 6 a 61, de modo que em um país onde vivem 1,2 bilhão de pessoas, só umas dezenas delas possuem em conjunto uma riqueza de aproximadamente US$ 250 bilhões – o que seria inexplicável sem a pilhagem das privatizações. “O mais surpreendente é que a porcentagem da riqueza nacional que essa minúscula elite possui aumentou vertiginosamente, passando de 1,8% em 2003 para 26% em 2008”.

 

“INIQUIDADE”

Após criticar o modelo neoliberal “em que o vencedor leva tudo”, a Oxfam destacou os avanços na América Latina, que de historicamente a mais desigual região do mundo, se tornou “a única que conseguiu reduzir a iniquidade na década passada”. Entre 2002 e 2011, a desigualdade de renda diminuiu “em 14 dos 17 países sobre os quais há dados comparáveis”. No período, cerca de 50 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema na região, sendo que nos últimos 20 anos o gasto social como percentagem do PIB teve um incremento de 66%. O relatório destacou o Brasil, cujo sucesso atribuiu ao programa Bolsa Família, ao aumento real do salário mínimo e dos gastos com saúde e educação. Para a Oxfam, o caso da América Latina mostra que “as enormes disparidades de renda, podem, na verdade, ser enfrentadas com intervenções políticas”.

A entidade salientou outra fonte de desigualdade: desde a década de 1970, em 29 de 30 países escolhidos, existe uma taxação de imposto menor para os setores mais ricos da sociedade. “Assim, os membros mais ricos da sociedade não só recebem uma porcentagem maior do bolo econômico, como também são menos tributados por ele”. Mas é nas decisões sobre o gasto publico que se concentra o favorecimento dos magnatas, bancos e monopólios. “O caso mais notório e infame é o resgate do setor financeiro após a crise de 2008”. Em vários países o setor financeiro sequestrou economias inteiras, especialmente nos EUA: “um processo que Simon Johnson, ex-economista-chefe do FMI, classificou de ‘golpe de estado silencioso’”.

 

ANTONIO PIMENTA

Fonte: Hora do Povo

CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: Ministério do Medo

Neste sábado, 25/01, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “Ministério do Medo”. O filme inicia às 17 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca! 

 

MINISTÉRIO DO MEDO

Graham Greene (1944), com Stephen Neale, Marjorie Reynolds, Carl Esmond, Hillary Brooke, EUA, 86 min.

 

Sinopse

À espera de um trem para Londres, depois de ser liberado de um hospital psiquiátrico onde ficara internado por dois anos, Stephen Neale mata o tempo em uma feira de caridade e ganha um bolo ao adivinhar o seu peso. Ele não sabe, mas o prêmio o colocará na rota de uma rede de espionagem queopera em favor da Alemanha nazista. Com as bombas a cair sobre a Inglaterra, distinguir amigos e inimigos torna-se um exercício cada vez mais incerto.

 

Direção: Fritz Lang (1890-1976)

Cineasta, produtor e argumentista nascido em Viena, Friedrich Anton Christian Lang perdeu um olho na 1ª. Guerra Mundial e no hospital começou a escrever roteiros para filmes. Estreou em 1919, com “Halbblut”. Essa primeira fase do diretor, auxiliado por sua esposa, a roteirista Thea von Harbou, o fez ficar conhecido como o maior representante do expressionismo alemão, com filmes como “Metropolis” (1927) e “O Vampiro de Dusseldorf” (1931). Conta a lenda que Hitler, após assistir “Metropolis”, convidou o casal para produzir na UFA – o principal estúdio de cinema da Alemanha. Enquanto Thea aceitou a proposta, Lang exilou-se em Paris. Em 1934, emigrou para os EUA onde realizou 24 filmes, entre os quais “Fúria” (1936), “Vive-se Uma Só Vez” (1937), “Os Carrascos Também Morrem” (1943), que contou com a colaboração de Bertolt Brecht no argumento e roteiro, “Ministério do Medo” (1944), “Um Retrato de Mulher” (1944), “O Diabo Feito Mulher” (1952), “Os Corruptos” (1953), “Enquanto a Cidade Dorme” (1956). De volta à Alemanha dirigiu “Os Mil Olhos do Dr. Mabuse” (1960). Mestre do film noir, Lang dizia que sua visão da sociedade não era pessimista, mas realista – pelo menos a da sociedade que ele retratava. Sua  influência é reivindicada por cineastas como Buñuel, Orson Welles e Hitchcock.

 

Argumento Original: Graham Greene (1904-91)  

Henry Graham Greene nasceu em Berkhamstead, formou-se em Oxford, empregou-se no The Times, ganhou notoriedade com o romance “The Man Within”, em 1929. Na 2ª. Guerra Mundial foi membro do serviço secreto inglês, do qual cultivou durante a vida uma imagem pouco lisonjeira. Escreveu mais de 70 romances, peças de teatro, coletâneas de contos e memórias que originaram meia centena de filmes, entre eles  “Orient Express” (Paul Marin, 1934); “O Ministério do Medo” (Fritz Lang, 1944); “Quando os Destinos se Cruzam” (Herman Shumlin, 1945); “O Ídolo Caído”, “O 3º. Homem”, “Nosso Homem em Havana” (Carol Reed, 1948, 1949. 1959); “Os Comediantes” (Peter Glenville, 1966); “Viagens com Minha Tia” (George Cuckor, 1972), “O Cônsul Honorário” (John Mackenzie, 1973); “O Fator Humano” (Otto Preminger, 1978). Das obras que receberam mais de uma adaptação cinematográfica destacam-se “Brighton Rock” (John Boulting, 1938; Rowan Joffé, 2010), e “O Americano Tranquilo” (Joseph L. Mankiewicz, 1958; Philip Noyce, 2002).

Greene dedicou sete livros à luta anti-imperialista na América Latina. Em 1984 expôs em “Getting to Know the General” as razões pelas quais o atentado que matou o líder panamenho Omar Torrijos, seis meses após a posse de Ronald Reagan na presidência dos EUA, esteve longe de ser um inocente acidente aéreo.

 

Música Original: Victor Young (1899-1956), Miklos Rosza (1907-95)

Nascido em Chicago, Victor Young foi compositor, arranjador, maestro e violinista. Aos dez anos, passou a morar com a irmã em Varsóvia, onde estudou música e estreou profissionalmente na Filarmônica daquela cidade. Estudou também piano no Conservatório de Paris. Trabalhou como arranjador e maestro em rádio e teatro nos EUA, foi diretor musical da Paramount Pictures. Em um período de 20 anos escreveu música para mais de 300 filmes. Recebeu 22 indicações para o Oscar. Compôs as trilhas dos clássicos “Depois do Vendaval” (1952) e “Os Brutos Também Amam” (1953), ambos do diretor John Ford. È autor das canções “Stella by Starlight” e “When I Fall in Love”, imortalizadas nas vozes de Ray Charles e Nat King Cole.

Miklós Rósza nasceu em Budapeste, Hungria. Entre 1925 e 1929 estudou música no Conservatório de Leipzig, Alemanha. Mudou-se para Paris em 1932. Começou a compor música para cinema em Londres, trabalhando na Korda London Filmes, e aportou em Hollywood em 1939. Compôs para Billy Wilder as trilhas de “Sete Covas no Egito” (1943) e “Pacto de Sangue” (1944). Ganhou três prêmios Oscar pela participação em “Quando Fala o Coração” (Alfred Hitchcock, 1945), “Fatalidade” (George Cukor, 1947), “Ben-Hur” (William Wyler, 1959).

 

Banco Central eleva juros pela sétima vez e retira mais recursos do país

O Banco Central elevou, pela sétima vez seguida, os juros básicos após reunião do Copom, na quarta-feira (15). A taxa Selic subiu 0,50 p.p, elevando o juro para 10,50% ao ano.

Mais uma vez o Banco Central volta a assaltar o dinheiro do país, da educação, do transporte, da saúde, para beneficiar os banqueiros.

Apenas de janeiro a novembro de 2013, foram transferidos aos bancos, sob forma de juros, R$ 224.843.051.195 (224 bilhões, 843 milhões, 51 mil e 195 reais) – o que equivale a 5,15% do PIB, ou seja, da soma de todos os valores criados em mercadorias e serviços pela Nação.

Em relação ao ano anterior, o aumento foi de +15,45% nas remessas de juros. No mesmo período de 2012 foram drenados R$ 194.760.676.519, o que já era muito, pois correspondia, na época, a 4,87% do PIB.

Isso tudo em um momento em que enfrentamos uma total paralisia nos investimentos em Educação. Segundo matéria do Correio Brasiliense, os gastos com Educação em 2013 somam um total de R$ 9,3 bilhões, ficando abaixo até mesmo da meta do próprio governo.

Os dados demonstram que os investimentos em Educação estão ainda muito aquém das reivindicações dos estudantes e de toda a sociedade. Desde o ano passado, foram realizadas diversas manifestações contra os juros altos e em defesa de 10% do PIB para a educação pública, conforme o projeto da Câmara do Plano Nacional de Educação (PNE). No entanto, o governo vem demonstrando que sua prioridade é outra.

Diversas entidades já se manifestaram contra mais esse aumento de juros. Para a Contraf-CUT, a alta dos juros “só atende ao apetite insaciável do mercado financeiro e do capital especulativo e prejudica os trabalhadores e a sociedade brasileira”. “Quem ganha com o aumento da Selic são os rentistas que aplicam em títulos da dívida pública indexados à Selic”.

As centrais sindicais também se manifestaram: Conforme a CTB, esse aumento “é uma afronta aos interesses do povo brasileiro e de sua classe trabalhadora”. “Os custos de tal decisão são altíssimos e colocam em xeque o desenvolvimento do país”, ressaltou Adilson Araújo, presidente da Central. “O Banco Central, com a complacência do governo federal, se dobrou à pressão do mercado financeiro e, reunião após reunião, tem se mantido em perfeita sintonia às demandas dos rentistas”, completou.

A Força Sindical também alertou para as consequências da elevação da Selic: “redução do consumo, da produção e do emprego”. Para o presidente da entidade, Miguel Torres, “a medida evidencia a falta de prioridade do governo com relação ao crescimento econômico e, sobretudo, com relação ao desenvolvimento econômico”.

A decisão também foi repudiada pela Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp): “O Copom mais uma vez errou”. “Com este novo aumento da taxa Selic, 2014 começa mal, indicando que a esperada retomada da indústria ficará para depois. O Brasil não pode esperar. Precisamos nos libertar da política exclusiva de aumento de juros e ter como novo foco o crescimento econômico. A inflação precisa ser contida, mas é necessário buscar alternativas para combatê-la que não penalizem tanto a atividade econômica e a vida das empresas e das pessoas”, destacou Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp. “Em 2013 o crescimento da indústria não foi capaz de compensar o encolhimento de 2,5% do ano anterior”, ressaltou.

 

Informações: Hora do Povo, Correio Brasiliense, Fiesp e Centrais. 

“Democracia” no Facebook não resiste a um rolezinho

O Facebook retirou do ar páginas criadas por usuários da rede social para a realização de “rolezinhos” em shoppings de São Paulo. Segundo afirmou o presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), Luiz Fernando Veiga, nesta segunda-feira (15). Sem dar detalhes, Veiga disse que representantes de “dois ou três shoppings” relataram ter solicitado a retirada de páginas da rede social.

Os encontros marcados para ocorrer nos shoppings Metrô Tatuapé e Center Norte não constam mais na rede social do norte-americano Mark Zuckerberg. Quem os procura em seus antigos endereços está sendo redirecionado. O Facebook ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.

Além desses, um encontro em Suzano e outro em Taboão da Serra, ambos no Estado de São Paulo, também foram censurados pelo Facebook. A reportagem verificou que também diversos outros eventos desapareceram por algumas horas durante o dia, como por exemplo o maior deles, marcado para domingo no Shopping Leblon, no Rio de Janeiro, com 8.419 confirmados até o fechamento desta edição.

Com medo dos eventos realizados por jovens pobres e da periferia da grande São Paulo, 55 representantes de shoppings do estado se reuniram na última quarta-feira para discutir como coibir as inúmeras atividades já marcadas via internet.

Existem “rolezinhos” marcados para os próximos finais de semana em diversas cidades do país, como Goiânia, Aracajú, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Niterói, Sorocaba, São Gonçalo, Ribeirão Preto, Barueri, Uberaba, Guarulhos e Guaratinguetá.

O presidente da Abrasce afirmou que não há consenso entre os membros da entidade sobre a possibilidade de os shoppings recorrerem à Justiça para exigir dos frequentadores a apresentação de documento na entrada nos centros comerciais, e não considera discriminatória ações como a que aconteceu no último sábado (11), pelo Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, de impedir a entrada de jovens que não comprovassem trabalhar no local, a critério dos seguranças.

 

Fonte: Hora do Povo

Bala de Borracha

Veja abaixo vídeo que ironiza a doutrina da polícia no tratamento com manifestantes:

 

 

Bloco UMES CARAS-PINTADAS esquenta as baterias para o Carnaval 2014

O Bloco UMES Caras-Pintadas já começou a esquentar as baterias para o seu 21º desfile pelas ruas do Bixiga. A festa será no dia 25 de fevereiro e a concentração, a partir das 16 horas, na Praça Dom Orione, na Bela Vista.

Além dos estudantes de todas as regiões da cidade, o Bloco UMES Caras-Pintadas conta ainda com o apoio e participação dos moradores e trabalhadores do bairro do Bixiga, que todos os anos contribuem para uma grande festa.

Neste ano, o Bloco terá o show da banda Foliões da Pauliceia, que irá embalar os foliões ao som de uma Marchinha de Carnaval com o tema “O Petróleo é do Povão. Nele ninguém vai meter a mão!”.

O Bloco UMES Caras Pintadas foi fundado no ano de 1993. Filiado à ABASP (Associação de Bandas Carnavalescas de São Paulo), o Bloco já reuniu grandes artistas da nossa música. Sua primeira bateria foi criada pelo Mestre Osvaldinho da Cuíca. Durante anos, recebeu o reforço do Mestre Bianca e de integrantes da ala mirim da bateria da Vai-Vai.

Em mais de 20 anos de história, o Bloco já contou com a presença e composição de sambas-enredo de significativas personalidades do samba como Nelson Sargento, Oswaldinho da Cuíca, Luis Carlos da Vila, Luizinho SP, Aldo Bueno, Quinteto em Branco e Preto, Tobias da Vai-Vai, Chapinha do Samba da Vela, Dayse do Banjo, entre outros, animando os desfiles e por vezes dando uma canja na composição do samba-enredo.

 

 

Ouça abaixo a Marchinha “OLHO NO ÓLEO” que irá embalar o Bloco UMES CARAS-PINTADAS 2014:

 

VEJA AQUI O VÍDEO COM A MARCHINHA!

 

OLHO NO ÓLEO

 

(Helinho Guadalupe / Fernando Szegeri)

REFRÃO:

 

Olha que tem gente aí

O ouro negro louca pra entregar

Pra eles Libras e pra nós a conta sempre sobra

Pra cara de pau só vendo óleo de peroba

 

Pode sossegar, oh seu Gegê!

Dessa briga não vamos correr

O petróleo é nosso, Emília

E Monteiro Lobato sabia

 

Pré-sal no nosso feijão

Pra aumentar de vez essa pressão

Olha, quero ver, Mamãe, o que você diz

Quando a UMES pinta a cara e vai pra rua ser feliz

O Baile do Pó Royal

Clique abaixo e veja o vídeo da Marchinha “O Baile do Pó Royal”, inscrito no Concurso Mestre Jonas 2014. O vídeo é uma sátira a episódios recentes que envolveram o confisco de meia tonaleada de cocaína transportada em um helicópeto.

 

Dantas ameaça censurar livro que expõe suas relações com FHC, Serra e Gilmar Mendes

‘Operação Banqueiro’ mostra como símbolo das privatizações no governo tucano barrou investigações contra ele e o banco Opportunitty

 

São Paulo – O banqueiro Daniel Dantas está ameaçando censurar com interdições judiciais o livro Operação Banqueiro, escrito pelo jornalista Rubens Valente e publicado pela Geração Editorial. O livro revela detalhes que ajudam a entender por que as investigações contra Dantas e seus negócios suspeitos nunca seguiram adiante. Entre os envolvidos na ajuda ao banqueiro estariam o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o ex-ministro José Serra (PSDB).

Segundo Luiz Fernando Emediato, dono da editora, no último dia 9 (véspera do lançamento do livro), Dantas emitiu uma notificação extrajudicial em que a ataca a citação, na obra, de processos e inquéritos instaurados contra ele – que serviram de base para que o jornalista contasse sua história. No documento, os advogados do banqueiro dizem que a publicação de tais dados sujeita a editora “à responsabilização pelos danos causados” a Dantas e a seu banco, o Opportunitty.

O livro mostra como Dantas, símbolo das privatizações no governo FHC, se livrou de investigações e provas contra Opportunitty. O material traz e-mails obtidos pela PF na casa do consultor Roberto Amaral, que trabalhou para Dantas entre 2001 e 2002. Segundo o livro, as mensagens sugerem que Dantas pediu ajuda a FHC a outras autoridades, entre elas José Serra, para barrar investigações.

Outro aliado de Dantas no governo FHC seria Gilmar Mendes, então chefe da Advocacia-Geral da União. Entre outras supostas facilidades, Dantas contava com o apoio de Mendes numa disputa com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Em 2008, com base em investigações sobre fraudes no sistema financeiro e lavagem de dinheiro, o banqueiro foi preso na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, mas acabou solto pelo mesmo Gilmar Mendes, que na época presidia o STF e concedeu-lhe habeas corpus.

Leia a íntegra da nota divulgada hoje por Emediato:

O banqueiro Daniel Dantas fez a primeira ameaça oficial à Geração Editorial, que no último dia 10 lançou a obra “Operação Banqueiro”, do jornalista Rubens Valente, com revelações e provas inéditas sobre as atividades do banqueiro e do Banco Opportunity. A primeira edição da obra esgotou nas livrarias em poucos dias, e a Geração trabalha para colocar a segunda edição nas livrarias de todo o país.

Em notificação extrajudicial datada do último dia 9 de janeiro, subscrita pelos seus advogados, Daniel Dantas ataca a citação, na obra, de dados obtidos pelo jornalista em inúmeros processos judiciais e inquéritos policiais e administrativos de interesse público. O banqueiro afirma que “pode-se concluir que a publicação extrapola -em muito- os limites do exercício da liberdade de expressão, sujeitando V. Sas. [Geração Editorial], na qualidade de editores e distribuidores, à responsabilização pela divulgação dos dados sigilosos e pelos danos causados ao notificante [Dantas] e ao Opportunity”.

O banqueiro alega que há dados sob sigilo e, por isso, “o conteúdo divulgado no livro intitulado ‘Operação Banqueiro’ é ilícito”.

A notificação extrajudicial é datada de 9 de janeiro, um dia antes da chegada da obra às livrarias do país. A peça assinada pelos advogados do banqueiro reconhece que houve portanto uma “leitura superficial”. Segundo o banqueiro, “a leitura superficial da obra publicada permite constatar a divulgação indevida, ainda que não se reconheça o seu teor, de informações sigilosas constantes de processos judiciais e administrativos, como por exemplo o conteúdo de interceptações telefônicas, a transcrição de e-mails; a reprodução de documentos e relatórios da Polícia Federal”.

A Geração Editorial e o autor reafirmam que jamais utilizaram material “ilícito” e que a divulgação de dados do gênero é reconhecida em várias esferas judiciais e oficiais que defendem o direito à liberdade de informação e de expressão no Brasil. Caso prosperasse a tese desenvolvida pelo banqueiro e contida na peça ameaçadora de seus advogados, todos os jornais e revistas do país, todas as emissoras de televisão e todas as editoras estariam impedidas de divulgar quaisquer investigações desenvolvidas, por exemplo, pela Polícia Federal.

Os brasileiros já estão acostumados a abrir todos os dias os jornais e revistas ou ligar a televisão no noticiário para ter acesso a gravações telefônicas e e-mails interceptados por ordem judicial no decorrer de processos e inquéritos da Polícia Federal e das várias polícias nos Estados. Estaria o “Jornal Nacional” e os jornais televisivos da Rede Record, da Rede Bandeirantes e do SBT, dentre tantas outras emissoras, fazendo uso de “conteúdo ilícito” em seu noticiário? Estariam a revista “Veja”, “Época” , “IstoÉ” e “Carta Capital”, semanalmente, e os jornais “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”, diariamente, apenas para citar alguns mais conhecidos no país, usando material “ilícito” em suas páginas? Estariam todos esses veículos “extrapolando –em muito – os limites do exercício da liberdade de expressão”?

A resposta a todas essas perguntas é obviamente não, pois editores e jornalistas apenas cumprem o seu papel e o seu dever de bem informar a população sobre temas de interesse público. Caso a tese levantada pelo banqueiro fosse verdadeira e acolhida pelo Judiciário, seria instituído no país um verdadeiro sistema autoritário de censura e de controle da liberdade de expressão e de informação, no qual jornalistas e editores seriam perseguidos e punidos apenas porque levaram ao público determinadas informações, principalmente as que incomodam forças poderosas no país.

A Geração Editorial e o autor reafirmam o respeito à lei e à Justiça brasileiras e o compromisso com a transparência de seus atos e com o direito do leitor de ter acesso a informações de interesse da sociedade.

Luiz Fernando Emediato – Publisher da Geração Editorial

 

Fonte: Rede Brasil Atual

Jovens são agredidos por seguranças e PMs ao frequentar shoppings paulistas

Estava marcado para o último sábado (11), o “Rolezaum no Shoppim”, no JK Iguatemi, na zona sul da capital paulista, que não aconteceu após a administração do Shopping conseguir uma liminar na justiça que proibia a realização de encontro dos jovens no espaço.

Os responsáveis pelo centro de compras de luxo na zona  sul desligaram as portas automáticas e então começaram a selecionar quais pessoas poderiam ou não entrar no shopping. Menores de idade ou quem aparentasse ser menor de idade, jovens de “aparência suspeita”, ou melhor dizendo, negros e pobres eram barrados e só podiam entrar se comprovassem trabalhar no local.

Os “rolezinhos” são agendados por jovens de bairros da periferia por meio das redes sociais em vários shoppings da cidade, e o evento desse último fim de semana seria mais indigesto, pois o local escolhido foi um shopping frequentado pela elite paulistana, o JK Iguatemi que fica localizado num bairro das classes altas da cidade, o Itaim.

Na entrada do shopping, um cartaz avisava que o “Rolezaum” tinha sido proibido por uma liminar de Justiça e que os participantes poderiam receber multa de R$ 10 mil.

No mesmo dia, na zona leste da capital houve um evento como o que estava marcado para o Shopping JK Iguatemi no Shopping Itaquera. Lá, a Polícia Militar foi acionada e agiu com desmedida violência com os jovens, usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para coagir e dispersar os jovens pobres da cidade. Policiais batiam com cassetetes nos adolescentes que desciam as escadas rolantes do shopping. Duas pessoas foram presas e diversos jovens ficaram feridos.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), vinculou a existência desses eventos à falta de alternativas de lazer para a juventude da periferia. Segundo ele é preciso criar mais espaços públicos aos jovens de São Paulo para que possam “usufruir na cidade”.

Os shoppings Parque Dom Pedro e Iguatemi, em Campinas, não contaram com o Judiciário para impedir os encontros. Na sentença sobre o shopping Iguatemi, o juiz Herivelto Araujo Godoy disse que o evento não tinha os requisitos para que houvesse uma liminar o proibindo. “O movimento, que vem se verificando com alguma frequência em outros empreendimentos comerciais não visa expropriação ou posse de nada. Busca, isso sim, a realização de encontro de jovens em grande número, o que vem assustando, nem sempre com razão, comerciantes e frequentadores habituais desses locais.” No caso do Shopping Parque Dom Pedro, o juiz Renato Siqueira De Pretto disse que o evento não faz “apologia a qualquer ato contrário à ordem pública.” Por isso, não haveria porque proibi-lo.

 

Fonte: Hora do Povo