Agência antidrogas dos EUA se aliou a narcotraficantes mexicanos

Funcionários da Administração para o Controle de Drogas (DEA, na sigla em Inglês) e do Departamento de Justiça dos EUA podem ter se aliado secretamente a narcotraficantes mexicanos, incluindo a organização encabeçada por “El Chapo” Guzmán (um dos traficantes mais procurados do mundo). As revelações foram realizadas por um relatório divulgado pelo jornal mexicano El Universal.

Denúncias revelam que DEA pode ter cooperado com cartéis mexicanos em troca de informações sobre outras organizações criminosas em troca de fazer vista grossa a respeito das atividades de seus informantes.

De acordo com o jornal, o governo estadunidense estava ciente das reuniões secretas dos agentes da DEA com os “narcos” mexicanos, que se realizaram sem a participação das autoridades do México. Além disso, também revela que o escritório regional da DEA sabia dos encontros e deixava que os cartéis “sócios” seguissem com suas atividades ilegais.

O texto diz ainda que, com base em registros do tribunal e citações de vários oficiais dos EUA envolvidos em reuniões secretas com os traficantes de drogas, os funcionários da DEA, devido às informações fornecidas por seus informantes, foram capazes de prender membros de cartéis da concorrência e interceptar carregamentos de drogas.

Essa colaboração pode ter ocorrido principalmente sob o governo dos presidentes Vicente Fox (2000-2006) e Felipe Calderón (2006-2012). Um dos principais sócios da DEA seria o cartel de Sinaloa, a organização criminosa do narcotráfico mais influente no México.

 

Texto extraído do Portal Vermelho

Stedile: Sob Dilma, reforma agrária avançou menos

João Pedro Stedile: “Avanço do capital no campo impede a reforma agrária”

 

Por Mário Augusto Jakobskind

Da ABI

 

Em entrevista exclusiva concedida ao site e jornal da ABI, o coordenador geral do MST, João Pedro Stedile, revela como as multinacionais Monsanto, Cargill, Bunge, Adm e Dreyfuss agem sobre a agricultura brasileira, hoje sob o predomínio do agronegócio. Além de fazer uma análise crítica sobre o andamento da reforma agrária no governo de Dilma Rousseff, Stedile afirma que a expectativa dos movimentos sociais é de que em 2014 continuem as mobilizações de massa no Brasil, para que a verdadeira política seja debatida nas ruas.

O coordenador anunciou também a realização em Brasília, de 10 a 14 de fevereiro, do congresso nacional do MST, um evento que culminará um longo processo de debates realizado nos últimos dois anos com as bases nacionais do movimento e que se espera a participação de 15 mil militantes.

Stedile adianta a realização no próximo dia 7 de Setembro de um plebiscito sobre reforma política e conclama a direção e os associados da ABI a participarem dos debates em torno dessas reformas, entre as quais a na área de comunicação.

 

O governo Dilma Rousseff, segundo informações correntes, nada adiantou em termos de reforma agrária ao longo de 2013?

Infelizmente o balanço da reforma agrária durante o Governo Dilma é negativo. Vergonhoso diria. Porque, em termos estatísticos este ano, foram desapropriadas fazendas para apenas 4.700 familiais, que é menos do que o general Figueiredo fez no seu último ano.

A reforma agrária está bloqueada e como consequência a concentração da propriedade da terra e o avanço do capital sobre a agricultura aumentam. E isso é resultado da conjugação de diversos fatores que ocorrem ao mesmo tempo, criando uma situação muito difícil para os trabalhadores rurais sem terra. Primeiro, há uma avalanche do capital internacional sobre os recursos naturais brasileiros. Eles estão vindo para cá fugindo da crise global e investem seus capitais especulativos em terras, etanol, hidrelétricas e até em crédito de carbono, com títulos do oxigênio de nossas florestas. O aumento dos preços das commodities provocado pela especulação gerou uma renda extraordinária no campo, que atraiu muitos capitalistas e os preços das terras foram às nuvens.

Terceiro, o governo Dilma representa uma composição de forças, que no caso do campo tem ampla hegemonia do agronegócio, basta dizer que a senhora (senadora) Katia Abreu, representante máxima do atraso do latifúndio de Tocantins é da base do governo e se reúne com frequência com a Presidenta.

Quarto, a imprensa burguesa brasileira, capitaneada pela Globo, Veja e seus veículos, criaram uma falsa opinião pública de que o agronegócio é o melhor dos mundos. Escondem seus efeitos perversos, como agora com as enchentes, que afetam todos os anos a região Sudeste e são consequências do desmatamento e do monocultivo na Região Amazônica e no Centro-Oeste.

E por último, diante de uma correlação de forças tão adversas, a classe trabalhadora também ficou paralisada, e diminuíram as grandes ocupações de terra e mobilizações no campo.

 

Multinacionais como a Monsanto e outras continuam atuando no Brasil praticamente sem nenhum tipo de obstáculos para impor seu ideário. O que tem acontecido?

A forma do capital internacional e financeiro se apoderar de nossos recursos naturais e da agricultura é através de seu braço econômico que são as empresas transnacionais no agro. Elas controlam os insumos como sementes e adubos, controlam a tecnologia, as máquinas, e depois controlam o mercado das commodities, impondo seus preços e ficam com a maior parte do lucro gerado na agricultura. Então para cada segmento da agricultura há um grupo oligopólico das empresas transnacionais controlando. Por exemplo, nos grãos, temos a Monsanto, a Cargill, Bunge, Adm e Dreyfuss. No leite, temos a Nestlé, Parmalat e Danone e, na celulose, temos quatro a cinco empresas, e assim por diante.

E o poder delas é tão grande que o governo não controla e fica sabendo de suas operações pela imprensa. Vou dar um exemplo de sua autonomia e da perda de soberania de nosso país sobre a agricultura. O Nordeste vive a pior seca de sua história nos últimos dois anos.

Estima-se que morreram mais de 10 milhões de cabeça de gado (bovino, ovino e caprino.) em função, sobretudo, da falta de comida. Pois bem, o governo determinou que a CONAB comprasse milho para distribuir aos agricultores da região. Mas a CONAB não conseguiu. Sabe por quê? Porque no ano passado a Cargill, a Bunge a ADM, as três empresas estadunidenses que controlam o agro e o etanol, exportaram 18 milhões de toneladas de milho brasileiro, para os Estados Unidos fazerem etanol.

Assim, perdemos um patrimônio enorme de nosso rebanho, colocamos em risco milhares de vidas humanas, em troca do etanol para os automóveis norte-americanos.

 

Quais as expectativas do MST para 2014?

A nossa expectativa é de que em 2014 continuem as mobilizações de massa no Brasil, para que a verdadeira política seja debatida nas ruas. Como MST e movimentos sociais do campo, estamos fazendo parte de uma ampla plenária de todos os movimentos sociais brasileiros, para fazermos um mutirão de debates na sociedade sobre a necessidade de uma reforma política para o país. Vamos debater com o povo, o que ele quer mudar na política. E fazer ver a ele, que as mudanças que o país precisa passam por uma reforma política para, de fato, termos democracia no país. E no dia 7 de setembro de 2014, faremos então um plebiscito popular para consultar o povo, se ele quer a convocação de uma Constituinte soberana e exclusiva ou não. E depois podemos levar os resultados, em uma grande manifestação em Brasília, para pressionar os três poderes.

O modelo atual do lulismo, de um governo de composição que agrada a todos, bateu no teto. As mudanças daqui para frente, para melhorar as condições de saúde, educação, transporte público e reforma agrária, dependem de reformas estruturais. Dependem de mexer nos recursos do superávit primário que hoje vai para os bancos. Depende de uma reforma tributária e uma reforma do Judiciário. Além de mudar as regras de eleições no país, que hoje deixa os governantes e parlamentares reféns das empresas que financiam suas campanhas.

E tudo isso só mudaremos com uma reforma política. E ela só virá se o povo for para as ruas. E eu espero que ele volte logo.

 

Em outubro de 2014 mais de 120 milhões de brasileiros vão às urnas para eleger o Presidente da República, governadores, deputados federais e estaduais e parte do Senado. E então, como analisa neste momento o quadro?

A Burguesia brasileira tem o controle do Congresso, do Poder Judiciário e da mídia burguesa. Ela está unida como classe, e, eleitoralmente, para defender seus interesses vai colocar seus ovos nas três candidaturas postas. Sendo assim o mais provável é que a presidenta Dilma se reeleja. Porém, o fato mais importante é que mesmo com a reeleição da Presidenta Dilma não se altera a correlação de forças para as mudanças necessárias. Ao contrário, a direita elegerá um Congresso ainda mais conservador e mais priorizará a eleição dos governadores.

Por isso, temos analisado nos movimentos sociais de que as próximas eleições não vão alterar a correlação de forças. Daí a necessidade de fazermos debates da necessidade de um projeto para o país, voltarmos a ter mobilizações de rua, e que então, a reforma política abra brechas para as mudanças estruturais necessárias. Pois os governantes a serem eleitos não terão força política para as mudanças. Elas só podem vir das ruas.

 

Alguma mensagem especial para os jornalistas deste país, especialmente os associados da ABI, que agora em abril completa 106 anos de existência ininterrupta?

A ABI sempre foi uma trincheira da luta democrática e da luta por mudanças sociais no Brasil, em todos os períodos históricos. E por isso ela é hoje uma referência política não apenas para a categoria dos jornalistas, ou dos jornalistas como atores políticos ativos, mas para todos os lutadores do povo, para toda a sociedade.

Por isso é importantíssimo que a direção da ABI, contribua, participe, estimule todo o debate político necessário sobre as reformas políticas que o país necessita.

Por outro lado, como parte das reformas políticas amplas necessárias, está a reforma dos meios de comunicação. O projeto de lei já apresentado no Congresso, fruto das inúmeras consultas e da Conferência Nacional da Comunicação, expressa a necessidade de mudanças.

Nós estamos engajados na coleta de assinaturas, para pressionar os deputados. Mas mais do que isso, assim como a reforma política, esse projeto de democratização da mídia somente terá espaço, se ele for politizado nas ruas. E para isso a ABI pode ter um papel preponderante, nos ajudando a debater com a sociedade em geral.

E espero que os jornalistas que trabalham nos meios da burguesia deixem de ser capachos dos seus patrões e exerçam sua profissão com ética e compromisso apenas com o povo.

 

O MST vai realizar seu congresso nacional em 10 a 14 de fevereiro, o que esperam com o congresso?

O que nos chamamos de congresso é na verdade apenas um evento, que culmina um longo processo de debates realizado nos últimos dois anos com toda nossa base e todos os setores e instâncias do MST. Então, em fevereiro, levaremos 15 mil militantes a Brasília, para uma atividade de congraçamento, de celebração de uma unidade construída em torno de novas ideias, debatidas ao longo dos últimos dois anos.

E as ideias principais são de que precisamos ter um novo programa de reforma agrária, que interesse não apenas aos camponeses e aos sem terra, mas a todo povo, a toda sociedade. Uma reforma agrária, que não apenas se preocupe em salvar os sem-terra, mas que priorize a produção de alimentos, sadios, sem agrotóxicos. Que se preocupe com uma nova matriz tecnológica da agroecologia que consiga produzir sem desequilibrar a natureza.

Essas e outras ideias então expressam no novo programa agrário do MST que será anunciado e consolidado em Brasília em fevereiro.

 

Fonte: MST/Extraído do portal Viomundo

UMES realiza campanha contra as drogas em parceria com o Ministério da Saúde


Em parceria com o Ministério da Saúde, a UMES inicia o projeto “Liberdade ou Dependência? Drogas, tô fora! – 2ª Edição”. O projeto, a exemplo da primeira edição, já se tornou uma grande campanha contra as drogas e, nesta 2ª edição, atuará em 40 escolas públicas e privadas de todas as regiões de São Paulo. O objetivo é conscientizar estudantes com ações de prevenção e combate ao consumo de drogas.

Que as drogas fazem mal para a saúde do corpo e da mente de quem consome, nós já sabemos. Mas quais são as reais consequências – que extrapolam a nossa liberdade individual – que existem no consumo e dependência das drogas? Esse é o debate que será levado aos estudantes, e à comunidade escolar.

Na primeira etapa do projeto será realizado um diagnóstico qualitativo através da aplicação de 200 questionários por escola, que serão aplicados aos alunos, anonimamente, totalizando 8.000 questionários.

Após o levantamento da pesquisa, serão realizados 3 debates por escola reunindo 100 estudantes em sessões de cineclube, onde serão exibidos filmes sobre o tema, totalizando 4.000 participantes. Depois da aplicação dos questionários e dos debates, 10 estudantes de cada escola irão redigir uma redação acerca da temática, totalizando 400 redações. As três melhores serão premiadas em solenidade no Teatro Denoy de Oliveira.

Além disso, um novo questionário será aplicado aos 100 participantes dos debates em cada escola, buscando observar o desenvolvimento do conhecimento dos alunos sobre os problemas elencados, totalizando 4.000 questionários avaliativos.

Ao todo, o projeto “Liberdade ou Dependência? Drogas, tô fora! – 2ª Edição” envolverá indiretamente 80.000 estudantes, mobilizando toda a comunidade escolar contra a chaga das drogas. Organize a sua escola e participe!

Para mais informações, entre em contato com a UMES: umes@umes.org.br / fabiano@umes.org.br /(11) 3289-7477.

 

Veja mais informações AQUI!

Sancionada a lei que garante meia-entrada aos estudantes e revoga MP 2208

A presidente Dilma Rousseff sancionou na quinta-feira, 26 de dezembro, a lei que regulamenta o direito à meia-entrada no acesso a cinemas, teatros, shows musicais, circos, eventos educativos e esportivos.

De acordo com a lei, os estudantes terão direito à meia-entrada apenas mediante apresentação da carteira de identificação estudantil, que será emitida pelas entidades estudantis reconhecidas e que terá um padrão único nacional. A nova lei revoga a MP 2208/01, que permitia que qualquer documento fosse utilizado para fins de meia-entrada, como comprovantes de pagamento de mensalidade ou carteirinha da escola.

A lei prevê ainda que o benefício da meia-entrada vale apenas para 40% do total de ingressos disponíveis para cada evento. Para fiscalizar o cumprimento deste percentual, o público terá o direito de acessar as informações atualizadas do quantitativo de meias-entradas de cada sessão do evento.

O projeto que regulamentou a meia-entrada foi aprovado no Senado no dia 4 de dezembro. Durante a discussão da proposta, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), disse que atualmente, com a “proliferação de carteiras e de segmentos que recebem meia-entrada”, os espetáculos estão muito caros.

“Esse projeto é uma tentativa de se construir um acordo, reduzindo o número de 40% para a meia-entrada. Com isso, provavelmente, nós teremos uma redução geral no preço dos ingressos, tornando mais acessível a todos os segmentos a participação em teatro e em cinema”.

A mesma avaliação fez o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que foi o relator do PLS 188/2007. Ele explicou que, como praticamente todo mundo tem acesso ao desconto de 50% no preço das entradas, os preços são inflacionados para compensar a perda na arrecadação.

“Essa lei será um salto muito grande para a garantia de direitos e para o planejamento da produção cultural. Agora temos uma lei que regula a meia-entrada”, afirmou Vital do Rêgo.

 

Clique aqui e veja a lei publicada no Diário Oficial da União.

 

Informações: Agência Senado

Senado ouve Dilma e desvia verbas da Educação Pública para rede privada

Entidades pedem para deputados restaurarem o texto original: 10% do PIB à Educação Pública

 

O resultado da votação – no Senado, na última terça-feira – do Plano Nacional de Educação (PNE), foi denunciado pelas principais entidades ligadas ao ensino.

Em vez de aportar mais verbas para o ensino público, a versão do PNE aprovada pela bancada governista – basicamente pelo PT e PMDB – permite o desvio dos 10% do PIB de verbas públicas, que são destinados pelo projeto à Educação, para as empresas privadas que exploram o ensino – inclusive as estrangeiras, no caso do ensino universitário.

A proposta do Plano de 10 anos, enviada ao Congresso pelo presidente Lula e pelo então ministro Fernando Haddad, visava “erradicar o analfabetismo; universalizar o atendimento escolar; superar as desigualdades educacionais; melhorar a qualidade do ensino; valorizar os profissionais da educação; formar para o trabalho; promover o humanismo, a ciência e a tecnologia do País; estabelecer uma meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto (PIB); difundir os princípios da equidade e a gestão democrática da educação” (v. artigo 2º do projeto).

Em suma, precisamente o oposto da exploração privada e multinacional do ensino. Era óbvio que, para realizar esses objetivos, era necessário o aumento dos recursos para o ensino público – aliás, esse era o objetivo de toda a campanha pelos 10% do PIB para a Educação.

Além disso, essa é a única forma de cumprir a Constituição, que em seu artigo 208 estabelece que “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: (…) V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística (…) § 1º – O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”.

Por essa razão, a Câmara dos Deputados, ao aprovar o projeto, decidiu especificar na meta 20 do PNE: “ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto – PIB do País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio” (grifo nosso).

No entanto, ao chegar ao Senado, essa formulação contou com a oposição do Planalto desde o início. Na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o relator, senador José Pimentel (PT-CE), propôs cortar, no enunciado acima, a palavra “pública” após “educação” – e explicitou o motivo: “Se ele [o ensino privado] não for contemplado, não podemos adjetivar de nacional o nosso plano” (sic), e, em seguida, disse Pimentel que na educação superior “uma atuação que deveria ser supletiva à do Estado, acaba por se firmar como indispensável. Note-se que o setor privado detém hoje cerca de 73% da matrícula na educação superior”.

Ao invés de propor a expansão do setor público – ou qualquer outra medida – para acabar com uma situação em que a maioria das vagas está nas mãos dos fundos especulativos estrangeiros que controlam essas “universidades privadas”, o senador Pimentel propunha diminuir as verbas do setor público e passar uma parte delas, exatamente, para essas “universidades” estrangeiras. Não em caráter emergencial ou provisório, mas como parte de um plano permanente – um plano com 10 anos de duração.

Era tão escandaloso que o relator da Comissão de Educação, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), propôs a modificação outra vez para o texto da Câmara. No entanto, em seguida, outros dois relatores, Vital do Rego (PMDB-PB) e Eduardo Braga (PMDB-AM), adotaram a amputação do “público” de José Pimentel (PT-CE). Esse esbulho foi aprovado na terça-feira.

“O PNE foi gravemente desconstruído pelo Senado. O texto tanto diminui o recurso para educação pública como o governo não vai ter a obrigação de criar uma matrícula nova no ensino técnico nem no ensino superior”, denunciou Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação.

Além do corte da palavra “pública” na meta 20, as principais alterações foram:

Na meta 11, sobre a educação profissional, o trecho “assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% da expansão do segmento público” foi cortado, ficando apenas “gratuidade na expansão das vagas”. Portanto, tentou-se perpetuar o desvio do governo Dilma, com o Pronatec, onde, num setor em que o ensino público é mais do que majoritário, o governo fornece recursos para que o ensino privado promova cursos de fancaria.

Com relação ao ensino superior, o texto que garantia, na meta 12, elevar as vagas nas universidades através da expansão de, pelo menos, “40% das novas matriculas no segmento público”, foi suprimido e substituído por “elevar as taxas de matricula assegurando a qualidade de oferta”.

“Na prática, todas essas matrículas podem ser em instituições privadas via Prouni, Pronatec ou Fies, e o governo vai dizer que cumpriu sua meta. Mas todos sabem que as instituições públicas é que são as melhores”, afirmou Daniel Cara. “Cabe agora aos deputados e deputadas corrigir os equívocos do Senado. A sociedade brasileira espera dos representantes do povo o compromisso com o disposto na Constituição de 1988 e com as reivindicações das jornadas de junho, não a submissão aos interesses do governo em detrimento das necessidades da Nação”.

As criticas ao texto aprovado pela base governista partem de todos os lados. O próprio senador Álvaro Dias considerou que o governo cometeu um erro ao suprimir a palavra pública do texto.

“O Governo suprimiu a delimitação do investimento público em educação de maneira excessivamente abrangente. Portanto, não há segurança em relação ao percentual do PIB que se transferirá para a educação pública no Brasil com esta proposta que está sendo aprovada. A nossa proposta conferia, com maior clareza, nitidez e veemência, que os recursos seriam destinados especialmente ao sistema educacional público no país”, afirmou o senador paranaense.

Para a presidente da UNE, Vic Barros, “a nossa luta agora é que a Câmara retome a criação de vagas no setor público”.

“Garantimos recentemente uma parte dos recursos necessários para tirar do papel o PNE, como a destinação dos royalties para a educação. Não podemos permitir que os nossos esforços e as nossas riquezas não sejam destinados à educação pública”, declarou Iara Cassano, secretária-geral da UNE.

“O texto representa um imenso retrocesso em relação ao que foi construído como consenso com a sociedade civil e as entidades defensoras da educação”, afirmou, em nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee). “Nossa luta é primordial para garantir que o Plano Nacional de Educação, que irá vigorar pelos próximos dez anos, de fato corresponda aos anseios da sociedade e que a educação seja reconhecida realmente como dever do Estado”.

Da mesma forma, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação: “A CNTE manterá sua mobilização pela retomada do texto da Câmara dos Deputados”, diz em nota.

“Vamos batalhar para retomar o trecho sobre o financiamento da educação pública”, declarou Cleuza Repulho, presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação).

As entidades pretendem divulgar uma lista com o nome dos senadores que votaram contra o projeto que privilegia a educação pública.

 

Texto extraído da Hora do Povo – Edição 3.214

MST: “2013 é o pior ano da Reforma Agrária”

Publicamos abaixo, entrevista com o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Paulo Rodrigues, publicada no portal do MST. Conforme o dirigente do movimento, 2013 foi um ano em que quase nada se fez em termos de Reforma Agrária, sendo que em muitos casos o governo andou para traz.

De acordo com João Paulo, neste ano, apenas 159 famílias foram assentadas em todo o país. “É uma vergonha”, afirma. Veja a entrevista completa:

 

Como você avalia a luta pela terra em 2013 num período de completa paralisia da Reforma Agrária?
Apesar de ter sido um ano completamente negativo em relação à Reforma Agrária, os camponeses seguem firmes na luta pela terra.
Em março, por exemplo, montamos um acampamento permanente em Brasília durante três meses, realizando lutas constantemente na capital federal, como marchas, ocupações de ministérios e atos políticos.
No mesmo mês aconteceu a jornada das mulheres, quando mais de 10 mil camponesas se mobilizaram para exigir o assentamento das 150 mil famílias acampadas em todo país, ocupando terras, empresas de agrotóxicos, prédios públicos, fazendo marchas e trancando rodovias. 
Logo na sequência, no mês de abril, os Sem Terra fizeram outra jornada de caráter nacional, com mobilizações em 19 estados mais no Distrito Federal. Novamente trancaram dezenas de rodovias, ocuparam mais terras, prédios públicos, prefeituras e realizaram marchas e atos políticos por todo o país. 
Em junho e julho o Movimento se somou às manifestações que saíram nas ruas das principais cidades do país trancando diversas rodovias. Nessa onda, a juventude Sem Terra organizou sua jornada de lutas no começo do mês de agosto. No final desse mês, o conjunto do Movimento realizou, junto às centrais sindicais, uma mobilização nacional, com as centrais realizando greves e paralisações nas cidades, enquanto nós do campo trancávamos as rodovias.
No mês de outubro mais de 12 estados se mobilizaram em torno da Jornada Unitária por Soberania Alimentar, quando mais uma vez a população do campo promoveu marchas, ocupações de terras e prédios públicos. Nesse mesmo mês, a jornada dos Sem Terrinha repautou a luta no campo e necessidade da Reforma Agrária, ocupando ministérios e secretarias estaduais. 
Tudo isso só para falar das lutas de caráter nacional, sem contar as lutas regionais, nos estados. Ou seja, falar que não há mais luta no campo é uma grande mentira.

E onde entra a questão da Reforma Agrária?
Aí é que vem o grande problema, com um balanço extremamente negativo. Trata-se do pior ano da Reforma Agrária. O governo Dilma, que sempre esteve péssimo nessa questão, conseguiu piorar ainda mais. Até agora, só 159 famílias foram assentadas em todo o país. É uma vergonha.
Não passam de 10 os imóveis desapropriados pelo governo Dilma. Pior que o último governo militar do general Figueiredo, quando foram desapropriados 152 imóveis. 
Outro grave problema é o que o governo federal está chamando de “emancipação dos assentamentos”, passando o título dos lotes para os assentados. Na prática, isso serve para o Estado deixar de ter responsabilidade sobre as famílias. Mas o pior é que essa política vai criar uma contra Reforma Agrária, já que grandes fazendeiros passariam a pressionar os assentados para que vendessem seus lotes, colocando tudo por água abaixo e aumentando ainda mais a concentração da terra no país.    


E a que se deve essa dificuldade em avançar na Reforma Agrária?
Podemos citar duas grandes questões cruciais.
A primeira é o fato do governo estar completamente refém da Bancada Ruralista, a maior frente no Congresso Nacional. São 162 deputados e 11 senadores, sem contar a legião de adeptos de última hora.
Só para se ter uma dimensão do problema, por mais absurda que seja a pauta desse setor, eles estão conseguindo sair vitoriosos em todas, mesmo em propostas inconstitucionais. 
Podemos pegar desde o estrangulamento do Código Florestal, passando pela alteração da PEC do Trabalho Escravo, o retrocesso sobre a legislação referente à demarcação de terras indígenas, a criação de uma comissão especial para liberar com maior facilidade novos agrotóxicos – ignorando o trabalho de avaliação da Anvisa e do Ibama – e a liberação de novas sementes transgênicas.
Nenhuma dessas propostas é de interesse da sociedade brasileira. Todas são exclusivamente dos interesses particulares desse setor e estão sendo vitoriosas. A Bancada Ruralista é um câncer no povo brasileiro.
A outra questão é a ilusão do governo em relação ao agronegócio. As grandes exportações de commodities promovidas por esse setor permitem ao governo a manutenção da política de geração sistemática de superávit primário, garantindo o destino de recursos orçamentários para o setor financeiro, como o pagamento de juros e serviços da dívida pública, o que é lamentável.

Mas ao mesmo tempo tem se criado algumas políticas públicas para a agricultura familiar e camponesa.  
Primeiro é muito importante ressaltarmos que todas as políticas públicas são conquistas das lutas dos movimentos sociais. Lutamos pela garantia da compra de alimentos e conquistamos o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Lutamos pela educação no campo e conquistamos o  Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

Lutamos pela agroindustrialização da nossa produção, e conquistamos o Programa Terra Forte. Lutamos por um outro modelo de agricultura, e conquistamos o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – Brasil Agroecológico. Isso só para constar alguns exemplos.
No entanto, temos em mente que embora essas medidas sejam importantes, elas também têm seus limites. São muito desproporcionais se comparadas com os investimentos destinados ao agronegócio. Para se ter uma idéia o Plano Safra 2013/2014 da agricultura familiar representa pouco mais de 20% em relação ao que é destinado a agronegócio.
Além disso, contamos com essas políticas públicas hoje, mas nada nos garante que poderemos contar com elas amanhã. Uma simples troca de governo, por exemplo, pode acabar com todas as nossas conquistas.  


O que é preciso fazer, então?
É preciso priorizar a produção camponesa e familiar, e não tratá-las como algo secundário. O governo precisa entender que a única solução à pobreza é uma ampla Reforma Agrária, criando milhares de empregos no campo. Ao contrário disso, resta apenas o inchaço dos grandes centros urbanos e a favelização das periferias ao redor dessas grandes cidades.   
Ou seja, mudar a lógica e a estrutura da produção agrícola no Brasil. A própria FAO reconheceu que a única saída à crise ambiental e a garantia da soberania alimentar está na agricultura familiar. Quem disse isso foi o José Graziano, diretor da FAO. Tanto é que 2014 será o Ano Internacional da Agricultura Familiar pela ONU. 


Mas por que ambos os modelos de agriculturas não podem ser conciliadas?
São modelos que se contrapõem em sua lógica e essência. A ganância do agronegócio junto aos seus gigantescos recursos econômicos inviabiliza outro tipo de agricultura, pois sempre buscarão incorporar as terras dos camponeses e os recursos naturais ao seu modelo de produção de commodities.
Para se ter uma idéia, nas duas últimas décadas mais de 6 milhões de pessoas foram expulsas pelo agronegócio no campo brasileiro. E foram para onde? Para as favelas dos grandes centros urbanos. O agronegócio não gera emprego, já que mais de 70% da mão de obra empregada no campo é da agricultura familiar, e se apropria das pequenas e médias propriedades, uma vez que a concentração de terras no Brasil segue aumentando ano a ano.
No âmbito da produção de alimentos básicos do povo brasileiro a situação também é gravíssima. De 1990 a 2011, as áreas plantadas com alimentos básicos como o arroz, feijão, mandioca e trigo declinaram entre 20 a 35%, enquanto os produtos nobres do agronegócio, como a cana e soja, aumentaram 122% e 107%. E tudo voltado à exportação. Estamos tendo que importar até arroz e feijão da China. Isso é alarmante.

Em fevereiro de 2014 o MST realizará seu 6° Congresso Nacional. O que o Movimento pretende com essa atividade?
Nele consolidaremos nossa proposta em torno da Reforma Agrária Popular. Mais do que nunca a Reforma Agrária é urgente e necessária. No entanto, é uma Reforma Agrária de novo tipo, o que chamamos de Popular.
Entendemos que a Reforma Agrária não é mais uma política voltada apenas para a população do campo. Ela é urgente e necessária para o conjunto da sociedade como um todo. 
Se quisermos comer um alimento cheio de veneno que nos dará câncer, se quisermos cultivar uma produção que destrói o meio ambiente e contribui com a crise climática, expulsa os camponeses do campo aumentando a população pobre das grandes cidades, então a Reforma Agrária de fato não é necessária.
Mas se quisermos, por outro lado, um modelo produtivo que concilie sua produção com a preservação ambiental, que o povo brasileiro tenha alimentos saudáveis e sem agrotóxicos, que a miséria e a pobreza deixem de existir em nosso país, então ela nunca se fez tão necessária.
Por isso, temos que mostrar sua importância à sociedade para que o conjunto da classe trabalhadora ajude na realização da Reforma Agrária Popular, que só será possível com uma ampla reforma no sistema político.

E quais as perspectivas da luta para o próximo período?
Nesse último período, construímos e ampliamos a unidade entre todos os movimentos sociais do campo, com os olhos voltados para um programa de agricultura que realmente interesse ao povo brasileiro. E isso tende a se fortalecer cada vez mais.
Paralelamente a isso, aumentam as evidências das contradições do modelo do agronegócio, como sua destruição do meio ambiente, o enorme uso de agrotóxicos e a insegurança quanto aos preços dos alimentos.
Além disso, fruto das grandes lutas desse ano, as organizações sociais construíram o Plebiscito Popular por uma profunda reforma política em 2014, que permitiria mudar drasticamente o quadro atual.

 

Fonte: MST

CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: O Trem

Neste sábado, 21/12, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “O Trem”. O filme inicia às 17 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca! A próxima sessão será no dia 18 de janeiro de 2014. 

 

O TREM

John Frakenheimer (1964), com  Burt Lancaster, Paul Scofield, Jeanne Moreau, Michel Simon, Gérard Buhr, FRANÇA/EUA, 133 min.

 

Sinopse

França, 1944. As obras de arte dos museus franceses vinham sendo gradativamente enviadas para a Alemanha. Cumprindo os desígnios de seus chefes, de ampliar a escala do roubo, Von Waldheim, coronel nazista, embarca um grande lote num trem, disposto a levá-lo a qualquer custo. Dada a iminente libertação de Paris, a Resistência precisa atrasar esse trem para impedir que ele chegue ao seu destino, uma operação perigosa que deve ser realizada sem o risco de danificar a preciosa carga.

 

Direção: John Frankenheimer (1930-2002) e Arthur Penn (1922-2010)

Nascido em Nova Iorque, John Frankenheimer iniciou sua carreira na CBS, como diretor de programas de televisão ao vivo, realizando ao longo da década de 1950 duas centenas de episódios de séries americanas. Dirigiu mais de 50 peças para televisão e telefilmes, entre os quais “A Quinta Coluna” (1960) e “As Neves do Kilimanjaro” (1960), de Ernest Hemingway.  Ganhou o Oscar de Melhor Diretor com “Sete Dias de Maio” (1964).  Dirigiu também “O Homem de Alcatraz” (1962), “O Trem” (1964), “O Segundo Rosto” (1966), “O Homem de Kiev” (1962), “The Iceman Comet” (1973), “Ronin” (1998).

Arthur Hiller Penn nasceu na Filadélfia, estudou na Black Mountain College, começou seu trabalho na televisão e estreou no cinema em 1958 com “The Left Handed Gun”. Da Broadway, levou para a tela “O Milagre de Annie Sullivan” (1962). Iniciou a filmagem de “O Trem” em 1964, porém o ator-produtor Burt Lancaster, impressionado com o baixo retorno de bilheteria de “O Leopardo” (Luchino Visconti), obra que estrelara no ano anterior com grande repercussão na crítica, sentiu-se mais seguro substituindo-o por Frankhenheimer. Entre 1966-70, Penn conseguiu encaixar uma sequência de quatro filmes, “Caçada Humana”, “Bonnie and Clyde”, “Deixe-nos Viver” e “Pequeno Grande Homem”, que expuseram sob ângulos diversos o establishment americano a uma crítica demolidora. O jogo tornou-se pesado. As oportunidades rarearam. De seus planos B e C destaca-se “Um Lance no Escuro” (1975).

 

Argumento Original: Rose Valland (1898-1980)

Antonia Rosa Valland nasceu em Saint-Etienne-de-Saint-Geoirs, França. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes de Lyon e na Escola Nacional de Belas Artes em Paris, fazendo paralelamente o curso de história da arte na École de Louvre. Em 1932, tornou-se assistente voluntária no Museu Jeu de Paume. Quando os alemães começaram a transferir as obras de arte de museus da França para coleções privadas, em 1941, Valland era superintendente do Jeu de Paume, que funcionava como central de armazenamento, triagem e distribuição para a Alemanha. Integrante da Resistência, a historiadora foi produzindo na surdina um inventário detalhado das obras que passaram pelo museu, com os nomes dos responsáveis ​​por cada transferência, bem como seu destino e destinatário. Esse trabalho permitiu que grande número de obras fossem repatriadas após a 2ª. Guerra Mundial. Em 1961, ela publicou suas experiências durante a Ocupação no livro “Le Front de L’Art”. Recebeu do governo francês a Legião de Honra.

 

Música Original: Maurice Jarre (1924-2009)

Nascido em Lyon, Maurice-Alexis Jarre iniciou seu aprendizado musical no conservatório de Paris, onde estudou percussão, composição e harmonia. Celebrizou-se, principalmente, por compor trilhas musicais das quais se destacam as parcerias com o diretor David Lean, que lhe renderam três prêmios Oscar: “Lawrence da Arábia” (1962), “Dr. Jivago” (1965) e “Passagem para a India” (1984). Jarre compôs para o teatro, concertos, óperas, balés e gravou seis Cds. Trabalhou também com John Frankeheimer (“O Trem”, 1965), René Clément (“Paris Está em Chamas?”, 1966), Richard Brooks (“Os Profissionais”, 1966), Anatole Litvak (“A Noite dos Generais”, 1967), Luchino Visconti (“Os Deuses Malditos”, 1969), John Huston (“O Homem que Queria Ser Rei”, 1975), Moustapha Akkad (“O Leão do Deserto”, 1981), Peter Weir (“Sociedade dos Poetas Mortos”, 1989).

 

Comparato: Leilão de Libra foi ainda pior que leilão da Vale

O jurista Fábio Konder Comparato dedicou boa parte de seus 77 anos de idade à defesa do interesse público. Ele esteve diretamente envolvido em algumas das mais importantes causas da política brasileira nas últimas décadas.

Em entrevista ao Portal Viomundo, relembra sua luta para impedir a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, em maio de 1997. Na época, em conjunto com o jurista Celso Antonio Bandeira de Mello, moveu uma ação contra a venda da mineradora e ganhou em primeira instância. Mas a causa foi transferida para o Rio de Janeiro onde, por “ordens superiores”, a juíza revogou a decisão inicial.

Para Comparato, a privatização da Companhia Vale do Rio Doce — que controla as maiores reservas de minério de ferro do mundo e contra a qual ele batalhou — foi um crime de lesa Pátria. Menos pelo valor da empresa, mais por entregar a estrangeiros os mapas geológicos que resultaram de anos e anos de pesquisa dos estudiosos da estatal brasileira. Segundo ele, as ações movidas para reverter o resultado do leilão na Justiça estão paradas.

Mas o jurista considera o leilão de Libra, recentemente realizado pelo governo Dilma, algo ainda pior. “A privatização da Vale do Rio Doce não chegou aos pés da privatização do pré-sal no governo Dilma Rousseff. É um escândalo muito maior porque o pré-sal, como disse Carlos Chagas, é ouro em pó”. “De acordo com as reservas levantadas pela Petrobrás, e mantido o preço atual, hipoteticamente, do barril de petróleo a 100 dólares, em 20 anos nós teríamos 4 trilhões de dólares. Mas a serem entregues a quem? Agora, às empresas estrangeiras”. 

 

Veja o trecho da entrevista clicando na imagem abaixo:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informações: Portal Viomundo

Dica de Leitura: Chutando a Escada – A Estratégia do Desenvolvimento em Perspectiva Histórica

CHUTANDO A ESCADA – A Estratégia do Desenvolvimento em Perspectiva Histórica

 

Sinopse:

Como os países ricos enriqueceram de fato? Neste estudo novo e estimulante, o autor Ha-Joon Chang examina a grande pressão que o mundo desenvolvido exerce sobre os países em desenvolvimento para que adotem certas ‘políticas boas’ e ‘instituições boas’, hoje consideradas necessárias ao desenvolvimento econômico. Adotando uma abordagem histórica, o Dr. Chang constata que a evolução econômica dos países atualmente desenvolvidos difere extraordinariamente dos procedimentos que eles agora recomendam às nações mais pobres. Suas conclusões são convincentes e perturbadoras – os países desenvolvidos estão tentando ‘chutar a escada’, pela qual subiram ao topo, ao impedir que os países em desenvolvimento adotem as políticas e as instituições que eles próprios usaram.

 

Autor: Ha-joon Chang

Tradutor : Luiz Antônio Oliveira de Araújo

Editora: Unesp, 2004

Vicente Cândido: “Lei da meia-entrada moraliza o direito dos estudantes e permitirá a redução dos ingressos”

Após anos de debates entre os parlamentares, entidades estudantis, artistas e produtores culturais, foi aprovada, enfim, no dia 4 de dezembro no Congresso Nacional, a lei da meia-entrada que restitui esse direito aos estudantes de todo o país. Para o deputado Vicente Cândido (PT-SP), “a Lei da meia-entrada moraliza o direitos dos estudantes e permitirá a redução dos ingressos”.

O projeto foi considerado uma vitória ao reestabelecer um direito histórico. Nos últimos anos, a meia-entrada praticamente deixou de existir a partir da edição da MP 2208/01, que permitiu que qualquer documento fosse considerado como identificação estudantil. O resultado foi a proliferação de documentos falsos e a elevação dos ingressos.

Com a mobilização dos estudantes, e o apoio de diversos parlamentares, entre eles, os senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Paulo Paim (PT-RS), Eduardo Braga, Ana Amélia (PP-RS) e os deputados Eduardo Barbosa (PSDB-MG), Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), e o deputado Vicente Cândido (PT-SP), essa vitória foi possível, além do apoio de artistas como Beatriz Segall, Odilon Wagner, Caco Ciocler e Tania Bondezan, que também se manifestaram em apoio ao projeto.

Na Câmara Federal, o relator do projeto, deputado Vicente Cândido, que teve papel destacado na consolidação do projeto, unificando a sociedade e garantido o benefício, nos concedeu entrevista sobre o tema. Segue abaixo:

 

UMES: O Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que restitui o direito à meia-entrada em todo o país. Como ocorreu a construção desse projeto na Câmara? Houve participação das entidades estudantis e artísticas?

DEP. VICENTE CÂNDIDO: Desde 2008, quando foi criada a primeira proposta do projeto de lei 4.571, sempre houve diálogo com as classes envolvidas (estudantes, artistas e empresários). A classe artística teve participação conjunta aos estudantes, onde com muita conversa e debate conseguimos, em abril, que o substitutivo fosse aprovado na Câmara dos Deputados até que neste mês o PL foi retornou ao Senado e enfim seguiu para sanção.

 

UMES: A Lei da meia-entrada é uma reivindicação antiga dos estudantes e sua aprovação foi bastante comemorada pelas entidades. Esse direito estava ameaçado nos últimos anos?

V.C: Não sei se ameaçado, mas cumprido de maneira equivocada. Os empresários inflacionaram os eventos, devido à facilidade de obter carteirinhas falsificadas e falta de fiscalização. O PL vem para moralizar o direito dos estudantes, permitindo um cadastro único e estudantes e com carteirinha padronizada. Além disso, a classe artística e os empresários devem colocar preço justo em espetáculos para que o direito da meia-entrada possa ser, de fato, cumprido.

 

UMES: O projeto define que apenas as entidades estudantis reconhecidas poderão emitir a Carteira de Identificação Estudantil. Como isso contribui para o fortalecimento do movimento estudantil?

V.C: De acordo com a proposta, a meia-entrada para estudantes é concedida mediante a apresentação, pelo estudante, da Carteira de Identificação Estudantil, que terá um modelo único em todo o País. O documento apenas poderá ser emitido pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), pela União Nacional dos Estudantes (UNE), pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBes), pelas entidades estaduais e municipais filiadas a elas e pelos Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs), além de centros e diretórios acadêmicos.Isso moraliza o documento e reforça, por parte das empresas de espetáculos, que valores e qualidade dos shows devem ser cumpridos em toda sua constitucionalidade.

 

UMES: O projeto define que pelo menos 40% dos ingressos dos eventos devem ser destinados à meia-entrada. Como poderá haver uma fiscalização do cumprimento dessa cota?

V.C: A proporcionalidade faz parte do acordo entre estudantes e artistas. Sobre a fiscalização, o governo estabelecerá os mecanismos para acompanhar.