Bagunçou Geral

A UMES não convocou nem compareceu às manifestações de protesto ocorridas na última quinta-feira (20/06), em vária­s cidades do Brasil, inclusive São Paulo.

Participamos das manifestações contra o aumento do preço das passagens, sustentamos essa bandeira na reunião do Conselho Social da cidade. Mas não víamos razão de realizar uma manifestação “para comemorar a vitória obtida na luta pela redução da tarifa” – pois foi assim que a manifestação foi convocada.

Estávamos desconfiados de que, fortemente insufladas pela mídia empenhada em levar a população a protestar furiosamente contra qualquer coisa, essas manifestações não seriam para comemorar a conquista. Pelo contrário, seriam para tentar botar fogo no país.

Nossa desconfiança se confirmou.

As manifestações foram utilizadas para tentativas de invasão das sedes de diversas prefeituras e governos estaduais, do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, a depredação do Palácio do Itamaraty – sede do Ministério das Relações Exteriores -, das sedes dos ministérios da Saúde, Agricultura e Meio-Ambiente e da Catedral de Brasília, pixada com “666” – o número da besta. Foram utilizadas também para promover saques contra o comércio. E, finalmente, para agredir e humilhar militantes de esquerda que a elas compareceram, acreditando que o objetivo para o qual haviam sido convocadas era verdadeiro.

Seria ingenuidade acreditar que esses atos de violência e intimidação, ocorreram à revelia dos organizadores e seus patrocinadores na mídia ou em resposta à repressão policial desmedida. Eles seguem um padrão. Nas franjas da manifestação “pacífica”, vêm os mascarados barbarizando. Os organizadores deixam que aconteça. No dia seguinte, com indisfarçável hipocrisia,  lamentam os excessos. E na próxima manifestação tudo volta a se repetir.

A mistura de reivindicações por mudanças vagas e mesmo delirantes, ódio aos partidos políticos – isto é, à democracia –  e violência nas ruas, estampada nesta quinta-feira, visa sitiar o governo da presidente Dilma, empurrá-lo para a direita e, no limite, derrubá-lo.

A UMES não aceita esse retrocesso. O que queremos do governo Dilma é que ele retome e aprofunde o caminho seguido pelo governo Lula, que os sem-voto detestam mais do que tudo.

A UMES não aceita o papel de bucha de canhão dos interesses antinacionais e antidemocráticos e alerta os estudantes secundaristas de São Paulo a não se deixarem enganar por esse jogo golpista.

A nossa luta é para que o Brasil continue mudando para melhor. Para pior, nunca!

 

Rodrigo Lucas Paulo

Presidente da UMES

 

21 de junho de 2013

Conselho da Cidade apoia Haddad na revogação do aumento da tarifa

O Conselho da Cidade, que funciona como canal de diálogo entre a administração municipal e a sociedade, foi unânime em apoiar a revogação do aumento da passagem do transporte, anunciada pelo prefeito Fernando Haddad, na quarta-feira, 19. O valor passa de R$ 3,20 para R$ 3,00 a partir de segunda-feira.

Os membros do Conselho, formado por representantes de entidades, instituições, empresas e parlamentares, entre outros segmentos da sociedade, se reuniram com o prefeito, também na quarta-feira, e se manifestaram a favor da redução.

A arquiteta urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), Ermínia Maricato, demonstrou confiança nos trabalhos do Conselho: “Pensei que só os interesses privados iriam prevalecer”, afirmou. A partir da redução da tarifa, afirma Marciato, o órgão poderá discutir transporte, rever as prioridades da cidade. “E tudo isso com o apoio de milhares de pessoas”.

Membro do Conselho, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou que “apoia a revogação do reajuste das tarifas de transporte público de São Paulo” e também apontou a necessidade de abrir um debate visando a melhoria do transporte urbano.

Em sua intervenção, Rodrigo Lucas, presidente da UMES, também apoiou a redução: “Em Buenos Aires a passagem de ônibus custa entre 1,10 e 1,25 pesos (44 centavos de real e 50 centavos de real) e a de Metrô custa 2,50 pesos (1 real). Em São Paulo também pode ser mais barata”, afirma.

Para Raquel Rolnik, também urbanista, professora FAU-USP e Relatora Especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada, “precisamos agir para avançar no direito à cidade para todos. Temos que romper com a coalizão, bloquear enorme poder das concessionárias no planejamento de políticas públicas com o aprofundamento do processo decisório popular”.

Lídia Correa, presidente da Federação das Mulheres Paulistas (FMP), destacou que “ao mesmo tempo em que a tarifa sobe na capital, o que se vê é o aumento do número de passageiros e redução dos ônibus”. “Em 2004 eram 14,1 mil coletivos e atualmente são 13,9 mil”, ressaltou apontando que a entidade também apoia a decisão.

Frei David, diretor executivo da EDUCAFRO, ressaltou a unidade do conselho pela revogação. O ex-jogador de futebol Raí Souza Vieira, representante da organização Atletas pela Cidadania, também afirmou acreditar na “sensibilidade neste momento”.

“O primeiro passo é a revogação do aumento e, depois, a discussão e os debates sobre o modelo”, afirmou o jornalista e coordenador da organização Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto.

O Conselho da Cidade de São Paulo é composto ainda por Luiz Carlos Bresser Pereira, Professor Emérito da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP); Márcio Fernando Elias Rosa, Procurador-Geral do Ministério Público do Estado de São Paulo; Marcos da Costa, Presidente da OAB-SP; Maria Izabel Noronha, Presidenta da APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo; Murilo Celso de Campos Pinheiro, Presidente do SEESP – Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo e da FNE – Federação Nacional dos Engenheiros; Oded Grajew, Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, Fundador do Movimento Nossa São Paulo; Soraya Soubhi Smaili, Reitora da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo; e outros líderes sindicais, como Ubiraci Dantas de Oliveira, Presidente da CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil; Wagner Gomes, Presidente Nacional da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e Luiz Gonçalves, Presidente da Nova Central Sindical de São Paulo.

Vitória! Aumento da passagem é revogado em São Paulo!

A população de São Paulo conquistou uma grande vitória nesta quarta-feira. Após as gigantescas manifestações que tomaram as ruas da cidade pela redução da passagem do transporte público, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o governador do estado, Geraldo Alckmin, anunciaram a revogação dos aumentos, reduzindo as tarifas do ônibus, Metrô e CPTM para R$ 3,00, a partir de segunda-feira.

A revogação do aumento expressa o reconhecimento das autoridades de que era possível reduzir o preço da passagem. Durante a coletiva, realizada nesta quarta-feira, os governantes se comprometeram a abrir um diálogo com a sociedade visando o debate para a melhoria do transporte urbano.  

Segundo dados da Secretaria de Transporte da Secretaria de Transportes, de 2004 a 2012, o valor arrecadado com o pagamento da tarifa passou de R$ 3,3 bilhões – valor já corrigido pela inflação do período – para R$ 4,5 bilhões. Isso significa um aumento real de 30%. No mesmo período, o número de passageiros passou de 1,6 bilhão para 2,9 bilhões. Já os coletivos foram reduzidos de 14,1 mil para 13,9 mil.

 

Mascarados depredam Prefeitura e comércio para desviar luta por redução da tarifa

A violência dos mascarados ocorrida na terça-feira não tem nada a ver com a irritação da população pela demora de Alckmin e Haddad em suspender o aumento das tarifas do transporte. Pelo contrário, o que ela visa é produzir um caos que retarde e impeça a resolução do problema, para mantê-lo como álibi para mais violência.

Tem muito oportunista querendo desviar a luta pela redução da tarifa para a velha estrada do golpismo dos sem-voto.

Sabemos o que esperar de quem ataca os partidos em geral – para ocultar a sua preferência – e queima a bandeira brasileira aos gritos de “foda-se o Brasil, nacionalismo é coisa de imbecil”.

Vamos derrotá-los de novo!

CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: Em nome da Pátria

No próximo sábado, 22/06, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “Em nome da Pátria”. O filme inicia às 17 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca!

 

EM NOME DA PÁTRIA

Vsevolod Pudovkin, Dmitri Vasilyev (1943), com Nikolai Kryuchkov, Yelena Tyapkina, Mikhail Zharov, Maria Pastukhova, Olga Zhiznyeva, URSS, 96 min.

 

Sinopse:

Na madrugada de 22 de junho de 1941, os nazistas invadem a URSS, mobilizando 3.580 tanques, 2.250 aviões e 3 milhões de soldados organizados em 113 divisões agrupadas em três corpos de Exércitos, com o objetivo estratégico de assumir o controle das três cidades mais importantes ao Norte, Centro e Sul do país: Leningrado (São Petersburgo), Moscou e Kiev. As forças regulares do Exército Vermelho e grupos guerrilheiros se batem tenazmente no front e na retaguarda do inimigo para defender seu território.  

Neste cenário, o capitão Safonov conhece a jovem agente de informações do exército soviético Vayla e se apaixona por ela. Apesar de seus sentimentos, o capitão tem que enviá-la para perigosa missão numa cidade ocupada pelos alemães. Um traidor comunica ao comando alemão o plano e Vayla é capturada. Para ajudá-la, Safonov envia um oficial experiente, tenente Globo, que está disposto a tudo para salvar a menina.

 

Direção: Vsevolod Pudovkin (1893-1953), Dmitri Vasilyev (1900-1984),

Natural de Penza, formado em Física e Química pela Universidade de Moscou, o teórico e cineasta soviético Vsevolod Illarionovitch Pudovkin, que se tornou conhecido por interpretar de forma visual as motivações internas de seus personagens, considerava a montagem como o clímax do trabalho criador do diretor de cinema. Desde seu primeiro curta, a comédia “Febre de Xadrez” (1924), dirigiu 18 filmes entre os quais obras-primas como “A Mãe” (1926), “O Fim de São Petersburgo” (1927), “Tempestade sobre a Ásia” (1928), “Em Nome da Pátria”(1943), “O Retorno de Vasiliv Bortinikov” (1953). Como ator, trabalhou em 13 filmes.

Dmitri Ivanovich Vasilyev nasceu em Eyski, sudoeste do Cáucaso. Formou-se na escola de cinema BV Tchaikovsky (1927), em Moscou. Desde 1931, foi ator e diretor assistente do estúdio Gosvoenkino, Vostokkino, e, a partir de 1936, diretor do Mosfilm. Seus principais trabalhos são a codireção de “Lenin em Outubro” (Mikhail Romm, 1937), “Alexandre Nevsky” (Sergei Eisensntein, 1938), “Em Nome da Pátria” (Vsevolod Pudovkin, 1943),  “Zhukovsky” (Vsevolod Pudovkin, 1950) e as direções solo de “Ao Longo do Tisza” (1958) e “Operação Cobra” (1960).

 

Argumento Original: Konstantin Simonov (1915-79)

Autor do poema “Espere Por Mim” (1942), um dos mais conhecidos da língua russa, o poeta, dramaturgo e romancista Kiril Mikhailovich Simonov, ou simplesmente Konstantin Simonov, nasceu em São Petersburgo. Em 1933 estudou no Instituto de Literatura Maxim Gorky. Após a graduação, em 1938, ingressou no Instituto de Moscou de História, Filosofia e Literatura (IFLI). Sua primeira peça, “A História de Um Amor”, foi encenada no Teatro Lenin Komsomol em 1941. Durante a guerra, alistou-se no Exército. Parte de sua correspondência militar foi publicada em “Estrela Vermelha”.

Foi Vice-Secretário-Geral da União dos Escritores da URSS (1946-50).

Muitas de suas obras foram adaptadas para cinema, entre elas a peça “O Povo Russo” que deu origem ao filme “Em Nome da Pátria” (Vsevolod Pudovkin, Dmitri Vasilyev, 1943), “Espere Por Mim” (Aleksandr Stolper, 1943), “Dias e Noites” (Aleksandr Stolper, 1945), “Os Vivos e os Mortos” (Aleksandr Stolper, 1945), “A Questão Russa” (Mikhail Romm, 1947), “Normandia – Neman” (Charles Spaak e Elsa Triolet, 1960), “Vinte Dias Sem Guerra” (Aleksei German, 1976).

A lista de premiações do poeta é extensa: Herói do Trabalho Socialista (1974). Ordem Lenin (1974) e seis Prêmios Stalin (1942, 1943, 1946, 1947, 1949, 1950).

 

Música Original: Boris Volski (1903-69)

Boris A. Volskise formou no Conservatório Estatal de Kiev em 1923, em seguida, ensinou Música (1923-30). Desde 1931, trabalhou como compositor. Criou as trilhas de “Mashenka” (Yuli Raizman, 1942), “Em Nome da Pátria” (Vsevolod Pudovkin, Dmitri Vasilyev, 1943). Crescentemente interessado na parte técnica, especializou-se como engenheiro de som no estúdio “Mosfilm”, sendo responsável pela banda sonora dos clássicos “Ivan, o Terrível” (Sergei Eisenstein, 1944), “A Flor de Pedra” (Aleksamdr Ptushko, 1945), “O Inesquecível Ano de 1919” (Mikhail Chiaureli, 1951), “Uma Lição de História” (Leo Arnchstan. Hristo Piskov, 1957), “Nove Dias em Um Ano” (Mikhail Romm, 1961). “O Enredo de Um Conto” (Sergei Yutkevich, 1969).

Tarifa e número de usuários do transporte sobem enquanto frota diminui em São Paulo

O valor da tarifa do transporte coletivo na cidade de São Paulo e o número de passageiros vêm aumentando em ritmo intenso, ao mesmo tem em que há uma diminuição da frota na cidade e a qualidade cada vez pior.

Conforme reportagem do portal R7, com base em dados da Secretaria de Transporte da cidade, de 2004 a 2012, o valor arrecadado com o pagamento da tarifa passou de R$ 3,3 bilhões – valor já corrigido pela inflação do período – para R$ 4,5 bilhões. Isso significa um aumento real de 30%.

No ano de 2004, 1,6 bilhão de passageiros giraram as catracas do coletivo. Já em 2012, o número de passageiros foi 2,9 bilhões. Ou seja, houve 80% mais usuários em 2012 que em 2004. No entanto a quantidade da frota diminuiu, no mesmo período, de 14,1 mil para 13,9 mil coletivos atualmente.

Os dados demonstram não haver argumentos para o alto preço da passagem. Ainda que a qualidade estivesse perto do ideal, o trabalhador ainda pagaria mais de 30% do salário mínimo com transporte público por passagem de ida e volta.

Nos últimos 18 anos, o preço da tarifa superou em 60% a inflação. Portanto, não se justifica dizer que o reajuste de R$ 0,20 é baixo (6,7%), por conta da inflação do período em que não ocorreu reajuste que foi de 15%.

Além de ser a tarifa mais cara entre as capitais do Brasil, a passagem de ônibus em São Paulo é bem maior que em outras grandes capitais do mundo, como Buenos Aires, por exemplo, onde o metrô custa em pesos o equivalente a R$ 1,00 no metrô e R$ 0,50 no ônibus.

 

Fonte: R7 e Hora do Povo

Sem repressão, manifestantes garantem a ordem em SP

Uma multidão, com cerca de 130 mil pessoas ocuparam as principais vias de São Paulo, na segunda-feira, 17, numa gigantesca manifestação contra o aumento da passagem do transporte público (ônibus, Metrô e CPTM), elevado para R$ 3,20.

A concentração foi no Largo da Batata, de onde os manifestantes saíram em passeata tomando todas as faixas da Avenida Faria Lima.

Durante a manifestação, os participantes entoavam palavras de ordem como “mão para o alto, R$ 3,20 é um assalto!”; “governador preste atenção: a juventude não aceita repressão!”; “se a tarifa não baixar, a cidade vai parar!”; “governador, pode escolher, ou cai a tarifa ou cai você!”.

Sem a truculência e intervenção da PM, a manifestação foi pacífica, não havendo nenhuma ocorrência de violência, depredação de patrimônio particular ou público. A resposta dos manifestantes foi: “que coincidência! Não tem polícia, não tem violência!”.

Ao chegar ao cruzamento da Avenida Rebouças, uma parte seguiu em direção à Avenida Paulista e outra, a maior, pela Faria Lima. Já na avenida Juscelino Kubitschek, uma outra parte se dirigiu para a Marginal Pinheiros, tomando as sete faixas da via. A avenida paulista também foi tomada pelos manifestantes, que entoaram o Hino Nacional Brasileiro. (Veja um dos vídeos da manifestação!)

Na marginal, outra multidão vinda do sentido oeste se juntou à manifestação na altura da Ponte Estaiada, em frente à Rede Globo, onde manifestantes também protestaram contra a emissora.  

A manifestação seria encerrada na Ponte Estaiada. Porém, manifestantes ainda seguiram pela Avenida Morumbi, rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. Na semana passada, Alckmin afirmou que não cogita abaixar o preço da tarifa dos transportes públicos e não se manifestou após os protestos.

 

REDUÇÃO DA TARIFA

Nesta terça-feira, 18, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, se comprometeu a examinar a planilha de custos de transporte do município para “refletir no que eu poderia cortar de serviços para viabilizar a redução da tarifa”. Ele, no entanto, não revogou o aumento durante a reunião do Conselho da Cidade, que foi unânime ao pedir a suspensão do novo valor de R$ 3,20.

Cresce mobilização contra aumento da tarifa em São Paulo

O repúdio da população contra o aumento das tarifas no transporte cresceu e aprofundou o debate sobre o elevado custo do transporte público em São Paulo. No entanto, a manifestação de estudantes, professores, trabalhadores e seu direito de expressar sua opinião vêm sendo barrados violentamente pela Polícia Militar do Estado.

Além dos participantes da democrática manifestação, jornalistas também foram alvos dos tiros e bombas da polícia, que não tentou esconder a ordem do governo estadual: massacrar, bombardear e reprimir o movimento.

 

AGRESSÃO GRATUITA

O ato, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, iniciou às 17 horas, com concentração no Theatro Municipal, e seguiu pacificamente pelas ruas do centro da cidade. A palavra de ordem era “sem violência!”. O protesto é contra o aumento da passagem do ônibus, Metrô e CPTM para R$ 3,20, a mais cara entre as capitais do Brasil.

Os manifestantes caminharam pela Avenida Ipiranga e chegaram à Rua da Consolação, na altura da Praça Roosevelt, até então sem nenhuma ocorrência de violência ou danos ao patrimônio privado ou público. No entanto, a partir das 19 horas, policiais da Tropa de Choque bloquearam a passagem e começaram a atirar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Segundo relato da repórter do UOL, Janaina Garcia, a Polícia atirou indiscriminadamente, contra manifestantes, transeuntes e jornalistas. “Não havia saída pela via nem pelas transversais, todas cercadas pelo Choque”.  

“Quem acompanhou a manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus ao longo dos dois quilômetros que vão do Theatro Municipal à esquina da rua da Consolação com a Maria Antônia pode assegurar: os distúrbios começaram às 19h10, pela ação da polícia, mais precisamente por um grupo de uns 20 homens da Tropa de Choque, com suas fardas cinzentas que, a olho nu, chegaram com esse propósito”, afirmou o jornalista Elio Gaspari.

“Atiravam não só na direção da avenida, como também na transversal. Eram granadas Condor. Uma delas ficou na rua que em 1968 presenciou a pancadaria conhecida como “Batalha da Maria Antonia”, disse Gaspari.

Policiais fortemente armados encurralavam e agrediram os manifestantes, dispersando a multidão, que seguia para a Avenida Paulista. Parte da manifestação permaneceu na rua até por volta das 23 horas. Imagens divulgadas nesta sexta-feira mostram inclusive um policial quebrando o próprio carro de polícia para culpar os manifestantes. (Veja o vídeo aqui).

Entre os jornalistas, foram 12 feridos e dois presos, afirma o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo (SJSP). A repórter da TV Folha, Giuliana Vallone, teve a região do olho direito atingida por uma bala de borracha.

Em depoimento, a jornalista afirma que “já tinha saído da zona de conflito principal – na Consolação, em que já havia sido ameaçada por um policial por estar filmando a violência– quando fui atingida”. “Estava na Augusta com pouquíssimos manifestantes na rua. Tentei ajudar uma mulher perdida no meio do caos e coloquei ela dentro de um estacionamento. O Choque havia voltado ao caminhão que os transportava.

Fui checar se tinham ido embora quando eles desceram de novo. Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da Folha e nem sequer estava gravando a cena. Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho”, disse.

O fotógrafo Sérgio Silva, da agência Futura Press, também foi atingido no olho esquerdo por um tiro de bala de borracha disparado pela Polícia Militar. Ele tem poucas chances de recuperar a visão, informa a mulher dele, a jornalista Kátia Passos.

 

POPULAÇÃO REPUDIA BARBÁRIE DA PM

Segundo pesquisa Datafolha, a manifestação tem o apoio de 55% dos entrevistados, e diversas entidades e autoridades condenaram a violência da PM. Para o deputado estadual Adriano Diogo (PT), a ação da PM é “criminosa”. “A linha da PM é da provocação, do quanto pior melhor. Mas essa é a linha do governador do estado”, afirma.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) também condenam “a agressão policial injustificável contra jovens ocorrida na noite desta quinta-feira, 13 de junho, em mais um protesto pelas ruas da capital paulista contra o aumento das passagens do transporte público”.

Para o presidente da UMES, Rodrigo Lucas, presente no ato, “foi uma barbárie cometida contra os manifestantes, sendo a maioria estudantes. Estamos nas ruas por uma reivindicação justa. O transporte em São Paulo é precário e nada justifica esse preço. Em Goiânia, Teresina, Natal e Porto Alegre, a justiça concedeu liminares que impediram os aumentos das passagens. Elas estão custando R$ 2,70, R$ 2,10, R$ 2,30 e R$ 2,85, respectivamente. Por que o povo de São Paulo tem que pagar R$ 3,20?”.

Para a UMES, o preço “é aviltante, corroendo o salário de quem menos ganha. Para serviços precários, com lotação e filas imensas, o transporte público padece de medidas profundas sem que para isso se cobrem valores impagáveis nas tarifas repassando o custo aos paulistanos, atendendo exclusivamente a interesses que não são os da população”. (Veja a íntegra da nota da UMES clicando aqui).

 

PREÇO ABUSIVO

A Juventude do PT também de manifestou contra o aumento da passagem: “Enquanto algumas cidades da Região Metropolitana e do Vale do Paraíba reduzem suas tarifas, beneficiando estudantes e trabalhadores, os aumentos da prefeitura da capital e do Governo do Estado oneram o orçamento de quem utiliza o transporte público e preservam a alta lucratividade das empresas”.

Em matéria divulgada em seu site, a União da Juventude Socialista (UJS), ressalta que “a atitude da polícia de São Paulo, que deveria proteger a sociedade, remonta aos tempos áureos da ditadura fascista imposta em 1964”.

A Juventude Pátria Livre (JPL) “apoia a mobilização da juventude de São Paulo contra o aumento e em defesa de seus direitos”. “São milhões de trabalhadores, jovens, estudantes, que sofrem com o valor elevadíssimo da tarifa, que chega a consumir praticamente 30% do salário mínimo. A truculência e as agressões da PM de São Paulo, forjada pelos 20 anos de fascismo tucano em nosso estado, não diminuíram nosso animo e a vontade de lutar por uma cidade melhor. Seremos mais e mais a cada manifestação e barraremos nas ruas esse aumento”, afirma.

Para muitos trabalhadores paulistanos, o aumento de R$ 0,20 no preço do bilhete prejudicará o orçamento. “Trabalho de segunda a sábado, gastando R$ 6,40 por dia. É muito dinheiro, que faz falta.”, afirma o limpador de vidros Paulo Aparecido da Silva, 43. “As pessoas têm direito de se manifestar nas ruas, ainda mais pela qualidade do transporte que temos hoje.”, afirma a auxiliar Maria Madalena Oliveira de Lima, 42, que também usa ônibus diariamente.

Em nota conjunta, entidades afirmam que “a movimentação da prefeitura para adiar e realizar um aumento da passagem do ônibus abaixo da inflação do último período, dentro de um quadro de pressão das empresas concessionárias, não atende os anseios criados com a derrota dos setores conservadores nas eleições em São Paulo”.

“A resolução da questão urbana exige medidas estruturais, como a efetivação de um modelo de desenvolvimento, que prescinda o estímulo à indústria automobilística, e a implementação do controle direto sobre as tarifas por meio da municipalização dos transportes. Com isso, se evita soluções paliativas como a subvenção das concessionárias, financiando setores cujo interesse em lucrar se choca com a possibilidade de um sistema de transporte que atenda as necessidades da população”.

“Por isso, os protestos realizados pelos jovens ganham importância, uma vez que representam um sintoma do problema e constituem uma força social que pode apontar e sustentar mudanças estruturais na organização territorial e na mobilidade urbana. Essas mobilizações são um instrumento de pressão sobre as autoridades, para sustentar um processo de negociação, especialmente com a prefeitura, que esperamos que possa render conquistas para a população e acumular forças para novas lutas que virão.”, afirma a nota assinada por diversas entidades, entre elas, JCUT– Juventude da Central Única dos Trabalhadores, JPT/SP– Juventude do Partido dos Trabalhadores da cidade de São Paulo, UNE, UBES, UJS, Consulta Popular, Fora do Eixo, JSOL – Juventude Socialismo e Liberdade, JUNTOS!, Levante Popular da Juventude, MST– Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, UJR– Partido Comunista Rebelião, PJ– Pastoral da Juventude, PJMP– Pastoral da Juventude do Meio Popular, Quilombo, REJU– Rede Ecumênica da Juventude.

 

INTRANSIGÊNCIA  

Enquanto a PM agredia a manifestação, a declaração do governador Geraldo Alckmin era a de que não irá negociar com o movimento e de que não pretende rever o reajuste. O prefeito Fernando Haddad, por sua vez, afirmou que está aberto ao diálogo, mas que não é possível rever o aumento.

Na última quarta-feira, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apresentou aos governos municipal e estadual a proposta de suspensão do aumento das passagens de ônibus, metrôs e trens por 45 dias para a abertura de negociação.

Uma nova manifestação está marcada para segunda-feira.

 

Veja alguns vídeos do protesto nos links abaixo:

Polícia ataca a imprensa

Policial quebra o vidro do próprio carro

Mulher atingida no rosto compara ação da PM com a ditadura

 

Informações: UNE, UBES, UJS, JPT, Folha de SP, Terra, Uol

Entidades convocam nova manifestação para segunda-feira

Entidades que organizam os protestos contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo estão convocando uma nova manifestação para segunda-feira, 17.

A concentração será no Largo da Batata, às 17 horas. Na última quinta-feira, a manifestação reuniu cerca de 10 mil pessoas, e foi barbaramente reprimida pela Polícia Militar.

Diversas entidades sociais, partidos políticos e autoridades vêm se manifestando em apoio ao movimento e contra os preços abusivos do transporte praticado em São Paulo.

CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: Canção da Rússia

No próximo sábado, 15/06, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “Canção da Rússia”. O filme inicia às 17 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca!

 

CANÇÃO DA RÚSSIA

Gregory Ratoff (1944), com Robert Taylor, Susan Peters, Robert Benchley, John Hodiak, EUA, 107 min.

 

Sinopse

O maestro americano John Meredith deixa o seu país com a missão de realizar uma série de concertos na URSS e lá se apaixona por Nadya Stepanova, uma pianista soviética. Amor correspondido, os dois viajam juntos, emocionando as plateias. Estamos em junho de 1941. Acontece então a invasão de Hitler à União Soviética. 

Não são poucos os filmes produzidos durante a era Roosevelt que a direita americana procurou demonizar após a sua morte. “Missão em Moscou” (Michael Curtiz, 1943), “A Estrela do Norte” (Lewis Milestone, 1943), “Three Russian Girls” (Henry S. Kesler, Fyodr Otsep, 1943), “The Boy From Stalingrad” (Sidney Salko, 1943), “Tender Comrade” (Edward Dmytryk, 1943), “A Batalha da Rússia” (Frank Capra, Anatole Litvak, 1943), “Sementes de Liberdade” (Hans Burger, 1943), “Quando a Neve Tornar a Cair” (Jacques Tourneur, 1944), “Os Melhores Anos de Nossas Vidas” (William Wyler, 1946) são alguns desses títulos. Mas foi “A Canção da Rússia” que teve a honra de ser o primeiro alvejado por um inquérito na Comissão de Atividades Antiamericanas. Em outubro de 1947, a senhora Ayn Rand, de origem russa que emigrara para os EUA em 1926, com o passaporte na mão, depôs na Comissão como testemunha de acusação do filme.

Rand, apresentada como escritora e filósofa, afirmou: “Mostrar essa gente sorrindo é um típico golpe de propaganda comunista”. A questão suscitou o seguinte diálogo entre ela e um membro da Comissão:

Senador John McDowell: Ninguém sorri na Rússia?

Ayn Rand: Se a pergunta é literal, a resposta é: quase ninguém.

John McDowell: Eles nunca sorriem?

Ayn Rand: Se por acaso sorriem, é na intimidade e por acidente. Certamente não se trata de um ato social.

John McDowell: Porque tudo o que eles fazem é falar sobre comida.

Ayn Rand: Exatamente.

 

Direção: Gregori Ratoff (1897-1960)

Diretor, ator e produtor, Gregory Ratoff nasceu em Petrogrado, começou sua carreira no Teatro de Arte de Moscou, radicou-se nos EUA em 1925 e estreou como diretor de cinema com “Pecados dos Homens” (1936). Entre seus filmes estão “Os Quatro Filhos de Adão” (1941), “Os Irmãos Corsos” (1941), “Canção da Rússia“ (1944), “That Dangerous Age” (1949) e “Operação X” (1950), os dois últimos realizados na Inglaterra.

 

Argumento Original: Leo Mittler (1893-1958), Victor Trivas (1896–1970) e Guy Endore (1900-70)

Dramaturgo, roteirista e diretor de cinema, Leo Mittler estudou na Academia de Música e Artes Cênicas de Viena. Trabalhou em teatros na Áustria e Alemanha. Em 1929, dirigiu o filme “Do Outro Lado da Estrada”, produzido pela Prometheus, empresa alemã (1926-31) dedicada ao cinema proletário. Após a ascensão nazista em 1933, trabalhou na França e Inglaterra, realizando “La Voix Sans Visage” (1933) e o musical “Cheer Up” (1936). Nos EUA, escreveu as histórias de “O Fantasma dos Mares” (Mark Robson, 1943) e “Canção da Rússia” (Gregory Ratoff, 1944). Após a guerra voltou à Alemanha, trabalhando no teatro e televisão.

O cineasta russo Victor Trivas começou como diretor de arte de Georg Wihelm Pabst, no final da década de 20, na Alemanha. Escreveu e dirigiu seu primeiro longa, “Terra de Ninguém”, em 1931. Em 1933 foi para a França onde dirigiu a comédia “Tovaritch” (1935). Assina os roteiros de “O Estranho” (Orson Welles, 1946), “Where the Sidewalk Ends” (Otto Preminger, 1950), “The Secret of Convict Lake” (Michael Gordon, 1951).

Romancista e roteirista americano, Samuel Guy Endore graduou-se na Universidade de Columbia em 1923. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão o romance da revolução haitiana “Babouk: A História de um Escravo” (1934), “The Werewolf of Paris” (1933), os roteiros dos filmes “Dance Comigo” (Mark Sandrich, 1938), “Canção da Rússia (Gregory Ratoff, 1944), “Também Somos Seres Humanos” (William A. Wellman, 1945) e “The Story of Gl Joe” (William A. Wellman, 1945), pelo qual recebeu indicação para o Oscar. Quando investigado pelo Comitê de Atividades Antiamericanas, vendeu seus roteiros sob o pseudônimo de Harry Relis.

 

Música Original: Eric Zeisl (1905-59)

Eric Zeisl nasceu em Viena. Aos 14 anos ingressou na Academia Estatal daquela cidade. Ganhou um prêmio em 1934 (para a Missa de Requiem), mas sua origem judaica tornou difícil a obtenção de trabalho e publicação. Transferiu-se para Paris, em 1938, e depois para os EUA. Foi compositor no Instituto Brandeis-Bardin e na Fundação Huntington Hartford. Deu aula de teoria da composição no Los Angeles City College. Em Hollywood criou as trilhas musicais de “Canção da Rússia (Gregory Ratoff, 1946) e “O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes” (Tay Garnett, 1946).