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Perdemos Carlos Lyra e seu mais amplo sentimento de brasilidade

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Neste sábado, nos deparamos com a triste notícia da partida do icônico Carlos Lyra, um dos maiores artistas que o nosso povo já produziu. Os estudantes de São Paulo lamentam a morte deste grande ícone da nossa música e da cultura popular brasileira.

Criador da Bossa Nova junto a outros gigantes como Tom Jobim, João Gilberto, Nara Leão e Vinícius de Moraes, Carlos Lyra, carregava em suas composições o mais amplo sentimento de brasilidade.

Desde o início de sua trajetória, Carlos Lyra manteve uma ligação intrínseca com os movimentos populares e, em especial com o movimento estudantil. Lyra compôs e produziu icônicas obras como a trilha sonora da peça “A mais valia vai acabar, seu Edgar” (1960), do dramaturgo e diretor Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha.

Mais Valia vai acabar

Primeira exibição da “Mais Valia Vai Acabar, Seu Edgar”, de Vianinha e Carlos Lyra 

Junto a Vinícius de Moraes, foi autor do “Hino da UNE”, uma verdadeira ode à histórica luta dos estudantes brasileiros, e também um dos responsáveis pela fundação do Centro Popular de Cultura, o CPC da UNE, uma das maiores experiências de difusão da cultura brasileira e que temos orgulho de dar continuidade por meio do nosso CPC UMES.

Como diretor musical do CPC da UNE, lançou o álbum O Povo Canta, em 1962, que contava com as seguintes composições: “Canção do subdesenvolvido”, de Carlos Lyra e Francisco de Assis; “João da Silva ou o falso nacionalista”, de Billy Blanco; “Canção do trilhãozinho”, Carlos Lyra e Francisco de Assis; “Grileiro vem pedra vai”, de Raphael de Carvalho; e “Zé da Silva é um homem livre”, de Geni Marcondes e Augusto Boal.

Ele também participou da produção do show “Opinião”, em 1964, sob a direção de Augusto Boal, proporcionando uma resistência cultural histórica ao golpe que instalou a ditadura militar no Brasil, sendo responsável por trazer vozes como as de Zé Keti e João do Vale ao espetáculo.

A carreira musical de Lyra continuou com lançamentos de álbuns, incluindo “Eu e Elas” (1972) e “Herói do Medo” (1974), este último censurado na íntegra. Em 2019, após mais de 25 anos sem gravar, ele retornou com “Além da Bossa”, evidenciando sua duradoura contribuição para a música e a resistência cultural brasileira.

Em 1995, Carlos Lyra realizou um memorável show na nossa sede na abertura do projeto UMES-Cantarena, quando o Cine-Teatro Denoy de Oliveira, ainda se chamava Teatro da UMES. A escolha de Lyra para o primeiro show do projeto marcou a integração entre o trabalho desenvolvido pelo CPC da UNE e o que era então iniciado no CPC-UMES.

Carlos Lyra partiu, mas sua obra e seu legado serão sempre honrados pela juventude brasileira.

UNIÃO MUNICIPAL DOS ESTUDANTES
SECUNDARISTAS DE SÃO PAULO – UMES

Tarcisio PEC2

PEC de Tarcísio que corta R$ 10 bi da Educação sai da pauta da Alesp – E que não volte nunca mais

Tarcisio PEC2

 

Graças às intensas mobilizações dos estudantes, professores e sociedade civil, a Proposta de Emenda à Constituição que previa o corte de R$ 10 bilhões do orçamento da Educação enviada por Tarcísio de Freitas à Assembleia Legislativa de São Paulo, foi retirada da pauta deste ano.

A vitória foi conquistada com muita luta dos estudantes de São Paulo que não permitiram a concretização de um dos maiores ataques já realizados à nossa Educação.

Os estudantes mobilizados em conjunto com a UMES realizaram dezenas de assembleias nas escolas, manifestações, pressão na ALESP para denunciar o criminoso ataque de Tarcísio. No último período, lotamos as reuniões da Comissão de Constituição e Justiça de estudantes para pressionar os deputados e derrotar o Corte!

Junto à atuação dos deputados de oposição, de sindicatos e dos movimentos de defesa da Educação, mostramos para os privatistas que não vamos aceitar nenhum retrocesso nela e que nenhum centavo será retirado!

Os estudantes provaram mais uma vez que através da união e mobilização podemos mudar a realidade e obter grandes vitórias!

Continuaremos organizados e atentos! Na luta em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade! Por mais investimento e não ao corte na educação!

QUE ESSA PEC NÃO VOLTE À PAUTA NUNCA MAIS!

 

UNIÃO MUNICIPAL DOS ESTUDANTES
SECUNDARISTAS DE SÃO PAULO – UMES

CARD MOSTRA

CPC UMES apresenta a 1ª Mostra Popular de Cinema Chinês e homenageia o centenário de Xie Jin

CARD MOSTRA

 

Cine-Teatro Denoy de Oliveira receberá nova mostra entre os dias 23 e 26 de novembro

 

País com uma das maiores populações do mundo e detentor de uma tradição cultural milenar, a China a cada ano que passa tem chamado a atenção do mundo pela realização de grandes feitos nas mais diversas áreas. Mas, para além da propaganda contrária, o que de fato sabemos sobre essa cultura geograficamente tão distante da nossa?

 

É um pouco dessa história que tentamos contar na 1ª Mostra Popular de Cinema Chinês, que irá ocorrer entre os dias 23 e 26 de novembro. No entanto, como tudo na vida, não queremos contar de qualquer jeito, mas sim sobre a visão popular dessa história. Por isso, abrimos nossas portas para apresentar um povo que lutou por sua liberdade, superando nesse caminho a exploração colonial e a miséria econômica. É uma história diferente, que mescla tradição e modernidade, mas que por um conjunto de motivos econômicos e ideológicos pouco chega até nós.

 

Nessa primeira mostra resolvemos homenagear Xie Jin, um dos principais diretores do cinema Chinês, que completa seu centenário no dia 21 de novembro. Para isso, escolhemos dois filmes: a comédia “Grande Li, Pequeno Li e Velho Li”, de 1962 e “Guerra do Ópio”, drama gravado em 1997 na ocasião da devolução da ilha de Hong Kong para o Estado Chinês.

 

Também selecionamos outros cinco filmes, de épocas distintas e diferentes gêneros, para compor a programação da mostra. Das primeiras gerações de diretores chineses temos “Anjos da Rua”, produzido em 1937 com direção de Muzhi Yuan; o premiado filme “Terra Amarela”, dirigido por Chen Kaige em 1984, traz o encontro da nova e da velha China através das canções dos camponeses que são apresentadas a um soldado do Exército Vermelho; do diretor Huo Jianqi teremos o belíssimo “Carteiro das Montanhas”, que traz uma bonita trama sobre o debate entre as gerações dentro da sociedade chinesa; já no filme “Herói” temos uma fábula épica narrando a história da unificação da China; e, para completar nossa programação, temos “O Rei das Máscaras”, que nos apresenta a antiga arte da troca de máscaras, segredo cultural passado de pai para filho.

 

Para enriquecer ainda mais nossa programação, convidamos nosso amigo Gao Qinxiang, diretor do Instituto Confúcio da UNICAMP, para realizar uma apresentação de música chinesa em nosso teatro. Na ocasião ele e um grupo de professores do Instituto Confúcio da Unicamp irão interpretar um conjunto de lindas músicas e danças do rico repertório tradicional do país.


PROGRAMAÇÃO

23/11 – Quinta

19h – Grande Li, Pequeno Li e Velho Li

 

24/11 – Sexta

19h – O Rei das Máscaras

 

25/11 – Sábado

15h – Anjos da Rua

18h – Apresentação Cultural

19h – Carteiro das Montanhas

 

26/11 – Domingo

15h – Terra amarela

17h – Herói

19h – Guerra do Ópio

 

XIE JIN

 

XIE

 

Há 100 anos nascia Xie Jin (1993-2008), um dos maiores diretores da China. Com vasta carreira, ao longo das seis décadas que se dedicou ao cinema, gravou mais de 30 filmes e foi premiado inúmeras vezes por sua direção talentosa. Suas obras ficaram marcadas pela capacidade de traduzir as contradições humanas em situações complexas de conflito entre nações ou revoltas populares.

 

Xie Jin se dedicou a gravar os mais variados gêneros, da comédia à guerra, passando por dramas e épicos. Com referências no Realismo Socialista da União Soviética e no Neorrealismo Italiano, o diretor ajudou a influenciar o cinema chinês usando as raízes populares das óperas de Sichuan e Shaoxing. Fundou e foi o primeiro reitor da Escola de Cinema e Televisão e Mídia da Universidade Normal de Shangai, que recebeu seu nome em homenagem. Em sua memória, exibiremos duas obras de sua cinematografia, sendo elas sua única comédia – “Grande Li, Pequeno Li e Velho Li”, e o mundialmente conhecido “Guerra do Ópio”.

APRESENTAÇÃO CULTURAL

 

APRESENTAÇÃO MUSICAL

 

25/11 – Sábado – 18h

 

Os professores do Instituto Confúcio da UNICAMP são nossos convidados especiais e apresentarão a música e dança tradicional chinesa. O repertório passa por diversas épocas e refletem as combinações da cultura popular com a vitalidade moderna, exibindo instrumentos clássicos, danças típicas e trajes festivos. Para completar a programação, será apresentado a habilidosa sequências de treinamento com espada, segundo os princípios do Tai Chi Chuan e a tradicional Dança do Dragão.

 

 

FILMES

 

Grande Li, Pequeno Li e Velho Li

1962 | P&B | 82 min | Comédia

De Xie Jin; com Fan Haha, Guan Hongda, Liu Xiasheng 

GRANDE LI

Quando Grande Li é eleito líder de esportes da fábrica de processamento de carnes em Xangai, os jovens operários ficam entusiasmados com a possibilidade de se exercitarem antes da rotina de trabalho. Quem não gosta da ideia é o Velho Li, chefe da fábrica, que enfrenta esse dilema dentro de casa, com seu próprio filho, o Pequeno Li.

 

Curiosidades: 

 

  • O filme foi restaurado em 2k e dublado no dialeto de Shangai em 2018, sendo premiado no Festival de Cinema de Shangai.
  • O filme é conhecido em todo território chinês, sendo exibido inúmeras vezes na televisão e cinemas em sessões especiais até hoje.

 

 

O Rei das Máscaras

1995 | COR | 91 min | Drama

De Wu Tian-Ming; com Zhu Xu, Zhou Renying 

REI DAS MÁSCARAS

O Bian Lian é uma famosa arte de rápida troca de máscaras de seda. Segundo a tradição milenar, essa arte só poderia ser ensinada para os filhos homens dos mestres. Durante a década de 30, Wang é o último mestre de Bian Lian e seu único herdeiro faleceu quando tinha 10 anos. Para sobreviver, o artista – conhecido como “O Rei das Máscaras” – faz apresentações públicas na pobre cidade. Na busca de manter a tradição viva, o destino reserva muitas surpresas para Wang.

 

Curiosidades:

    • O Bian Lian até hoje é considerado segredo entre os mestres e ensinado a discípulos escolhidos a preservarem a arte.
    • O filme foi premiado como Melhor Filme no Galo de Ouro, o maior festival de cinema da China

 

 

Anjos da Rua

1937 | P&B | 91 min | Comédia

De Yuan Muzhi; com Zhao Dan, Zhou Xuan, Wei Heling, Zhao Huishen 

ANJOS DA RUA

Uma representação da cidade de Xangai nos anos 30. Xiao Hong e Xiao Yun são duas irmãs exploradas a se prostituir e a cantar no bar de seus pais adotivos. Tudo muda quando a irmã mais nova é forçada a se casar com um fanfarrão endinheirado. Do outro lado da rua, um grupo de amigos fazem de tudo para sobreviver a crise econômica que abate a cidade, e com eles, Xiao Hong decide se esconder de seu casamento imposto.

 

Curiosidades:

Zhou Xuan é uma das mais famosas cantoras da China. A sua interpretação de “天涯歌女

Anjos da Rua é considerado um dos filmes mais importantes gravados antes da fundação da República Popular da China.

 

 

Carteiro das Montanhas

1999 | Cor | 88 min | Drama

De Huo Jianqi; com Teng Rujun e Liu Ye 

Carteiro nas Montanhas 1

Quando um velho carteiro precisa se aposentar por problemas de saúde, seu filho é chamado para assumir o trabalho de entregar as encomendas na região montanhosa da província de Hunan. Enquanto viajam juntos pelas montanhas, a visão negativa que o filho tinha sobre seu pai, resultado da distância criada pelas longas viagens, pouco a pouco se desconstrói, conforme começa a compreender a importância do trabalho. Nesta jornada, a velha geração passa o bastão para a nova, unindo tradição e modernidade, amor e lealdade.

 

Curiosidades:

 

    • Prêmios de Melhor Filme e Melhor Ator no Festival Galo de Ouro, a maior premiação do cinema chinês.
    • A região montanhosa de Hunan tem difícil acesso até hoje, além de ser o local de nascimento de Mao Tsé-Tung.

Terra Amarela

1984 | COR | 86 min | Drama

De Chen Kaige; com Wang Xueqi, Xue Bai, Liu Quiang, Tan Tuo 

TERRA AMARELA

Um soldado do exército vermelho é enviado para uma região do interior da China para aprender as cantigas tradicionais dos camponeses para inspirar as canções do exército revolucionário. Sua relação com a vila se desenvolve rapidamente, criando laços com a família que lhe cedeu abrigo. A velha e a nova China são confrontadas nesse drama que reconstitui eventos reais da década de 30.

 

Curiosidades:

 

Filme de estreia de Chen Kaige na direção, rendeu o prêmio de filme mais criativo e original no Festival de Cinema de Londres.

Zhang Yimou é responsável pela direção de cinematografia. Foi premiado com a Melhor Fotografia no Festival Galo de Ouro, o maior festival de cinema da China.

Terra Amarela foi gravado ao longo do Rio Amarelo, local ligado as raízes de fundação da China.

 

Herói

2002 | Cor | 99 min | Aventura

De Zhang Yimou; com Jet Li, Tony Leung Chiu-Wai, Maggie Cheung, Ziyi Zhang, Daoming Chen, Donnie Yen 

Herói

Uma fábula épica baseada em fatos reais, sobre a unificação da China ocorrida há 2000 anos. Sem Nome é um guerreiro habilidoso que entrega as armas dos assassinos Espada Quebrada, Céu e Neve Voadora ao imperador da dinastia Qing. Em troca, o herói tem a honra de se aproximar do Imperador e irá receber mais do que apenas ouros e terras por matar os maiores assassinos de sua época.

 

Curiosidades:

  • Quentin Tarantino é admirador do filme e ajudou em sua divulgação nos Estados Unidos, garantindo a distribuição comercial nas salas estadunidenses.
  • O filme é um Wuxia, gênero popular de ficção com artes marciais. A palavra Wuxia é a junção de dois termos. Wu (), que significa “militar” ou “armado”, e Xia (), que remete a “honrado” ou “herói”.

 

Guerra do Ópio

1997 | COR | 153 min | Drama

De Xie Jin; com Bao Guoan , Lin Liankun, Lung Sihung 

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Neste épico, acompanhamos o trágico momento vivido pela China durante a Primeira Guerra do Ópio. Lin Zexu é designado para combater o uso do ópio na China, destruindo cerca de 20.000 caixas da droga trazida pelos ingleses e prendendo os contrabandistas da droga. Em retaliação, o Império Britânico, que lucrava com o entorpecimento de uma nação, inicia a guerra que resultaria na “entrega” forçada de Hong Kong. 

 

Curiosidades:

 

    • O filme foi produzido na ocasião da devolução de Hong Kong ao estado chinês em 1997. 
    • Com este filme, Xie Jin foi premiado com Melhor Filme no Festival Galo de Ouro, o maior festival de cinema da China.
    • INFORMAÇÕES GERAIS

    •  

      1ª Mostra Popular de Cinema Chinês

      23 e 26 de novembro

    •  

      Cine-Teatro Denoy de Oliveira

      Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista – São Paulo – SP

      Entrada gratuita

Julia Enem

Enem 2023: aluna do novo ensino médio fará a prova sem ter tido Química, Física, Biologia, Sociologia, História e Geografia no 3º ano

Julia Enem

Julia Alves, de 18 anos, é aluna da rede estadual de São Paulo — Foto: Edilson Dantas

 

Publicamos abaixo entrevista do jornal “O Globo” com a estudante Julia Alves, diretora da UMES, que é uma das vítimas da “deforma do Ensino Médio” realizada por Temer e Bolsonaro. Julia, assim como milhares de brasileiros foi obrigada a prestar o Enem 2023 sem ter tido ao longo do ano conteúdos básicos de Química, Física, Biologia, Filosofia, Sociologia, História e Geografia 

 

Estudantes que passaram para o novo formato em 2021 chegaram ao Enem tendo mais disciplinas dos itinerários formativos do que as que são cobradas no exame

Por Bruno Alfano – Jornal “O Globo”


Júlia Alves, de 18 anos, não teve aulas de química, física e biologia no 3º ano do ensino médio, momento em que os estudantes (que podem) estão ativamente se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Hoje, porém, ela vai encarar o segundo dia da prova que seleciona quem poderá acessar o ensino superior brasileiro. Nesse dia, os candidatos terão 45 questões de Matemática e 45 de Ciências da Natureza — esta última formada justamente pelas disciplinas que a aluna da rede estadual de São Paulo não teve aulas.

Neste ano, o descompasso da implementação do novo ensino médio, que está sendo remodelado, com o formato tradicional do Enem gerou casos em que estudantes, principalmente os de escolas públicas, terão que fazer o exame que garante uma vaga na universidade mesmo sem ter tido todas as disciplinas no último ano da educação básica.

 

— Foi horrível chegar na prova sem ter tido várias matérias. Sinceramente, na última semana cheguei a pensar em nem fazer — conta Júlia. — Alguns professores dos itinerários até tentaram ajudar, mas eles tinham que cumprir as aulas previstas também.

 

A jovem, no 3º ano do ensino médio, teve aulas de Tópicos de Cidadania, Histórias Contadas por Imagens, Cultura e Trabalho, Eu Consumidor, Cidadania e as Políticas Públicas na Desigualdade, além de Português, Matemática, Artes e Educação Física. Isso significa que ela não cursou Química, Física, Biologia, Filosofia, Sociologia, História e Geografia. Essas são todas as disciplinas cobradas nas provas de Ciências da Natureza e Ciências Humanas, que, juntas, representam metade das questões objetivas do Enem.

 

É um problema que ainda será ampliado em 2024. Em 2021, o modelo de novo ensino médio aprovado em 2017 no governo Temer começou a ser implementado em 3,5 mil escolas que participaram de um projeto piloto. Além disso, o estado de São Paulo, no governo João Dória, decidiu antecipar a implementação das mudanças e levou o novo ensino médio para toda a rede. São esses estudantes que, agora, chegam ao Enem de 2023.

 

Em 2022, seguindo o calendário de implementação definido em 2017, o novo modelo foi expandido para todas as escolas do país. Como só há previsão de que o Enem tenha seu modelo alterado em 2025, todos os estudantes que farão o exame no ano que vem poderão passar por esse desajuste.

 

— Desde o ano passado estava estabelecido que o Enem não teria alterações neste ano. Portanto, as escolas, mesmo aquelas que já estão seguindo o novo currículo, sabiam que não haveria mudanças e deveriam ter considerado esse aspecto — defendeu Maria Helena de Castro, titular da cátedra do Instituto Ayrton Senna e ex-presidente do Inep. — As escolas sabem as matrizes de referência da prova. Não há dificuldade para elas de, no ano que vem, manter um programa de desenvolvimento curricular para o Enem.

 

Youtube para estudar

 

No novo ensino médio, implementado desde 2021, a carga horária é dividida entre as disciplinas tradicionais (com 1,8 mil horas no máximo) e os itinerários formativos (1,2 mil horas no mínimo). Isso reduziu o tempo das matérias como Português e Matemática, mas especialmente de História, Geografia, Química, Física, Biologia, Sociologia e Filosofia — ou seja, daquilo que é cobrado no Enem.

 

Neste ano, por exemplo, 20 das 45 questões da prova de Ciências Humanas do Enem, realizada no último domingo, foram de Sociologia e Filosofia. E, de acordo com professores especialistas no exame, esse patamar tem se repetido nos últimos anos.

 

Aluno da rede pública do Rio Grande do Sul, Mikael Araújo, de 17 anos, precisou recorrer a vídeos do YouTube para ver alguns temas do Enem. No último ano do ensino médio, ele não teve aulas de Literatura, Sociologia, Filosofia, Artes, Física e Biologia. Mikael tem estudado na escola disciplinas como Expressividade e Cidadania; Linguagem Corporal; e Linguagem na Atuação Social.

 

— É quase impossível passar em um vestibular com essas matérias. Sem ter matérias básicas e pouco tempo das que tem — reclama o jovem que estuda em uma das escolas piloto. — E isso é injusto ainda, porque as outras escolas não passaram por isso.

 

Mudança de planos

 

No cronograma da reforma, a previsão era de que, em 2024, o Enem já tivesse um novo formato, afirma a ex-presidente do Inep. Em 2022, um grupo de trabalho composto por servidores do MEC e por outras entidades como o Conselho Nacional de Educação chegou a desenhar um novo Enem.

 

A ideia é que ele fosse dividido em duas partes. A primeira seria interdisciplinar, igual e obrigatória para todos, com ênfase em língua portuguesa e matemática. A segunda avaliaria os itinerários formativos, a parte flexível do currículo do novo ensino médio, e o aluno escolheria uma de quatro opções de prova. Estavam previstas ainda questões discursivas e itens em inglês integrados às demais áreas do conhecimento. As alterações, porém, nunca foram oficializadas.

 

O problema é que cada estado construiu os seus próprios itinerários formativos, com matrizes diversas, e surgiram disciplinas optativas que causaram constrangimento em redes de ensino, como RPG e Brigadeiro Caseiro.

 

Com a virada de governo, houve nova pressão por mudanças. Problemas no desenho e a má implementação do novo ensino médio levaram a certo consenso de que a reforma precisava, pelo menos, de alterações — alguns defendiam até sua revogação. Em abril, o governo Lula suspendeu a implementação do calendário do novo ensino médio — na prática, isso só interrompeu a mudança do Enem.

 

Depois de uma consulta pública e de uma longa discussão, o governo mandou para o Congresso uma proposta de reforma do novo ensino médio. Além de outras mudanças, ela aumenta carga horária da formação geral básica (as disciplinas tradicionais) de um teto de 1,8 mil horas para um piso de 2,4 mil e faz com que essas disciplinas sejam obrigatórias durante todos os três anos do ensino médio. Caso essa proposta seja aprovada, especialistas consideram que o Enem não precisa mudar para se adequar ao ensino médio.

 

— Não precisa e nem deve mudar para adequação ao ensino médio, mas tem pontos que poderiam ser reformulados — diz Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

 

O futuro, porém, ainda é incerto. Na última semana, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), deu a relatoria do projeto para a mudança do novo ensino médio a Mendonça Filho (União Brasil), ministro da Educação em 2017 que criou a reforma agora em debate.

 

Em nota, o MEC respondeu que “embora a organização curricular do ensino médio tenha sido alterada com a reforma” não há um descasamento entre ele e o Enem, já que “os conhecimentos e aprendizagens verificados nas provas” da prova “estão em consonância com o currículo” das escolas. Também afirmou que avaliará a necessidade de estabelecer novas diretrizes para a prova após a análise do projeto de lei do novo ensino médio pelo Congresso. O governo do RS e de SP informaram que criaram programas de reforço on-line e planejam mudanças nas grades horárias em 2024. O governo paulista afirmou ainda que incluirá o componente “Aceleração para Vestibular” no 3º ano do ensino médio.

 

Veja o posicionamento completo de São Paulo

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) tem como objetivo principal a melhoria constante do ensino para todos os estudantes. Nesse sentido, a atual gestão anunciou em julho a simplificação dos itinerários formativos de 12 para três. A decisão foi tomada após diálogos com a rede, especialistas em educação e o Conselho Estadual de Educação. As três opções de aprofundamento são: Ciências da Natureza e suas Tecnologias + Matemática; Linguagens e suas Tecnologias + Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e Ensino Profissionalizante.

Para complemento dos estudos dos alunos da 3ª série do ensino médio, a Seduc-SP disponibilizou gratuitamente a plataforma educacional “Prepara SP,” focada na preparação para o vestibular com simulados e exercícios de perguntas e respostas. Desde a sua implementação, mais de 252 mil estudantes se cadastraram e fizeram uso da plataforma, o equivalente a 73,7% dos estudantes da 3ª série. Foram registrados quase sete milhões de exercícios realizados, o que chancela a efetividade e importância do serviço na realidade dos estudantes.

Buscando oportunizar mais o acesso dos estudantes das escolas públicas a universidades, a Seduc-SP, de forma inédita, criou o Provão Paulista, uma prova nos moldes de vestibular aplicada em dia letivo que possibilita o ingresso nas principais universidades públicas do estado. Neste ano, serão mais de 15 mil vagas oferecidas para inicio do curso em 2024.

Para 2024, a rede estadual de SP terá um componente curricular exclusivo para o último ano do ensino médio: Aceleração para Vestibular. Este componente tem como objetivo proporcionar um momento de estudos para os estudantes, bem como garantir um contato semanal com modelos de avaliações para ingresso ao ensino superior, através de simulados e exercícios.

 

Veja o posicionamento completo do Rio Grande do Sul

A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) informa que o planejamento da matriz curricular do Ensino Médio Gaúcho é baseado nos três anos da etapa de ensino, onde a carga horária total é de 3 mil horas, sendo 1.800 horas de formação geral básica e 1.200 horas de itinerários formativos.

Entretanto, estão previstas, para 2024, adequações na grade curricular. A iniciativa ocorre após a realização da escuta ativa com alunos e professores do 2º ano do Ensino Médio da Rede Estadual. Esta escuta ativa reuniu sugestões de escolas de todas as regiões do Estado e contou com a colaboração das comunidades escolares.

Ainda, para o reforço para os alunos do 3º ano do Ensino Médio, a Seduc reitera que conta com projetos específicos com intensivos preparatórios para o Enem. Um deles é o Pré-Enem Seduc, que está na sua quarta edição e desde a pandemia disponibiliza aulas gratuitas com transmissão pelo canal TVE-RS e pelo canal do YouTube TV Seduc RS, onde as aulas ficam gravadas.

Além disso, os alunos contam com plataformas digitais que auxiliam nos estudos para o Enem e vestibulares com questões e gabaritos diretamente no celular por meio da plataforma Google Sala de Aula. Estas plataformas de apoio ficam disponíveis para acesso de forma totalmente gratuita.

 

Veja o posicionamento completo do Ministério da Educação

É importante destacar que o ensino médio tem recebido importante atenção por parte do Governo Federal, desde o início da atual gestão. Aliás a última etapa da educação básica foi contemplada já na composição do Grupo de Trabalho da Educação de transição que fora constituída em final do ano de 2022.

O Ministério da Educação (MEC), orientado pelo princípio constitucional da gestão democrática, instituiu uma consulta pública, mediante a Portaria nº 399, de 08 de março de 2023, para o período de 90 dias, prorrogado pela Portaria nº 7 de 5 de junho de 2023, para possibilitar a expressão das diferentes compreensões sobre o papel do ensino médio no contexto da educação básica brasileira. Essa medida visou promover a participação da sociedade e somar esforços para a construção de políticas que garantam o direito das juventudes a uma educação de qualidade, socialmente referenciada, democrática e comprometida com a superação das desigualdades.

As contribuições oriundas da Consulta Pública, instituída pela Portaria nº 399 de 08 de março de 2023, foram unânimes ao apontarem problemas, históricos e atuais, no ensino médio. Inclusive um questionamento importante da sociedade, antes e durante a Consulta Pública recaía na relação entre a realização de um exame nacional para oferta que ocorreu em modos muito desiguais, que, portanto, a realização de um exame nacional da relevância do Exame Nacional do Ensino Médio já considerando as alterações previstas na aprovação da legislação de 2017 poderia acarretar perdas para muitos estudantes. Tecidas as considerações finais seguem as respostas para as questões apresentadas:

 

Há uma preocupação desse descasamento pontual em 2024 do Enem com o formato do ensino médio?

Embora a organização curricular do ensino médio tenha sido alterada com a reforma, o currículo, no que se refere à formação geral básica, continua organizado nas 4 áreas de conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas e sociais), portanto, não há um “descasamento”, os conhecimentos e aprendizagens verificados nas provas do ENEM estão em consonância com o currículo da formação geral básica desenvolvido nas escolas de ensino médio.

 

Como o MEC pensa em atenuar esse problema para o ano que vem?

A partir dos resultados da análise e aprovação do PL n.5230/2023 pelo Congresso, que propõe alterações na LDB e define diretrizes para a política nacional de ensino médio, o MEC avaliará as necessidades de alteração do formato das provas aplicadas atualmente e definirá um cronograma para que os normativos legais relacionados ao ensino médio, que desdobrarão da aprovação da legislação que ora tramita no Congresso Nacional sejam atendidos. Isso significa que as diretrizes atuais poderão passar por um processo de revisão

 

O MEC entende que o Enem precisa ter mudanças profundas baseado no formato de ensino médio proposto ao Congresso?

 

O MEC avaliará a necessidade de estabelecer novas diretrizes para o ENEM após a análise do PL n.5230/2023 pelo Congresso e inclusive essa é uma discussão que envolve não apenas a legislação da última etapa da educação básica, mas, inclusive algumas ações e decisões, direta e indiretamente estão contempladas no Plano Nacional de Educação, que no momento está em discussão e elaboração no país.

 

Conversamos com uma aluna que a grade de aulas do último ano não teve física, química, biologia, sociologia, história, geografia e filosofia. É toda a prova de Ciências da Natureza e Humanas. Isso aconteceu em SP, mas também nas outras redes em escolas piloto. O MEC entende que as redes erraram?

 

Importante informar que a Consulta Pública (Portaria MEC n.399/2023) realizada durante o ano de 2023 foi motivada justamente pelas manifestações de diversos setores da sociedade que questionavam a implementação da reforma do ensino médio, com destaques de diversas instâncias para a falta de equidade na oferta e as dificuldades de implementação, por diversos motivos, o que inclui a distribuição da carga-horária para os diferentes componentes curriculares inseridos nas 4 áreas de conhecimento que integram os currículos. O objetivo da Consulta Pública foi justamente, numa perspectiva democrática e participativa, avaliar a reforma em andamento e coletar subsídios para a reestruturação da política nacional para a etapa e a necessidade de revisão dos normativos vigentes. Assim, não cabe ao MEC apontar se as redes erraram ou não, mas sim apontar os caminhos para garantir que a oferta do ensino médio esteja pautada pelos princípios de igualdade e equidade e que garantam uma formação sólida aos estudantes. Nesse sentido, o PL n.5230/2023, apresenta alteração de texto na LDB para garantir que todos os componentes curriculares sejam contemplados e valorizados, compreendendo a importância de todos para a formação humana integral dos estudantes.

 

Jornal Estudantes NOVEMBRO 2023 capa

JORNAL DOS ESTUDANTES NOVEMBRO/2023 – Corte de R$ 9 bilhões de Tarcísio é ataque à Educação de SP

Jornal Estudantes NOVEMBRO 2023 capa

Na 5ª edição do Jornal dos Estudantes, denunciamos a ameaça do governo Tarcísio de Freitas à Educação do nosso Estado.

Tarcísio de Freitas enviou para a ALESP uma proposta para reduzir o orçamento da Educação no Estado de 30% para 25% da receita. Com a medida, a educação pública paulista sofrerá um corte de mais de R$ 9 bilhões já a partir de 2024.

A União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) considera que o corte que o governo Tarcísio pretende executar representa um dos mais sérios ataques à Educação de São Paulo realizado nos últimos anos.

Boa leitura

Leia aqui o Jornal dos Estudantes

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UMES – 39 ANOS DE HISTÓRIA!

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Hoje se completam 39 anos de existência da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo, a gloriosa UMES, que foi fundada em 1984, refundada em 1990 e segue até hoje ativa na luta pela educação e pelo Brasil!

 

Ao longo destes anos, a UMES participou das mais importantes lutas e obteve grandes conquistas, como o passe livre estudantil, a meia-entrada, além das derrotas de Collor e Bolsonaro. A UMES sempre esteve na linha de frente, organizando e mobilizando os estudantes em todas as principais batalhas do país!

 

Levamos como uma das nossas bandeiras a defesa da cultura popular brasileira. Durante o Congresso da UMES de 1994 foi aprovada a criação do Centro Popular de Cultura da UMES, o CPC-UMES, que contou com grande empenho de grandes figuras da nossa cultura, como Sérgio Rubens de Araújo Torres e o cineasta Denoy de Oliveira, este último, estrela de nossa última mostra de cinema, criada em sua homenagem.

 

 

Sua paixões continuam vivas no fundamental trabalho cultural que a UMES produz diariamente e que possui um resultado impressionante: diversas mostras de cinema nacional e internacional, 10 anos do projeto de capoeira, Bloco Umes Caras Pintadas, mais de 100 CDs de música gravados, inúmeros shows com os melhores artistas da música popular brasileira, cursos de formação, apresentações teatrais e muito mais.

 

A UMES luta contra as injustiças, organiza a revolta para obtermos vitórias. É uma ferramenta do povo e dos estudantes para poderem mudar e melhorar a realidade que vivemos.

 

Fizemos muita coisa durante esses 39 anos, muitas lutas e batalhas. Mas temos muito a contribuir nas lutas do presente e nas lutas que virão.

 

O Brasil precisa entrar nos trilhos do desenvolvimento e precisamos melhorar a vida do povo. A educação não pode ser tratada como gasto e nem mercadoria. É preciso de investimento nas escolas, um Ensino Médio que responda aos anseios da juventude, Ensino Integral e Técnico de qualidade para nossos estudantes!

 

Continuaremos na luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade. Por uma pátria livre e soberana.

 

Agradecemos a todos os estudantes, gremistas, ativistas e pessoas que participam e contribuíram de alguma forma para construção da entidade que representa os estudantes da maior cidade do nosso país.

 

 

Agradecemos a todos àqueles que a UMES representa, a cada grêmio estudantil, e a todos os ativistas que constroem a luta nos dias de hoje.

E para aqueles que ainda não participam, que essas palavras sirvam como um convite: venham para luta com a gente! Temos muito por fazer ainda!

 

União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo

11 de Novembro de 2023.

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Governo envia projeto ao Congresso para revogar a Deforma do Ensino Médio

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Nossa luta agora é para que o Congresso aprove uma nova política nacional para o Ensino Médio que garanta qualidade e esteja vinculada aos interesses do país

 

O presidente Lula enviou ao Congresso Nacional o projeto de lei que altera a Lei nº 9.394/1996, de diretrizes e bases da educação nacional, estabelecendo novas alterações na política nacional do Ensino Médio. A medida revoga o desmonte realizado pelos governos Temer e Bolsonaro, batizado de Novo Ensino Médio, que reduzia os conteúdos obrigatórios e instaurava os chamados “itinerários normativos”.  

O projeto apresentado pelo ministro da Educação, Camilo Santana, traz significativos avanços à proposta inicial que havia sido enviada pelo MEC à Casa Civil, em especial a recomposição da carga horária destinada à Formação Geral Básica (FGB) do ensino médio para 2.400 horas.

As alterações reforçam o posicionamento apresentado pelos movimentos estudantis e de luta pela Educação que defendem o retorno dos conteúdos das matérias essenciais, assim como a proibição da aplicação das disciplinas da FGB na modalidade à distância, o chamado EAD.

O ministro da Educação, Camilo Santana, esteve ao lado do presidente para a assinatura do projeto acompanhado de representantes de diversas entidades representativas do setor.

“Na busca pelo consenso, o que nos une é a certeza de que nossa juventude merece mais oportunidades, com ensino médio atrativo e de qualidade. O MEC seguirá de portas abertas para construir coletivamente as soluções que a Educação e o Brasil precisam”, afirmou Santana.

VITÓRIA DOS ESTUDANTES

Lideranças do movimento estudantil consideraram a proposta de reforma do Ensino Médio apresentada pelo presidente Lula como uma importante vitória. “A revogação da deforma do Ensino Médio é uma das principais lutas dos estudantes”, afirmou o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), Lucca Gidra.

“O Novo Ensino Médio piorou muito a situação das escolas brasileiras, esta deforma foi elaborada de acordo com os interesses de grandes grupos empresariais sem levar em conta a realidade da escola pública no Brasil”, avaliou Lucca.

Na avaliação do líder estudantil, “o projeto de lei apresentado pelo governo Lula revoga os principais pontos deste ataque à educação e oferece condições para avançarmos na luta por uma educação de qualidade”.     

“Este projeto representa uma importante vitória da luta daqueles que defendem a educação pública brasileira. Agora precisaremos atuar no Congresso, pressionando os parlamentares, para garantir os avanços e a aprovação urgente desta reformulação do Ensino Médio”.

PRECISAMOS DE INVESTIMENTO

Lucca pondera que apenas a mudança na grade curricular não será capaz de garantir a mudança necessária do Ensino Médio.

“Não iremos transformar o ensino brasileiro sem investimento. O Brasil exige uma educação de qualidade, com direito ao Ensino Integral de verdade para todos os estudantes, com acesso ao Ensino Técnico que esteja vinculado às necessidades do nosso país e uma universidade pública que permita que alcancemos nossos sonhos. O investimento é o principal passo para darmos um salto de qualidade na educação do Brasil e estaremos na luta para mudar esta situação”, pontuou Lucca.

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Mostra “Denoy de Oliveira – A Arte da Resistência”, celebra os 90 anos do fundador do CPC-UMES

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A partir do dia 31 de outubro, o Centro Popular de Cultura da UMES (CPC-UMES) inicia uma série de homenagens a um dos seus fundadores. “Denoy de Oliveira – A arte da resistência” celebrará os 90 anos do nascimento e os 25 anos da partida desse grande artista que, além de cineasta, também foi ator, diretor, dramaturgo, roteirista, produtor e compositor.

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As homenagens acontecerão no Cine-Teatro que leva o nome de Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, no Bixiga, entre os dias 31 de outubro e 4 de novembro. Onde serão exibidos dois documentários e quatro longas-metragens de ficção dirigidos por ele, além do curta de animação Cristo Procurado, dirigido pelo irmão, Rui de Oliveira.

Integrante do Centro Popular de Cultura da UNE, até o seu fechamento pelo golpe militar de 1964, e um dos fundadores do Grupo Opinião, Denoy possui “uma existência rica como poucas e que inspira e norteia o trabalho do CPC da UMES até hoje”, como define a equipe do CPC-UMES.

Após as exibições dos filmes da também serão realizadas rodas de conversa com amigos e personalidades sobre a trajetória de Denoy e sua obra.

 

EXPOSIÇÃO

 

O saguão do Cine-Teatro abrigará ainda uma exposição contando a trajetória de Denoy desde os tempos de teatro amador, passando pelo Teatro Nacional de Comédia, CPC da UNE, Grupo Opinião, a consagração como cineasta e a fundação da APACI (Associação Paulista de Cineastas) e do CPC-UMES. Tótens sonoros permitirão aos presentes conhecer um pouco da faceta cantor e compositor de Denoy.

Os materiais foram cedidos pelos irmãos, o também cineasta Xavier de Oliveira e o ilustrador Rui de Oliveira, e pela família da viúva, Maraci Mello.

“A homenagem que Denoy merece não cabe em cinco dias ou em um espaço tão pequeno como o nosso. Esse é só o começo! Com o auxílio da família faremos nesses dias uma pequena exposição com alguns dos momentos marcantes da vida de nosso fundador. Nos concentraremos, principalmente, nas suas três principais áreas de atuação: cinema, teatro e música. O mote? A Arte da Resistência!”, destaca a equipe do CPC-UMES.

 

SERVIÇO:

 

 

Mostra Denoy de Oliveira – A arte da resistência

Abertura: de 31 de outubro até 4 de novembro, sempre às 19 horas.

Local: Cine-Teatro Denoy de Oliveira

Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista – São Paulo – SP

 

 

Exposição Denoy de Oliveira – A arte da resistência

Abertura: 31 de outubro, às 18 horas.

Funciona até 4 de novembro, das 18 h às 23 h.

Local: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista – São Paulo – SP

 

 

PROGRAMAÇÃO

 

TERÇA – 31/10 – 19 h

 

Cristo Procurado 

CURTA-METRAGEM | 1990 | DIR. RUI DE OLIVEIRA

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Numa cidade latino-americana, durante uma missa, personalidades percebem com espanto que Cristo não está mais pregado à cruz. Os esquemas de segurança são acionados. Cristo será encontrado à frente de uma passeata. A repressão é violenta.

 

A animação, dirigida por Rui de Oliveira, é dedicada por ele ao irmão, Denoy, que fez a produção executiva do filme e criou as vozes da maioria dos personagens.

 

 

Amante Muito Louca 

COMÉDIA | 1973 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA

(DEBATE COM Rui de Oliveira e Xavier de Oliveira)

 

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Filme de estreia de Denoy na Direção. Conta a história de Amâncio, um alto funcionário de um banco, casado e pai de dois filhos, típico pai de família da classe média brasileira. Paralelamente à sua vida familiar, aparentemente bem constituída e em perfeita harmonia, Amâncio tem uma amante: a temperamental vedete de teatro Brigite, a louca!

 

Nas férias do bancário, a família decide viajar para Cabo Frio. Brigite se sente rejeitada e resolve também desfrutar dos prazeres da família oficial, para o terror do amante.

  

FESTIVAL DE GRAMADO 1974

 

Melhor Filme, Prêmio Especial do Júri, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Teresa Raquel), Melhor Ator Revelação (Stepan Nercessian)

 

PRÊMIO GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO 1975

 

Melhor Diretor (Denoy de Oliveira)

 

PRÊMIO CORUJA DE OURO DO INSTITUTO NACIONAL DO CINEMA

 

Melhor Atriz (Teresa Raquel)

 

 

QUARTA- 01/11 – 19 h

 

 

7 Dias de Agonia (O encalhe) 

DRAMA | 1982 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA

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Numa estrada enlameada, em dia de chuva torrencial, os veículos atolam um após o outro, totalizando trezentos. Motoristas e passageiros estão todos encalhados, e cada um vive seu drama particular: a carga de Zezinho é de sorvetes, um fazendeiro conduz um cavalo de raça para cruzamento, uma kombi com freiras fica retida entre caminhões, um ônibus lotado de retirantes não consegue passagem.

 

Enquanto todos aguardam uma solução, a fome e o cansaço criam inesperadas relações.

 

 

FESTIVAL DE GRAMADO – 1982

Melhor Atriz Coadjuvante – Ruthinéia de Moraes

 

PRÊMIO GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO – 1983

Melhor Filme

 

FESTIVAL DEL NUEVO CINE LATINOAMERICANO DE HAVANA – 1983

Prêmio “El Quijote”

Melhor Filme

 

PRÊMIO ESPECIAL DA “AIR FRANCE”

Melhor Diretor – Denoy de Oliveira

 

QUINTA – 02/11 – 19 h

 

 O Baiano Fantasma

DRAMA | 1984 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA

 

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Lambusca (José Dumont) é um paraibano que vem para São Paulo em busca de uma vida melhor. Vai morar na favela, em casa do conterrâneo Antenor. O retirante acaba trabalhando para um grupo de agiotas, fazendo cobrança de dívidas.

 

Durante uma “visita” sua, um devedor tem um ataque do coração e morre. Lambrusca vira suspeito pela morte e perde suas mordomias. Ele consegue fugir, mas a polícia, uma vizinha sonhadora e uma cantora de boate estão em seu encalço.

 

No final do filme, Denoy de Oliveira presta homenagem a dois homens do norte, que amam a sua cultura. Ao seu pai, Francisco Xavier, que identifica como paraense, sapateiro e anarquista. E ao veterano ator Rafael de Carvalho, identificado como paraibano, contador/ator e “soldado do povo” que faz seu último filme.

 

FESTIVAL DE GRAMADO 1984

 Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator – José Dumont

 

FESTIVAL DE HAVANA 1985

Melhor Ator – José Dumont

 

II FESTIVAL DE CINEMA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Troféu de Ouro de Melhor Filme

 

PRÊMIO GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO

 Melhor Filme, Melhor Ator – José Dumont, Melhor Ator Coadjuvante – Júlio Calasso e Prêmio Especial a Rafael Carvalho.

 

TROFÉU APCA 1985

Melhor Ator Coadjuvante (Carlos Bucka)

 

 

SEXTA – 03/11 – 19 h

 

Pega Ladrão! 

DOCUMENTÁRIO | 1994 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA

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Produzido em 1994 pelo CPC-UMES, com direção de Denoy de Oliveira, fotografia de Hemano Penna e música de Caíto Marcondes. “Pega Ladrão!” nasce com a finalidade de se contrapor à massacrante campanha em toda mídia contra as nossas estatais. Vai atrás do neoliberalismo privatizador e da rapinagem sobre nossas riquezas, denunciando a privatização das estatais brasileiras, nos setores de siderurgia, eletricidade, telecomunicações e petróleo. O vídeo traz depoimentos de Barbosa Lima Sobrinho, Euzébio Rocha, general Andrada Serpa, Nelson Werneck Sodré e dos estudantes no 30º Congresso da UBES.

 

 JORNADA INTERNACIONAL DE CINEMA DA BAHIA 1994

 Tatu de Ouro de Melhor Vídeo Educativo

 

 

Que Filme “tu vai” Fazer? 

DOCUMENTÁRIO| 1991 |DIR. DENOY DE OLIVEIRA

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Num cemitério, um cineasta contempla as lápides da Embrafilme e da reserva de mercado, extintas por Collor no início de seu governo. Após o sepultamento, Denoy de Oliveira percorre todo o Brasil perguntando ao povo “Que Filme ‘Tu Vai’ Fazer?”. Com o cinema brasileiro em amplo desmonte, Denoy entrevista o público e outros cineastas que falam de seus sonhos e projetos. Um painel vai sendo desenhado sob o rancor e o deboche de um personagem símbolo, o Jack da MPA (Motion Pictures Association).

 

 

SÁBADO – 04/11 – 19 h

 

A Grande Noitada

COMÉDIA | 1998 | DIR. DENOY DE OLIVEIRA

 

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Um rico industrial, Tristão Roque Brasil (Othon Bastos), é amargamente derrotado nas eleições para prefeito. Quando sua empresa quase lança no mercado um produto estragado, Tristão tem um princípio de enfarte. Em casa, a vida de Tristão é ainda mais decepcionante. A esposa o trata com frieza e seus filhos só querem seu dinheiro. A única alegria está nos momentos que passa assistindo a óperas. Rumando solitário para a récita de ‘Elixir do Amor’, Tristão encontra Mimi, uma manicure que o leva para o que seria sua primeira relação extraconjugal. Em meio à grande noitada, Tristão tem um novo ataque.

 

XXX FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO 1998

 

Prêmio Especial da Crítica Melhor Ator Coadjuvante (Augusto Pompêo)


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Denoy Gonçalves de Oliveira (Belém, PA, 1933 – São Paulo, SP, 1998). Diretor, ator, produtor, dramaturgo, roteirista, compositor. Cresce no subúrbio do Rio de Janeiro, onde começa a trabalhar aos 14 anos em funções diversas. Cursa Arquitetura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) a partir de 1957, sem concluir a graduação, e artes cênicas na Escola de Teatro Martins Pena. Depois de várias peças amadoras, estreia como ator profissional na peça O Círculo de Giz Caucasiano (1962), dirigida por José Renato para o Teatro Nacional de Comédia.

Em 1963 passa a integrar o Centro Popular de Cultura da UNE. Em 1964, após o fechamento do CPC pelo Golpe Militar, funda junto com Ferreira Gullar, Vianninha, João das Neves Teresa Aragão, Paulo Pontes, Armando Costa e Pichin Plá o Grupo Opinião. Começa no cinema com o irmão e cineasta Xavier de Oliveira (1937), fazendo produção, trilhas sonoras e atuando. Em 1973 escreve e dirige seu primeiro longa Amante “Muito Louca”! (1973), prêmio de melhor direção no 2º Festival de Gramado. Muda-se, em 1976 para São Paulo, onde se torna um dos principais articuladores da fundação da Associação Paulista de Cineastas (Apaci).

Dirige mais três longas 7 Dias de Agonia (O Encalhe) (1982), O Baiano Fantasma (1984) e A Grande Noitada (1997), pelos quais é premiado nacional e internacionalmente, além de curtas, médias e documentários.

Atua em diversos filmes, além de compor e cantar trilhas sonoras, escrever roteiros e produzir. Em 1994 funda o Centro Popular de Cultura da UMES.

 

 

Xavier de Oliveira (Rio de Janeiro, 1937) é cineasta, roteirista, produtor. Seu curta de estreia, Escravos de Job (1965) venceu o 1º Festival JB/Mesbla de Cinema Amador. Dirigiu cinco longas-metragens (Marcelo Zona Sul, André a Cara e a Coragem, O Vampiro de Copacabana, Gargalhada Final e Adágio ao Sol), além de curtas e documentários. Fez também roteiros e, produziu e atuou.

 

 

Rui de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro. Estudou pintura no Museu de Arte Moderna desta cidade, artes gráficas na Escola de Belas Artes da UFRJ e, durante 6 anos ilustração na Moholy-Nagy University of Art and Design, em Budapeste. Estudou também cinema de animação no estúdio húngaro Pannónia Film.

Foi Diretor de Arte da TV-Globo e da TV-Educativa atual TV-Brasil. Entre suas aberturas e vinhetas destacam-se as criadas para a primeira versão da novela Sítio do Pica-Pau Amarelo e a reformulação do vídeo-grafismo da TVE.

Já ilustrou mais de 140 livros e projetou dezenas de capas para as principais editoras de literatura infanto-juvenil brasileiras, e é autor de seis filmes de animação, tendo recebido muitos prêmios por seu trabalho com animador e ilustrador. Entre eles por 4 vezes o Prêmio Jabuti de ilustração. Recebeu em 2006 o prêmio de literatura infanto-juvenil da Academia Brasileira de Letras com o seu livro Cartas Lunares.

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NÃO AO CORTE DE 9 BILHÕES DE TARCÍSIO NA EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO

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O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) enviou para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para reduzir o orçamento da Educação no Estado de 30% para 25% da receita. Com a medida, a já combalida educação pública paulista sofrerá um corte de R$ 9 bilhões para o próximo ano.

A brecha que a proposta do governo para justificar o corte é que a Constituição Federal determina que os estados apliquem 25% de seus recursos no ensino público. Porém, a Constituição do Estado de São Paulo determina que o valor mínimo a ser aplicado anualmente é de 30%.Tarcísio alega que a medida deve ser realizada para aumentar o orçamento da Saúde em SP.

A União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) considera que o corte de Tarcísio representa um dos mais sérios ataques à Educação de São Paulo realizado nos últimos anos.

“Desde a reorganização escolar de 2015 [quando o governo estadual anunciou o fechamento de mais de 3 mil salas de aula no Estado], eu acho que a educação do estado de São Paulo nunca teve tão em risco quanto agora, com esse corte de R$ 9 bilhões. As escolas já estão sem estrutura, já tem falta de professores constantes, os alunos já carecem de questões básicas, como, por exemplo, a gente tem uma aula num laboratório, e agora, com esse corte, a possibilidade de a gente ter uma educação de qualidade fica quase impossível”, diz Lucca Gidra, presidente da UMES.

“O que precisamos é de mais investimento e o que o governador está fazendo de maneira muito insensível é cortar o orçamento da educação justamente no momento que a gente precisa investir, precisamos avançar nosso país, precisamos nos desenvolver, ele está fazendo esse corte”, repudia Lucca.

PRECARIZAÇÃO

Tarcísio alega que a proposta de flexibilizar a vinculação adicional de 5% para que possa ser utilizado tanto na manutenção e no desenvolvimento do ensino, como para financiamento adicional das ações e serviços de saúde, para o fortalecimento do setor de saúde no estado.

Mas, como alerta Lucca, os recursos são essenciais para a educação do Estado que sofre com escolas sem recursos e destruídas.

“Só para ter uma ideia da importância dessa verba, esses R$ 9 bilhões representam 16% do orçamento da área e esses recursos vão fazer falta. As escolas esse ano já pararam de receber absorvente, que estavam previstos no programa dignidade íntima, já receberam menos dinheiro para investimento e reforma nos prédios. Os grêmios também ficaram sem verbas esse ano”, disse o presidente da UMES.

“Então o governo já está fazendo uma política de diminuição de repasse das políticas públicas que vieram do último período e agora, com esse corte, vai ficar mais gritante a situação. É um projeto que visa precarizar o ensino para abrir margem para privatizar”, denuncia Lucca.

PROTESTO

“Tarcísio e seu secretário, Renato Feder já jogaram abertamente que pretendem privatizar a gestão das escolas, que querem mercantilizar o máximo possível e essa precarização do ensino vem nesse sentido”, .

O líder estudantil ressalta ainda que as necessidades da saúde não podem ser justificativa para cortar a verba da educação.

“É claro que precisa de verba pra saúde, mas não é retirando o dinheiro da educação que a gente vai resolver o problema da saúde. Precisamos de dinheiro pra ambos e precisamos de investimento para ambos. É uma vergonha que o estado de São Paulo, o maior do país, na segunda maior economia da América Latina, tenha escolas que não tem professor, escola que não tem laboratório, escola onde a galera sai da escola sem saber o básico de português e de matemática”, critica.

Lucca afirma que um ato foi convocado por professores e estudantes para a próxima sexta-feira, dia 20, contra os cortes de Tarcísio.

“Dia 20, convocamos todo mundo, chamamos para a manifestação em frente à Secretaria de Educação para dar um basta e barrar esses cortes”, ressalta Lucca.

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Pedro Monzón Barata, Cônsul Geral de Cuba em São Paulo, apresenta a primeira sessão de “Eu Sou Cuba” na 9ª Mostra Mosfilm

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Lucca Gidra, presidente da UMES, e Pedro Monzón Barata / Foto: Eduardo Ogata

 No último sábado (07), tivemos a honra de receber Pedro Monzón Barata, Cônsul Geral de Cuba em São Paulo, para apresentar a primeira sessão do filme “Eu Sou Cuba”, de Mikhail Kalatozov, na 9ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo.

Desde que recebeu nosso convite para estar conosco, o Cônsul ficou bastante animado, e preparou um belíssimo discurso, que certamente tornou a sessão e o momento únicos na história da Mostra Mosfilm.

Destacamos alguns trechos marcantes da fala do Cônsul, e ao final desta postagem reproduzimos o discurso na íntegra.

Agradecemos mais uma vez a participação do Cônsul, e o esperamos nas próximas edições da Mostra.

A seguir, os destaques:

“O cinema foi um objetivo central do desenvolvimento cultural de Cuba, e por isso foi uma das primeiras instituições criadas no mesmo ano do triunfo da Revolução Cubana, em 1959, com o nome de Instituto del Arte y la Industria Cinematográfica (ICAIC).”

“Eu Sou Cuba”, o filme que apreciaremos hoje, foi precisamente uma expressão, na área do cinema, desse propósito cultural de Cuba, e das magníficas relações que estavam começando entre o nosso país e a União Soviética, em todas as esferas.
Filmado em preto e branco, foi lançado em 1964 em ambos os países. Levou mais de um ano para ser produzido e foi o resultado de uma coprodução entre o MOSFILM e a ICAIC, da qual participaram milhares de pessoas.
Seu diretor é Mikhail Kalatozov, que já era um cineasta muito famoso, tendo dirigido anteriormente o renomado filme soviético “Quando Voam as Cegonhas”.

“Além do fato de eu ser cubano, minha conexão com esse filme se deve à minha amizade com o infelizmente falecido Sergio Corrieri, o protagonista principal.”

“Sergio Corrieri se destacou como homem de teatro, televisão e cinema. Participou de vários filmes cubanos, entre os quais os mais famosos são “Hombre de Maisinicú” e “Memorias del Subdesarrollo”, também considerado uma joia da filmografia latino-americana.”
“Foi por isso que tomei conhecimento dos detalhes e da importância desse filme anos atrás, quando fui Embaixador de Cuba na Malásia, entre 2004 e 2008.”

“Corrieri me contou sobre as peculiaridades desse filme e como poderia ser interessante apresentá-lo ao público da Malásia.

Então, no início do ano 2000, comecei a procurar o filme, o que foi particularmente difícil. No final, obtive a licença de projeção e conseguimos levá-lo para a Malásia, exatamente na época em que Corrieri estava nos visitando como Presidente do ICAP.

O filme foi exibido para o público da Malásia e apresentado pelo próprio Sergio Corrieri. O resultado foi muito positivo.”

“O filme se desdobra em quatro histórias que retratam a tragédia cubana durante a terrível ditadura de Fulgencio Batista, que precedeu o triunfo da Revolução. O ingrediente constante e comum, que conecta todas as histórias, é a extrema polarização da riqueza em Cuba, liderada por uma elite corrupta que desfrutava de uma vida suntuosa, enquanto a maioria do povo vivia em condições de miséria, ignorância e insalubridade. O filme reflete também a extrema repressão contra a população e a massa estudantil insatisfeita.”
“A humilhante subordinação aos Estados Unidos, em torno da qual floresceram cassinos, drogas e crimes, que envergonharam os cubanos, é um protagonista muito importante em ‘Eu Sou Cuba’.”

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Valério Bemfica, presidente do CPC-UMES, Pedro Monzón Barata, Bernardo Torres e Susana Lischinsky, do CPC-UMES Filmes
Foto: Eduardo Ogata

 A seguir, a íntegra do discurso:

 

Discurso integral de Pedro Monzón Barata, Cônsul Geral de Cuba em São Paulo, por ocasião da exibição do filme “Eu Sou Cuba” na 9ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo, em 07/10/23.

Queridos amigos, boa noite.

Hoje assistiremos a um filme excepcionalmente interessante sobre Cuba.
Deixem-me dar algumas informações básicas.

O cinema foi um objetivo central do desenvolvimento cultural de Cuba, e por isso foi uma das primeiras instituições criadas no mesmo ano do triunfo da Revolução Cubana, em 1959, com o nome de Instituto del Arte y la Industria Cinematográfica (ICAIC).

Eu Sou Cuba”, o filme que apreciaremos hoje, foi precisamente uma expressão, na área do cinema, desse propósito cultural de Cuba, e das magníficas relações que estavam começando entre o nosso país e a União Soviética, em todas as esferas.

Filmado em preto e branco, foi lançado em 1964 em ambos os países. Levou mais de um ano para ser produzido e foi o resultado de uma coprodução entre o MOSFILM e a ICAIC, da qual participaram milhares de pessoas.

Seu diretor é Mikhail Kalatozov, que já era um cineasta muito famoso, tendo dirigido anteriormente o renomado filme soviético “Quando Voam as Cegonhas”.

O roteiro foi compartilhado entre um famoso poeta soviético, Evgeny Evtushenko, e o também famoso escritor cubano Enrique Pineda Barnet, que tem em seu currículo vários filmes cubanos importantes, como “La Bella del Alhambra”.

O elenco é eminentemente cubano, com destaque para os atores Sergio Corrieri e Salvador Wood. Muitos dos outros participantes não eram realmente artistas, mas agiram naturalmente, espontaneamente, como Kalatozov pretendia.

Além do fato de eu ser cubano, minha conexão com esse filme se deve à minha amizade com o infelizmente falecido Sergio Corrieri, o protagonista principal.

Foi por isso que tomei conhecimento dos detalhes e da importância desse filme anos atrás, quando fui Embaixador de Cuba na Malásia, entre 2004 e 2008.

Sergio Corrieri se destacou como homem de teatro, televisão e cinema. Participou de vários filmes cubanos, entre os quais os mais famosos são “Hombre de Maisinicú” e “Memorias del Subdesarrollo”, também considerado uma joia da filmografia latino-americana.

Correiri era muito conhecido em Cuba, tanto por esses filmes quanto por ter fundado o importante grupo Teatro Estudio e o Teatro Escambray, um fenômeno peculiar que levou o teatro às montanhas cubanas para se apresentar para as humildes comunidades camponesas de Cuba, no contexto da vida intensa gerada por uma revolução popular.

Sua existência também é famosa porque ele foi um dos presidentes do Instituto de Amistad con los Pueblos de Cuba (ICAP) uma instituição muito importante nas relações de Cuba com grupos de solidariedade em todo o mundo, incluindo o Brasil.

Corrieri me contou sobre as peculiaridades desse filme e como poderia ser interessante apresentá-lo ao público da Malásia.

Então, no início do ano 2000, comecei a procurar o filme, o que foi particularmente difícil. No final, obtive a licença de projeção e conseguimos levá-lo para a Malásia, exatamente na época em que Corrieri estava nos visitando como Presidente do ICAP.

O filme foi exibido para o público da Malásia e apresentado pelo próprio Sergio Corrieri. O resultado foi muito positivo.

Corrieri já havia me dito que a peculiaridade mais importante do filme foi que, após a filmagem, que durou mais de um ano, sua exibição, tanto em Cuba quanto na União Soviética, acabou sendo uma catástrofe.

Para o público soviético, era algo estranho, completamente alheio à sua cultura e aos seus costumes.

Para os cubanos, passou a ser visto como uma espécie de panfleto político, muito distante do cinema que estava sendo produzido em Cuba na época, e que agradava aos cubanos. Nosso cinema foi caracterizado por roteiros frescos, espirituosos, profundos, livres e muitas vezes simpáticos. Nada parecido com o realismo socialista, tendência artística que já esteve em voga na União Soviética.

Corrieri me disse, então, que depois da primeira exibição o filme foi guardado nos arquivos do Mosfilm e nunca mais foi exibido. Algo semelhante aconteceu em Cuba.

Ele também me informou que o filme havia ressurgido graças à descoberta de dois ilustres diretores de cinema, Martin Scorcese e Francis Ford Coppola. Ambos os cineastas, deslumbrados, afirmaram que, se esse filme tivesse sido amplamente exibido após sua produção, teria mudado toda a história do cinema.

O filme tem muitas características que o distinguem:

  • Incontáveis proezas técnicas para a época: planos longos, aéreos e acrobáticos. Em alguns casos, a câmera mergulha na água, emerge e depois flutua no espaço.
  • Há uma combinação impressionante de ações de câmera e tudo isso resulta em um fenômeno muito dinâmico com uma composição plástica fascinante.
  • A filmagem com filme infravermelho produz uma imagem com um brilho e uma composição de luz e sombra muito especiais.
  • O filme não se baseia em enredos ou narrativas convencionais. Ele descreve situações de vida e luta antes do triunfo da Revolução.
  • É um poema em que momentos históricos, de impacto em Cuba, são expressos, liricamente, incluindo um número abundante de elementos descritivos e símbolos, para compor uma mensagem sintética, épica e exaustiva.
  • O filme se desdobra em quatro histórias que retratam a tragédia cubana durante a terrível ditadura de Fulgencio Batista, que precedeu o triunfo da Revolução. O ingrediente constante e comum, que conecta todas as histórias, é a extrema polarização da riqueza em Cuba, liderada por uma elite corrupta que desfrutava de uma vida suntuosa, enquanto a maioria do povo vivia em condições de miséria, ignorância e insalubridade. O filme reflete também a extrema repressão contra a população e a massa estudantil insatisfeita.
  • A humilhante subordinação aos Estados Unidos, em torno da qual floresceram cassinos, drogas e crimes, que envergonharam os cubanos, é um protagonista muito importante em “Eu Sou Cuba”.
  • A prostituição, que floresceu nesse terreno, tristemente fértil, também foi estimulada pela presença de magnatas, gângsteres e arrogantes fuzileiros navais (marines) norte-americanos, que atropelavam a população.
  • A exploração de nossos camponeses por poderosos proprietários de terras locais e empresas norte-americanas, como a infame United Fruits Company, era também uma parte dolorosa de nossa realidade.
  • O filme termina com um retrato da difícil e arriscada luta contra a tirania nas cidades e nas montanhas de Cuba até o triunfo da Revolução em 1º de janeiro de 1959.
  • O filme não trata dos problemas de Cuba após o triunfo revolucionário, que continuou a ser marcada pela presença perniciosa e agressiva dos Estados Unidos, que não se conformaram em perder seu domínio sobre nosso país.
  • Rompemos o esquema hegemônico desta grande potência na América Latina e estabelecemos um sistema de justiça social e solidariedade diferente, alternativo. Os Estados Unidos não perdoaram essa atitude rebelde.
  • Daí todas as tentativas de realizar o que eles chamaram de “mudança de regime” em Cuba, que não alcançou seu objetivo, apesar das poderosas ferramentas de poder utilizadas, incluindo um bloqueio econômico, comercial e financeiro que já dura mais de 6 décadas.


Queridos amigos,
Esperamos que um dia uma obra de arte com a qualidade de “Eu Sou Cuba” possa ser feita para registrar os mais de 60 anos que se seguiram à libertação definitiva de Cuba.

Por favor, agora desfrutem do filme “Eu Sou Cuba”

Obrigado