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Cesar 2020 – “Os Miseráveis” versus Polanski: Prêmio francês em clima de guerra

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MARIA DO ROSÁRIO CAETANO

Nunca, na história do Cesar, prêmio atribuído anualmente, há 45 anos, aos melhores do cinema francês, se viu coisa igual. Nem quando Jean-Luc Godard aproveitou a consagração de “O Último Metrô”, de François Truffaut, seu ex-colega de ofício e amigo dos tempos de Nouvelle Vague, para esculhambar o filme, a Academia e o cinema francês daquele tempo (1980/81).

O que se vê neste momento — a Academia de Arte Cinematográfica Francesa entregará seus troféus na última sexta-feira deste mês, dia 28 de fevereiro — é muito grave e envolve muito mais que os desentendimentos dos dois maiores astros da Nouvelle Vague. O que está em jogo, este ano, é a vida artística (e pessoal) de Roman Polanski, judeu polonês nascido em Paris e cidadão francês, casado com uma francesa, a atriz Emmanuelle Seigneur, mãe de seus filhos. O que está em jogo é o comando da Academia, liderada pelo produtor Alain Terzian. O estado de beligerância é tal que todos os integrantes da diretoria já avisaram: entregarão seus cargos tão logo finde a Festa do Cesar. Renúncia em bloco.

Enquanto isto, movimentos feministas se articulam para “esculachar” Polanski, caso ele apareça em público, pois o veem como um “violador em série”. Dois anos atrás, o artista franco-polonês foi convidado a ser o presidente de honra da festa do Cesar. Não pôde comparecer, pois sua presença causaria tumultos imprevisíveis.

Em seguida viria mais uma (tardia) denúncia — seria “a décima-segunda” — de moça francesa (maior de 18 anos). Ela teria sido “violada” pelo diretor de “Repulsa ao Sexo”, um dos primeiros e grandes sucessos de Catherine Deneuve. Polanski, mais uma vez, via-se arremessado no olho do furacão. Cartazes carregados por jovens manifestantes usavam o nome do filme “J’Accuse” (no Brasil “O Oficial e o Espião”, com lançamento previsto para o próximo dia 12) para acusar o cineasta de “violador”. Uma das protestadoras chegou a pedir a morte do cineasta, hoje com 86 anos.

Neste momento em que “J’Accuse” concorre a 12 estatuetas (mesmo número de indicações do notável “Os Miseráveis”, do afro-francês Ladj Ly), a França entra em transe. Todos os dias, na imprensa, há notícias sobre o confronto. Parte do movimento feminista não dá trégua. Quer a derrota total do cineasta e de seu belo filme. A última ação do grupo foi um manifesto que jogou nitroglicerina na fogueira.

Quem viu os dois filmes — “J’ Accuse” e “Os Miseráveis” — só tem razões para acompanhar a noite do Cesar. Se Polanski ganhar (o que parece cada dia mais difícil), terá vencido o filme de narrativa clássica e complexa, de roteiro impecável, com elenco em rendimento máximo (Jean Dujardin está magnífico na pele do protagonista absoluto, Picquart, o oficial que desvendou as falhas do Exército francês, responsável pela acusação e condenação de Dreyfus ao degredo na Ilha do Diabo). Louis Garrel, que faz um Dreyfus meio calvo e arruinado pela tragédia de ser acusado de espião (um judeu-francês que teria passado segredos aos alemães), está também em grande desempenho (concorre a coadjuvante). Emmanuele Seigneur, Mathieu Amalric, Vicente Pérez, Mevil Poupaud, Olivier Gourmet, entre outros, completam o time de franceses desta superprodução de época (final do século XIX) que tinha tudo para ser falada em inglês, mas que um mutirão de produtores conseguiu — felizmente — manter na língua de Emile Zola (o autor de “Germinal” escreveu o manifesto, em defesa de Dreyfus, que sacudiu a França: “J´Accuse”).

Se os acadêmicos escolherem “Os Miseráveis” estarão consagrando a força renovadora do cinema francês, aquela que traz de ex-colônias magrebianas grandes artistas, do tamanho de Ladj Ly, que já em seu longa de estreia, causou sensação, encantou os críticos de todos os credos (dos católicos aos cinéfilos, dos centristas aos esquerdistas) e vendeu quase 2 milhões de ingressos com uma história ambientada em bairro pobre, habitado por “miseráveis” de origem africana e árabe. Num ano em que o Bafta, o maior prêmio da Inglaterra, indicou 20 atores e atrizes todos (todos!) brancos (o Oscar indicou 19), o Cesar se anuncia com poderosa presença afro. Pena que, com o affair Polanski, falte serenidade e equilíbrio para se dar a ênfase necessária a este ano número 45 do Cesar, tão promissor.

E que fique aqui um registro pessoal: sou feminista e luto pela conquista de direitos da mulher no trabalho, em todas as instâncias políticas (por poderosa representação nos Parlamentos, Executivos e Judiciários!), sociais, etc, etc. Mas fico perplexa (até indignada) em ver uma jovem feminista carregando um cartaz que pede a morte de Polanski. Não quero a morte nem de torturadores (sou contra a pena de morte). Que estes paguem no cárcere por seus crimes.

Quero que Polanski, um homem de 86 anos, viva ainda por muitos e muitos anos. E torço para que faça muitos e muitos filmes. Tarantino, retratou o marido de Sharon Tate em “Era Uma Vez… em Hollywood” em sua fase hollywoodiana. Como um diretor e ator que namorava uma jovem atriz texana, que desempenhava seus primeiros papeis. Polanski não autorizou, nem protestou contra aquele “reviver” nas telas, um “reviver” de tempos difíceis. Entendo que a vida já puniu o diretor de “A Faca na Água” com imenso rigor. Ele perdeu a família no gueto, vítima dos nazistas, perdeu a esposa (Sharon Tate) grávida do primeiro filho de ambos e vítima dos satanistas de Charles Mason. Se até a adolescente norte-americana com quem ele se relacionou (falta grave pela qual foi condenado nos EUA) o perdoou, por que cultivar tanto ódio contra ele? (Voltarei ao assunto).

OS INDICADOS AO CESAR:

Melhor filme/Melhor diretor:

. “J’Accuse” (O Oficial e o Espião”), de Roman Polanski

. “Os Miseráveis”, de Ladj Ly

. “Retrato de Uma Jovem em Chamas”, de Céline Sciamma

. “Graças a Deus”, de François Ozon

. “La Belle Époque”, de Nicolas Bedos

. “Roubaix, Une Lumière”, de Arnaud Deplechin

. “Hors Normes”, de Eric Toledano & Olivier Nakache

. Melhor documentário:

. “A Cordilheira dos Sonhos”, de Patricio Guzmán

. “68, Mon Père et Le Clous”, de Samuel Bigiaoui

. “Lourdes”, de Thierry Demaizière e Alban Teurlai

. “M”, de Yolande Zauberman

. “Wonder Boy Olivier Rousteing, Né Sous X”, de Anissa Bonnefont

. Melhor animação:

. “Perdi Meu Corpo”, de Jerémy Chaplin,

. “Les Hirondelles de Kaboul”, de Breitman & Mevellec

. “La Fameuse Invasion des Ours em Sicile”, de Lorenzo Mattotti.

. Melhor filme de diretor estreante:

. “Os Miseráveis”, de Ladj Ly

. “Atlantique”, de Mati Diop

. “Papicha”, de Monia Meddour

. “Le Chant du Loup, de Antonin Baudry

. “Au Mom de la Terre”, de Édouard Bergeon

. Melhor longa estrangeiro:

. “O Traidor”, de Marco Bellocchio (Itália-Brasil)

. “Parasita” (Coreia do Sul)

. “Dor e Glória” (Espanha)

. “O Jovem Ahmed” (Bélgica)

. “Lola Vers la Mer”, de Laurent Micheli (Bélgica)

. “Coringa” (EUA)

. “Era Uma Vez… em Hollywood” (EUA)

. Melhor atriz:

. Eva Green (Proxima)

. Adèle Haenel (Retrato de Uma Jovem em Chamas)

. Noémie Merlant (Retrato de Uma Jovem em Chamas)

. Chiara Mastroianni (Chambre 12)

. Karin Viard (Chanson Douce)

. Doria Tillier (La Belle Époque)

. Melhor ator:

. Jean Dujardin (J’Accuse)

. Damien Bonnard (Os Miseráveis)

. Daniel Auteuil (La Belle Époque)

. Vincent Cassel (Hors Normes)

. Reda Kateb (Hors Normes)

. Mevil Poupaud (Graças a Deus)

. Roschdy Zem (Roubaix, Une Lumière)

Melhor atriz coadjuvante:

. Fanny Ardant (La Belle Époque)

. Josiane Balasko (Graças a Deus)

. Laure Ccalamy (Seules les Bêtes)

. Sara Forestier (Roubaix, Une Lumière)

. Hélène Vincent (Hors Normes)

Melhor ator coadjuvante:

. Louis Garrel (J’Accuse)

. Gregory Gadebois (J’Accuse)

. Denis Ménochet (Graças a Deus)

. Swann Arlaud (Graças a Deus)

. Benjamin Lavernhe (Mon Inconnue)

. Melhor “espoir” (promessa) feminina:

. Mama Sané (Atlantique)

. Lyna Khoudri (Papicha)

. Luàna Bajrami (Retrato de Uma Jovem em Chamas)

. Nina Meurisse (Camile)

. Céleste Brunnquell (Les Éblouis)

. Melhor “espoir” (promessa) masculina:

. Djebril Zonga (Os Miseráveis)

. Alexis Manenti (Os Miseráveis)

. Anthony Bajon (Au Nom de la Terre)

. Liam Pierron (La Vie Escolaire)

. Benjamin Lesieur (Hors Normes)

. Melhor roteiro original:

. Ladj Ly, G. Gederlini e A. Manenti (Os Miseráveis)

. Céline Sciamma (Retrato de Uma Jovem em Chamas)

. François Ozon (Graças a Deus)

. Nicolas Bedos (La Belle Époque)

. Toledano & Nakache (Hors Normes)

. Melhor roteiro adaptado:

. Polanski e Robert Harris (J’Accuse)

. Costa-Gavras (Adults in the Room)

. Jéremy Chaplin e G. Laurant (Perdi Meu Corpo)

. Arnaud Deplechin e Léa Mysius (Roubaix, Une Lumière)

. Dominik Moll e G. Marchant (Seules les Bêtes)

. Melhor fotografia:

. Pawel Edelman (J’Accuse)

. Julien Poupard (Os Miseráveis)

. Claire Mathon (Retrato de Uma Jovem em Chamas)

. Irina Lubtchansky (Roubaix, Une Lumiére)

. Nicolas Bolduc (La Belle Époque)

. Melhor montagem:

. Hervé de Luze (J’Accuse)

. Flora Volpelière (Os Miseráveis)

. Laure Gardette (Graças a Deus)

. D. Rigal-Anous (Hors Normes)

. Danché & Vassault (La Belle Époque)

Melhor Música Original:

. Alexandre Desplat (J’Accuse)

. Fatima Al Qadri (Atlantique)

. Dan Lévy (Perdi Meu Corpo)

. Casanova e Chapiron/Grupo Pink Noise (Os Miseráveis)

. Gregoire Hetzel (Roubaix, Une Lumière)

. Melhor figurino:

. Pascaline Chavanne (J’Accuse)

. Dorothée Giraud (Retrato de Uma Jovem em Chamas)

. Alexandra Charles (Jeanne)

. Thierry Delettre (Edmond)

. Emmanuele Youchnovski (La Belle Époque)

. Melhor direção de arte:

. Jean Rabasse (J’Accuse)

. Thomas Grézaud (Retrato de Uma Jovem em Chamas)

. Franck Schwarz (Edmond)

. Stéphane Rozembaum (La Belle Époque)

. Benoît Barouh (Le Chant du Loup)

. Melhor filme do público:

. “Qu’est-ce Qu’on Faire au Bon Dieu?”, de Philippe de Chauveron (1.710.000 ingressos)

. “Estaremos Sempre Juntos”, de Guillaume Canet (2.790.000)

. “Hors Normes”, de Toledano & Nakache (2.090.000)

. “Os Miseráveis”, de Ladj Ly (1.970.000)

. “Au Nom de la Terre”, de Edouard Bergeon (1.960.000)

. “La Vie Escolaire de Grand Corps Malade”, de Mehdi Idir (1.800.000)

. “Nicky Larson et le Parfum de Cupidon”, de Philippe Lacheau (1.680.000)

(Publicado originalmente em Almanakito da Rosário; reproduzido com permissão da autora.)

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Um dos maiores filmes neo-realistas de Luigi Zampa, “Viver Em Paz”, em cartaz no dia 02 de março!

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O Cine-Teatro Denoy de Oliveira apresenta: Mostra Permanente de Cinema Italiano

 

Chegando ao 5º ano e com mais de 150 filmes exibidos, neste ano vamos exibir 40 obras de 23 cineastas e, pelos olhos de cada um deles, a história da Itália e da humanidade nos é apresentada: a sátira social da “commedia all’italiana” de Luciano Salce, o realismo fantástico de Federico Fellini, o registro das condições de vida dos trabalhadores rurais por parte de Ermanno Olmi, as angústias da vida entediada da burguesia italiana – uma marca de Michelangelo Antonioni – e a impressionante luta de um povo contra o fascismo é assim exibido, sem rodeios, pelo neorrealismo de Roberto Rossellini e Luigi Zampa. 

Durante a 5ª edição, traremos também alguns dos lançamentos mais recentes da cinematografia italiana, que nos mostra que essa continua sendo uma das maiores do mundo. Todas as segundas às 19 horas com entrada franca!

 

 

 

02/03 – 19H: “VIVER EM PAZ”, DE LUIGI ZAMPA

 

SINOPSE

1943, o exército aliado chega ao sul da Itália e começa a se aproximar da região central do país.  Ali, em uma aldeia remota da Umbria, o camponês Tigna (Aldo Fabrizi) tenta viver sua vida com a família sem se deixar afetar pela guerra e faz todo o possível para dar-se bem com todo mundo: o médico socialista, o padre, o secretário do partido fascista e também com Hans, um soldado alemão encarregado de informar aos superiores rotineiramente a situação do povoado. 

A vida de Tigna começa a se complicar quando seus sobrinhos encontram dois soldados americanos que escaparam de um campo de concentração e decidem escondê-los no estábulo do tio. 

Uma das melhores obras de Luigi Zampa em sua fase neo-realista, “Viver em Paz” conta também com trilha musical de autoria de Nino Rota.

 

O DIRETOR

Luigi Zampa nasceu em 1901 em Roma. Estudou Engenharia e, nesse período, ele escreveu algumas comédias, entre 1930 e 1932, além de, em 1933, dirigir seu primeiro o curta-metragem documental “Risveglio Di Una Cittá”. Logo após, estudou Roteiro e Direção no consagrado Centro Sperimentale di Cinematografia, entre os anos 1932 e 1937. Sua atuação como diretor de longa se deu com “L’Attore Scomparso” (1941), tendo dirigido filmes como seu primeiro sucesso, o premiado “Viver em Paz” (1947), indo clássicos como “Campane a Martello” (1949) e “Anni Ruggenti ” (1962). Em suas obras, o entretenimento está intrinsecamente ligado à notação de costumes decorrente da observação do comportamento italiano diante de mudanças na sociedade.

 

 

Confira nossa programação completa: http://bit.ly/CinemaItaliano2020

 

SERVIÇO

Filme: Viver Em Paz (1947), de Luigi Zampa

Duração: 90 minutos

Quando: 02/03 (segunda-feira)

Que horas: pontualmente às 19 horas

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)

 

 

 

 

SBPC reage em defesa da democracia

A Sociedade Brasileira para o Progresso a Ciência (SBPC) publicou nota na última quarta-feira (26) em repúdio à convocação por Jair Bolsonaro de ato contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal para o próximo dia 15 de março.

O documento, assinado pelo presidente da entidade, Ildeu Castro, destaca que “é essencial que a sociedade brasileira e todas as suas forças democráticas atuem firmemente em defesa da democracia e da garantia dos direitos individuais e sociais de todos os cidadãos brasileiros”.

“Neste momento crítico da vida nacional, reafirmamos a defesa intransigente da democracia plena, do Estado democrático de direito, com o respeito aos diversos poderes constituídos e às liberdades democráticas consagradas na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e na Constituição Federal”, ressalta a entidade de cientistas brasileiros.

A SBPC lembra ainda que em toda a sua história, sempre “atuou contra as práticas autoritárias do regime ditatorial, em defesa das liberdades democráticas, pela redemocratização do País, pela construção da Constituição de 1988 e na elaboração e acompanhamento de políticas públicas consistentes”.

“A democracia é um requisito essencial e indispensável para que se construa um país desenvolvido social e economicamente de forma sustentável”, alertam os cientistas.

Leia a nota na íntegra:

EM DEFESA DA DEMOCRACIA 

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC se manifesta publicamente em defesa da democracia e da Constituição Federal, em particular diante da iniciativa do mais alto dignitário da Nação de apoiar a convocação de atos políticos contra o Congresso Nacional, o que, uma vez confirmado, se caracterizaria como crime de responsabilidade. A sociedade brasileira não pode aceitar o retorno a experiências antidemocráticas e autoritárias do passado. A declaração das principais lideranças do Legislativo, do Judiciário e de muitos setores da sociedade brasileira em defesa da democracia é apoiada firmemente pela SBPC e, temos certeza, pela grande maioria da sociedade brasileira.

Ao longo de sua história de sete décadas a SBPC se destacou, assim como outras entidades da sociedade civil, por sua luta pela educação, pela ciência, pela saúde, pelo meio ambiente, pelos direitos humanos e sociais, pela democracia e pela soberania nacional. Atuamos contra as práticas autoritárias do regime ditatorial, em defesa das liberdades democráticas, pela redemocratização do País, pela construção da Constituição de 1988 e na elaboração e acompanhamento de políticas públicas consistentes.

Um desafio permanente para todos os brasileiros é a construção de um projeto nacional que conduza ao desenvolvimento sustentável do País e possibilite o estabelecimento de uma sociedade democraticamente estável e mais justa e solidária. Um projeto que conduza à erradicação da pobreza e à redução das desigualdades sociais e regionais, promova o bem de todos, sem preconceitos ou discriminações de qualquer tipo, a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. E a democracia é um requisito essencial e indispensável para que se construa um país desenvolvido social e economicamente de forma sustentável.

Neste momento crítico da vida nacional, reafirmamos a defesa intransigente da democracia plena, do Estado democrático de direito, com o respeito aos diversos poderes constituídos e às liberdades democráticas consagradas na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e na Constituição Federal. É essencial que a sociedade brasileira e todas as suas forças democráticas atuem firmemente em defesa da democracia e da garantia dos direitos individuais e sociais de todos os cidadãos brasileiros.

São Paulo, 26 de fevereiro de 2020.

ILDEU DE CASTRO MOREIRA

Presidente da SBPC

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‘Mito’ assanha cachorrada com ato para derrubar democracia em 15/3

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O vídeo disparado por Bolsonaro no “Whatsapp”, convocando um ato, no próximo dia 15, contra o Congresso e contra o Supremo, é uma das coisas mais nojentas que já apareceram por aqui – com certeza, a mais nojenta que um indivíduo que ocupa a Presidência da República já expeliu.

Bolsonaro já fizera um acordo, com os presidentes da Câmara e do Senado, pelo qual o seu veto ao “orçamento impositivo” seria derrubado apenas parcialmente (v. HP 23/02/2020, Bolsonaristas chamam manifestação para coagir o Congresso Nacional).

Portanto, todo esse charivari sobre “chantagem”, a partir do sr. Augusto Heleno, é mentiroso.

A manifestação do dia 15 não é contra qualquer “chantagem” ao governo por parte do Congresso ou do Supremo Tribunal Federal (STF) – tanto não é, que Bolsonaro já havia efetivado o acordo com os presidentes das duas Casas do Congresso.

Portanto, esse problema não existia.

Além disso, é óbvio que a função do Congresso não é homologar qualquer coisa que venha do Poder Executivo. Poderia, se a maioria regimental quisesse, derrubar inteiramente o veto de Bolsonaro. Mas, nesse caso, inclusive, já se chegara a um acordo.

A manifestação, portanto, é uma manifestação contra a democracia – e Bolsonaro rapidamente a ela aderiu, pois este sempre foi o seu programa no governo: instalar uma ditadura obscurantista, perto da qual a anterior pareceria a Era das Luzes da nossa História.

Mas não é somente isso que torna o vídeo de Bolsonaro repugnante. Antes de tudo, o nojo vem do conteúdo nazista. Vamos transcrever na íntegra:

Ele foi chamado a lutar por nós. Ele comprou a briga por nós. Ele desafiou os poderosos por nós. Ele quase morreu por nós. Ele está enfrentando a esquerda corrupta e sanguinária por nós. Ele sofre calúnias e mentiras por fazer o melhor para nós. Ele é a nossa única esperança de dias cada vez melhores. Ele precisa de nosso apoio nas ruas. Dia 15.3 vamos mostrar a força da família brasileira. Vamos mostrar que apoiamos Bolsonaro e rejeitamos os inimigos do Brasil. Somos sim capazes, e temos um presidente trabalhador, incansável, cristão, patriota, capaz, justo, incorruptível. Dia 15/03, todos nas ruas apoiando Bolsonaro.”

Quem são os “poderosos” e os “inimigos do Brasil” com quem Bolsonaro se chocou?

O Congresso. O Supremo Tribunal Federal – aquele que seu filho prometeu fechar com “um soldado e um cabo”. A Constituição, que está sob a guarda do STF..

Vejamos o trecho acima, disparado no “Whatsapp” por Bolsonaro. Se alguém escarafunchar um pouco, é capaz de aparecer algo semelhante entre os badulaques apreendidos pelo Exército Vermelho em 1945, na chancelaria do Führer, em Berlim.

Pois, o que está acima é um “heil Bolsonaro”.

Um “heil Bolsonaro” disparado pelo próprio Bolsonaro no “Whatsapp”. Hitler era um pouco menos ridículo.

Na quarta-feira, diante do escândalo que isso causou, Bolsonaro declarou que “no Whatsapp tenho algumas poucas dezenas de amigos onde, de forma reservada, trocamos mensagens de cunho pessoal”.

as isso apenas expõe, mais uma vez, a sua covardia.

LÚMPEN

O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, um dos mais ilustres oficiais das nossas Forças Armadas, tem toda razão em suas mensagens, onde classifica a tentativa de usar o Exército na convocação da manifestação contra o Congresso (e, portanto, contra as demais instituições democráticas) de “IRRESPONSABILIDADE” e “MONTAGEM IRRESPONSÁVEL” – as maiúsculas são do general Santos Cruz.

Na convocação, além das imagens de generais, está: “Vamos às ruas em massa. Os generais aguardam as ordens do povo”.

Que povo?

Não é o povo que Bolsonaro está convocando para dar um golpe na democracia, até porque seria um contrassenso, pois o povo é a vítima, o alvo, de qualquer golpe contra a democracia.

Não é o povo que o fascismo usa contra a democracia, mas a ralé, o esgoto da sociedade, na tentativa de substituir o poder constitucional pelo poder de uma quadrilha – ou, às vezes, de várias quadrilhas em conluio.

O fascismo é o regime do lúmpen – ainda que, quando consegue o seu objetivo, logo o lúmpen “de cima” passa a faca no lúmpen “de baixo”. Mas nem por isso (vide a Alemanha depois da “noite das facas longas”, em que Hitler eliminou Röhm e seu entorno) deixa de ser lúmpen. Pelo contrário. É mais lúmpen ainda – no limite, como aconteceu na mesma Alemanha, esse lumpesinato destrói o próprio país.

Em termos de hoje, podemos dizer, sem nenhuma dúvida, que o fascismo é o regime das “milícias” (o que eram os “camisas negras” de Mussolini ou os “camisas pardas” de Hitler?).

Portanto, o significado de “vamos às ruas em massa. Os generais aguardam as ordens do povo” é que os generais e as Forças Armadas devem estar submetidas às milícias de Bolsonaro.

A palavra “milícias”, como o país sabe, não é, aqui, uma imagem literária.

Trata-se daquelas milícias de que Bolsonaro & família, há muito, são os representantes políticos – ou coisa pior (v. Bolsonaro e as milícias).

Trata-se daquelas milícias que, através de Fabrício Queiroz, efetivamente gerenciavam o gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Quem era (ou quem é) Fabrício Queiroz?

Um serviçal de Bolsonaro desde a época em que ambos serviram na mesma unidade do Exército, depois parceiro de Adriano Magalhães da Nóbrega, o chefe do Escritório do Crime – até mesmo um assassinato em conjunto os dois praticaram, além da nomeação da mãe e da ex-mulher de Adriano para receberem pelo gabinete do filho de Bolsonaro (com a passagem de uma parte para o esquema).

Adriano da Nóbrega foi homenageado duas vezes, inclusive quando estava preso por assassinato, por Flávio Bolsonaro.

Mas agora sabemos a origem dessa homenagem: “Para que não haja dúvida. Eu determinei”, disse Bolsonaro, na mesma entrevista em que fez a apologia do chefe do Escritório do Crime (“Ele foi condenado em primeira instância e absolvida em segunda. Não tem nenhuma sentença transitada em julgado condenando o capitão Adriano por nada. Sem querer defendê-lo. Desconheço a vida pregressa dele. Naquele ano, era herói da Polícia Militar”).

E somente de passagem nos referiremos a que um dos membros do Escritório do Crime, o assassino de Marielle Franco e Anderson Gomes, era vizinho, morava no mesmo condomínio e na mesma rua, de Bolsonaro. Como disse um conhecido cômico: “Só falta ser coincidência”.

É a essa malta que Bolsonaro quer submeter o país, até porque é a sua malta. Para isso, precisa passar por cima – de preferência, destruir – o Congresso, o Supremo, as demais instituições democráticas, inclusive, submeter o Exército e as demais Forças Armadas a esses bandidos.

O grande Ulysses Guimarães, sobre isso, foi bastante exato:

Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério.”

Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o estatuto do homem, da liberdade e da democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo.

Traidor da Constituição é traidor da Pátria”.

CARLOS LOPES

Publicado no Jornal Hora do Povo

aguia de ouro-paulofreire

“Poder do Saber”, enredo sobre a Educação conquista o carnaval de São Paulo

aguia de ouro-paulofreire

 

 

Pela primeira vez em sua história a Escola de Samba Águia de Ouro conquistou o título da primeira divisão do carnaval paulistano, com o enredo “O poder do saber” a comunidade da Pompéia empolgou o público e abordou o tema Educação em tempos de perseguição bolsonarista ao conhecimento.

Desde a Comissão de Frente até o último carro alegórico, a Águia levou para a avenida o uso do saber pela humanidade. Na abertura do seu carnaval, a comissão abordou a evolução dos seres humanos a partir da sabedoria.

A escola da Pompeia estava entre as primeiras desde o início da apuração, mas só assumiu a liderança na penúltima categoria.

O carro que mais chamou a atenção na passagem da escola foi onde a velha guarda e as crianças da Águia vinham juntas e frequentavam uma escola. Nele, a homenagem a Paulo Freire, patrono da educação brasileira, com a seguinte frase: “Não se pode falar de educação sem amor”.

Destaque para o retrato da bomba de Hiroshima (com cogumelo atômico feito de lã de aço), onde a escola alertou para o uso indevido do conhecimento e como isso pode afetar a humanidade.

O desfile foi na maior parte do tempo liderado pela Acadêmicos do Tatuapé, que venceu a apuração em 2017 e 2018, seguida pela Mancha Verde (campeã de 2019). Tudo mudou no quesito Alegoria. O julgador Marco Antônio Cardoso, de Alegoria, teve as notas anuladas porque ele foi flagrado sambando durante o desfile da Tatuapé. Dessa forma, esse quesito teve apenas três avaliadores, sem descarte.

Confira abaixo o samba da campeã, com “O poder do saber: Se saber é poder, quem sabe faz a hora, não espera acontecer”:

Águia em suas asas vou voar

E no caminho da sabedoria

Páginas da história desvendar!

Sou eu… No elo perdido um desbravador!

O tempo é o meu senhor

Em busca da evolução…

Criar e superar limites da imaginação

Brincar de Deus…Recriar a vida

Na explosão a dor, uma lição ficou

Sou aprendiz do criador!

Em cada traço que rabisco no papel

Vou desenhando o meu destino

No horizonte vejo um novo alvorecer

Ao mestre meu respeito e carinho

É nova era, o futuro começou

É tempo de paz, resgatar o valor!

Águia…Razão do meu viver

Nada se compara a esse amor

Faz o sonho acontecer!

Pompéia guerreira, chegou sua hora

Seu manto reluz o poder do saber É preciso saber viver”

Veja o desfile da campeã do carnaval paulista:

 

 

Confira a classificação final:

1 – Águia de Ouro: 269,9 pontos

2 – Mancha Verde: 269,8 pontos

3 – Mocidade Alegre: 269,7 pontos

4 – Acadêmicos do Tatuapé: 269,7 pontos

5 – Unidos de Vila Maria: 269,6 pontos

6 – Dragões da Real: 269,5 pontos

7 – Rosas de Ouro: 269,5 pontos

8 – Tom Maior: 269,3 pontos 

9 – Império de Casa Verde: 269,2 pontos

10 – Gaviões da Fiel: 268,9 pontos

11 – Colorado do Brás: 268,7 pontos

12 – Barroca Zona Sul: 269 pontos

13 – X-9 Paulistana: 268,4 pontos

14 – Pérola Negra: 267,6 pontos

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Belo Horizonte fica em qual estado? – a pergunta do imprecionante

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Na noite desta terça (25), uma seguidora de Abraham Weintraub foi ao Twitter e perguntou: “Ministro, em Belo Horizonte, como fico sabendo quais serão as escolas modelo cívico-militar? O MEC poderia incluir essa informação no site pra todo o Brasil”.

Weintraub respondeu: “Qual seu Estado?”.

O imprecionante ministro da Educação bolsonarista mostra que, além dos erros de português, seus conhecimentos em geografia deixam a desejar

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“Meu povo à luta Vai-Vai” – Escola do Bixiga volta ao Grupo Especial do Carnaval

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A escola símbolo da luta do povo levou pra avenida o sentimento de união que existe no nosso Bixiga.

Parabéns a todos os moradores da Bela Vista pelo título do grupo de acesso.

A campeã do Grupo de Acesso do Carnaval 2020 de São Paulo com o enredo “Vai-Vai de Corpo e Álamo” e estará de volta ao Grupo Especial em 2021.

“Eu não tenho o que falar. Estou feliz! Aqueles que não acreditavam na gente, hoje nós somos comunidade, somos fortes. Um povo unido, feliz. A gente se livrou de todos os males. Tenho que agradecer a Deus e a toda a minha comunidade. Obrigado, Vai-Vai”, comemorou a presidente Anna Maria Murari.

Rebaixada em 2019 para o Grupo de Acesso pela primeira vez em sua história, a Vai-Vai enfrentou um duro período de reestruturação, que incluiu corte de gastos, suspeitas de desvio de verbas públicas, mudanças na direção e esforço e doação de dinheiro por parte de toda a comunidade preto-e-branco.

Sem verba pública para o Carnaval e cofres no vermelho, a Vai-Vai buscou alternativas para levantar dinheiro. Uma delas foi a criação de um financiamento coletivo.

Veja o desfile da Vai Vai:

 

Desfile quase perfeito

Garra, organização e um desfile tecnicamente perfeito. Na avaliação dos integrantes da Vai-Vai, estes foram alguns dos principais pontos que garantiram o título da escola no Grupo de Acesso 1, e a volta do Grupo Especial do Carnaval de SP.

A escola perdeu apenas 0,2 décimos na apuração das notas. “A Vai-Vai merece tudo isso”, diz Milena Vai-Vai, 57, às lágrimas. Ela acompanhou a divulgação das notas em um bar ao lado da agremiação, e teve uma crise de choro no quesito bateria.

Emocionada, ela tatuou o símbolo da escola no peito esquerdo há três anos, e praticamente não conseguiu continuar a entrevista. “Logo que caímos, eu tive um câncer. Foi por causa da dor pela queda da escola”, diz Milena, que passou a maior parte a tarde de ancorada pela filha Mirra Carpi.

Para Luiza Nogueira, 74, integrante da Velha Guarda da Escola, a comunidade fez diferença. “Garra, muita garra da comunidade e a força de nossa gente. Doamos tudo o para esta escola.

Presidente da honra da escola, Thobias da Vai-Vai credita o sucesso do desfile deste ano à união entre bateria e ala de compositores. E também ressalta a união. “Bateria e compositores são o coração e alma da escola, sem desmerecer os outros setores”.

“Encontramos a casa toda desorganizada. A partir dai, cada um pegou detergente, sabão e limpamos tudo. Cada um fez a sua parte, com garra e união”. analisa.

Emocionado, Thobias diz que o momento é de comemoração. Mas avisa que a Vai-Vai terá que se profissionalizar ainda mais para se manter entre as grandes escolas. “Minha função é apagar incêndios. E acho que consegui fazer isso neste ano.”

Tensão

A apuração começou tensa na quadra da escola do Bixiga (região central de São Paulo). Por causa da chuva, a apuração atrasou a divulgação das notas, e interrompeu a internet da quadra por diversas vezes.

A cada nota divulgada, integrantes da escola de samba comemoravam como uma final de campeonato de futebol. Quadras e bares da região da Bela Vista pararam para transmitir a apuração que marcou a volta da Vai-Vai à elite.

No quesito bateria, que definiu o título, muitos sambistas às lagrimas já cantavam o samba-enredo e Corpo e Álamo, e celebravam a união da escola para superar a crise que gerou o rebaixamento inédito. “Esforço e muita união”, analisa Miriam Damires, 69, secretaria da Velha Guarda”. “Só ficaram as pessoas honestas na Vai-Vai”.

Com informações do portal UOL

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2ª MOSTRA DEMOCRÁTICA CINEMA COM PARTIDO

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A partir do dia 14 de março, começa a exibição no Cine-Teatro Denoy de Oliveira da 2ª Mostra Democrática Cinema com Partido.

A programação de 2020 inclui 37 filmes de 15 cinematografias, que contarão com debates após as sessões sobre os temas abordados nos filmes. A Mostra foi inaugurada em março de 2019 pelo CPC-UMES (Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de SP).

Trabalhadores sem direitos; colonialismo; imperialismo; racismo; discriminação das mulheres; extermínio das populações indígenas; degradação do meio-ambiente; ciência e escola sob censura de pretensos intérpretes das Escrituras; aversão à democracia e seu fundamento, o livre debate entre partidos políticos; exaltação das ditaduras, do pensamento único, da violência, da intolerância, da corrupção, da hipocrisia (qualquer semelhança com o governo da família Bolsonaro será mera coincidência?) são temas que o cinema universal tem denunciado com vigor ao longo do tempo.

Para a extrema-direita, isto é doutrinação marxista. Para as correntes de opinião comprometidas com a democracia, é cultura e arte. 

As sessões, seguidas de debates, ocorrem aos sábados às 10h. 

Cine-Teatro Denoy de Oliveira
Rua Rui Barbosa, 323, 
Sede Central da UMES
Tel: 3289-7452

Sábados, às 10 horas

ENTRADA GRATUITA

 

Programação de 2020

 

A Vida de Galileu – 14/03/2020 

Dirigido por Joseph Losey (1975), com Chaim Topol, Edward Fox, Colin Blakely, INGLATERRA, 145 min. Arquivo Digital

As observações astronômicas de Galileu, utilizando o recém-inventado telescópio, reforçaram a teoria de Copérnico de que a Terra gira em torno do Sol – e não o oposto, como queria a Igreja. Em 1616 a Inquisição começa a julgar o cientista por “prejudicar a Fé Sagrada ao tomar a Sagrada Escritura como falsa”. O filme adapta peça de Bertolt Brecht, que Losey dirigiu na Broadway, em 1947, com Charles Laughton no papel de Galileu.

Debatedor:Valério Bemfica, presidente do Centro Popular de Cultura (CPC-UMES).

 

O Julgamento do Macaco – 21/03/2020

Dirigido por Stanley Kramer (1960), com Spencer Tracy, Frederic March, Gene Kelly e Donna Anderson. EUA, 128 min.

Em 1925, o professor John Scopes foi julgado por ensinar a Teoria da Evolução, de Darwin, numa escola pública do Tenessee. Criacionismo e Escola Sem Partido, que já exalavam acentuado bolor há 100 anos, são revividos no filme como metáfora do macarthismo que flagelou a democracia americana nos anos 50. Premiado no Festival de Berlim:  Melhor Ator (Frederic March).

Debatedor: Walter Neves, professor do Instituto de Biociências da USP, é conhecido como o “pai” de Luzia, o mais antigo crânio humano encontrado nas Américas.

 

Caçada Humana – 28/03/2020

Dirigido por Arthur Penn (1966), com  Marlon BrandoRobert RedfordJane Fonda. EUA, 135 min. Arquivo Digital

Numa cidadezinha do Texas, típica das que elegeram Trump, quando chega sexta-feira, respeitáveis cidadãos, em meio a tradicionais bebedeiras temperadas por exibições de adultério e racismo, começam a fazer coisas de que até Deus duvida. Debatedor:

Debatedor: Jamil Murad, médico, foi vereador na cidade de São Paulo, deputado estadual por três mandatos e deputado federal.

 

Milagres à Venda – 04/04/2020

Dirigido por Richard Pierce (1992), com Steve Martin, Debra Winger, Liam Neelsen. EUA, 107 min.

Steve Martin vive o Reverendo Jonas Nightingale, um charlatão de Bíblia na mão, que passa de cidade em cidade com sua caravana trocando a salvação por doações financeiras.

Debatedor: Pastor Ariovaldo Ramos, coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

 

Capitalismo Uma História de Amor – 11/04/2020

Dirigido por Michael Moore, 2009. EUA, 127 min. Arquivo Digital

O documentário traça um roteiro de como, a partir da era Reagan (1981-89), o capitalismo, levando ao extremo a obsessão pelo lucro, acentuou o processo de monopolização, aumentando o poder das grandes corporações financeiras e o abismo entre ricos pobres, produzindo o colapso econômico de 2008.

Debatedor: Nilson Araújo, economista com mestrado pela UFRGS, doutorado pela UNAM (México) e pós-doutorado FEA/USP. Autor de “Economia Brasileira de Getúlio a Lula“, entre outros livros.

 

Snowden – 18/04/2020

Dirigido por Oliver Stone (2016), com  Joseph Gordon-LevittShailene WoodleyMelissa Leo. EUA, 134 min. Arquivo Digital

A história de Edward Snowden, o hacker da Agência Nacional de Segurança (NSA) e CIA que, em 2013, revelou à imprensa documentos secretos comprovando bilhões de ações de espionagem do governo dos EUA, através da Internet, contra cidadãos de todo o mundo – especialmente os de seu próprio país. 

Debatedor: Glenn Greenwald, escritor e jornalista norte-americano radicado no Brasil. Fundador e coeditor do The Intercept.

 

Driblando a Democracia – 25/04/2020

Dirigido por Thomas Huchon (2018). França, 52 min. Arquivo Digital

O documentário conta como 87 milhões de perfis do Facebook passaram pela Cambridge Analytica e aportaram na campanha de Trump, possibilitando a realização em escala ampliada de operações psicológicas para manipular o eleitorado e conseguir que, mesmo derrotado no voto popular,  o candidato da extrema direita ganhasse no Colégio Eleitoral.

Debatedor: Alessandro Molon, deputado federal (PSB-RJ) e integrante da CPI da Fake News.

 

Daens, Um Grito de Justiça – 02/05/2020

Dirigido por Stijn Coninx (1992), com Jan Decleir, Gerard Desarthe, Antje de Boeck. Bélgica, 138 min. Arquivo Digital

Na década de 1890, o padre belga Adolf Daens vai a Aalst, cidade têxtil onde as condições de trabalho são especialmente degradantes. Ele assume a defesa dos trabalhadores, chega ao parlamento numa frente com socialistas e liberais, e entra em choque com a Igreja Católica, que apoia os burgueses. Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1993).

Debatedora: Maria Pimentel, secretária de relações internacionais da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).

 

A Classe Operária Vai ao Paraíso – 09/05/2020

Dirigido por Elio Petri (1971), com Gian Maria VolonteMariangela MelatoSalvo Randone. Itália, 125 min. 35MM

Operário-padrão de uma fábrica que adota a política de cotas de produção, Lulu Massa é adorado por seus superiores e detestado pelos colegas. Entregue aos sonhos de consumo da classe média, distante dos movimentos de sua classe, Lulu se acha o máximo, até que um acontecimento inesperado põe em xeque seu modo de ver o mundo. Palma de Ouro em Cannes (1972).

Debatedores: Nivaldo Santana, deputado estadual por rês mandatos e atual secretário de relações internacionais da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Bra- sil). Rodrigo Gomes, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

 

El Empleo – 16/05/2020

Dirigido por Santiago Bou Grasso (2008). Argentina, 7 min. Arquivo Digital

Rosalie Vai Às Compras

Dirigido por Percy Adlon (1989), com Marianne Sägerbrecht, Brad Davis, Judge Reinhold. Alemanha/EUA, 90 min. Arquivo Digital

Dois filmes ácidos sobre os tempos “pós-modernos”, para os quais entre o homem e a realização de seus desejos já não há barreira moral, somente a financeira.  Na premiada animação argentina, o desemprego deixa de ser problema para se transformar em solução.  Na sátira de Adlon, dona de casa alemã, morando no interior dos EUA, tem marido perfeito, sete maravilhosos filhos e uma infindável coleção de cartões de crédito falsos que lhe permite comprar tudo o que a TV anuncia.

Debatedor: Orlando Silva, deputado federal (PCdoB-SP). Foi presidente da União Nacional dos Estudantes e Ministro dos Esportes.

 

Eu, Daniel Blake – 23/05/2020

Dirigido por Ken Loach (2016), com: Dave JohnsHayley SquiresDylan McKiernan. Inglaterra/França/Bélgica, 101 min. Arquivo Digital

Carpinteiro de 59 anos, em luta para ser atendido pela Previdência Social Inglesa, por ter sofrido um infarto, une suas forças às da jovem Katie, que não consegue obter trabalho nem receber o seguro-desemprego para sustentar seu dois filhos. Palma de Ouro no Festival de Cannes (2017).

Debatedor: Jorge Venâncio, coordenador do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa e do Conselho Nacional de Saúde

 

O Veneno Está na Mesa 1 e 2 – 30/05/2020

Dirigido por Sílvio Tendler (2011 e 2014), Brasil, 120 min. Arquivo Digital

O documentário analisa o uso indiscriminado de agrotóxicos que levaram a agricultura brasileira à condição de recordista mundial no uso de agentes químicos produzidos pela  Bayer, BASF, Dupont, Monsanto etc. – inclusive os proibidos na China e nos EUA. O filme apresenta também experiências agroecológicas voltadas à produção de alimentos saudáveis.

Debatedor: Silvio Tendler, um dos documentaristasmais importantes do país. Em 50 anos de carreira, lançou mais de 70 longas, médias e curtas-metragens em salas de cinema, canais de TV e na internet

 

Mauá, o Imperador e o Rei – 06/06/2020

Dirigido por Sérgio Rezende (1999), com Paulo Betti, Malu Mader, Othon Bastos, Brasil, 135 min. 35MM

Pioneiro da industrialização, o Barão de Mauá (1813-89) foi antagonizado pelos ingleses, sempre prontos a desestabilizar potenciais concorrentes, e por D. Pedro II, incapaz de imaginar o Brasil como algo diferente de um fazendão movido pelo braço escravo.  Venceu  muitas batalhas, perdeu outras tantas, mas gravou o nome na história.

Debatedor: Sérgio Rezende, cineasta e roteirista. Além de Mauá, dirigiu dezenas de filmes como Zuzu Angel (2006) e Salve Geral (2009).

 

A Guerra do Ópio – 13/06/2020

Dirigido por Xie Jin (1997), com Bao Guoan, Rob Freeman, Xiangting Ge, Emma Griffith. China, 150 min. Arquivo Digital

Produtos chineses como seda e chá eram apreciados na Europa, mas a recíproca só valia em relação ao ópio.  A droga, trazida da Índia, chegou a representar metade das   exportações inglesas para a China, produzindo uma crise social no país. Um decreto imperial procurou frear o processo. A Inglaterra rebateu, indo à Guerra, em 1839, pela defesa do “livre comércio”. Premiado com o Galo de Ouro de Melhor Filme (China Film Association – 1997).

Debatedor: Samuel Pinheiro Guimarães, embaixador, foi   diretor da Embrafilme, secretário geral do Itamarati e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

 

Prelúdio de Uma Guerra – 20/06/2020

Dirigido por Frank Capra e Anatole Litvak (1942). EUA, 54 min. Arquivo Digital

O documentário mostra a ascensão do fascismo na Itália, Alemanha e Japão, os ataques à província chinesa da Manchuriano (1931), à Etiópia (1935) e outros preparativos que desembocaram na 2ª Guerra Mundial. O filme é parte da série “Why We Fight”, produzida  na era Roosevelt (1933-45) pelo Exército dos EUA e supervisionada por Frank Capra. Oscar de Melhor Documentário (1943).

 

O Grande Ditador – 27/06/2020

Dirigido por Charlie Chaplin (1940), com Charlie Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie. EUA, 145 min. Arquivo Digital

Lançado em 1940, o filme satiriza os líderes fascistas da época e traz Chaplin no papel de um barbeiro judeu que é confundido com um ditador tirânico. Em 1952, o discurso democrático do personagem no final da obra foi apresentado pela extrema direita, que ascendeu após a morte de Roosevelt, como evidência da filiação do artista ao comunismo e motivo da sua expulsão do país. 

Debatedor: Luiz Zanin Oricchio, jornalista, crítico de cinema e colunista do jornal O Estado de São Paulo.

 

Sostiene Pereira – 04/07/2020

Dirigido por Roberto Faenza (1996), com Marcelo Mastroianni, Joaquim de Almeida, Daniel Auteuil, Nicoleta Braschi. Portugal/Itália/França, 104 min. Arquivo Digital

Portugal, 1936. Enquanto o fascismo avança no mundo, o Sr. Pereira, pacato editor da seção cultural de um jornal de Lisboa, encontra dificuldades para convencer o novo obtuarista das vantagens de viver encerrado em uma torre de marfim. Premiado, em 1995, com quatro David di Donatello da Accademia del Cinema Italiano.

Debatedores: Clóvis Monteiro, editor da Hora do Povo, e Altamiro Borges, jornalista, editor do Blog do Miro.  

 

Casablanca – 11/07/2020

Dirigido por Michael Curtiz (1942), com Humphrey Bogarth, Ingrid Bergman, Paul Henried. EUA, 102 min. 35MM

Em Casablanca, Marrocos, Rick Blaine é dono de uma casa noturna frequentado por colaboracionistas franceses, oficiais do 3º Reich, refugiados políticos e ladrões. É lá que ele reencontra Ilsa Lund, que o deixara sem dar explicações após viverem um tórrido romance há dois anos em Paris. Ela está com o marido Victor Laszlo, líder da Resistência Checa procurado por toda a Europa pela Gestapo. Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro, em 1944.

Debatedora: Maria do Rosário Caetano, jornalista, especialista em cinema brasileiro e autora do blog Almanakito.

 

A Jovem Guarda – 18/07/2020

Dirigido por Sergei Gerasimov (1948), com Vladimir Ivanov, Inna Makarova, Nonna Mordyukova, Sergei Gurzo, Lyudmila Shagalova. URSS, 189 min. Arquivo Digital

Durante a 2a. Guerra Mundial, grupo de estudantes e trabalhadores de Krasnodon,  Ucrânia, cria organização clandestina denominada “Jovem Guarda” que faz a propaganda e promove atos de sabotagem contra as tropas alemãs, visando juntar-se às unidades do Exército Vermelho que viriam a libertar a cidade em fevereiro de 1943.

Debatedor: Mauro Bianco foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes durante o processo de impeachment de Collor e vice-presidente da Federação Mundial das Juventudes Democráticas.

 

Tigre Branco – 25/07/2020

Dirigido por Karen Shakhnazarov (2012), com Aleksey Vertkov, Valeriy Grishko, Vitalyi Kiscenko, Karl Krantzkowski. Rússia, 104 min. Arquivo Digital

Encontrado quase morto no campo de batalha, o tanquista Ivan Naydenov tem uma recuperação que desafia a compreensão dos médicos. Mais misteriosa se torna a história quando ele revela que foi atingido pelo Tigre Branco, indestrutível tanque alemão que surge e desaparece como por encanto. Prêmio Nika de Melhor Filme e Águia de Ouro de Melhor Diretor, em 2013.

Debatedor: Sergey Pogóssovitch Akopov, Embaixador da Federação da Rússia.

 

O Conselho dos Deuses – 01/08/2020

Dirigido por Kurt Maetzig (1950), com Paul Bildt, Fritz Tillmann, Willy A. Kleinau. RDA, 91 min. Arquivo Digital

O dr. Scholz trabalha na IG Farben, holding da Bayer, Basf e outras gigantes do setor químico que veem na guerra uma oportunidade de ampliar os negócios. Suas pesquisas sobre pesticidas levam ao Zyklon B, que em breve viria a ser usado nas câmaras de gás, reduzindo a pó a sua crença na neutralidade política da ciência.

Debatedora: Mariana Moura, cientista engajada, pesquisadora FAPESP e professora de Relações Internacionais na ESAMC-SP.

 

Julgamento em Nuremberg – 08/08/2029

Dirigido por Stanley Kramer (1961), com: Spencer Tracy, Marlene Dietrich, Richard Widmark, Burt Lancaster. EUA, 186 min. Arquivo Digital

Ao presidir o julgamento de quatro juízes que usaram as togas para dar status legal às atrocidades nazistas, Dan Haywood sente a mudança dos ventos. Cada vez menos interessado em julgamentos severos, Tio Sam transita para a ideia de que, “vistos desapaixonadamente”, os nazis são uma reserva contra os comunistas. Oscar de Melhor Roteiro, Globo de Ouro de Melhor Filme e Melhor Diretor.

Debatedor: Felipe Santa Cruz, presidente do Conselho Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil.

 

Culpado Por Suspeita – 15/08/2020

Dirigido por IrwinWinkler (1991), com Robert De Niro, Annette Bening, George Wendt. EUA, 105 min. Arquivo Digital

Diretor de cinema não consegue trabalho por se negar a fornecer nomes de “comunistas” ao “Comitê de Atividades Antiamericanas”. Para a direita macarthista, cujo reinado durou do fim da década de 1940 a meados dos anos 1950, comunista era qualquer apoiador do ex-presidente Roosevelt. Outro ponto em comum com Bolsonaro era o ódio de McCarthy à cultura e à ciência. Morreu em 1957, desacreditado e afogado em álcool.

Debatedores: Marcus Vinicius de Andrade, maestro, compositor, dramaturgo e presidente da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes (AMAR). João Batista de Andrade, cineasta, roteirista e escritor, foi presidente do Memorial da América Latina, Secretário de Cultura do Estado de São Paulo e Ministro da Cultura.

 

Corações e Mentes – 22/08/2020

Dirigido por Peter Davies (1974). EUA, 112 min. 35MM

O título saiu de uma frase do presidente Lyndon Johnson (1963-69):  “A vitória da América dependerá dos corações e mentes das pessoas que moram no Vietnã”. Davies seguiu esse roteiro, foi ouvir a população vietnamita e ouviu também ex-combatentes americanos, obtendo resultado valioso para desintoxicar corações e mentes de moradores dos EUA dos males do hegemonismo e do racismo que assolam o país. Oscar de Melhor Documentário (1975).

Debatedor: Sérgio Muniz, cineasta, participou como montador e diretor de inúmeros documentários da Caravana Farkas. Representante da Fundación del Nuevo Cine Latino-americano (FNCL).

 

JFK – 29/08/2020

Dirigido por Oliver Stone (1991), com Kevin Costner, Tommy Lee Jones, Laurie Metcalf, Gary Oldman. EUA, 189 min. Arquivo Digital

Baseado no relato do promotor Jim Garrison, que ao examinar as conclusões da Comissão Warren sobre o assassinato do presidente Kennedy suspeita que há muito mais do que foi revelado ao público. Aprofundando a investigação, Garrison depara com uma conspiração envolvida com a morte do presidente. Ganhou dois Oscar e um Globo de Ouro, em 1992: Melhor Fotografia, Montagem e Direção.

 

Syriana, a Indústria do Petróleo – 05/09/2020

Dirigido por Stephan Ghagan (2005), com George Clooney, Matt Damon, Jeffrey Wright, Oriel. EUA, 128 min. Arquivo Digital

Syriana é um neologismo que aparece em estudos sobre a criação de um Estado artificial que garanta o acesso ocidental contínuo ao petróleo do Oriente Médio. O filme dá uma panorâmica da caça ao produto, a partir das histórias cruzadas de quatro personagens: um agente da CIA, um analista financeiro, um advogado de Washington e um desempregado paquistanês. Oscar e Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante (Clooney).

Debatedor: Ildo Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, foi diretor da Petrobrás, sendo um dos principais responsáveis pela descoberta dos campos do pré-sal.

 

Limoeiros – 12/09/2020

Dirigido por Eram Riklis (2008), com Hiam Abbass, Rona Lipaz-Michael, Ali Suliman. Israel/França/Alemanha, 106 min. Arquivo Digital

Salma é uma viúva cujo sustento vem de sua plantação de limões, localizada na linha de fronteira entre Israel e Cisjordania. Quando o Ministro de Defesa israelense se muda para a casa em frente, o exército declara que os limoeiros ameaçam a segurança do governante e por isso devem ser arrancados. Prêmios da Academia de Cinema Europeu, de Melhor Roteirista e Melhor Atriz (Abbass), em 2009.

 

Machuca – 19/09/2020

Dirigido por Andrés Wood (2003), com Ariel Mateluna, Manuela Martelli, Aline Küppenheim. Chile, 1973. Chile, 120 min. Arquivo Digital

Chile 1973. Golpe de Pinochet interrompe a experiência do padre McEnroe, diretor do Saint Patrick, colégio de elite na capital chilena, que passara a admitir de forma gratuita no estabelecimento alguns filhos de famílias de trabalhadores. Prêmio Goya de Melhor Filme em Língua Espanhola (2004).

Debatedor: João Vicente Goulart, filósofo, poeta e escritor, é presidente do Instituto João Goulart. Foi deputado estadual (RS) e candidato à Presidência da República.

 

A História Oficial – 26/09/2020

Dirigido por Luiz Puenzo (1985), com Héctor Alterio, Norma Aleandro, Chunchuna Vilafañe. Argentina, 112 min. Arquivo Digital

Após a queda da ditadura militar na Argentina, em 1983, uma professora desconfia que o marido trabalhava para a máquina de repressão e que sua filha adotiva é, na realidade, filha biológica de um casal de “desaparecidos políticos”. Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1986).

Debatedora: Susana Lischinsky, programadora do CPC-UMES Filmes.

 

Pra Frente Brasil – 03/10/2020

Dirigido por Roberto Farias (1982), com Reginaldo Farias, Natália do Valle, Antônio Fagundes, Carlos Zara. Brasil, 105 min. 35MM

Após ser confundido com um ativista político, um comedido cidadão da classe média é preso e torturado por agentes da repressão durante a euforia do “milagre econômico” e da Copa do Mundo de 1970. Melhor Filme no Festival de Gramado (1983), Melhor Diretor no Festival de Berlim (1984).

Debatedor: Carlos Lopes, Diretor de Redação da Hora do Povo, autor de “Os crimes do cartel do bilhão contra o Brasil – O esquema que assaltou a Petrobrás”.

 

Tancredo, A Travessia – 10/10/2020

Dirigido por Sílvio Tendler (2011). Brasil, 104 min. Arquivo Digital

O documentário traça a trajetória de Tancredo Neves (1910-85), político mineiro egresso do getulismo, que, após 20 anos de ditadura,  restabeleceu o governo civil no Brasil, encabeçando uma ampla frente democrática que venceu as eleições para presidente onde esse resultado parecia impossível de ser obtido, no Colégio Eleitoral.

 

Infiltrado na Klan – 17/10/2020

Dirigido por Spike Lee (2018), com John David Washington, Adam Driver, Laura Harrier. EUA, 135 min. Arquivo Digital

Em 1978, um policial consegue se infiltrar na Ku Klux Klan e ficar próximo do líder da seita, David Duke, para sabotar linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.  David Duke é o mesmo que, em outubro de 2018, disse de Bolsonaro, em seu programa de rádio: “Ele soa como nós”. Vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes (2019).

Debatedor: Nei Lopes, compositor, cantor, escritor e estudioso das culturas africanas, no continente de origem e na Diáspora Africana. É diretor da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes (AMAR).

 

Xica da Silva – 24/10/2020

Dirigido por Cacá Diegues (1976), com Zezé Motta, Walmor Chagas, Altair Lima. Brasil,107 min. Arquivo Digital

Xíca da Silva (1732-96), escrava matreira da região diamantina das Minas Gerais, seduz o enviado do Rei, com sua sensualidade, para compartilhar o seu poder. Ela queria a liberdade para ser igual aos brancos. Quando a consegue, descobre que as portas da sociedade não se abririam tão facilmente. Recebeu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz (Zezé Motta) do Festival de Brasília, em 1977.

Debatedora: Zezé Motta, atriz e cantora, participou de mais de 40 filmes, inúmeras produções de televisão e gravou mais de uma dezena de discos.

 

Tratoristas – 31/10/2020

Dirigido por Ivan Pyriev (1939), com Marina Ladynina, Nikolai Kriuchkov, Boris Andreev, URSS, 82 min. Arquivo Digital

De volta da guerra no Extremo Oriente, piloto de tanque se apaixona pela líder de uma equipe de tratoristas. A canção-tema, de Dmitri e Daniel Pokrass, que acompanha os créditos desta comédia musical se tornou um marcante sucesso popular.

Debatedora: Vera Gers Dimitrov, diretora da Associação Cultural Grupo Volga de Folclore Russo, dedicada a difusão da cultura e das tradições russas no Brasil.

 

Norma Rae – 07/11/2020

Dirigido por Martim Ritt (1979), com Sally Field, Beau Bridges, Ron Leibman. EUA, 115 min. Arquivo Digital

Em 1978, numa cidade do Alabama, a maioria da população está empregada em uma indústria têxtil, cujas condições de trabalho são precárias. Lá trabalha Norma Rae, uma mãe solteira que vive com os pais, também operários da fábrica. E eis que chega de Nova Iorque o sindicalista Reuben Warshowsky,  procurando lugar para morar numa casa de família. Oscar e Globo de Ouro de Melhor Atriz (Sally Field), em 1980.

Debatedoras: Nádia Campeão foi secretária de Educação e vice prefeita de São Paulo. Márcia Campos foi fundadora e presidente da Confederação das Mulheres do Brasil, presidente da Federação Democrática Internacional de Mulheres.

 

A Estratégia do Caracol – 14/11/2020

Dirigido por Sérgio Cabreira (1993), com Frank Ramírez, Fausto Cabrera, Humberto Dorado, Vicky Hernández. Colômbia, 116 min. Arquivo Digital

Moradores de bairro pobre de Bogotá dão o melhor de si na luta para evitar a demolição do casarão que ocupam há anos, a Casa Uribe, de propriedade de um milionário  inescrupuloso.

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Fim da picada – Walter Sorrentino

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Mussolini e seus milicianos, os “camisas negras”, na marcha sobre Roma

WALTER SORRENTINO (*)

O carnaval já chegou e a folia vai desconcentrar-se de assuntos agônicos. Mas seguirá a marcha da deriva do Brasil sob direção de Bolsonaro.

É o fim da picada. Chega uma hora em que quase já tudo foi dito e evidenciado sobre a deriva nacional quando Heleno bate na mesa, Guedes aprofunda sua ligação com o núcleo ideológico do governo, uma testemunha ameaçadora para o clã que tomou conta do país é assassinado obscuramente, o presidente se mostra um ser grotesco, inepto para governar, o senador Cid Gomes é baleado… Veríssimo foi certeiro: o Brasil está sendo apatifado.

A lista do arbítrio, da destruição do Estado, do esgarçamento do tecido social e do avanço das milícias e do neopentecostalismo para-estatal já tem dimensão histórica inédita. O desemprego, a violência, as condições do serviço público em geral, a indignação com as desigualdade crescentes, destruição do patrimônio público, a economia em depressão – tudo isso vai se acumulando na panela de pressão, mas não encontra escoadouro e consenso na maioria da sociedade.

Entretanto, a escalada autoritária é a marca central hoje no Brasil. Vozes se alevantam – felizmente – contra esse estado de coisas, inclusive na grande mídia, nas instituições e em setores conservadores, porém democráticos. Esse governo é inviável se mantiver o arcabouço institucional formal ainda vigente. Se há algum consenso maior, é esse, e a maioria do povo será capaz de entendê-lo.

Entretanto, o que não foi dito – aquelas coisas que também entram para a história – é por que a maioria da esquerda brasileira se recusa a entender o grau das ameaças autoritárias e a unir-se para liderar a luta lado a lado com amplos setores para barrar essa insanidade, isolar e derrotar Bolsonaro no terreno da luta por um Estado democrático de direito, em defesa da Constituição.

Muitos na esquerda estão perdidos em abstrações pensando em 2022 – que país haverá até lá? Que hegemonia pode ter uma esquerda que não se disponha a sair das montanhas escarpadas e ir para a planície, onde está a maioria dos brasileiros de todos os credos e inclinações políticas, para uma mensagem de esforços em comum para esconjurar o perigo autoritário e permitir, aí sim, que se reponha o pacto democrático para as disputas inevitáveis de rumos para o país? Bem vistas as coisas, estamos às voltas com uma crise que acomete tais forças da esquerda. O custo disso será elevado!

*Walter Sorrentino é vice-presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Publicado no Jornal Hora do Povo.

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El Cid e a coragem de Brizola – Gustavo Castañon

CID-GOMES-reprodução.jpg Senador Cid Ferreira Gomes (PDT-CE), após ter sido baleado duas vezes, em Sobral, no Ceará – Foto: Reprodução

 

GUSTAVO CASTAÑON*

Vivi para ver parte da milícia digital do PT, de sua blogosfera, defender milicianos mascarados que aterrorizavam a população do Ceará e chamar de “imprudente”, ou “transloucada” a atitude de coragem do Senador Cid Gomes.

Vivi para ver o PT, depois de um Senador da República ser alvejado no peito enfrentando as milícias que tomaram de assalto o Estado Brasileiro, emitir uma nota de solidariedade ao… Governador do Estado. Que é do PT.

Consultando o monitoramento de rede, viram que a população esmagadoramente ficou do lado de Cid, e se juntaram à rede Bolsonarista liderada por Eduardo Bolsonaro para mais uma vez atacar um Ferreira Gomes, exatamente como fizeram no primeiro turno de 2018.

Esse é o tamanho moral deles.

O Brasil está tomando um golpe de Estado lento e gradual.

Somos uma República de Milicianos.

E a preocupação do PT é os Ferreira Gomes.

Cid não avançou com a retroescavadeira para cima de pessoas.

Ele foi desarmado conversar com um grupo de milicianos mascarados e armados que aterrorizavam Sobral e pedir para eles desocuparem um prédio público e deixarem os policiais, que já tinham feito acordo para voltar ao trabalho, pegarem suas viaturas.

Depois de dialogar por minutos e levar um soco na cara, Cid dirigiu pessoalmente uma retroescavadeira para arrancar o portão e liberar o quartel. Arrancado o portão, parou. Foi só então que foi alvejado com dois tiros no peito.

Os marginais atiraram para matar.

No momento em que a primeira autoridade brasileira finalmente se levanta e enfrenta cara a cara as milícias que estão se apoderando do Brasil, blogueiros que se dizem “jornalistas de esquerda” mas passaram a obedecer o dinheiro de “publicidade” de governos de estado e prefeituras (como antes obedeciam seus patrões na Globo e Veja), voltam mais uma vez para a crítica microbiótica e psicologista atribuindo um ato político da maior envergadura e realizado de cabeça fria a “destempero” e “autoritarismo”.

O PT diminuiu tanto a esquerda com sua covardia que não consegue nem mais louvar a coragem ou muito menos reconhecer um ato de heroísmo e auto-sacrifício. Pra quem se entrega como Lula, heroísmo não é nada além de loucura.

O Brasil agora está se tornando um Estado governado por bandidos à margem da lei que já começaram a matar seus opositores políticos pelas ruas.

Um momento político como esse requer mais que twittadas, lacração, artigos como este próprio ou ciranda, requer atos, requer lideranças que enfrentem o banditismo e o fascismo de peito aberto e, se preciso for, de retroescavadeira.

Mas isso simplesmente não pode ser aceito por uma cultura política que arruinou o Brasil, degradou a esquerda brasileira com atos de vilania e covardia extrema.

Hoje, coragem para eles é só o espelho no qual eles são obrigados a contemplar sua pusilânime covardia.

Cid na retroescavadeira foi ao quartel da PM retirar um portão, mas acabou retirando para sempre a máscara de civilidade que o PT deu a sua covardia que destruiu o país e a esquerda.

Obrigado Cid, como Brizola com a Cadeia da Legalidade, ontem, com seu próprio corpo, você pode ter parado um golpe de Estado em curso e desmascarado os bandidos que estão hoje no poder. Defendeu a cidadania e inspirou milhões de brasileiros a lutarem com coragem e destemor por nossa democracia e o estado de direito.

Saúde pra você e paz para o Brasil!

Mas paz com voz, porque “paz sem voz, não é paz, é medo”.

Gustavo Castañon é professor do departamento de Filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Publicado originalmente no Portal Disparada.