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Bolsonaro diz que Educação Pública recebe dinheiro demais no Brasil

gettyimages-968564926“O Brasil gasta mais em educação em relação ao PIB que a média de países desenvolvidos”, disse ele.

 

Jair Bolsonaro usou, como sempre tem feito, o expediente do twitter para dizer, nesta segunda-feira (04), que a educação no Brasil recebe dinheiro demais. “O Brasil gasta mais em educação em relação ao PIB que a média de países desenvolvidos”, disse ele. 

E acrescentou a observação de que as verbas para a educação foram aumentadas e o ensino não melhorou. “Em 2003 o MEC gastava cerca de R$ 30 bi em Educação e em 2016, gastando 4 vezes mais, chegando a cerca de R$ 130 bi, ocupa as últimas posições no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA)”, afirmou o presidente. 

O Brasil, ao contrário do que diz Bolsonaro, gasta muito pouco com Educação. Em 2012, segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), o Brasil investia 5,6% do PIB em Educação; em 2013, caiu para 5,2%; em 2014 caiu ainda mais, para 4,9% e, em 2015, voltou a investir 5% do PIB em Educação. Em 2018 esse índice ficou em 6% do PIB. 

Ao dizer que o Brasil gasta muito em educação, Bolsonaro desconsidera que o gasto per capita em educação pública do Brasil – que é o que interessa – é um dos mais baixos do mundo. Esta afirmação de que o Brasil está gastando muito é, portanto, falsa. Ou uma meia verdade, dessas que só serve para uma coisa: justificar a redução de verbas para a educação. 

Quando divide-se o valor gasto em todos os níveis de ensino pelo total de alunos, o Brasil ocupa um dos últimos lugares entre os países da OCDE. Gasta metade do valor gasto em média pelos países da OCDE (US$ 5.610 por estudante), enquanto a média da OCDE é de US$ 10.759.

No ensino superior a situação do Brasil é um pouco melhor com um gasto por aluno ano de US$ 11.066, enquanto a média dos países da OCDE é de US$ 16.143. No ensino básico o Brasil gasta uma média de US$ 3.800 por aluno, enquanto nos países da OCDE essa média é de US$ 10.106.

Entre os países analisados em um estudo do órgão (Eduaction at a Glance 2917), apenas seis países gastam menos com alunos na faixa de dez anos de idade do que o Brasil, entre eles a Argentina (U$ 2,4 mil), o México (US$ 2,9 mil) e a Colômbia (U$ 2,5 mil). A Indonésia é o país lanterna, com gastos de apenas US$ 1,5 mil.

Para sustentar o que diz, Bolsonaro cita o exemplo dos países ricos, ou seja, os 35 países da OCDE, que investem em média 5,6% do PIB em educação. Para o presidente, o fato do Brasil investir, em relação ao PIB, o mesmo, ou um pouco mais do que a média dos países da OCDE, é um absurdo. É dinheiro demais! Não pode ser. Para ele, o Brasil não tem que ser último só no gasto per capita, tem que ser também no gasto em relação ao PIB.

E mais, desses 6% do PIB investidos em educação pública, cerca de 4%, segundo o Ministério da Educação, estão a cargo dos Estados e Municípios e 2% a cargo da União. A União investe 0,4% do PIB no ensino básico. Os restantes 1,6% são destinados ao ensino superior. A meta para 2020 do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2012, é chegar a um investimento total de 10% do PIB na educação. 

O Congresso Nacional, já em 2012, identificava a insuficiência de verbas para a educação pública no Brasil e aprovou o Plano Nacional de Educação prevendo a necessidade de aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor. Ou seja, praticamente o dobro dos recursos gastos atualmente. Apesar de uma manobra do governo Dilma, que previu que parte desses 10% do PIB poderia ir para o ensino privado, o Congresso reconheceu a necessidade do país investir mais em educação. 

O argumento de Bolsonaro, de que aumentou a verba e o ensino não melhorou, é uma falácia. Isto não é verdade. O valor nominal foi de R$ 33 bi em 2003 para R$ 115 bi em 2018, segundo dados do MEC. Mas, como dissemos, o gasto per capita – recursos para cada aluno – não aumentou no período citado por ele. Ele está estagnado num nível muito baixo. Num nível dos menores do mundo. Portanto, a verdade é que essa afirmação de que houve aumento e há dinheiro demais na educação não se sustenta. 

O Brasil realmente ocupa as últimas posições no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), como diz Bolsonaro, só que a causa desse resultado não o excesso de dinheiro como ele afirma. É exatamente o contrário. É a falta de investimentos que derruba a qualidade do ensino no Brasil. 

Isso é simples de se confirmar. É só comparar o resultado das escolas do ensino básico como um todo, com o resultado das escolas federais (Institutos Tecnológicos), que têm um investimento per capita maior. As escolas federais isoladamente estão no topo, tanto do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) quanto do PISA, citado por Bolsonaro. A causa disso é que o gasto per capita com alunos nas escolas federais está muito mais próximo da média dos países da OCDE do que o gasto per capita da rede pública geral. 

O salário pago aos professores da rede federal de ensino, todos concursados, treinados e motivados, nas 451 escolas federais do país, com seus 257 mil alunos, é cerca de três vezes o que se paga ao professor da rede pública geral (o piso salarial do professor da rede pública são míseros R$ 2.455,35). Dados do último censo escolar revelam que o Brasil possui 5.610 carreiras de professores municipais e estaduais. São 180 mil escolas, 51 milhões de crianças em idade escolar e 1,8 milhão de professores. Todos muito mal pagos e desprestigiados. 

Tudo indica, pela afirmação de Bolsonaro, que ele e Guedes não estão de olho apenas no R$ 1 trilhão da Previdência Social, ou seja, não estão de olho só no dinheiro de quem trabalha, para desviar aos parasitas que nunca pegaram no batente. Com essa afirmação sobre a educação, eles dão fortes sinais de que pretendem também retirar o “excesso” de verbas de quem estuda em escola pública no Brasil. 

Ao contrário do ‘argumento’ do presidente, o que se vê é que faltam recursos e que, quanto mais se investe per capita (por aluno), quanto mais se paga melhor aos professores, quanto mais se aplicam em pesquisa, quanto mais se constróem escolas e se investem em ensino integral de qualidade, melhores são os resultados. 

O investimento por aluno no Brasil, como vimos, é uma vegonha. Ele está não só estagnado, como permanece no fundo do poço. Bolsonaro está, portanto, mentindo quando diz o contrário. Seu objetivo com essa conversa não é outro senão tentar reduzir as verbas da educação pública no Brasil.

Por  Publicado em 5 de março de 2019

 

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Assista ao filme “O Vento Será Tua Herança“, de Daniel Petrie, na estreia da mostra Cinema Com Partido!

O VENTO SERA TUA HERANCA j

 

No próximo sábado (09), o Cine-Teatro Denoy de Oliveira dá início a sua nova mostra intitulada “Cinema Com Partido – Mostra Democrática“, que é uma resposta à tentativa de institucionalizar aberrações como a proposta da “Escola sem Partido” ou o retorno das teses criacionista ou terraplanistas – que ressurgiram do fosso com a ascensão de Bolsonaro.

 

A sessão será iniciada às 10 horas da manhã no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Após o filme, a sessão fará um debate com a presença do bioantropólogo Walter Neves, pai do fóssil Luzia, o esqueleto humano mais antigo das Américas.

 

 

“O VENTO SERÁ TUA HERANÇA” (1999), DE DANIEL PETRIE

 

SINOPSE

O filme é baseado em um caso real, o “Processo do Macaco de Scopes”, como foi chamada a ação do Estado do Tennessee contra o professor de biologia John Thomas Scopes, julgado, em 1925, por ensinar a Teoria da Evolução, de Darwin, numa escola pública. Criacionismo e Escola Sem Partido já exalavam forte bolor há 100 anos…

 

SERVIÇO

Filme: O Vento Será Tua Herança (1999), de Daniel Petrie

Duração: 108 minutos

Quando: 09/03 (sábado)

Que horas: pontualmente às 10 horas da manhã.

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)

 

 

 

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Bloco UMES Caras Pintadas animou as ruas do Bixiga na noite dessa terça-feira

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Ao som das mais tradicionais marchinhas de carnaval, o Bloco UMES Caras Pintadas desfilou por mais um ano! E esse ano com gostinho especial na festa, o bloco comemorou 25 anos de sua fundação.

 

Com o tema “25 anos de luta e alegria pelas ruas do Bixiga” a marchinha, que também lembrou da luta dos estudantes por educação de qualidade e pelo desenvolvimento do país, foi composta pelo músico Kaká Silva que também faz parte da Companhia Paulista de Samba, banda que animou a festa. Ouça abaixo.

 

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Às 15h00 começou a distribuição dos abadas, que nesse ano eram trocados por um kilo de alimento. Os alimentos arrecadados serão doados para uma entidade e um projeto social do bairro, a Associação de Mulheres Unidas Venceremos e projeto Bateria 013.

 

A festa foi abrilhantada pela Rainha do Bixiga, Ludmila Bispo, que carregou o standart do bloco.

 

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Antes do desfile teve roda de capoeira com os alunos do projeto Capoeira na UMES e durante a festa teve concurso de fantasias que foi vencido por duas lindas folionas mirins. Além disso,  também foram sorteados os prêmios para os participantes do evento do Facebook e Instagram, além do sorteio da rifa valendo um forno doado pela empresa Layr e um jantar doado pela cantina Concheta. Os vencedores foram, respectivamente Matheus Henrique Saraiva que ganhou a camiseta da Vai-Vai, Maria Vitória Santana que ganhou as camisetas I Love Bixiga e Adoniran Barbosa e Ulisses José Ramos que ganhou o forno e o jantar.

 

Veja aqui mais fotos da festa

 

 

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Ministro da Educação manda diretores repetirem slogan de Bolsonaro nas escolas

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Como ninguém obedeceu, ele esclareceu que era uma “recomendação”

O ministro da Educação de Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodríguez, enviou, na segunda-feira (25/02), um e-mail para os diretores das escolas de todo o país, públicas e particulares, orientando a que, depois da execução do hino nacional, seja lida uma mensagem para os alunos, que termina com “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”.

O ministro recomendava ainda que as crianças fossem filmadas, nas escolas, realizando tal saudação.

O texto da mensagem era o seguinte:

“Prezados Diretores, pedimos que, no primeiro dia da volta às aulas, seja lida a carta que segue em anexo nesta mensagem, de autoria do Ministro da Educação, Professor Ricardo Vélez Rodríguez, para professores, alunos e demais funcionários da escola, com todos perfilados diante da bandeira do Brasil (se houver) e que seja executado o hino nacional.”

A carta anexa era a seguinte:

MENSAGEM

Em seguida, prosseguia o e-mail:

“Solicita-se, por último, que um representante da escola filme (pode ser com celular) trechos curtos da leitura da carta e da execução do hino nacional. E que, em seguida, envie o arquivo de vídeo (em tamanho menor do que 25 MB) com os dados da escola.”

O ministro da Educação de Bolsonaro ignorava que o “primeiro dia de volta às aulas” foi no começo de fevereiro.

Vélez Rodríguez, que é colombiano, indicado para a pasta pelo astrólogo Olavo de Carvalho, é um grande defensor do projeto bolsonarista de perseguição ideológica nas salas de aula, conhecido como “Escola Sem Partido”.

A mensagem provocou reações no meio educacional, entre pais de estudantes e representantes de Estado.

O governo de Pernambuco, liderado por Paulo Câmara, informou que “esta medida do MEC não terá aplicabilidade nas escolas da rede pública estadual”. Apontou o governo pernambucano que “esta ação do MEC fere a autonomia da gestão em nossas escolas e, especialmente, a dos entes da federação”.

A nota frisa que “o que o Brasil precisa é que a União, os Estados e municípios priorizem um verdadeiro pacto na busca pela aprendizagem das crianças e jovens brasileiros”.

O Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed) disse, também em nota, que a ação fere não apenas a autonomia dos gestores, mas a dos entes da Federação. “O ambiente escolar deve estar imune a qualquer tipo de ingerência político-partidária”, disse o Consed. Para o órgão, o Brasil precisa, “ao contrário de estimular pequenas disputas ideológicas na Educação”, priorizar a aprendizagem.

“Isso é ilegal, o MEC não tem competência para pedir nada disso às escolas”, declarou o diretor da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), Arthur Fonseca Filho.

Segundo o diretor de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, mesmo que o pedido tenha caráter voluntário, é uma ação “sem precedentes no passado recente brasileiro”. O que essa ação reforça, para ele, é que o MEC caminha no sentido contrário do que precisa ser foco. “É desvio do que é essencial. O MEC tem silenciado até aqui a respeito de temas urgentes”.

Até mesmo bolsonaristas criticaram a mensagem do ministro. A deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) achou o e-mail “surreal” – e recomendou ao ministro contratar um assessor jurídico para auxiliá-lo.

Ainda na segunda-feira, a assessoria de imprensa do MEC – debaixo de pau, como diz o povo – esclareceu que a carta é apenas uma recomendação e não uma ordem. Mas que a recomendação faz parte da “política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais” do ministro.

Na tarde da terça-feira (26/02), o ministro recuou e tirou de circulação a carta. De acordo com ele, uma nova mensagem, sem o slogan bolsonarista e sem a orientação para filmar os alunos, será enviada para as escolas.

“Eu percebi o erro”, declarou o ministro. “Tirei essa frase [Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!]). Tirei a parte correspondente a filmar crianças sem a autorização dos pais”.

Segundo Vélez, isso resolveu o problema.

Por  Publicado em 26 de fevereiro de 2019

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CPC-UMES estreia “Cinema com Partido – Mostra Democrática”, no dia 9 de março

CINEMA-COM-PARTIDO-1Mostra estreia, no dia 9 de março, com o filme “O Vento Será Tua Herança”

 A história das lutas sociais e democráticas abordada através de um panorama do cinema mundial é o tema da mostra Cinema com Partido – Mostra Democrática, que a partir de 09 de março fará parte da programação semanal do Cine-Teatro Denoy de Oliveira no bairro do Bixiga, em São Paulo.

Organizada pelo Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES) a mostra apresentará 38 filmes de 11 cinematografias – todos com temas que o cinema universal tem abordado e denunciado ao longo do tempo. 

A mostra – inclusive pelo título – é uma resposta à tentativa de institucionalizar aberrações como a proposta da “Escola sem Partido” ou o retorno das teses criacionista ou terraplanistas – que ressurgiram do fosso com a ascensão de Bolsonaro.

Lucas Chen, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP) registra a importância do cinema como linguagem e veículo de debate.

“Ao contrário do obscurantismo e ignorância pregadas pelo atual governo, nossa ideia de mostra democrática é usar a linguagem cinematográfica para refletir e debater sobre as questões históricas e sociais”. Segundo Lucas Chen, a ideia é convidar professores, cientistas e especialistas para qualificar os debates e aprofundar os temas abordados pelos filmes.

“Além de uma tentativa de silenciar o debate, o pensamento e a organização, essa proposta de Escola sem Partido é uma proposta anticientífica e de negação da história”, diz o presidente da entidade que representa mais de 4 milhões de estudantes secundaristas da cidade de São Paulo. “Especialmente em um momento como esse, nós tomamos partido pela educação, pela democracia e contra a ignorância”.

“Trabalhadores sem direitos, colonialismo; imperialismo; racismo; discriminação das mulheres; extermínio das populações indígenas; degradação do meio-ambiente; ciência e escola sob censura de pretensos intérpretes das Escrituras; aversão à democracia e seu fundamento, o livre debate entre partidos políticos; exaltação das ditaduras, do pensamento único, da violência, da intolerância, da corrupção, da hipocrisia (qualquer semelhança com o governo da família de Bolsonaro será mera coincidência?)”, apresenta a chamada da entidade para a mostra. “Para a extrema-direita, isto é doutrinação. Para as correntes de opinião comprometidas com a democracia é cultura e arte”.

A programação da mostra em 2019 contará com filmes dos Estados Unidos (13), França (2), Inglaterra (3), Itália (6), Espanha (2), União Soviética (2), Índia (1), Israel (1), México (1), Argentina (1), Brasil (6).

Na estreia da mostra, dia 09, será exibido o filme O Vento Será Tua Herança, de Daniel Petrie (1999). O filme é baseado no “Processo do Macaco de Scopes” – como foi chamada a ação do Estado do Tennessee contra o professor de biologia John Thomas Scopes, julgado em 1925 por ensinar a Teoria da Evolução numa escola pública. “Criacionismo e Escola sem Partido já exalavam forte bolor há 100 anos…”, comenta a entidade.

O Cine-Teatro Denoy de Oliveira é uma referência no bairro do Bixiga por conta das mostras de cinema gratuitas – a permanente de cinema italiano é uma das que tem público cativo às segundas-feiras à noite.

A mostra Cinema com Partido – Mostra Democrática é gratuita e acontecerá sempre aos sábados, às 10h da manhã.

A programação e sinopse dos filmes apresentados podem ser consultadas aqui.

 

 

PRISCILA CASALE

 Por  Publicado em 25 de fevereiro de 2019

 

 

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Assista ao filme “O Conformista”, de Bernardo Bertolucci, na Mostra Permanente de Cinema Italiano da UMES!

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Na próxima segunda-feira (25), a Mostra Permanente de Cinema Italiano apresenta o filme “O Conformista“ (1970), de Bernardo Bertolucci. Aproveite, só na UMES você confere o melhor do cinema italiano com entrada franca!

 

Confirme sua presença no Facebook!

 

A sessão será iniciada às 19 horas no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Chame sua família e seus amigos, participe!

 

 

“O CONFORMISTA” (1970), DE BERNARDO BERTOLUCCI

 

SINOPSE

Roma, 1938. Marcello (Jean-Louis Trintignant) é o mais novo funcionário de Mussollini e flerta com a bela Giulia (Stefania Sandrelli). Casados, os dois vão para Paris em lua de mel. Lá Marcello deve cumprir uma missão designada por seus chefes: eliminar um professor que fugiu da Itália assim que os fascistas assumiram o poder.

 

O DIRETOR

Filho do poeta e crítico de cinema Attilio Bertolucci, Bernardo Bertolucci nasceu em Parma. Começou cedo, ainda no final dos anos 50, quando realizou seus primeiros curta-metragens em 1959 e 1960. Em 1961, frequentou a Universidade de Roma onde começou o curso de Literatura Moderna após trabalhar como assistente de direção em “Accattone”, de Pier Paolo Pasolini. Estreou como diretor em 1962 com o longa “A Morte”.

Conhecido por sua versatilidade, Bertolucci tem entre suas obras “Antes da Revolução” (1964); o clássico “O Conformista” (1970), livre adaptação do livro homônimo de Alberto Moravia; o polêmico “O Último Tango em Paris” (1972), com Marlon Brando e Maria Schneider; o épico “1900”, realizado em 1976. Também se destacam, o multipremiado “O Último Imperador” (1987),  “O Céu que Nos Protege” (1990) e “Os Sonhadores” (2003).

 

Confira nossa programação completa!

 

SERVIÇO

Filme: O Conformista, de Bernardo Bertolucci

Duração: 113 minutos

Quando: 25/02 (segunda-feira)

Que horas: pontualmente às 19 horas.

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)

 

 

 

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Reduzindo e simplificando a complexidade irredutível

aSahelanthropus tchadensis, possível ancestral comum de humanos e chimpanzés/Didier Descouens – CC BY-SA 4.0

O movimento antievolução, tal como o conhecemos hoje, começou nos EUA. No início do século 20, a evolução começou a ser ensinada no ensino médio americano. Logo em seguida, formou-se um movimento cristão – predominantemente protestante –  com muito medo de que o estudo da evolução afastasse os jovens da crença em Deus. No período de 1919 a 1927, foram feitas várias tentativas legais de banir o ensino da evolução nas escolas americanas, com sucesso temporário. Essas proibições ganharam projeção internacional  depois que um professor do Tennessee, chamado John Scopes, foi condenado por ensinar evolução em uma escola pública, contrariando a lei estadual vigente.

A evolução voltou a ser ensinada nas escolas públicas dos EUA no fim da década de 1950, gerando a segunda onda antievolucionista. Em 1968, a Suprema Corte dos EUA decidiu que leis proibindo o ensino de evolução eram inconstitucionais. Religiosos da época, ainda preocupados com a alma das crianças, tentaram então determinar que, ao menos, a Bíblia fosse ensinada ao lado da ciência biológica. O problema era que a Constituição americana confere status laico às instituições públicas, como escolas financiadas pelo contribuinte. Por algum tempo, a saída mais elegante pareceu ser, então, conferir status científico ao mito da criação. Em 1972, foi criado o Instituto de Pesquisa da Criação (Institute for Creation Research – ICR).

Para frustração dos envolvidos, em 1987, a Suprema Corte decidiu que a “Ciência da Criação” era apenas uma posição religiosa, e portanto, não deveria ser ensinada nas escolas como uma teoria científica. Mas os criacionistas não desistiam facilmente, e o movimento seguiu crescendo.

Cristãos protestantes continuaram pregando a criação como ciência, simplesmente para poder escapar da legislação que proibia o ensino religioso nas escolas mantidas com dinheiro público. Se a criação pudesse ser apresentada como ciência, o problema estaria resolvido. Uma organização devotada a promover o criacionismo, Answers in Genesis, chegou a inaugurar um Museu de História Natural no Kentucky em 2007, com um custo aproximado de US$ 27 milhões. Ali, pela bagatela de US$70,00 você pode fazer a visita ao acervo e, ainda, ter uma experiência exclusiva na “réplica” da Arca de Noé. O livro “Um dilúvio de evidências” sai por US$13,00 na loja de lembrancinhas. O Museu já recebeu 3,5 milhões de visitantes desde a inauguração.

Design Inteligente

Foi neste contexto, de mascarar a Bíblia como ciência, que surgiu a “teoria” do Design Inteligente (DI), criada para driblar as barreiras legais ao ensino de criacionismo nas escolas. A proposta era abrir espaço para o ensino de “explicações alternativas” à evolução, sempre dentro das aulas de ciências. O Design Inteligente nunca teve nenhum interesse em fazer pesquisa científica. Foi – e continua sendo – uma jogada política para infiltrar religião nas escolas públicas dos EUA.

O DI não oferece nenhuma explicação científica para a origem do Universo, dos seres vivos ou das espécies. Toda o seu embasamento “científico” consiste em tentar refutar a Teoria da Evolução, apontando supostos furos ou incoerências na síntese moderna, como é chamada a combinação entre as ideias atuais sobre evolução, desenvolvidas a partir dos trabalhos originais de Darwin e Wallace, com os conhecimentos mais avançados sobre genética e bioquímica.

Dentre essas tentativas, o argumento mais recorrente usado pelos defensores do DI é o da “complexidade irredutível”. Esse argumento postula a existência de sistemas biológicos de tal complexidade que seria impossível reduzi-los a um processo passo-a-passo, supostamente necessário para que fossem produto da seleção natural. O maior defensor da complexidade irredutível é Michael Behe, que publicou, em 1997, o livro “A caixa preta de Darwin”, onde oferece vários exemplos de tais sistemas.

Ratoeiras

Tudo o que Behe conseguiu demonstrar, no entanto, foi uma total incompreensão de como a evolução funciona. Segundo o autor, um sistema complexo, para ser produto de evolução darwiniana, teria de ser desmontável  em várias partes, e cada parte deveria ter tido uma função que oferecesse vantagem seletiva ao organismo, sempre no rumo indicado pela estrutura final. Para ilustrar essa linha de pensamento, Behe usa o exemplo de uma ratoeira, e do flagelo bacteriano, estrutura complexa que algumas bactérias utilizam para locomoção.

Vamos começar com a ratoeira. Behe argumenta que uma ratoeira, para funcionar plenamente, precisa de todas as suas partes. Se retirarmos uma das partes, ela já não funciona. E as partes sozinhas também não servem para nada. Assim, a ratoeira é um sistema de complexidade irredutível. Não podemos reduzi-la a uma evolução onde cada etapa, cada parte da ratoeira, conferisse uma vantagem ao caçador de ratos e, portanto, pudesse ser um produto de seleção natural. Além disso, Behe advoga que inúmeras mutações seriam necessárias para cada etapa chegar ao seu destino final.

Ele ignora o fato de que a evolução não é dirigida. Diferentemente de algo desenhado PARA uma função, nenhum organismo vivo evolui com uma determinada finalidade. A evolução ocorre às cegas e ao acaso. Assim, as diversas partes de uma ratoeira poderiam, digamos, ter sido selecionadas por conferir vantagens que não têm nenhuma relação com a morte de roedores.

A “função” das partes não está necessariamente relacionada à função final da ratoeira. As partes também podem não ter conferido nenhuma vantagem, mas simplesmente não sendo prejudiciais, permaneceram ali. Keneth Miller ilustrou muito bem isso quando usou um gatilho de ratoeira como alfinete de gravata, em um julgamento sobre DI nos EUA.

Flagelos

No caso do flagelo bacteriano, o exemplo queridinho do DI, Behe argumenta que, para a estrutura funcionar como funciona – no papel de uma espécie de “motor de popa” que permite a certas bactérias se deslocar na água – as 42 proteínas que a compõem precisariam ter sido selecionadas, separadamente, por conferir alguma vantagem à locomoção da bactéria, o que não ocorre.

Se qualquer uma destas proteínas for removida, o flagelo não funciona. Além disso, para formar o flagelo, cada proteína precisaria ter sido selecionada antes do flagelo existir, sem função aparente. Então por que essas proteínas teriam sido selecionadas? Assim, segundo o DI, bingo! O flagelo é um sistema complexo irredutível, e não pode ser adequadamente explicado por evolução darwiniana.

Mas a evolução não funciona assim. O fato é que cada uma dessas 42 proteínas tem outra função na célula, além da envolvida em compor o flagelo. Ou seja, cada uma das 42 proteínas já estava lá, cumprindo outras funções na bactéria, antes de ter sido cooptada para formar o “motorzinho”. Existem também combinações destas proteínas que já apresentavam outras funções na célula. Resumindo:  as proteínas já existiam e, tanto isoladamente como combinadas, já eram úteis para o organismo antes de se encontrarem no flagelo.

Para utilizar essas proteínas já existentes e compor um flagelo, obtendo, agora, a vantagem extra da motilidade, a célula só precisaria de algumas mutações extras. Este modelo ilustra bem um dos processos pelo qual o flagelo poderia surgir, de acordo com a evolução.

O flagelo bacteriano não é portanto, um modelo de complexidade irredutível. Além de distorcer o conceito de evolução darwiniana tentando reduzi-lo a uma “seleção natural dirigida passo-a-passo”, os defensores do DI ignoram outros mecanismos de evolução, como a transferência horizontal de genes e a deriva genética.

 Mutações não são a única forma de a natureza produzir mudanças. A transferência horizontal de genes entre bactérias é extremamente comum. Graças a ela, frequente troca de material genético e informações ocorre. Em plantas, mecanismos de hibridização ocorrem tanto naturalmente quando por seleção artificial, conferindo características diferentes aos novos cultivares, e que não surgem por mutações. O próprio genoma humano oferece evidências de transferência de genes vindos de outros organismos. Temos um gene de placenta que é homólogo a um gene de envelope de vírus. Nossas células só conseguem respirar graças à mitocôndria, organela que se originou de uma bactéria.

De volta ao pó

A deriva genética também causa variação que nada tem a ver com seleção natural. Trata-se da prevalência de genes ou características que permanecem graças a interferências aleatórias do meio, ou porque uma população morre antes de se reproduzir e seus genes acabam sumindo. Um bom exemplo de deriva genética são cataclismos. Se uma população completa de animais de olhos azuis morre por causa de um terremoto, e uma população da mesma espécie, mas com uma variação de olhos castanhos, sobrevive porque estava em outro lugar, os olhos castanhos serão selecionados não por conferir qualquer vantagem ao organismo, mas simplesmente por acaso.

Além do argumento da complexidade irredutível ser facilmente redutível a pó, os proponentes do DI também não apresentam produção científica de qualidade para fortalecer sua teoria. Não há publicações em periódicos em número relevante, e os autores também não oferecem nenhuma hipótese científica para a origem das espécies, além da explicação religiosa de que tudo teria sido desenhado por um criador inteligente.

Por mais que tente se disfarçar, o Design Inteligente não é ciência. É apenas uma manobra política e burocrática, liderada por frentes religiosas, para empurrar o criacionismo parra dentro das escolas. Tendo fracassado nos EUA,  seus articuladores buscam  terreno fértil em outros países. No momento, o Brasil é um alvo fácil e atraente.

Artigo de autoria de Natalia Pasternak
Publicado por Revista Questão de Ciência

Natalia Pasternak é pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, coordenadora nacional do festival de divulgação científica Pint of Science para o Brasil e presidente do Instituto Questão de Ciência.

 

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Em SP, milhares de trabalhadores repudiam reforma da Previdência

ato-ernestoManifestação foi convocada pelas Centrais Sindicais – Foto Ernesto Cruz/ HP

Milhares de trabalhadores vindos de diversas cidades e estados ocuparam a Praça da Sé, no Centro de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (20), na Assembléia Nacional da Classe Trabalhadora em defesa da Previdência pública e contra a proposta de reforma, que foi entregue pelo presidente Bolsonaro na Câmara dos Deputados na manhã de hoje.

O ato organizado pelas Centrais Sindicais e entidades populares marcou o início da mobilização dos trabalhadores e aposentados contra a reforma que, na prática, retarda a aposentadoria, corta benefícios e privatiza a Seguridade.

Estiveram presentes no ato, entre outras entidades, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Confederação das Mulheres do Brasil (CMB). Manifestações em defesa da aposentadoria também aconteceram em várias partes do país.

Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, “a reforma da Previdência vai agravar ainda mais o quadro de ataques que os trabalhadores já sofreram recentemente, estipulando o mínimo de 40 anos de contribuição e a idade mínima de 65 anos, penalizando, sobretudo, aqueles que mais necessitam dos benefícios previdenciários”.

“Já fomos atacados pela reforma trabalhista, pela terceirização generalizada e pela EC 95, que congelou os investimentos em educação. Essa proposta, se passar, será mais um abalo profundo na vida dos trabalhadores”, afirmou.

Segundo Araújo “temos mais de 5 mil municípios no país, 4 mil desses recebem mais das aposentadorias do que do Fundo de Participação dos Municípios. Essa assembleia é o início da mobilização para construir uma greve geral para derrubar essa reforma e os ataques à classe trabalhadora”, disse.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, afirmou que “essa reforma prejudicará todos os trabalhadores, principalmente os mais jovens”.

“Essa reforma não acabará com os privilégios e não é igualitária. Estão falando que com ela os benefícios serão desvinculados do salário mínimo, isso é um crime contra os trabalhadores. Essa proposta é só capitalização. Como ficará o resto do sistema?”, disse.

O presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), denunciou que “Bolsonaro repete a mesma conversa fiada de Temer em dizer que a Previdência Social é deficitária. Eles estão desviando o dinheiro da Previdência através do mecanismo de Desvinculação de Receitas da União (DRU), que é de R$113 bilhões. As isenções fiscais são mais R$141 bilhões, desconsideram as receitas da própria previdência no valor de R$ 46 bilhões”.

“A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência, no Senado, demonstrou que existe uma sonegação de R$ 450 bilhões. Eles querem retirar da carne do trabalhador, não estão satisfeitos com os cerca de 35 milhões de trabalhadores desempregados e em situação de subemprego no país”, completou Bira.

Vagner Freitas, presidente da CUT, disse que os sindicalistas vão “pressionar os parlamentares nos aeroportos, gabinetes, nas ruas e dizer que, assim como muitos deputados não voltaram nessa eleição, eles não voltarão ao Congresso se aprovarem o fim da aposentadoria do povo”.

Para o Índio, da Intersindical, nesse momento “temos que construir muitas mobilizações dialogando com o povo para desconstruir as mentiras que Bolsonaro e Cia estão espalhando. Porque está claro que o interesse deles é o de acabar com os direitos do povo, com a previdência pública e entregá-la para os bancos. O que já sabemos é que todos serão prejudicados, os trabalhadores da iniciativa privada, os servidores públicos, os trabalhadores que hoje nem conseguem emprego com carteira assinada”, disse

Segundo ele, “também perdem os municípios e a economia sem os recursos da aposentadoria. Nós vamos barrar os cortes dos direitos do povo e a entrega da Previdência para os bancos”.

Dentre as deliberações da Assembléia estão a convocação de atos unitários em defesa da Previdência nos dias 8 de março (Dia Internacional da Mulher) e no dia 1º de Maio (Dia dos Trabalhadores). As centrais realizarão nova reunião para decidir os próximos passos do movimento na próxima terça feira (26).

 

 Por  Publicado em 20 de fevereiro de 2019

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Painel volta à escola e GDF diz que Mandela é inspiração para estudantes

m2Os artistas voluntários do Paranoá, que haviam feito o primeiro grafitte, foram chamados para refazer o painel

A direção do Centro Educacional 1 da Estrutural, no Distrito Federal, decidiu refazer um painel com o rosto do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela – símbolo da luta pela igualdade racial – e uma frase sua, sobre a importância da educação, que haviam sido apagados. A obra ficava no pátio interno de uma das escolas do DF que terá educação militar em 2019. 

Com a repercussão negativa da medida, que foi considerada arbitrária e obscurantista, ninguém assumiu a autoria da ordem para apagar a pintura. A direção da escola alegou que tinha sido a Polícia Militar, mas a PM, em nota, negou participação na decisão.

Os estudantes e a comunidade não ficaram satisfeitos com a retirada do painel e cobraram a sua recolocação. 

O governo do Distrito Federal (GDF), através da Secretaria de Educação, reafirmou que o desenho servirá de inspiração para os estudantes da escola. Além disso, também ressalta que Nelson Mandela é uma das maiores inspirações para os direitos humanos em todo o mundo, sendo um exemplo e um paradigma a ser seguido. 

O muro voltou a estampar a famosa frase do político sul-africano. “Educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. O trabalho foi concluído na quinta-feira (14). Os artistas voluntários do Paranoá, que haviam feito o primeiro grafitte, foram chamados para refazer a pintura. Eles acrescentaram os rostos da poetisa brasileira Cora Coralina e do educador Paulo Freire. 

 
m1Reconstrução do painel em escola do DF

A diretora da escola, Estela Accioly, afirma, agora, que tanto a decisão para apagar a imagem anterior, como a de refazer o mural, vieram da atual gestão compartilhada com a Polícia Militar. “Colocamos em um muro mais bem posicionado, no pátio interno da escola”, explica. “São mudanças que representam as transformações que a escola está tendo.”

Além dos desenhos, o muro da escola ganhou uma outra frase atribuída ao filósofo e matemático grego Pitágoras. “Educai as crianças e não será preciso castigar os homens”. A escolha, segundo a diretora, foi uma “sugestão compartilhada” e faz referência ao “bom senso e ao que a escola busca”, diz.

“Seguimos a decisão de pintar o muro para comunidade perceber que a escola agora é um colégio da PM”. “A frase [de Pitágoras] representa a educação, as crianças e a disciplina”, disse ela.

Por  Publicado em 18 de fevereiro de 2019

 

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Ninguém assume retirada de painel com Nelson Mandela em escola de Brasília

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Um grafite com o rosto e uma frase do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, foi apagado no primeiro dia que a Polícia Militar assumiu a gestão compartilhada do Centro Educacional 1( CED1), na Estrutural, em Brasília. A medida não agradou os estudantes e nem a comunidade. 

A parede onde estava a arte chama-se “Mural da Inclusão” e fica no pátio interno da escola. Ao lado do rosto de Mandela estava a frase “Educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, que também foi apagada. A imagem e os dizeres foram pintados por um grupo de artistas voluntários do Paranoá no final do ano passado.

A retirada da pintura, segundo a diretora, Estela Accioly, foi feita à pedido da Polícia Militar. A Polícia Militar, por sua vez, informou, por meio de nota, que “não participou da decisão de retirar o painel”. 

É compreensível que a PM não assuma ter participado de uma decisão tão inexplicável como esta. Afinal, Mandela representa os mais altos valores humanos, uniu um país dividido pela desigualdade e pela intolerância e tornou-se um símbolo universal da luta pela igualdade racial. 

Esses valores humanos representados por Nelson Mandela não poderiam estar em contradição com os valores e os altos designios da instituição Polícia Militar. Além disso, a frase de Mandela, que foi apagada, reforça na juventude brasiliense a importância da educação. Não há, portanto, justificativa plausível para a retirada do painel. 

A medida, não assumida por ninguém, mas efetivada, além de arbitrária, revela uma incivilidade com a figura de Nelson Mandela, um desprezo aos artistas que voluntariamente fizeram o mural, mas, principalmente, demonstra o desrespeito à opinião dos alunos e da comunidade que, segundo a diretora, “se identificavam e se sentiam representados pela pintura”

Se não foi a direção da escola, e se a Polícia Militar do DF nega que tenha participado da decisão, nada mais natural que seja feita uma solicitação aos artistas brasilienses para que recoloquem o painel no mural da escola.

 Por  Publicado em 13 de fevereiro de 2019