IV Congresso do CNAB resgata o legado do professor Eduardo de Oliveira

O Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) realizou o seu IV Congresso nos dias 25 e 26 de julho, em São Paulo, e elegeu como presidente Alfredo de Oliveira Neto e uma nova diretoria para um mandato de quatro anos. Com o lema “O Legado Professor Eduardo de Oliveira, Igualdade Racial e Independência Nacional” o Congresso do CNAB contou com 324 delegados e reuniu 650 pessoas na sua abertura.

Alfredo de Oliveira Neto ressaltou a importância do IV Congresso ter sido em homenagem ao Professor Eduardo de Oliveira e o legado do fundador e eterno presidente do CNAB. “A união entre negros e brancos é a cara do CNAB. Esse é o legado que nós estamos assumindo e que vamos dar continuidade. Trazer negros e brancos para travar a luta na sociedade. Parabenizo a todos que aqui estão. Estarmos aqui é reconhecer a importância do Professor Eduardo e tudo o que ele representa. Tudo o que ele fez e nos deixou. Principalmente esse legado de construir essa Nação e uma Pátria Livre”, disse Alfredo.

“O negro não tem facilidade. Mas também não baixa a cabeça. O Professor sempre dizia que nós não queremos piedade. Só os fracos pedem piedade. Nós lutamos e rompemos com as dificuldades para realizar esse Congresso e acredito que teremos condições de aprofundar as consciências do conjunto dos companheiros que estão aqui. Esse Congresso ajudou a travar uma luta ideológica e política em todas as estâncias da sociedade nesse país”, frisou o metalúrgico e sindicalista.

Ele falou que “nós queremos acabar com o racismo. Queremos a igualdade racial e a Independência Nacional. Porque o racismo só serve para dividir a Nação e a Nação dividida faz com que os açambarcadores extraiam a riqueza do povo brasileiro. Faz com que roubem o patrimônio público e o utilizem em interesses pessoais deixando o nosso povo na pobreza e na miséria”.

“Quando se tira o patrimônio do povo brasileiro acontece o caos que estamos vendo na televisão e vivendo nas periferias. Como dizia o companheiro Mandela ‘ninguém nasce racista e preconceituoso. A convivência com racistas e preconceituosos é que leva as pessoas a isso’. Por isso temos dar educação ao nosso povo e ensinar o amor ao próximo para termos uma Nação unida para rompermos com esse racismo através da Independência Nacional da nossa Pátria fazendo desse país um país soberano com homens e mulheres, negros e brancos, lutando por um país melhor”.

Eleito 1.o vice-presidente do CNAB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), também metalúrgico e presidente da CGTB, falou que o Alfredo de Oliveira Neto “é meu amigo, da fábrica da Electrolux. Foi esposo de uma das maiores mulheres lutadoras do nosso país, a companheira Cida Malavazi. Esse cidadão brasileiro, negro, operário, está assumindo novas responsabilidades. O tempo todo parceiro, calmo, grato, companheiro e amigo. É um guerreiro, lutador, que sabe conversar com as pessoas sempre tranqüilo e profundo. Tem um compromisso maravilhoso com a sua Nação, os trabalhadores e com a Pátria”.

 

ABERTURA

 

O IV Congresso do CNAB foi aberto com a exibição de um vídeo com o Hino à Negritude em que aparece várias imagens das lutas dos negros, dos abolicionistas, do I Congresso do CNAB e uma exibição antológica do Professor Eduardo de Oliveira cantando o Hino – que ele compôs aos 16 anos – acompanhado do maestro João Carlos Martins no piano. Na sequência foi executado o Hino Nacional e novamente o Hino à Negritude, somente em áudio.

Com a platéia composta por um grande número de jovens, com muita galhardia foram entoadas por diversas vezes as palavras de ordem “Se sente, se sente, Eduardo está presente” e “Eduardo, guerreiro, do povo brasileiro”.

O embaixador da Palestina no Brasil enviou uma carta aos delegados do IV Congresso do CNAB desejando “novas conquistas, nesse grande Brasil amigo, tolerante e solidário. O povo palestino enfrenta a pior ofensiva contra sua integridade física e nacional. Exorto aos integrantes desse Congresso seu posicionamento contra a limpeza étnica e a agressão racista do governo de Israel, que ceifou a vida de mais de 800 inocentes e deixou mais de 25 mil feridos na sacrificada Faixa de Gaza palestina. Amigos, irmãos, alcem suas vozes. Denunciem a discriminação racial na Palestina”.

Por unanimidade o IV Congresso do CNAB aprovou moção condenando a agressão israelense aos palestinos expressando “solidariedade e companheirismo”. O evento teve ainda apresentação do Ballet de Paraisópolis e do Grupo de Capoeira da UMES.

 

Por ANDRÉ AUGUSTO

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