Estudantes ocupam entrada do BC contra o aumento dos juros

“O governo Dilma, que se diz o governo da PÁTRIA EDUCADORA, aumentou pela quinta vez consecutiva, em 0,5 ponto percentual, os juros que tiram o dinheiro da educação, saúde e do trabalho das nossas famílias para transferi-lo para os bancos”, disse Kauê, presidente da UMES, durante a manifestação contra o aumento dos juros na Avenida Paulista, em frente a sede do Banco Central. “Começamos o ano com um corte de R$ 7 bilhões na educação para ajudar no tal ajuste da Dilma. Ela diz que não tem dinheiro para a educação, mas ela não fala que apenas entre janeiro e março deste ano deu aos bancos R$ 143,85 bilhões, enquanto para a manutenção e desenvolvimento do ensino ela liberou apenas R$ 13,471 bilhões”.
A manifestação contra os juros reuniu estudantes de diversas escolas estaduais da cidade, universitários e dirigentes do movimento sindical e social. A atividade ocorreu durante o início da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), por volta das 10 horas da última terça-feira de abril, no dia 28. Para Kauê o aumento de juros que contempla o pacote de maldades do ajuste de Dilma, ajuste que está na contramão do que o país precisa. “Em São Paulo os professores estão em greve porque querem um piso salarial que equipare seus salários com os trabalhadores de nível superior, como o PNE estabelece. Mas isso será impossível se o governo federal não ampliar os repasses de dinheiro para educação aos estados e municípios. Porém o que está acontecendo é que os únicos repasses que aumentam no governo da Pátria Educadora são os repasses para os banqueiros via pagamento e aumento de juros”.
Kauê alertou que apenas neste ano foram vários os Estados no qual os professores entraram em greve, e afirma que os cortes do governo federal para pagar os aumentos de juros estão diretamente ligados aos cortes dos governos estaduais como São Paulo, que retirou R$ 470 milhões da educação, ou no Paraná onde o governo promoveu uma verdadeira carnificina contra os professores do Estado para garantir que todo mês R$ 140 milhões da previdência fossem desviados dos professores.
“Enquanto os banqueiros ficam mais ricos com o aumento dos juros os alunos das escolas estaduais estão sem professores, em salas caindo aos pedaços, em escolas que não possuem quadras esportivas ou laboratórios para prática de química e física. O Museu do Ipiranga em São Paulo está fechado, o Museu Nacional da UFRJ no Rio de Janeiro está fechado, e diversas universidades federais estão sem pagar água e luz”, afirmou Kauê. Ele também explicou que a cada ponto percentual de aumento na taxa de juros são cerca de R$ 28 bilhões transferidos do Orçamento da União pra banqueirada.
Por fim Kauê afirmou que “o orçamento previsto para a educação neste ano soma R$ 103,36 bilhões. O orçamento previsto para a saúde é de R$ 121 bilhões, e os gastos com Bolsa Família para todo o ano somam R$ 75,3 bilhões. Enquanto isso os bancos levaram apenas nestes três primeiros meses do ano R$ 143,85 bilhões. Ao analisar os números fica fácil perceber pra quem a Pátria Educadora governa", afirmou.




A política do governo Dilma de transferir os recursos da União destinados a educação, direitos trabalhistas e a saúde para desvia-los aos banqueiros já resultou no corte de R$ 41 bilhões, sendo R$ 18 bilhões sobre direitos trabalhistas, e mais R$ 22,7 bilhões das despesas correntes inadiáveis, e seu governo já deixou anunciado outro corte de R$ 68 bilhões. Entre os cortes o do Ministério de Educação foi de R$ 7 bilhões.
Entre as universidades federais os cortes atingiram a Universidade de Brasília (UNB), Minas (UFMG) e Goiás (UFG) que deixaram de pagar as contas de luz e água, a UFRJ adiou duas vezes o início das suas aulas e fechou o Museu Nacional por falta de verba. No Rio Grande do Sul a UFRGS fechou seus bandejões por mais de 20 dias, e a UNIFESP de São Paulo não possui estrutura própria para formar seus alunos. Houve cortes e atrasos de bolsas em praticamente todas as universidades federais e os servidores estão com seus salários atrasados.

Entre os manifestantes estavam milhares de estudantes e pais que se solidarizaram a greve dos professores por educação pública de qualidade. Para Jonathan, diretor e porta-voz da UMES na assembleia dos professores, “é preciso denunciar os baixos salários e a falta de reajustes para com os professores. Hoje o piso salarial dos nossos professores é de R$ 2.460,00, enquanto a média dos salários dos profissionais com ensino superior é de R$ 4.237,00 no nosso estado”, explicou.
A assembleia não pode ser realizada no vão-livre do MASP, sob a alegação dos policiais de que o local possuía estava com problemas estruturais. Desta forma as mais de 50 mil pessoas presentes ocuparam as duas vias da avenida.

A audiência foi aberta com a falação da presidente da Apeoesp, Bebel, que exigiu reajuste salarial de 75,33% para equiparar o salário dos professores com as demais categorias com formação de nível superior, conforme a meta 17 do Plano Nacional de Educação estabelecida pelo governo federal. Durante sua fala Bebel também denunciou as péssimas condições de trabalho dos professores, que trabalham em salas superlotadas caindo aos pedaços. Bebel também pediu aumento do valor dos vales transporte e alimentação, aceleração dos processos de aposentadoria, entre outras pautas dos professores. Ela também pediu o apoio dos parlamentares na intermediação do Legislativo para a solução da greve, facilitando a abertura de negociação entre o governo e os professores.
Para celebrar o final da 2ª. Guerra Mundial, a UMES-SP estará realizando, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, dia 9 de maio, uma sessão especial do filme “O Fascismo de Todos Os Dias”, do diretor Mikhail Romm.

A iniciativa de envolver os estudantes e toda a comunidade da escola na manutenção e aperfeiçoamento da estrutura se deu através do diretor Wilson Neres de Andrade (52), artista plástico de formação e diretor desde 2010, que recebe apenas R$ 4.800,00 mensais para a manutenção e investimentos na escola. Os mutirões para reparar a estrutura, as festas e doações, foram organizados porque Wilson segue “à risca a teoria do vidro quebrado, que diz que se há algo danificado em um espaço a tendência é de depredação, enquanto o que está preservado será mantido”.
O diretor explica que com o passar do tempo, com a melhoria das condições físicas da escola, a frequência, notas e o engajamento dos alunos melhoraram.



Para o presidente da UMES, Marcos Kauê, “a greve é importante para denunciar o descaso com a educação pública, um total desrespeito com os estudantes, professores, famílias e com a sociedade em geral. Nossas escolas públicas estão completamente largadas as traças, nossos professores são desvalorizados e recebem salários miseráveis”. Ele acrescenta que “as salas estão superlotadas, chegando até 50 alunos por classe em alguns casos”. Para Kauê as escolas são arcaicas e não são interessantes para os estudantes, “elas continuam iguais a 40 anos atrás”.
Após uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na quarta-feira (15) para discutir a greve da categoria, os professores ocuparam a Alesp por 24 horas, e conquistaram o compromisso do presidente da Casa, Fernado Capez, na intermediação das negociações junto ao governador Geraldo Alckmin. Capez também se comprometeu em debater as reivindicações dos professores em uma nova audiência pública na Alesp, nesta quarta-feira (22), no plenário Juscelino Kubitschek. O compromisso do presidente da Assembleia é de convocar o secretário da Educação para comparecer àquela Casa, caso as negociações não avancem.