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Parlamentares e Secretários de Educação e Saúde repudiam PEC que desvincula recursos das áreas

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A Frente Parlamentar Mista da Educação criticou o Projeto de Emenda Constitucional do governo Bolsonaro que propõe a desvinculação dos recursos da Educação e da Saúde. Para os parlamentares a PEC representa “um golpe contra a educação”.

A PEC Emergencial determina que sejam revogados dispositivos da Constituição que garantem o percentual de repasse mínimo para saúde e educação. Atualmente, os estados são obrigados a destinar 12% de seus recursos para a Saúde e 25% para a Educação, enquanto, no orçamento federal, os índices são de 15% e 18%, respectivamente.

A manobra defendida pelo governo Bolsonaro é relatada no Senado por Marcio Bittar (MDB-AC), que propôs o ataque em troca de viabilizar o pagamento de quatro parcelas do auxílio emergencial em 2021.

Para a Frente, é inaceitável colocar em risco o financiamento de recursos da educação básica. A Frente Parlamentar Mista é uma associação de parlamentares que visa defender uma educação de qualidade. A bancada emitiu nota oficial em manifestação.

Confira na íntegra:

A Frente Parlamentar Mista da Educação manifesta grande preocupação com o relatório da PEC Emergencial apresentado pelo senador Márcio Bittar (MDB-AC), que revoga trechos do artigo 212 da Constituição Federal, extinguindo a subvinculação dos recursos à manutenção e desenvolvimento do ensino para União, estados e municípios.

É inaceitável que, após a aprovação histórica e unânime do Fundeb pelo Congresso Nacional em 2020, se coloque em risco o financiamento da educação básica, ainda mais em virtude de uma pressão emergencial. É importante que o Congresso seja coerente com seu posicionamento na votação do Fundeb e rejeite qualquer tentativa de desvincular ou unificar os pisos constitucionais da saúde e educação.

Face aos enormes desafios que as redes educacionais enfrentam para ofertar uma educação de qualidade aos mais de 40 milhões de estudantes da educação básica, a necessidade de investimentos na educação básica pública ainda é premente e substancial. Portanto, a garantia constitucional de recursos para a área é condição fundamental para que haja segurança para a manutenção e desenvolvimento do ensino.

O potencial desinvestimento bilionário, seja em educação, seja em saúde, comprometeria o desenvolvimento de longo prazo do país, solapando direitos cidadãos das nossas crianças e jovens. Desinvestir em educação tem resultados negativos inclusive para a área da saúde, dado que a qualidade do ensino é essencial para reduzir comportamentos de risco na população e o desenvolvimento de doenças crônicas. Analogamente, desinvestir em saúde prejudica as condições de aprendizagem, sociabilidade e desenvolvimento integral das crianças e dos jovens.

O pacto civilizatório do país não deve conceber Educação e Saúde como áreas substituíveis nem estimular que se digladiem na busca por recursos. Precisamos manter o mérito da dupla vinculação, que é preservar Saúde e Educação concomitantemente. Tanto a desvinculação dos recursos, quanto uma eventual proposta de unificação dos pisos colocam em risco o financiamento educacional como um todo.

A Frente Parlamentar Mista da Educação entende que ambas as áreas são estratégicas e incontigenciáveis, devendo ter assegurados seus recursos para garantir o desenvolvimento de políticas públicas de médio e longo prazo. Nossa luta é por qualidade de vida, cidadania e justiça social para as nossas futuras gerações.

Secretários de Educação

O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) também se posicionou contra à PEC Emergencial. Para o Consed, a PEC se trata “de sério golpe no financiamento da saúde e educação, extinguindo disposições que resultam de longa caminhada da sociedade brasileira e que garantem patamares mínimos de gasto público, essenciais ao atendimento das necessidades da população brasileira.”

Saúde

Para Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), a “falta de vinculação de gastos seria a sentença de morte para o Sistema Único de Saúde (SUS) e uma ameaça sem precedentes à educação – duas áreas essenciais para que uma nação seja forte e desenvolvida”.

“O exemplo da pandemia deixa claro que resposta em saúde não se faz aos sobressaltos. Medidas de emergência são sempre mais caras e menos eficientes. A crise sanitária chegou ao Brasil quando o sistema já enfrentava dificuldades, oriundas sobretudo da redução na participação do governo federal no financiamento do sistema e do impacto da Emenda Constitucional n. 95. Mesmo assim, o SUS deu uma resposta memorável”.

“A emergência provocada pelo novo coronavírus mostra ainda que não há como dissociar a saúde da economia. O melhor investimento é no povo brasileiro. A vinculação não é engessamento do orçamento. Ao contrário,  é a garantia de que o essencial estará sempre preservado”, destaca a nota.

“A PEC em discussão traz o risco de, com apenas um golpe, retirar a garantia a dois direitos essenciais para o brasileiro: a saúde e a educação. Ao negar previsibilidade de recursos, ela tira do povo a conquista mais relevante social no Brasil, prevista no Artigo 196 da Constituição Federal. ‘A saúde é um direito de todos e dever do Estado’”, pontua o texto.

Volta às aulas entidades

Volta às aulas é necessária para impedir aumento das desigualdades, apontam entidades estudantis

Volta às aulas entidades

 

Desde o dia 8 de fevereiro, o estado de São Paulo realiza a reabertura das escolas para aulas presenciais dos alunos. A medida é apoiada pelas entidades estudantis secundaristas que denunciam o severo prejuízo causado aos jovens nos mais de 10 meses de escolas fechadas.

A União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) divulgaram nota em que apontam a “necessidade de um retorno às aulas presenciais com responsabilidade e segurança com a vida de todos os envolvidos no ambiente escolar”.

“Com o agravamento das desigualdades ficou ainda mais notável o déficit educacional que o nosso estado enfrenta. Com o ensino de forma remota sendo a nova realidade, milhares de estudantes acabaram ficando sem acesso às aulas, por ausência dos devidos instrumentos tecnológicos, ou pela falta de internet”, afirmam as entidades no documento.

UPES e UBES denunciam ainda o descaso do governo Bolsonaro com a Educação nos tempos da pandemia.

“O governo federal, assim como no combate a pandemia, nada fez para garantir o acesso à educação durante o ensino remoto, pelo contrário, o que recebemos foram mais ataques às escolas públicas e tentativas de acabar com o nosso financiamento em um momento tão delicado, onde é necessário investimento para que o retorno ao ensino presencial seja seguro para todos”, diz a nota.

As entidades estudantis estão acompanhando o retorno das aulas em São Paulo e apontaram melhorias nas condições de infraestrutura. Para os estudantes, garantir os protocolos contra a Covid-19 é a única forma de retomar as aulas em segurança.

Na capital paulista, a União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP) vem realizando vistorias em escolas para acompanhar a execução dos protocolos de segurança contra o coronavírus. Na quarta-feira (17), o presidente da entidade, Lucas Chen, e o secretário de Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, visitaram a E.E. Elisa Raquel, na zona leste da cidade para averiguar as condições da escola.

“Nesta visita surpresa à E.E. Elisa Raquel ficamos muito satisfeitos com as condições de infraestrutura que vimos. No período em que a escola ficou fechada, ela passou por uma grande reforma. É outra escola. Os protocolos foram atendidos, há grande nível de organização que é garantido pela diretoria, professores e estudantes”, disse Chen, que complementou: “vamos fiscalizar para garantir que todos os protocolos de segurança que construímos, pautamos e lutamos para que fossem empregados sejam cumpridos”.

Segundo o presidente da UMES-SP, outra grande preocupação agora é como recuperar o tempo perdido ao mesmo tempo em que avançamos com o conteúdo no ano de 2021.

“Há um esforço dos estudantes e dos grêmios estudantis em garantir as condições de segurança. A maioria está cumprindo os protocolos, respeitando o distanciamento. A greve chamada pelos sindicatos de professores do estado de São Paulo não teve adesão da base e o que vemos são professores empolgados em retornar ao seu ambiente de trabalho”, considerou Lucas Chen.

“O principal para esse momento é uma integração entre estudantes, professores e as gestões estadual e municipal para garantir o retorno seguro e atender as necessidades causadas pela pandemia, principalmente a desigualdade financeira, com o aumento do desemprego e a fome que ronda muitas famílias pobres. A pandemia não passou, os problemas permanecem”, salientou o presidente da UMES-SP. 

Fechamento das escolas agravou a desigualdade

A pandemia e o fechamento das escolas agravaram as desigualdades sociais, elevando à evasão escolar, aumentando o trabalho infantil, causando desnutrição, por falta de merenda e milhões de estudantes em todo país. Sem acesso à internet, estudantes não tiveram aulas, o que causa impactos no aprendizado por anos.

O presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES) Hector Batista, apontou os prejuízos deixados após quase um ano sem aulas. “Hoje, de acordo com uma pesquisa do IBGE, cerca de 7,5 milhões de estudantes no país inteiro, não tiveram acesso às aulas remotas durante a pandemia. Tiveram seu direito à Educação negado e hoje se encontram num alto índice de evasão escolar. Evasão essa que coloca a rede estadual de ensino de São Paulo com 114 mil estudantes em recuperação, mas também, que faz com que uma criança que estava aprendendo a escrever na 1ª série, chegue na 2ª série sem nem escrever o seu próprio nome”, ressaltou. 

Ele afirma que a UPES defende o retorno das aulas presenciais porque “para nós é muito evidente que ele é uma necessidade da sociedade”.

“De acordo com as pesquisas que saem atualmente, elas nos dizem que vamos demorar pelo menos 4 anos para vacinar toda população. Nós não podemos permitir que os estudantes tenham 4 anos de prejuízos, 4 anos sem a escola, porque se não o nosso futuro será perdido. Nós estamos falando nesse momento do futuro de uma geração inteira que está sendo prejudicado por uma pandemia, mas também com uma grande responsabilidade do governo federal, de Jair Bolsonaro que não apresenta nenhuma solução, nenhum plano para a retomada das  aulas e ainda faz uma política anti-vacina, contra os tratamentos recomendados pelos especialistas e continua tratando a Covid-19 como se fosse uma ‘gripezinha’, sem se importar com a vida das milhares de pessoas que estão morrendo”, apontou o presidente da UPES que também defendeu que a vacinação dos profissionais da Educação seja prioritária.

“Manter o estudante fora da escola por tanto tempo tem várias problemáticas. Primeiro do ponto de vista educacional e da aprendizagem, mas também sobre a evasão escolar de milhares de estudantes que, durante a pandemia, perderam a perspectiva de conseguir enxergar a Educação como saída, porque, nesse período, o povo ficou cada vez mais desempregado, a fome voltou a ser uma realidade na vida de diversas famílias paulistas e brasileiras. Isso fez com que aquele jovem que estava dentro da sala de aula antes, precisasse sair para procurar emprego, muitas vezes menor de idade, burlando o sistema de aplicativos de entrega, por exemplo, ou encontrando no meio do seu caminho o tráfico, que a gente sabe atinge muito a população vulnerável,  principalmente os jovens negros”, afirmou o presidente da UPES.

 

Escola como referência à população

Lucas Chen destaca que o grande desafio pedagógico no próximo período será compensar “um 2020 onde não houve aula”. As aulas na capital paulista foram retomadas no início de fevereiro.

“A maioria dos estudantes passou por grandes dificuldades para assistir às aulas virtuais. Muitos sequer conseguiram acessar as plataformas. As condições de aprendizagem ficaram muito defasadas e temos muitos estudantes se formando sem condições de realizar as operações básicas de Matemática, ou conhecimento do Português”, relembrou Lucas Chen.

Lucas Chen ainda apontou a necessidade de tornar a escola uma referência de atividade com segurança para as famílias com maior vulnerabilidade social. “Precisamos fazer com que as escolas sejam referência para essas famílias. O isolamento social está muito baixo na nossa cidade e, se os estudantes não estão na escola, estão em algum outro lugar. Precisamos proteger aqueles que estão expostos às situações de vulnerabilidade e à violência. O que tem se provado é que a escola é um ambiente seguro para proteger os estudantes”, afirmou.

O presidente da UMES-SP destacou a criação, pelo governo do Estado, do Comitê da Saúde para fiscalizar o cumprimento dos protocolos de segurança, uma medida necessária para o retorno das atividades. Segundo Chen, “realizaremos reuniões para discutir as questões de segurança e também vistoria em escolas em que detectarmos problema’, disse.

O presidente da UPES, Hector Batista, também visitou escolas e garantiu que os protocolos de segurança estão sendo cumpridos. “Passado todo esse período sem aulas, nós sentimos e estamos vendo na prática que muitas coisas mudaram. Na última sexta-feira, 19, nós fomos na Escola Estadual Antônio José Leite, na Zona Norte de São Paulo e o que nos encontramos foi uma escola muito bonita, uma escola onde há marcação dizendo onde os estudantes devem ou não devem sentar, mesas demarcadas para que todos fizessem o distanciamento social, distribuição de máscaras, álcool em gel disponível por todos os lados, aferição de temperatura na entrada e bebedouros acionados com o pé, para que as pessoas não precisem encostar e encham seus copos, também distribuídos pela escola. Houve também a alteração na distribuição de merenda, os estudantes não se servem para que todos não tenham contato com a mesma concha para servir os alimentos”, contou.

Chen ponderou que ainda existem muitos colégios com problemas. Mas afirmou que o secretário de Educação se mostrou receptivo para atender as demandas apresentadas. “Ainda temos escolas com muitos problemas, inclusive com suspeitas de casos. Nesses casos precisamos dedicar mais atenção”, disse o presidente da UMES.  

Sobre casos suspeitos de contágio em escolas, o protocolo adotado prevê a realização de testagem dirigida, com aqueles que tiveram contato com o suspeito de infecção pela Covid-19 e isolamento dessas pessoas. Para as entidades, medidas como essa são determinantes para garantir o retorno seguro das aulas.

“Cientes que tudo que pautamos está sendo cumprido dentro das escolas, defendemos a retomada como uma vitória das entidades, que em todo este período não ficou distante da luta pela defesa da vida, do acesso a Educação e do futuro dos estudantes paulistas”, finalizou Hector Batista.

Publicado no Jornal Hora do Povo

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PEC que retira recursos da Educação e da Saúde é criminosa contra o Brasil

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Nesta segunda-feira (22), um novo ataque do governo Bolsonaro aos direitos dos brasileiros veio à tona. A proposta da PEC Emergencial (proposta de emenda à Constituição) que circula no Senado e é defendida pelo ministro da Economia, o bolsonarista Paulo Guedes, propõe acabar com a destinação obrigatória dos recursos do Orçamento Federal para a Educação e a Saúde.

Segundo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a PEC Emergencial pode ser votada já na quinta-feira.  

A aprovação da PEC Emergencial foi colocada pelo governo Bolsonaro como a condicionante para a concessão de um novo auxílio emergencial à população brasileira que enfrenta grandes dificuldades. Para conceder a ajuda, o governo quer em troca que deixe de ser obrigado a gastar os recursos fruto da arrecadação dos brasileiros com o próprio povo.

A proposta que foi apresentada pelo relator Márcio Bittar (MDB-AC) aos líderes partidários causará de imediato o fim do Novo Fundeb que amplia a participação federal no fundo de custeio e investimento da Educação Básica. O Novo Fundeb foi aprovado ainda em 2020 com a firme mobilização da sociedade após intensa batalha contra o governo Bolsonaro no Congresso Nacional.

Na Saúde, em meio à mais grave crise sanitária que nosso país já viveu, o plano do governo Bolsonaro é o de aumentar a política genocida, retirando das exigências constitucionais o gasto com a Saúde Pública, ou seja, exterminando o Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto temos mais de 240 mil mortes por coronavírus.

PROPOSTA CRIMINOSA

O senador Flávio Arns (Podemos-PR), que foi relator da PEC do Novo Fundeb no Senado, fez duras críticas à proposta de dar fim à obrigação de gastos mínimos com saúde e educação.

“É uma atitude escandalosa. Poderia até ser dito criminosa contra o Brasil. O Fundeb é uma sub-vinculação da vinculação. Você está liquidando a educação básica. Algo que foi aprovado há poucos dias por unanimidade no Senado Federal. Isto mostra a falta de rumo da PEC. E pior: o total descaso com o nosso futuro que só se constrói pela educação. Crimes não podem ser aprovados”, disse o senador ao portal Congresso em Foco.

Para a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), presidente da Frente da Educação e que foi relatora do Novo Fundeb na Câmara, a desvinculação tem poucas chances de ser aprovada no Senado e, caso isso aconteça, ela afirmou que o clima na Câmara é de ampla rejeição à ideia.

“O Senado acabou de votar o Fundeb por unanimidade, que é uma subvinculação, como quer acabar com a vinculação?”, afirmou.

“A maioria dos municípios agora que está se organizando para o retorno [das aula], precisa fazer adequações, muita gente com idade avançada ou comorbidade. Não tem justificativa você deixar livre os percentuais, nem a saúde concordou em dividir, ficar em flexibilidade com a educação [um piso unitário para as duas área]. Tínhamos feito reuniões anteriores das duas frentes, acho muito difícil [o trecho ser aprovado], mas precisa mobilizar”, declarou a deputada.

 

Entenda o ataque

O artigo 4º do texto apresentado pelo relator determina que sejam revogados o caput e os parágrafos 1º e 2º do artigo 212 da Constituição. Tratam das verbas para Educação. Eis o conteúdo:

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.

§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no “caput” deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.

A mudança altera a distribuição de verbas para o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). O artigo seguinte da Constituição diz que parte dos recursos destinados à educação pelo artigo 212 vai para o fundo, responsável por reduzir desigualdades regionais na área.

NOVO FUNDEB

A seguir, trecho do artigo. Ele foi incluído na Constituição em 2020, quando o Congresso transformou o Fundeb em política permanente.

Art. 212-A. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 desta Constituição à manutenção e ao desenvolvimento do ensino na educação básica e à remuneração condigna de seus profissionais, respeitadas as seguintes disposições:

I – a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o Distrito Federal, os Estados e seus Municípios é assegurada mediante a instituição, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de natureza contábil;

 

Sem piso para a Saúde

Também será revogado, caso o relatório seja aprovado, o parágrafo 2º e o inciso I do parágrafo 3º do art. 198 da Constituição. Esses trechos tratam de repasses mínimos para a área de saúde. O Poder360 reproduz parte do artigo e destaca os trechos eliminados:

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III – participação da comunidade.

§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:

I – no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento); 

II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; 

III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. 

§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:

I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;

 

A PEC

O substitutivo apresentado por Bittar é uma combinação de 3 PECs que o governo quer que sejam aprovadas. Além da Emergencial, o texto abarca pontos da PEC do Pacto Federativo e até da PEC dos Fundos Públicos.

O objetivo da Emergencial é possibilitar o corte de despesas obrigatórias quando as despesas chegam em determinados patamares. A do Pacto Federativo altera a distribuição de recursos entre União, Estados e municípios. A dos Fundos dá mais flexibilidade ao uso de recursos públicos.

Elas foram desidratadas e aglutinadas nessa proposta de Bittar para terem tramitação mais rápida. O texto é necessário também para permitir que seja criada uma nova versão do auxílio emergencial. O benefício foi pago a trabalhadores vulneráveis em 2020 por causa da pandemia, mas acabou em 2021.

Com informações do Poder 360 e Congresso em Foco

 

 

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Volta às aulas em São Paulo

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ELISA PROENÇA 

Professora na rede pública estadual de São Paulo

Muito se fala sobre os casos confirmados de covid na rede estadual de ensino. E muito se fala de greve enquanto os professores não forem vacinados. Os casos de covid existem, a própria Secretaria da Educação os reconhece. Por outro lado, a greve não existe. As escolas estão funcionando. Por que será? A realidade é que a maioria dos professores e agentes de organização escolar são contratados, sem estabilidade. São os Categoria O. Se não forem trabalhar têm seus contratos cancelados e ficam no desemprego. Os Categoria O não têm opção. Mas boa parte dos efetivos, com estabilidade, também não está aderindo à greve.

Tem outro elemento que tem sido muito esquecido nas discussões sobre a volta – não volta às aulas: a maioria dos países do mundo mantiveram as escolas abertas durante grandes períodos da pandemia. As escolas só foram fechadas nos momentos de pico de contaminação e lockdown. E em nenhum desses países os professores foram incluídos como categoria profissional prioritária a ser vacinada. O critério geral em todo o mundo é o de iniciar pelos profissionais de saúde, os mais idosos, os portadores de comorbidades…

Será que existe uma “conspiração globalista” contra os professores? Ou será que a discussão contaminada por interesses eleitorais é que está trancando as razões científicas no porão do silêncio? E por causa disso perde-se o foco na questão central: lutar pelas precauções sanitárias necessárias para as escolas funcionarem até a população estar vacinada.

Os profissionais de limpeza foram os primeiros a ser demitidos. É urgente a recontratação. Sem equipes reforçadas de limpeza, nunca teremos segurança sanitária.

Faltam agentes de organização escolar, que são os profissionais que cuidam das crianças, que atendem aos pais, que dão suporte para nós professores e para a gestão. É urgente a recontratação de agentes de organização escolar.

Os materiais e equipamentos para limpeza e higienização de profissionais e alunos são insuficientes. É imprescindível que o Estado os forneça em abundância. É uma situação excepcional em que pecar por excesso é melhor do que pecar por falta. E não menos importante: é fundamental que o Estado fiscalize, de muito perto, a correta e ágil distribuição e uso desses materiais pela estrutura que vai da Secretaria de Ensino até os diretores das escolas.

Atualmente, as aulas acontecem no sistema híbrido. Os professores lançam as matérias, as provas e os exercícios na plataforma Classroom, ministram as aulas online pela plataforma Google Meets e vão para a escola para tirar dúvidas e ajudar nas dificuldades dos alunos.

O rodízio das crianças está perfeito. Em algumas escolas, o rodízio é semanal. Na primeira semana do mês uma turma, na segunda semana outra… Noutras escolas o rodízio é organizado por dia. Sendo assim, porque é que todos os professores são obrigados a irem todos os dias? Para se aglomerarem na sala dos professores? Onde somos obrigados a ficar quando não temos que estar na sala de aula.

Se a aula é remota e é por aplicativo que o aluno faz prova e recebe sua presença, não é impossível entender que, nós, professores, agentes de organizar escolar, pessoal da gestão etc. precisamos de um rodízio sincronizado com o rodízio dos alunos! O lógico é que os todos os profissionais da educação façam um rodízio, com uma parte indo de manhã e os outros à tarde, revezando os dias, de forma a dar o pleno atendimento aos alunos, mas evitando exposição desnecessária.

Sou professora Categoria O e sou mãe. Pego dois ônibus para ir trabalhar. Todos os dias, chego em casa apavorada. Será que me contaminei e vou contaminar a minha família? Aí vi a campanha para que os professores tenham prioridade na vacinação. A minha primeira reação foi de alívio. No dia seguinte entrei no ônibus, ainda com muito medo, mas com uma nova esperança. Aí… vi a moça no outro banco e pensei: será que ela está indo trabalhar no caixa do supermercado? Se ela parar, como compro comida, produtos de limpeza? Vi o senhor com uniforme de uma concessionária e pensei: E se ele parar? Fico sem água, sem luz, sem internet, sem telefone. Olhei para o motorista do ônibus, pensei no moço da banca onde compro as frutas para o meu filho… Eles não são essenciais? Só os professores são essenciais? Sou professora dos filhos dessas pessoas. Devo dizer para os meus alunos que a minha vida e da minha família é essencial. A vida do pai, da mãe, dele, não?

O imprestável do Bolsonaro está em guerra contra a vida e a ciência. Não quer vacinação e, no pouco que não conseguiu impedir, está deixando Estados e Municípios à própria sorte. Por todo o país o que se vê é “autoridade” usando o cargo para furar fila. E nós, professores? Nós temos um lobby organizado para furar a fila de vacinação. Ensinamos ciência mas a nossa categoria se organiza como se fôssemos reles terraplanistas oportunistas. Que vergonha!

Vergonha e estupidez. Enquanto as energias se gastam nessa campanha de greve e desse lobby, enquanto a atenção da sociedade é atraída para abaixo-assinados pedindo esse fura-fila, ninguém se mobiliza para garantir as medidas essenciais de segurança sanitária para os profissionais da educação e para os alunos.

Publicado no Jornal Hora do Povo

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Épico “Vá e Veja” disponível grátis no “Cinema Soviético e Russo em Casa”

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A partir desta sexta-feira (19) o projeto “Cinema Soviético e Russo em Casa”, exibe no canal do CPC-UMES Filmes no Youtube o épico “Vá e Veja”, de Elem Klimov, um dos filmes de guerra mais importantes da história do cinema.

A exibição estará disponível de sexta, a partir das 19h, até domingo, 21/02, 19h.

Para acessar o canal clique em http://bit.ly/CPCUMESFilmes

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Assista o trailer de “Vá e Veja”:

 

 

 

Vá e Veja

Elem Klimov (1985), com Aleksey Kravchenko, Olga Mironova, Vladas Bagdonas, Liubomiras Lauciavicius, URSS, 136 min.

Sinopse

Em 1943, o adolescente Floria, de uma aldeia bielorrussa, encontra um velho fuzil e se junta ao movimento guerrilheiro de resistência contra os nazistas. A ocupação da Bielorrússia foi de uma selvageria sem precedentes. Das 9.200 localidades destruídas na URSS durante a 2ª. Guerra Mundial, 5.295 estavam situadas naquela região. Mais de 600 vilas, como Khatyn, foram aniquiladas juntamente com toda a sua população. 2.230.000 de soviéticos, um terço dos habitantes da Bielorrússia, foram mortos durante os anos da invasão alemã. O título do filme é uma alusão ao capítulo 6, versículos 7 e 8, do Apocalipse de S. João.

Direção: Elem Klimov (1933-2003)

Elem Germonovich Klimov nasceu em Stalingrado. Em 1957 graduou-se no Instituto de Aviação de Moscou, com licenciatura em Engenharia Aeronáutica. Em 1964, formou-se no VGIK (Instituto Estatal de Cinematografia). Dirigiu 11 filmes, entre os quais “Bem-Vindo, ou Entrada Proibida” (1964), “Aventuras de um Dentista” (1965), “Agonia, Rasputin” (1975) e “Vá e Veja” (1985) – ganhador do 14º. Festival Internacional de Moscou. De 1986 a 1988 foi 1º. Secretário da União dos Cineastas da URSS. Em 1976, concluiu o documentário “Eu Ainda Acredito…”, iniciado por Mikhail Romm, seu professor no VGIK, que falecera em 1971. Em 1981, concluiu o longa “A Despedida” que vinha sendo realizado por sua esposa Larisa Shepitko, falecida em 1979.

Argumento Original: Ales Adamovich (1927-94)

Escritor e crítico bielorrusso, Ales Adamovich formou-se Doutor em Filologia na Universidade da Bielorrúsia e estudou na Universidade de Moscou, onde concluiu o curso de roteirista. Sua participação como jovem mensageiro e guerrilheiro na Bielorrúsia ocupada foi a base para escrever uma de suas obras mais reconhecidas, “A História de Khatyn”, e o roteiro de “Vá e Veja”. Foi membro da União dos Escritores Soviéticos desde 1957 e professor da Academia de Ciências da Bielorrússia. Seus romances deram origem também aos filmes “Guerra Sob o Telhado” (Viktor Turov, 1967) e “Franz + Polina” (Mikhail Segal, 2006).

Música Original: Oleg Yanchenko (1939-2002)

Nascido em Mogliev, Bielorrússia, Oleg Yanchenko foi organista, compositor e maestro. Graduou-se no Conservatório de Moscou em piano, órgão e arranjo. No ano de 1964, recebeu diploma especial do Concurso Internacional de Órgão, em Leipzig. Estudou na Academia de Música de Viena e na Academia para Organistas em Haarlem (Holanda). Foi fundador, diretor de arte e maestro da Orquestra de Câmara de Minsk de 1978 a 1979. Presidiu a Associação dos Mestres Organistas da Rússia em 1987. Além da trilha de “Vá e Veja” (Elem Klimov, 1985), Yanchenko compôs para 16 filmes, cinco dos quais realizados pelo diretor bielorrusso Viktor Turov.

Apocalipse 6: 7-8

7.  Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente dizer:: “Vem e vê!”  8.  E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o nome do que estava montado sobre ele era Morte; e o inferno seguia com ele. E foi-lhe dado o poder sobre a quarta parte da terra para matar à espada, e com a fome, e com a peste, e com as feras da terra.

 

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UMES e Secretário de Educação vistoriam escola e debatem as condições para o retorno seguro dos estudantes

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Ao centro, o secretário de Educação de SP, Rossieli Soares, e Lucas Chen, presidente da UMES – Foto: UMES

 

Nesta quarta-feira, a União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) e o secretário de Educação do Estado, Rossieli Soares, realizaram uma visita surpresa à Escola Estadual Eliza Raquel, na zona leste da capital paulista, com o objetivo de averiguar se os protocolos de segurança contra o coronavírus estão sendo respeitados.

De acordo com o presidente da UMES, Lucas Chen, os principais pontos a serem discutidos nessa volta às aulas segura para todos os membros da comunidade escolar são que a infraestrutura da escola esteja compatível para garantir as medidas de segurança, além do uso de máscaras e o distanciamento social.

Desde a semana passada, a entidade vem realizando visitas às escolas da cidade de São Paulo, para averiguar as condições em que elas se encontram.

“Nesta visita surpresa à E.E. Elisa Raquel ficamos muito satisfeitos com as condições de infraestrutura que vimos. No período em que a escola ficou fechada, ela passou por uma grande reforma. É outra escola. Os protocolos foram atendidos, há grande nível de organização que é garantido pela diretoria, professores e estudantes”, destacou Chen.

A equipe da Secretaria de Educação também participou da visita, que só foi informada à gestão escolar 10 minutos antes da chegada, com o objetivo de ver as condições reais nas quais estão os estudantes.

Passagem em sala junto ao Secretário de Educação

 

“O secretário Rossieli se mostrou aberto ao diálogo e disposto ao ouvir as críticas e as contribuições dos estudantes e dos professores. Pela primeira vez, passamos em sala de aula e também na sala de professores junto a um secretário para poder dialogar de forma séria sobre a qualidade da Educação”, disse o presidente da UMES.

O governo estadual anunciou recentemente a criação de um Comitê de Saúde para esta reabertura das escolas. O estado também pretende estabelecer o atendimento psicológico para estudantes que foram afetados pela pandemia.

Segundo Chen, o canal de diálogo com a secretaria permanece aberto. “Realizaremos outras reuniões para discutir as questões de segurança e também vistoria em escolas em que detectarmos problemas.

REFORMAS

O líder estudantil explicou que as reformas realizadas a partir do Programa Dinheiro Direto na Escola, do governo estadual, estão transformando as unidades de ensino.

“Na maioria das escolas que visitamos desde a semana passada, os protocolos estão sendo cumpridos. Se por um lado estudantes estavam em casa nas aulas virtuais, as escolas estavam sendo reformadas”.

Ele usou ainda o exemplo do Elisa Raquel, que recebia R$ 5.700 ao ano como verba para manutenção, e entre 2019 e o início de 2021, chegou a R$ 500 mil investidos. “A escola está limpa e organizada. Os banheiros funcionando e álcool em gel nos corredores tornou-se regra. Ficamos muito felizes com o que vemos”.

Chen ponderou que ainda existem muitos colégios com problemas. Mas afirmou que o secretário de Educação se mostrou receptivo para atender as demandas apresentadas.

“Ainda temos escolas com muitos problemas, inclusive com suspeitas de casos. Nesses casos precisamos dedicar mais atenção”, disse o presidente da UMES.

Sobre os casos suspeitos de contágio, Rossieli Soares disse que as secretarias de Educação e de Saúde realizarão testagem dirigida, com aqueles que tiveram contato com o suspeito de infecção e essas pessoas serão isoladas.

DESAFIO

Chen destaca que o grande desafio pedagógico no próximo período será compensar “um 2020 onde não houve aula”. “A maioria dos estudantes passou por grandes dificuldades para assistir as aulas virtuais. Muitos sequer conseguiram acessar as plataformas. As condições de aprendizagem ficaram muito defasadas e temos muitos estudantes se formando sem condições de realizar as operações básicas de Matemática, ou conhecimento do Português”.  

Segundo ele, a preocupação agora é como recuperar o tempo perdido ao mesmo tempo em que avançamos com o conteúdo no ano de 2021.

TECONOLOGIA

O governo de São Paulo anunciou que todas as escolas receberão um “Kit Tecnologia”, para atualizar o sistema às redes nas unidades escolares. Ao todo, serão distribuídos 269 mil notebooks, 87 mil desktops, 61 mil kits do Centro de Mídias (kit com TV, suporte, estabilizador etc), 5,2 mil carrinhos tecnológicos (plataforma de carregamento móvel), 65 mil kits wi-fi com roteador e 3,5 mil tablets educacionais para escolas com alunos portadores de necessidades especiais.

O Estado também anunciou outras ações que visam melhorar a conectividade dos alunos e professores da rede estadual como a distribuição de 750 mil chips de telefone celular para alunos, professores e servidores da rede estadual. Serão 250 mil unidades mensais destinadas a professores e servidores, com 5 Gigas de internet, além de acesso a ligações e mensagens de SMS. Os 500 mil chips mensais para os alunos terão 3 Gigas e vão atender estudantes mais vulneráveis.

SEGURANÇA

Lucas destaca ainda que o que se está vendo nas escolas da capital paulista é uma verdadeira empolgação na volta às aulas, tanto de alunos quanto de professores. Em alguns casos, as direções das escolas estão precisando agir para garantir o limite de 35% dos alunos no mesmo período.

“Há um esforço dos estudantes e dos grêmios estudantis em garantir as condições de segurança. A maioria está cumprindo os protocolos, respeitando o distanciamento. A greve chamada pelos sindicatos de professores do estado de São Paulo não teve adesão da base e o que vemos são professores empolgados em retornar ao seu ambiente de trabalho”.

“O principal para esse momento é uma integração entre estudantes, professores e as gestões estadual e municipal para garantir o retorno seguro e atender as necessidades causadas pela pandemia, principalmente a desigualdade financeira, com o aumento do desemprego e a fome que ronda muitas famílias pobres. A pandemia não passou, os problemas permanecem”.

“Precisamos fazer com que as escolas sejam referência para essas famílias. O isolamento social está muito baixo na nossa cidade e, se os estudantes não estão na escola, estão em algum outro lugar. Precisamos proteger àqueles que estão expostos às situações de vulnerabilidade e à violência. O que tem se provado é que a escola é um ambiente seguro para proteger os estudantes”, pontuou.

“A molecada está feliz de retornar às aulas, tem sentido a diferença entre o ensino virtual e as aulas presenciais. Tem sido emocionante ver os estudantes voltando ao seu lugar. O abraço vai ficar para depois que a pandemia passar”, finalizou o presidente da UMES.

 

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Volta às aulas – Prefeitura contratará 5 mil mães para auxiliar nos protocolos de segurança

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Desde a segunda-feira (15), as escolas municipais da capital paulista iniciaram o retorno gradual às aulas presenciais para os estudantes. Em toda a rede, a volta dos alunos está sendo acompanhada com atenção por toda a comunidade escolar.

Um dos principais problemas apontados tanto por gestores das escolas, como pelas lideranças estudantis da UMES, é a ausência de pessoal para garantir que os protocolos de segurança sejam cumpridos nas unidades escolares. Com um público majoritariamente infantil, a atenção nesses locais deve ser redobrada.

Diante desta situação, a Prefeitura de São Paulo lançou um programa emergencial para a contratação de 5 mil mães de estudantes ou mulheres da comunidade escolar, que deverão atuar como auxiliares nas escolas e apoiar na orientação dos alunos sobre medidas como o uso de máscaras e higienização.

O Programa Operação Trabalho (POT) oferecerá uma bolsa de R$ 1.155,00 por seis meses a cada uma das mulheres contratadas para uma jornada de 30 horas mensais. Serão três mães em cada unidade escolar.

RETORNO SEGURO

O retorno às aulas na capital paulista será gradual e facultativo. As escolas só poderão receber 35% dos estudantes, com rodízio entre os alunos e a manutenção do ensino remoto para os que não estiverem na escola.

A rede municipal de ensino havia suspendido as aulas presenciais desde 23 de março de 2020 por conta da pandemia do novo coronavírus. Desde então, as instituições só puderam receber alunos para atividades extracurriculares.

Uma pesquisa no portal da secretaria municipal com 591 mil famílias aponta que 66% dos pais são favoráveis ao retorno. Em caso de alcance do número máximo de interessados por turno, terão prioridade as crianças com maior idade, irmãos matriculados na mesma unidade e crianças em situação de vulnerabilidade. Na educação infantil, não haverá revezamento. Essa organização ficará a critério de cada unidade.

POT Volta às Aulas

Atividade: Monitores Escolares

Público Alvo: Mulheres de 18 a 50 anos

Exigências obrigatórias:

– Ter no mínimo 18 anos completos;

– Estar desempregada há mais de 04 (quatro) meses e não receber benefícios como seguro-desemprego, entre outros;

– Residir no território em que irá exercer suas atividades;

– Renda per capta não superior a meio salário mínimo (ou seja, somando tudo o que a família recebe e dividindo pelo número de pessoas que vivem na residência, incluindo crianças, o valor deverá ser igual ou inferior à metade do salário mínimo);

– Estar com a situação cadastral do CPF regular junto à Receita Federal;

– Auto Declarar-se sem doenças preexistentes ou não pertencente aos grupos de risco da COVID.

Informações da Bolsa Auxílio:

– Jornada semanal: 30 horas semanais, 6h por dia de segunda a sexta-feira;

– Local de atuação: Nas 1.530 Escolas da rede Municipal de Ensino de São Paulo.

– Duração: Contrato de 06 meses

– Valor da bolsa auxílio: R$ 1.155,00

Obs.: Prioritariamente serão inseridas mães de alunos que estudem em escolas públicas municipais.

Para inscrições, acesse aqui:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeSiVN1Qalde0np-CBcV3cpAy31OGeplQ8rIUyUQWxmHNpu8A/viewform?fbzx=-11513623174592276&fbclid=IwAR1NOIJLWDztRvsOTXGrjXEdh9vCpcyfzJGs5HJyWs1T33fmNz1wm6AL2TY

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União Paulista dos Estudantes Secundaristas defende retorno seguro às aulas

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A União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES) publicou uma nota em defesa de um retorno seguro das aulas nas escolas estaduais de São Paulo. 

A entidade coirmã da UMES defende o compromisso da garantia a uma volta segura, com as condições de que os estudantes possam ter acesso a sua formação com praticidade e com seu direito validado. Foram 10 meses sem qualquer acesso ao ensino presencial no estado de São Paulo.

O documento divulgado esta semana aponta ainda para a necessidade da equiparação do auxilio merenda ao valor de uma cesta básica para aqueles que não puderem retornar às aulas.

 

Leia a íntegra a nota da UPES:

 

O FUTURO NÃO DEMORA: PELO RETORNO SEGURO DAS AULAS!

Somos estudantes secundaristas de todo estado de São Paulo, que nos últimos 10 meses se encontram longe das salas de aula por conta da pandemia do coronavírus (COVID-19), que chegou ao Brasil em Janeiro de 2020, desde então já contaminou mais de 100 milhões e matou mais de 230 mil pessoas, sendo destas, mais de 50 mil em São Paulo e nesse período os desafios colocados a nós não foram poucos.

Com o agravamento das desigualdades ficou ainda mais notável o déficit educacional que o nosso estado enfrenta. Com o ensino de forma remota sendo a nova realidade, milhares de estudantes acabaram ficando sem acesso às aulas, por ausência dos devidos instrumentos tecnológicos, ou pela falta de internet. Também é uma realidade que muitos de nós, principalmente os que moram nas áreas mais vulneráveis, não possuem espaço em sua casa para estudar de maneira apropriada, o que impede que tenhamos qualidade em nossos estudos.

A merenda escolar está ligada diretamente à nutrição dos estudantes, que dependem da alimentação dentro da escola e, em muitos casos, sendo a única refeição do dia, sem as aulas de forma presencial os secundaristas, principalmente aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social, encontram a fome como um grande desafio, é necessário que o auxílio merenda contemple o valor de, pelo menos, uma cesta básica.

Enquanto isso, o governo federal, assim como no combate a pandemia, nada fez para garantir o acesso à educação durante o ensino remoto, pelo contrário, o que recebemos foram mais ataques às escolas públicas e tentativas de acabar com o nosso financiamento em um momento tão delicado, onde é necessário investimento para que o retorno ao ensino presencial seja seguro para todos.

A realidade é que estar fora da escola é uma violência para a juventude e o reflexo disso é a evasão, o aumento do número de jovens no subemprego, a desnutrição infantil e a abstenção dos candidatos na realização do ENEM. Com esse cenário as entidades estudantis seguem construindo uma dura oposição ao governo Bolsonaro e na luta pela garantia de direitos para a educação pública.

Somos nós os responsáveis pelo novo e permanente FUNDEB, garantindo o investimento na manutenção do ensino. Reunimos milhares para lutar pelo adiamento do ENEM e pela realização de uma prova com segurança. Pautamos a conectividade e o acesso à educação nos mais diversos espaços e permanecemos na luta em defesa da vida e por um retorno às aulas com segurança.

Para isso, é necessário que o protocolo de segurança desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação seja aplicado de forma responsável em todas as escolas, que a partir do dia oito de fevereiro estarão abertas com até 35% dos estudantes de acordo com o Plano São Paulo, com presença não obrigatória e ensino híbrido.

Hoje a vacina já é uma realidade e reacende a esperança de que logo tudo voltará à normalidade, por isso, é de extrema importância que os profissionais da educação sejam incluídos na lista de prioridade da vacina, para que estes voltem a atuar dentro do ambiente escolar com segurança e que o grupo de trabalhadores do grupo de risco tenham o seu retorno de maneira opcional.

Compreendemos a necessidade de um retorno às aulas presenciais com responsabilidade e segurança com a vida de todos os envolvidos no ambiente escolar e para isso a UPES está a disposição do diálogo e na construção de uma volta segura e de uma educação emancipadora para que o nosso futuro seja garantido.

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Escolas fechadas, vidas preservadas?

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Publicamos abaixo artigo do professor da Rede Municipal de ensino da capital do Rio Grande do Sul, Márcio Cabral, sobre a campanha iniciada pelo sindicato da categoria que defende o fechamento das escolas na pandemia “para salvar vidas”. De forma sintética, o professor expõe a contradição da palavra de ordem do sindicato gaúcho e destaca o papel dos servidores no desenvolvimento da juventude.

Márcio Cabral*

Professor da Rede Municipal de Porto Alegre-RS

Esta é uma opinião individual. Uma reflexão somente. Não me julgo dono da verdade. Mas também gosto de externar o que penso! Em todo o país se discute a reabertura de escolas. De um lado a opinião pública cobrando dos governos medidas que garantam o direito à educação. Do outro, profissionais da educação acuadas e receosas com os riscos para si e para todos e todas do retorno escolar.

Na minha opinião como profissional de educação a campanha encabeçada por sindicatos de ESCOLAS FECHADAS, VIDAS PRESERVADAS parte de um pressuposto totalmente equivocado. Isto não só está errado como ajuda a opinião pública a se voltar contra os trabalhadores.

Esquecem que milhões de alunos deste país têm na escola o único apoio institucional para seus direitos sociais. Sim! Em muitos casos a escola garante segurança, alimentação, cuidado, socialização, espaço para lazer, desenvolvimento físico, mental e cultural. Não está certo permanecer fechado!

Uma outra frase anda circulando por aí: O que é um ano de perdas para uma criança e que não possa ser recuperado? Mais uma vez esquecem estes sindicatos que isto serve para a classe média e que um ano pode ser irrecuperável para quem já perdeu tudo. Nas comunidades mais carentes as perdas são incalculáveis! Subnutrição, violência de todas as ordens, trabalho infantil, exploração sexual etc.

Tudo bem professores terem todo tipo de receio, de se contaminarem, de adoecerem, de levarem para suas casas o vírus…, mas é bom lembrarmos que estamos há um ano sem dar aula. Algo precisa mudar para retornarmos com segurança! Mas é preciso reabrir as escolas com segurança!

Ser professor de escola pública é, antes de tudo, ser um servidor público, e quando assumimos esta profissão também juntos recebemos o compromisso com as políticas públicas. Escola fechada por tanto tempo é um crime! Mas de quem é a culpa? Dos governos que não fazem nada para reverter isto!

É preciso cobrar dos gestores educacionais todas as medidas que garantam o direito à educação pública, gratuita e de qualidade e que a pandemia não pode ser desculpa para não se tomarem medidas concretas para enfrentarmos toda esta situação.

EDUCAÇÃO É DIREITO FUNDAMENTAL!

Para os profissionais da educação devem ser asseguradas todas as medidas de segurança, assistência e qualificação para lidar com a pandemia. Até mesmo do ponto de vista da aprendizagem não fomos formados para lidar com tudo isto aí. É preciso formação continuada para darmos aula.

Por fim a vacina…

Vacina tem que ser um direito para todos e todas neste país. Não somos privilegiados para furar fila. Não aceito que eu deva me imunizar antes de meus pais, por exemplo. Mas defendo que todo mundo tenha acesso à vacina. Vamos pressionar os governos para isto!

*Publicado no Jornal Hora do Povo

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Aleksandr Nevsky, de Serguey Eisenstein, grátis no “Cinema Soviético e Russo em Casa”

 

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A partir desta sexta-feira (12), às 19 horas, o clássico Aleksandr Nevsky, do renomado diretor soviético, Serguey Eisenstein, estará disponível no canal do CPC-UMES Filmes no Youtube no projeto “Cinema Soviético e Russo em Casa”.

Na primeira metade do século 13, o príncipe Aleksandr Nevsky evita o confronto com os tártaros que impunham pesados tributos às cidades russas e concentra os esforços na organização de um exército popular que derrota uma ameaça mais perigosa: os temíveis Cavaleiros Teutônicos, que pretendiam se apossar do território russo, submetê-lo ao Sacro Império Romano-Germânico e erradicar sua cultura. Rodado por Eisenstein, em 1937-38, o paralelo que o filme estabelece entre aqueles invasores e as hordas hitleristas que se preparavam para devastar a URSS é cem por cento intencional, mas nem por isso menos rigoroso  do ponto de vista histórico. Com trilha musical de Serguey Prokofiev,  “Aleksandr Nevsky” foi cuidadosamente restaurado pelo Mosfilm em 2015. 

A exibição estará disponível até domingo (14), às 19h.

Para acessar o canal clique em http://bit.ly/CPCUMESFilmes

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Assista o trailer de Aleksandr Nevsky

 

 

 

Aleksandr Nevsky

 

Serguey Eisenstein (1938), com Nikolay Cherkassov, Nikolai Oklopkov, Andrei Abrikosov, Valentina Ivasjova, URSS,  108 min.

Sinopse

Na primeira metade do século 13, o príncipe Aleksandr Nevsky evita o confronto com os tártaros que impunham pesados tributos às cidades russas e concentra os esforços na organização de um exército popular que derrota uma ameaça mais perigosa: os temíveis Cavaleiros Teutônicos, que pretendiam se apossar do território russo, submetê-lo ao Sacro Império Romano-Germânico e erradicar sua cultura. Rodado por Eisenstein, em 1937-38, o paralelo que o filme estabelece entre aqueles invasores e as hordas hitleristas que se preparavam para devastar a URSS é cem por cento intencional, mas nem por isso menos rigoroso  do ponto de vista histórico. Com trilha musical de Serguey Prokofiev,  “Aleksandr Nevsky” foi cuidadosamente restaurado pelo Mosfilm em 2015. 

 

Direção, Argumento Original e Roteiro: Serguey Eisenstein (1898-1948)

Serguey Mihailovitch Eisenstein nasceu em Riga, Letônia. Estudou arquitetura e engenharia no Instituto de Engenharia Civil de Petrogrado. Em 1918, alistou-se como voluntário no Exército Vermelho. Em 1920, ingressou no Proletkult,  atuando como cenógrafo e figurinista. Em 1923, publicou na revista LEF o artigo A Montagem das Atrações, dando início a uma vasta produção teórica sobre a linguagem cinematográfica. Estreou no cinema realizando o clássico ”A Greve” (1924). Tornou-se mundialmente conhecido com “O Encouraçado Potemkin” (1925). Em seguida dirigiu “Outubro” (1927), “O Velho e o Novo” (1929), “Que Viva México!” (1931, inacabado), “O Prado de Bejin” (1935, inacabado), “Alexandre Nevsky” (1938), “Ivan o Terrível” (1944, 1945). Realizou também importante trabalho como professor do Instituto Estatal de Cinematografia (VGIK).
Boa parte de sua obra teórica se encontra reunida nos livros “A Forma do Filme” (1929), “O Sentido do Filme” (1942) e “Memórias Imorais” (autobiografia, 1946). Em “Aleksandr Nevsky, Eisenstein contou com o apoio de Pyotr Pavlenko, na construção do roteiro, e Dmitri Vassilyev no trabalho de direção.

 

Música Original: Serguey Prokofiev (1891-1953)

Serguey Sergueievitch Prokofiev nasceu em Donetsk, Ucrânia. Estudou piano e composição no Conservatório de São Petesburgo. Um dos compositores mais celebrados do século 20, escreveu sinfonias, concertos para piano, óperas, balés e trilhas para cinema. Entre suas obras mais executadas estão as óperas “O Amor das Três Laranjas” (1921) e “Guerra e Paz” (1943), o balé “Romeu e Julieta” (1936), a composição infantil “Pedro e o Lobo” (1936). Desde 1918, viveu nos Estados Unidos, França e em turnês pelo mundo, até retornar à União Soviética no início dos anos 30 e fixar residência em Moscou. Sua primeira trilha para cinema foi a de “Tenente Kije”, comédia realizada em 1934 por Aleksandr Feintsimmer. Em 1938, compôs para Serguey Eisenstein a música do grande épico “Aleksandr Nevsky”. Em 1944, repetiu a dose com a trilha de “Ivan, o Terrível”. Sob direção do cineasta russo Aleksndr Rou, seu balé “Cinderela” foi para as telas em 1960.
A música de Prokofiev está presente em mais de uma centena filmes, mesmo sem terem sido compostas especificamente para eles. Os exemplos vão desde “Calígula”, realizado em 1979 por Tinto Brass, a “10 Dias Que Abalaram o México”, de Peter Greenway (2015), passando por vários episódios da série “Os Simpsons”.

 

Prokofiev por Eisenstein

Por mais ridículo que possa parecer em face de meus outros camaradas, com “Aleksandr Nevsky” eu fazia a minha estreia no filme sonoro. Como eu gostaria de aproveitar para experimentar em paz, sistematicamente, tudo o que eu tinha armazenado em matéria de ideias e desejos depois de anos em que eu sonhava com o filme sonoro! O canhoneio do lago Hassan dissipa esses sonhos idílicos. Mordendo os dedos de raiva porque o filme não terminava, impedindo que o atirássemos como uma granada ao rosto do agressor, a equipe redobra de ardor em silêncio e o prazo impossível de término, dia sete de novembro, começa a repercutir em nossa consciência como realidade. Confesso que, até o último dia, vivi com a ideia: “É impossível terminar o filme no dia sete de novembro, mas vamos terminar”.
Com essa finalidade enfrentamos os mais pesados sacrifícios, ficamos prontos a renunciar a tudo o que nos havia seduzido no princípio da combinação luz-som. Num prazo tão rápido, parecia inconcebível chegar a fundir organicamente a música com a imagem, a descobrir e a resolver a maravilhosa sincronização interna das formas visuais e auditivas, isto é, realizar aquilo em que reside, no fundo, todo o segredo da ação combinada luz-som. Precisávamos de tempo, de reflexão, de duas, três, vinte montagens. Como chegaria a música a se deixar fecundar pela imagem? Como ou, mais exatamente, quando chegaríamos a conseguir fundir aqueles dois elementos num só bloco?
Foi aí que o mestre feiticeiro Serguey Prokofiev acorreu em nosso auxílio.
Quando este fabuloso musicista encontrou tempo para refletir sobre o espírito da obra, para compreender num simples esboço de montagem toda a lógica interna de uma cena, para repeti-la em termos de música, para traduzi-la numa orquestração prodigiosa e, durante as horas passadas no estúdio de gravação com Volski, o engenheiro de som, e Bogdankevitch, o operador, para harmonizar o método de gravação através de diversos microfones de uma maneira que até então não tinha sido feita entre nós?
Os prazos eram contados, mas podíamos dar-nos a todos os luxos: em toda passagem-chave, a combinação luz-som era elevada a um ponto tal que não teria sido possível obter em prazo três vezes maior. Deve-se isso a Serguey Prokofiev que une a um talento brilhante um incrível brio profissional e o dom de realizar trabalho-relâmpago.
(Extraído do artigo de Eisenstein “Patriotismo, Meu Tema”- editado em 1939).