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“Meu povo à luta Vai-Vai” – Escola do Bixiga volta ao Grupo Especial do Carnaval

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A escola símbolo da luta do povo levou pra avenida o sentimento de união que existe no nosso Bixiga.

Parabéns a todos os moradores da Bela Vista pelo título do grupo de acesso.

A campeã do Grupo de Acesso do Carnaval 2020 de São Paulo com o enredo “Vai-Vai de Corpo e Álamo” e estará de volta ao Grupo Especial em 2021.

“Eu não tenho o que falar. Estou feliz! Aqueles que não acreditavam na gente, hoje nós somos comunidade, somos fortes. Um povo unido, feliz. A gente se livrou de todos os males. Tenho que agradecer a Deus e a toda a minha comunidade. Obrigado, Vai-Vai”, comemorou a presidente Anna Maria Murari.

Rebaixada em 2019 para o Grupo de Acesso pela primeira vez em sua história, a Vai-Vai enfrentou um duro período de reestruturação, que incluiu corte de gastos, suspeitas de desvio de verbas públicas, mudanças na direção e esforço e doação de dinheiro por parte de toda a comunidade preto-e-branco.

Sem verba pública para o Carnaval e cofres no vermelho, a Vai-Vai buscou alternativas para levantar dinheiro. Uma delas foi a criação de um financiamento coletivo.

Veja o desfile da Vai Vai:

 

Desfile quase perfeito

Garra, organização e um desfile tecnicamente perfeito. Na avaliação dos integrantes da Vai-Vai, estes foram alguns dos principais pontos que garantiram o título da escola no Grupo de Acesso 1, e a volta do Grupo Especial do Carnaval de SP.

A escola perdeu apenas 0,2 décimos na apuração das notas. “A Vai-Vai merece tudo isso”, diz Milena Vai-Vai, 57, às lágrimas. Ela acompanhou a divulgação das notas em um bar ao lado da agremiação, e teve uma crise de choro no quesito bateria.

Emocionada, ela tatuou o símbolo da escola no peito esquerdo há três anos, e praticamente não conseguiu continuar a entrevista. “Logo que caímos, eu tive um câncer. Foi por causa da dor pela queda da escola”, diz Milena, que passou a maior parte a tarde de ancorada pela filha Mirra Carpi.

Para Luiza Nogueira, 74, integrante da Velha Guarda da Escola, a comunidade fez diferença. “Garra, muita garra da comunidade e a força de nossa gente. Doamos tudo o para esta escola.

Presidente da honra da escola, Thobias da Vai-Vai credita o sucesso do desfile deste ano à união entre bateria e ala de compositores. E também ressalta a união. “Bateria e compositores são o coração e alma da escola, sem desmerecer os outros setores”.

“Encontramos a casa toda desorganizada. A partir dai, cada um pegou detergente, sabão e limpamos tudo. Cada um fez a sua parte, com garra e união”. analisa.

Emocionado, Thobias diz que o momento é de comemoração. Mas avisa que a Vai-Vai terá que se profissionalizar ainda mais para se manter entre as grandes escolas. “Minha função é apagar incêndios. E acho que consegui fazer isso neste ano.”

Tensão

A apuração começou tensa na quadra da escola do Bixiga (região central de São Paulo). Por causa da chuva, a apuração atrasou a divulgação das notas, e interrompeu a internet da quadra por diversas vezes.

A cada nota divulgada, integrantes da escola de samba comemoravam como uma final de campeonato de futebol. Quadras e bares da região da Bela Vista pararam para transmitir a apuração que marcou a volta da Vai-Vai à elite.

No quesito bateria, que definiu o título, muitos sambistas às lagrimas já cantavam o samba-enredo e Corpo e Álamo, e celebravam a união da escola para superar a crise que gerou o rebaixamento inédito. “Esforço e muita união”, analisa Miriam Damires, 69, secretaria da Velha Guarda”. “Só ficaram as pessoas honestas na Vai-Vai”.

Com informações do portal UOL

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2ª MOSTRA DEMOCRÁTICA CINEMA COM PARTIDO

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A partir do dia 14 de março, começa a exibição no Cine-Teatro Denoy de Oliveira da 2ª Mostra Democrática Cinema com Partido.

A programação de 2020 inclui 37 filmes de 15 cinematografias, que contarão com debates após as sessões sobre os temas abordados nos filmes. A Mostra foi inaugurada em março de 2019 pelo CPC-UMES (Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de SP).

Trabalhadores sem direitos; colonialismo; imperialismo; racismo; discriminação das mulheres; extermínio das populações indígenas; degradação do meio-ambiente; ciência e escola sob censura de pretensos intérpretes das Escrituras; aversão à democracia e seu fundamento, o livre debate entre partidos políticos; exaltação das ditaduras, do pensamento único, da violência, da intolerância, da corrupção, da hipocrisia (qualquer semelhança com o governo da família Bolsonaro será mera coincidência?) são temas que o cinema universal tem denunciado com vigor ao longo do tempo.

Para a extrema-direita, isto é doutrinação marxista. Para as correntes de opinião comprometidas com a democracia, é cultura e arte. 

As sessões, seguidas de debates, ocorrem aos sábados às 10h. 

Cine-Teatro Denoy de Oliveira
Rua Rui Barbosa, 323, 
Sede Central da UMES
Tel: 3289-7452

Sábados, às 10 horas

ENTRADA GRATUITA

 

Programação de 2020

 

A Vida de Galileu – 14/03/2020 

Dirigido por Joseph Losey (1975), com Chaim Topol, Edward Fox, Colin Blakely, INGLATERRA, 145 min. Arquivo Digital

As observações astronômicas de Galileu, utilizando o recém-inventado telescópio, reforçaram a teoria de Copérnico de que a Terra gira em torno do Sol – e não o oposto, como queria a Igreja. Em 1616 a Inquisição começa a julgar o cientista por “prejudicar a Fé Sagrada ao tomar a Sagrada Escritura como falsa”. O filme adapta peça de Bertolt Brecht, que Losey dirigiu na Broadway, em 1947, com Charles Laughton no papel de Galileu.

Debatedor:Valério Bemfica, presidente do Centro Popular de Cultura (CPC-UMES).

 

O Julgamento do Macaco – 21/03/2020

Dirigido por Stanley Kramer (1960), com Spencer Tracy, Frederic March, Gene Kelly e Donna Anderson. EUA, 128 min.

Em 1925, o professor John Scopes foi julgado por ensinar a Teoria da Evolução, de Darwin, numa escola pública do Tenessee. Criacionismo e Escola Sem Partido, que já exalavam acentuado bolor há 100 anos, são revividos no filme como metáfora do macarthismo que flagelou a democracia americana nos anos 50. Premiado no Festival de Berlim:  Melhor Ator (Frederic March).

Debatedor: Walter Neves, professor do Instituto de Biociências da USP, é conhecido como o “pai” de Luzia, o mais antigo crânio humano encontrado nas Américas.

 

Caçada Humana – 28/03/2020

Dirigido por Arthur Penn (1966), com  Marlon BrandoRobert RedfordJane Fonda. EUA, 135 min. Arquivo Digital

Numa cidadezinha do Texas, típica das que elegeram Trump, quando chega sexta-feira, respeitáveis cidadãos, em meio a tradicionais bebedeiras temperadas por exibições de adultério e racismo, começam a fazer coisas de que até Deus duvida. Debatedor:

Debatedor: Jamil Murad, médico, foi vereador na cidade de São Paulo, deputado estadual por três mandatos e deputado federal.

 

Milagres à Venda – 04/04/2020

Dirigido por Richard Pierce (1992), com Steve Martin, Debra Winger, Liam Neelsen. EUA, 107 min.

Steve Martin vive o Reverendo Jonas Nightingale, um charlatão de Bíblia na mão, que passa de cidade em cidade com sua caravana trocando a salvação por doações financeiras.

Debatedor: Pastor Ariovaldo Ramos, coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

 

Capitalismo Uma História de Amor – 11/04/2020

Dirigido por Michael Moore, 2009. EUA, 127 min. Arquivo Digital

O documentário traça um roteiro de como, a partir da era Reagan (1981-89), o capitalismo, levando ao extremo a obsessão pelo lucro, acentuou o processo de monopolização, aumentando o poder das grandes corporações financeiras e o abismo entre ricos pobres, produzindo o colapso econômico de 2008.

Debatedor: Nilson Araújo, economista com mestrado pela UFRGS, doutorado pela UNAM (México) e pós-doutorado FEA/USP. Autor de “Economia Brasileira de Getúlio a Lula“, entre outros livros.

 

Snowden – 18/04/2020

Dirigido por Oliver Stone (2016), com  Joseph Gordon-LevittShailene WoodleyMelissa Leo. EUA, 134 min. Arquivo Digital

A história de Edward Snowden, o hacker da Agência Nacional de Segurança (NSA) e CIA que, em 2013, revelou à imprensa documentos secretos comprovando bilhões de ações de espionagem do governo dos EUA, através da Internet, contra cidadãos de todo o mundo – especialmente os de seu próprio país. 

Debatedor: Glenn Greenwald, escritor e jornalista norte-americano radicado no Brasil. Fundador e coeditor do The Intercept.

 

Driblando a Democracia – 25/04/2020

Dirigido por Thomas Huchon (2018). França, 52 min. Arquivo Digital

O documentário conta como 87 milhões de perfis do Facebook passaram pela Cambridge Analytica e aportaram na campanha de Trump, possibilitando a realização em escala ampliada de operações psicológicas para manipular o eleitorado e conseguir que, mesmo derrotado no voto popular,  o candidato da extrema direita ganhasse no Colégio Eleitoral.

Debatedor: Alessandro Molon, deputado federal (PSB-RJ) e integrante da CPI da Fake News.

 

Daens, Um Grito de Justiça – 02/05/2020

Dirigido por Stijn Coninx (1992), com Jan Decleir, Gerard Desarthe, Antje de Boeck. Bélgica, 138 min. Arquivo Digital

Na década de 1890, o padre belga Adolf Daens vai a Aalst, cidade têxtil onde as condições de trabalho são especialmente degradantes. Ele assume a defesa dos trabalhadores, chega ao parlamento numa frente com socialistas e liberais, e entra em choque com a Igreja Católica, que apoia os burgueses. Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1993).

Debatedora: Maria Pimentel, secretária de relações internacionais da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).

 

A Classe Operária Vai ao Paraíso – 09/05/2020

Dirigido por Elio Petri (1971), com Gian Maria VolonteMariangela MelatoSalvo Randone. Itália, 125 min. 35MM

Operário-padrão de uma fábrica que adota a política de cotas de produção, Lulu Massa é adorado por seus superiores e detestado pelos colegas. Entregue aos sonhos de consumo da classe média, distante dos movimentos de sua classe, Lulu se acha o máximo, até que um acontecimento inesperado põe em xeque seu modo de ver o mundo. Palma de Ouro em Cannes (1972).

Debatedores: Nivaldo Santana, deputado estadual por rês mandatos e atual secretário de relações internacionais da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Bra- sil). Rodrigo Gomes, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

 

El Empleo – 16/05/2020

Dirigido por Santiago Bou Grasso (2008). Argentina, 7 min. Arquivo Digital

Rosalie Vai Às Compras

Dirigido por Percy Adlon (1989), com Marianne Sägerbrecht, Brad Davis, Judge Reinhold. Alemanha/EUA, 90 min. Arquivo Digital

Dois filmes ácidos sobre os tempos “pós-modernos”, para os quais entre o homem e a realização de seus desejos já não há barreira moral, somente a financeira.  Na premiada animação argentina, o desemprego deixa de ser problema para se transformar em solução.  Na sátira de Adlon, dona de casa alemã, morando no interior dos EUA, tem marido perfeito, sete maravilhosos filhos e uma infindável coleção de cartões de crédito falsos que lhe permite comprar tudo o que a TV anuncia.

Debatedor: Orlando Silva, deputado federal (PCdoB-SP). Foi presidente da União Nacional dos Estudantes e Ministro dos Esportes.

 

Eu, Daniel Blake – 23/05/2020

Dirigido por Ken Loach (2016), com: Dave JohnsHayley SquiresDylan McKiernan. Inglaterra/França/Bélgica, 101 min. Arquivo Digital

Carpinteiro de 59 anos, em luta para ser atendido pela Previdência Social Inglesa, por ter sofrido um infarto, une suas forças às da jovem Katie, que não consegue obter trabalho nem receber o seguro-desemprego para sustentar seu dois filhos. Palma de Ouro no Festival de Cannes (2017).

Debatedor: Jorge Venâncio, coordenador do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa e do Conselho Nacional de Saúde

 

O Veneno Está na Mesa 1 e 2 – 30/05/2020

Dirigido por Sílvio Tendler (2011 e 2014), Brasil, 120 min. Arquivo Digital

O documentário analisa o uso indiscriminado de agrotóxicos que levaram a agricultura brasileira à condição de recordista mundial no uso de agentes químicos produzidos pela  Bayer, BASF, Dupont, Monsanto etc. – inclusive os proibidos na China e nos EUA. O filme apresenta também experiências agroecológicas voltadas à produção de alimentos saudáveis.

Debatedor: Silvio Tendler, um dos documentaristasmais importantes do país. Em 50 anos de carreira, lançou mais de 70 longas, médias e curtas-metragens em salas de cinema, canais de TV e na internet

 

Mauá, o Imperador e o Rei – 06/06/2020

Dirigido por Sérgio Rezende (1999), com Paulo Betti, Malu Mader, Othon Bastos, Brasil, 135 min. 35MM

Pioneiro da industrialização, o Barão de Mauá (1813-89) foi antagonizado pelos ingleses, sempre prontos a desestabilizar potenciais concorrentes, e por D. Pedro II, incapaz de imaginar o Brasil como algo diferente de um fazendão movido pelo braço escravo.  Venceu  muitas batalhas, perdeu outras tantas, mas gravou o nome na história.

Debatedor: Sérgio Rezende, cineasta e roteirista. Além de Mauá, dirigiu dezenas de filmes como Zuzu Angel (2006) e Salve Geral (2009).

 

A Guerra do Ópio – 13/06/2020

Dirigido por Xie Jin (1997), com Bao Guoan, Rob Freeman, Xiangting Ge, Emma Griffith. China, 150 min. Arquivo Digital

Produtos chineses como seda e chá eram apreciados na Europa, mas a recíproca só valia em relação ao ópio.  A droga, trazida da Índia, chegou a representar metade das   exportações inglesas para a China, produzindo uma crise social no país. Um decreto imperial procurou frear o processo. A Inglaterra rebateu, indo à Guerra, em 1839, pela defesa do “livre comércio”. Premiado com o Galo de Ouro de Melhor Filme (China Film Association – 1997).

Debatedor: Samuel Pinheiro Guimarães, embaixador, foi   diretor da Embrafilme, secretário geral do Itamarati e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

 

Prelúdio de Uma Guerra – 20/06/2020

Dirigido por Frank Capra e Anatole Litvak (1942). EUA, 54 min. Arquivo Digital

O documentário mostra a ascensão do fascismo na Itália, Alemanha e Japão, os ataques à província chinesa da Manchuriano (1931), à Etiópia (1935) e outros preparativos que desembocaram na 2ª Guerra Mundial. O filme é parte da série “Why We Fight”, produzida  na era Roosevelt (1933-45) pelo Exército dos EUA e supervisionada por Frank Capra. Oscar de Melhor Documentário (1943).

 

O Grande Ditador – 27/06/2020

Dirigido por Charlie Chaplin (1940), com Charlie Chaplin, Paulette Goddard, Jack Oakie. EUA, 145 min. Arquivo Digital

Lançado em 1940, o filme satiriza os líderes fascistas da época e traz Chaplin no papel de um barbeiro judeu que é confundido com um ditador tirânico. Em 1952, o discurso democrático do personagem no final da obra foi apresentado pela extrema direita, que ascendeu após a morte de Roosevelt, como evidência da filiação do artista ao comunismo e motivo da sua expulsão do país. 

Debatedor: Luiz Zanin Oricchio, jornalista, crítico de cinema e colunista do jornal O Estado de São Paulo.

 

Sostiene Pereira – 04/07/2020

Dirigido por Roberto Faenza (1996), com Marcelo Mastroianni, Joaquim de Almeida, Daniel Auteuil, Nicoleta Braschi. Portugal/Itália/França, 104 min. Arquivo Digital

Portugal, 1936. Enquanto o fascismo avança no mundo, o Sr. Pereira, pacato editor da seção cultural de um jornal de Lisboa, encontra dificuldades para convencer o novo obtuarista das vantagens de viver encerrado em uma torre de marfim. Premiado, em 1995, com quatro David di Donatello da Accademia del Cinema Italiano.

Debatedores: Clóvis Monteiro, editor da Hora do Povo, e Altamiro Borges, jornalista, editor do Blog do Miro.  

 

Casablanca – 11/07/2020

Dirigido por Michael Curtiz (1942), com Humphrey Bogarth, Ingrid Bergman, Paul Henried. EUA, 102 min. 35MM

Em Casablanca, Marrocos, Rick Blaine é dono de uma casa noturna frequentado por colaboracionistas franceses, oficiais do 3º Reich, refugiados políticos e ladrões. É lá que ele reencontra Ilsa Lund, que o deixara sem dar explicações após viverem um tórrido romance há dois anos em Paris. Ela está com o marido Victor Laszlo, líder da Resistência Checa procurado por toda a Europa pela Gestapo. Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro, em 1944.

Debatedora: Maria do Rosário Caetano, jornalista, especialista em cinema brasileiro e autora do blog Almanakito.

 

A Jovem Guarda – 18/07/2020

Dirigido por Sergei Gerasimov (1948), com Vladimir Ivanov, Inna Makarova, Nonna Mordyukova, Sergei Gurzo, Lyudmila Shagalova. URSS, 189 min. Arquivo Digital

Durante a 2a. Guerra Mundial, grupo de estudantes e trabalhadores de Krasnodon,  Ucrânia, cria organização clandestina denominada “Jovem Guarda” que faz a propaganda e promove atos de sabotagem contra as tropas alemãs, visando juntar-se às unidades do Exército Vermelho que viriam a libertar a cidade em fevereiro de 1943.

Debatedor: Mauro Bianco foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes durante o processo de impeachment de Collor e vice-presidente da Federação Mundial das Juventudes Democráticas.

 

Tigre Branco – 25/07/2020

Dirigido por Karen Shakhnazarov (2012), com Aleksey Vertkov, Valeriy Grishko, Vitalyi Kiscenko, Karl Krantzkowski. Rússia, 104 min. Arquivo Digital

Encontrado quase morto no campo de batalha, o tanquista Ivan Naydenov tem uma recuperação que desafia a compreensão dos médicos. Mais misteriosa se torna a história quando ele revela que foi atingido pelo Tigre Branco, indestrutível tanque alemão que surge e desaparece como por encanto. Prêmio Nika de Melhor Filme e Águia de Ouro de Melhor Diretor, em 2013.

Debatedor: Sergey Pogóssovitch Akopov, Embaixador da Federação da Rússia.

 

O Conselho dos Deuses – 01/08/2020

Dirigido por Kurt Maetzig (1950), com Paul Bildt, Fritz Tillmann, Willy A. Kleinau. RDA, 91 min. Arquivo Digital

O dr. Scholz trabalha na IG Farben, holding da Bayer, Basf e outras gigantes do setor químico que veem na guerra uma oportunidade de ampliar os negócios. Suas pesquisas sobre pesticidas levam ao Zyklon B, que em breve viria a ser usado nas câmaras de gás, reduzindo a pó a sua crença na neutralidade política da ciência.

Debatedora: Mariana Moura, cientista engajada, pesquisadora FAPESP e professora de Relações Internacionais na ESAMC-SP.

 

Julgamento em Nuremberg – 08/08/2029

Dirigido por Stanley Kramer (1961), com: Spencer Tracy, Marlene Dietrich, Richard Widmark, Burt Lancaster. EUA, 186 min. Arquivo Digital

Ao presidir o julgamento de quatro juízes que usaram as togas para dar status legal às atrocidades nazistas, Dan Haywood sente a mudança dos ventos. Cada vez menos interessado em julgamentos severos, Tio Sam transita para a ideia de que, “vistos desapaixonadamente”, os nazis são uma reserva contra os comunistas. Oscar de Melhor Roteiro, Globo de Ouro de Melhor Filme e Melhor Diretor.

Debatedor: Felipe Santa Cruz, presidente do Conselho Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil.

 

Culpado Por Suspeita – 15/08/2020

Dirigido por IrwinWinkler (1991), com Robert De Niro, Annette Bening, George Wendt. EUA, 105 min. Arquivo Digital

Diretor de cinema não consegue trabalho por se negar a fornecer nomes de “comunistas” ao “Comitê de Atividades Antiamericanas”. Para a direita macarthista, cujo reinado durou do fim da década de 1940 a meados dos anos 1950, comunista era qualquer apoiador do ex-presidente Roosevelt. Outro ponto em comum com Bolsonaro era o ódio de McCarthy à cultura e à ciência. Morreu em 1957, desacreditado e afogado em álcool.

Debatedores: Marcus Vinicius de Andrade, maestro, compositor, dramaturgo e presidente da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes (AMAR). João Batista de Andrade, cineasta, roteirista e escritor, foi presidente do Memorial da América Latina, Secretário de Cultura do Estado de São Paulo e Ministro da Cultura.

 

Corações e Mentes – 22/08/2020

Dirigido por Peter Davies (1974). EUA, 112 min. 35MM

O título saiu de uma frase do presidente Lyndon Johnson (1963-69):  “A vitória da América dependerá dos corações e mentes das pessoas que moram no Vietnã”. Davies seguiu esse roteiro, foi ouvir a população vietnamita e ouviu também ex-combatentes americanos, obtendo resultado valioso para desintoxicar corações e mentes de moradores dos EUA dos males do hegemonismo e do racismo que assolam o país. Oscar de Melhor Documentário (1975).

Debatedor: Sérgio Muniz, cineasta, participou como montador e diretor de inúmeros documentários da Caravana Farkas. Representante da Fundación del Nuevo Cine Latino-americano (FNCL).

 

JFK – 29/08/2020

Dirigido por Oliver Stone (1991), com Kevin Costner, Tommy Lee Jones, Laurie Metcalf, Gary Oldman. EUA, 189 min. Arquivo Digital

Baseado no relato do promotor Jim Garrison, que ao examinar as conclusões da Comissão Warren sobre o assassinato do presidente Kennedy suspeita que há muito mais do que foi revelado ao público. Aprofundando a investigação, Garrison depara com uma conspiração envolvida com a morte do presidente. Ganhou dois Oscar e um Globo de Ouro, em 1992: Melhor Fotografia, Montagem e Direção.

 

Syriana, a Indústria do Petróleo – 05/09/2020

Dirigido por Stephan Ghagan (2005), com George Clooney, Matt Damon, Jeffrey Wright, Oriel. EUA, 128 min. Arquivo Digital

Syriana é um neologismo que aparece em estudos sobre a criação de um Estado artificial que garanta o acesso ocidental contínuo ao petróleo do Oriente Médio. O filme dá uma panorâmica da caça ao produto, a partir das histórias cruzadas de quatro personagens: um agente da CIA, um analista financeiro, um advogado de Washington e um desempregado paquistanês. Oscar e Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante (Clooney).

Debatedor: Ildo Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, foi diretor da Petrobrás, sendo um dos principais responsáveis pela descoberta dos campos do pré-sal.

 

Limoeiros – 12/09/2020

Dirigido por Eram Riklis (2008), com Hiam Abbass, Rona Lipaz-Michael, Ali Suliman. Israel/França/Alemanha, 106 min. Arquivo Digital

Salma é uma viúva cujo sustento vem de sua plantação de limões, localizada na linha de fronteira entre Israel e Cisjordania. Quando o Ministro de Defesa israelense se muda para a casa em frente, o exército declara que os limoeiros ameaçam a segurança do governante e por isso devem ser arrancados. Prêmios da Academia de Cinema Europeu, de Melhor Roteirista e Melhor Atriz (Abbass), em 2009.

 

Machuca – 19/09/2020

Dirigido por Andrés Wood (2003), com Ariel Mateluna, Manuela Martelli, Aline Küppenheim. Chile, 1973. Chile, 120 min. Arquivo Digital

Chile 1973. Golpe de Pinochet interrompe a experiência do padre McEnroe, diretor do Saint Patrick, colégio de elite na capital chilena, que passara a admitir de forma gratuita no estabelecimento alguns filhos de famílias de trabalhadores. Prêmio Goya de Melhor Filme em Língua Espanhola (2004).

Debatedor: João Vicente Goulart, filósofo, poeta e escritor, é presidente do Instituto João Goulart. Foi deputado estadual (RS) e candidato à Presidência da República.

 

A História Oficial – 26/09/2020

Dirigido por Luiz Puenzo (1985), com Héctor Alterio, Norma Aleandro, Chunchuna Vilafañe. Argentina, 112 min. Arquivo Digital

Após a queda da ditadura militar na Argentina, em 1983, uma professora desconfia que o marido trabalhava para a máquina de repressão e que sua filha adotiva é, na realidade, filha biológica de um casal de “desaparecidos políticos”. Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1986).

Debatedora: Susana Lischinsky, programadora do CPC-UMES Filmes.

 

Pra Frente Brasil – 03/10/2020

Dirigido por Roberto Farias (1982), com Reginaldo Farias, Natália do Valle, Antônio Fagundes, Carlos Zara. Brasil, 105 min. 35MM

Após ser confundido com um ativista político, um comedido cidadão da classe média é preso e torturado por agentes da repressão durante a euforia do “milagre econômico” e da Copa do Mundo de 1970. Melhor Filme no Festival de Gramado (1983), Melhor Diretor no Festival de Berlim (1984).

Debatedor: Carlos Lopes, Diretor de Redação da Hora do Povo, autor de “Os crimes do cartel do bilhão contra o Brasil – O esquema que assaltou a Petrobrás”.

 

Tancredo, A Travessia – 10/10/2020

Dirigido por Sílvio Tendler (2011). Brasil, 104 min. Arquivo Digital

O documentário traça a trajetória de Tancredo Neves (1910-85), político mineiro egresso do getulismo, que, após 20 anos de ditadura,  restabeleceu o governo civil no Brasil, encabeçando uma ampla frente democrática que venceu as eleições para presidente onde esse resultado parecia impossível de ser obtido, no Colégio Eleitoral.

 

Infiltrado na Klan – 17/10/2020

Dirigido por Spike Lee (2018), com John David Washington, Adam Driver, Laura Harrier. EUA, 135 min. Arquivo Digital

Em 1978, um policial consegue se infiltrar na Ku Klux Klan e ficar próximo do líder da seita, David Duke, para sabotar linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.  David Duke é o mesmo que, em outubro de 2018, disse de Bolsonaro, em seu programa de rádio: “Ele soa como nós”. Vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes (2019).

Debatedor: Nei Lopes, compositor, cantor, escritor e estudioso das culturas africanas, no continente de origem e na Diáspora Africana. É diretor da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes (AMAR).

 

Xica da Silva – 24/10/2020

Dirigido por Cacá Diegues (1976), com Zezé Motta, Walmor Chagas, Altair Lima. Brasil,107 min. Arquivo Digital

Xíca da Silva (1732-96), escrava matreira da região diamantina das Minas Gerais, seduz o enviado do Rei, com sua sensualidade, para compartilhar o seu poder. Ela queria a liberdade para ser igual aos brancos. Quando a consegue, descobre que as portas da sociedade não se abririam tão facilmente. Recebeu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz (Zezé Motta) do Festival de Brasília, em 1977.

Debatedora: Zezé Motta, atriz e cantora, participou de mais de 40 filmes, inúmeras produções de televisão e gravou mais de uma dezena de discos.

 

Tratoristas – 31/10/2020

Dirigido por Ivan Pyriev (1939), com Marina Ladynina, Nikolai Kriuchkov, Boris Andreev, URSS, 82 min. Arquivo Digital

De volta da guerra no Extremo Oriente, piloto de tanque se apaixona pela líder de uma equipe de tratoristas. A canção-tema, de Dmitri e Daniel Pokrass, que acompanha os créditos desta comédia musical se tornou um marcante sucesso popular.

Debatedora: Vera Gers Dimitrov, diretora da Associação Cultural Grupo Volga de Folclore Russo, dedicada a difusão da cultura e das tradições russas no Brasil.

 

Norma Rae – 07/11/2020

Dirigido por Martim Ritt (1979), com Sally Field, Beau Bridges, Ron Leibman. EUA, 115 min. Arquivo Digital

Em 1978, numa cidade do Alabama, a maioria da população está empregada em uma indústria têxtil, cujas condições de trabalho são precárias. Lá trabalha Norma Rae, uma mãe solteira que vive com os pais, também operários da fábrica. E eis que chega de Nova Iorque o sindicalista Reuben Warshowsky,  procurando lugar para morar numa casa de família. Oscar e Globo de Ouro de Melhor Atriz (Sally Field), em 1980.

Debatedoras: Nádia Campeão foi secretária de Educação e vice prefeita de São Paulo. Márcia Campos foi fundadora e presidente da Confederação das Mulheres do Brasil, presidente da Federação Democrática Internacional de Mulheres.

 

A Estratégia do Caracol – 14/11/2020

Dirigido por Sérgio Cabreira (1993), com Frank Ramírez, Fausto Cabrera, Humberto Dorado, Vicky Hernández. Colômbia, 116 min. Arquivo Digital

Moradores de bairro pobre de Bogotá dão o melhor de si na luta para evitar a demolição do casarão que ocupam há anos, a Casa Uribe, de propriedade de um milionário  inescrupuloso.

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Fim da picada – Walter Sorrentino

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Mussolini e seus milicianos, os “camisas negras”, na marcha sobre Roma

WALTER SORRENTINO (*)

O carnaval já chegou e a folia vai desconcentrar-se de assuntos agônicos. Mas seguirá a marcha da deriva do Brasil sob direção de Bolsonaro.

É o fim da picada. Chega uma hora em que quase já tudo foi dito e evidenciado sobre a deriva nacional quando Heleno bate na mesa, Guedes aprofunda sua ligação com o núcleo ideológico do governo, uma testemunha ameaçadora para o clã que tomou conta do país é assassinado obscuramente, o presidente se mostra um ser grotesco, inepto para governar, o senador Cid Gomes é baleado… Veríssimo foi certeiro: o Brasil está sendo apatifado.

A lista do arbítrio, da destruição do Estado, do esgarçamento do tecido social e do avanço das milícias e do neopentecostalismo para-estatal já tem dimensão histórica inédita. O desemprego, a violência, as condições do serviço público em geral, a indignação com as desigualdade crescentes, destruição do patrimônio público, a economia em depressão – tudo isso vai se acumulando na panela de pressão, mas não encontra escoadouro e consenso na maioria da sociedade.

Entretanto, a escalada autoritária é a marca central hoje no Brasil. Vozes se alevantam – felizmente – contra esse estado de coisas, inclusive na grande mídia, nas instituições e em setores conservadores, porém democráticos. Esse governo é inviável se mantiver o arcabouço institucional formal ainda vigente. Se há algum consenso maior, é esse, e a maioria do povo será capaz de entendê-lo.

Entretanto, o que não foi dito – aquelas coisas que também entram para a história – é por que a maioria da esquerda brasileira se recusa a entender o grau das ameaças autoritárias e a unir-se para liderar a luta lado a lado com amplos setores para barrar essa insanidade, isolar e derrotar Bolsonaro no terreno da luta por um Estado democrático de direito, em defesa da Constituição.

Muitos na esquerda estão perdidos em abstrações pensando em 2022 – que país haverá até lá? Que hegemonia pode ter uma esquerda que não se disponha a sair das montanhas escarpadas e ir para a planície, onde está a maioria dos brasileiros de todos os credos e inclinações políticas, para uma mensagem de esforços em comum para esconjurar o perigo autoritário e permitir, aí sim, que se reponha o pacto democrático para as disputas inevitáveis de rumos para o país? Bem vistas as coisas, estamos às voltas com uma crise que acomete tais forças da esquerda. O custo disso será elevado!

*Walter Sorrentino é vice-presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Publicado no Jornal Hora do Povo.

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El Cid e a coragem de Brizola – Gustavo Castañon

CID-GOMES-reprodução.jpg Senador Cid Ferreira Gomes (PDT-CE), após ter sido baleado duas vezes, em Sobral, no Ceará – Foto: Reprodução

 

GUSTAVO CASTAÑON*

Vivi para ver parte da milícia digital do PT, de sua blogosfera, defender milicianos mascarados que aterrorizavam a população do Ceará e chamar de “imprudente”, ou “transloucada” a atitude de coragem do Senador Cid Gomes.

Vivi para ver o PT, depois de um Senador da República ser alvejado no peito enfrentando as milícias que tomaram de assalto o Estado Brasileiro, emitir uma nota de solidariedade ao… Governador do Estado. Que é do PT.

Consultando o monitoramento de rede, viram que a população esmagadoramente ficou do lado de Cid, e se juntaram à rede Bolsonarista liderada por Eduardo Bolsonaro para mais uma vez atacar um Ferreira Gomes, exatamente como fizeram no primeiro turno de 2018.

Esse é o tamanho moral deles.

O Brasil está tomando um golpe de Estado lento e gradual.

Somos uma República de Milicianos.

E a preocupação do PT é os Ferreira Gomes.

Cid não avançou com a retroescavadeira para cima de pessoas.

Ele foi desarmado conversar com um grupo de milicianos mascarados e armados que aterrorizavam Sobral e pedir para eles desocuparem um prédio público e deixarem os policiais, que já tinham feito acordo para voltar ao trabalho, pegarem suas viaturas.

Depois de dialogar por minutos e levar um soco na cara, Cid dirigiu pessoalmente uma retroescavadeira para arrancar o portão e liberar o quartel. Arrancado o portão, parou. Foi só então que foi alvejado com dois tiros no peito.

Os marginais atiraram para matar.

No momento em que a primeira autoridade brasileira finalmente se levanta e enfrenta cara a cara as milícias que estão se apoderando do Brasil, blogueiros que se dizem “jornalistas de esquerda” mas passaram a obedecer o dinheiro de “publicidade” de governos de estado e prefeituras (como antes obedeciam seus patrões na Globo e Veja), voltam mais uma vez para a crítica microbiótica e psicologista atribuindo um ato político da maior envergadura e realizado de cabeça fria a “destempero” e “autoritarismo”.

O PT diminuiu tanto a esquerda com sua covardia que não consegue nem mais louvar a coragem ou muito menos reconhecer um ato de heroísmo e auto-sacrifício. Pra quem se entrega como Lula, heroísmo não é nada além de loucura.

O Brasil agora está se tornando um Estado governado por bandidos à margem da lei que já começaram a matar seus opositores políticos pelas ruas.

Um momento político como esse requer mais que twittadas, lacração, artigos como este próprio ou ciranda, requer atos, requer lideranças que enfrentem o banditismo e o fascismo de peito aberto e, se preciso for, de retroescavadeira.

Mas isso simplesmente não pode ser aceito por uma cultura política que arruinou o Brasil, degradou a esquerda brasileira com atos de vilania e covardia extrema.

Hoje, coragem para eles é só o espelho no qual eles são obrigados a contemplar sua pusilânime covardia.

Cid na retroescavadeira foi ao quartel da PM retirar um portão, mas acabou retirando para sempre a máscara de civilidade que o PT deu a sua covardia que destruiu o país e a esquerda.

Obrigado Cid, como Brizola com a Cadeia da Legalidade, ontem, com seu próprio corpo, você pode ter parado um golpe de Estado em curso e desmascarado os bandidos que estão hoje no poder. Defendeu a cidadania e inspirou milhões de brasileiros a lutarem com coragem e destemor por nossa democracia e o estado de direito.

Saúde pra você e paz para o Brasil!

Mas paz com voz, porque “paz sem voz, não é paz, é medo”.

Gustavo Castañon é professor do departamento de Filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Publicado originalmente no Portal Disparada.

 

 

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“Este presidente é a maior vergonha de nossa história!”, diz Ciro

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Ex-governador Ciro Gomes (PDT) – Foto: Divulgação

 

O ex-governador Ciro Gomes (PDT) usou suas redes sociais na terça-feira (18) para mostrar sua indignação contra os ataques e a baixaria de Jair Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo. “Este presidente é a maior vergonha de nossa história! Enojante!”, disse Ciro.

Endossando uma mentira de Hans River do Nascimento, um ex-funcionário da Yacows, empresa produtora de fake news para a campanha presidencial de 2018, que afirmou na CPI que a jornalista o havia assediado sexualmente para obter informações, Bolsonaro agrediu a repórter. “Ela queria um furo. Ela queria dar um furo [pausa, pessoas riem] a qualquer preço contra mim”, disse Bolsonaro.

RANDOLFE RODRIGUES

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, decidiu protocolar uma representação contra Jair Bolsonaro na PGR (Procuradoria-Geral da República) na quarta-feira (19). “Esperamos uma reação por parte do procurador-geral [Augusto Aras], que afinal é o fiscal da lei”, segue Randolfe. Ele está coletando assinaturas de outros senadores que pretendem subscrever a representação.

MARINA SILVA

A ex-ministra do Meio Ambiente durante o governo Lula, Marina Silva (Rede), afirmou que Jair Bolsonaro “insiste em se comportar de maneira abjeta, desprezível e completamente incompatível com a função que ocupa”, após o presidente ter insinuado, nesta terça-feira (18), que a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo , teria trocado informações por sexo.

Marina publicou no Twitter a crítica à insinuação de Bolsonaro. “Tem gente que aplaude esse tipo de baixaria machista”, disse a ex-ministra sobre a fala do presidente.

ROBERTO FREIRE

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, e os líderes do partido no Senado, Eliziane Gama, e na Câmara, Arnaldo Jardim, criticaram veementemente em nota pública as declarações misóginas e de cunho sexual do presidente da República, Jair Bolsonaro, contra a repórter do jornal Folha de S. Paulo, Patrícia Campos Mello.

Leia a íntegra da nota:

“O desatino de um presidente

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ao agredir com ironias grosseiras a jornalista Patrícia Campos Mello, hoje pela manhã, mais uma vez demonstra o seu desrespeito à liturgia do cargo, às mulheres, às famílias e aos direitos consagrados na Constituição de 1988, sem esquecer as recorrentes afrontas à imprensa livre do nosso país. Com sua atitude, rasga o senso e usa o mandato para alimentar o ódio e conflitos desnecessários entre os cidadãos.

Por estar no vértice do poder republicano, a Presidência deve ser referência moral e comportamental para toda a sociedade e não trincheira ideológica para aprofundar desarmonias sociais, de gênero e de brasilidade.

Com a suas declarações, além do mais, o presidente confronta a luta histórica e a conquista de direitos pelas mulheres, afirmando posturas sexistas e misóginas, não mais toleráveis em nossa democracia.

As declarações desastradas do presidente tornam-se também condenáveis se levarmos em consideração que estamos às vésperas das comemorações do Dia Internacional da Mulher, no próximo 8 de março.

O Cidadania manifesta a sua solidariedade à jornalista vilipendiada, a todas às mulheres e também a família brasileira.

Roberto Freire – Presidente do Cidadania

Eliziane Gama – Líder do Cidadania no Senado Federal

Arnaldo Jardim – Líder do Cidadania da Câmara dos Deputados”

editorial

“Sob ataque, aos 99” – Editorial do jornal Folha de S. Paulo sobre a conduta de Bolsonaro

editorial

Fac-símile da capa da edição da Folha em 19/02/2020 – Destaque para o insulto de Bolsonaro à jornalista Patrícia Mello

Ao completar 99 anos de fundação, esta Folha está mais uma vez sob ataque de um presidente da República. Jair Bolsonaro atiça as falanges governistas contra o jornal e seus profissionais, mas seu alvo final não é um veículo nem tampouco a imprensa profissional. Ele faz carga contra o edifício constitucional da democracia brasileira.

Frustraram-se, faz tempo, as expectativas de que a elevação do deputado à suprema magistratura pudesse emprestar-lhe os hábitos para o bom exercício do cargo. É a Presidência que vai se contaminando dos modos incivis, da ignorância entranhada, do machismo abjeto e do espírito de facção trazidos pelo seu ocupante temporário.

O chefe de Estado comporta-se como chefe de bando. Seus jagunços avançam contra a reputação de quem se anteponha à aventura autoritária. Presidentes da Câmara e do Senado, ministros do Supremo Tribunal Federal, governadores de estado, repórteres e organizações da mídia tornaram-se vítimas constantes de insultos e ameaças.

Há método na ofensiva. Os atores agredidos integram o aparato que evita a penetração do veneno do despotismo no organismo institucional. Bolsonaro não tem força no Congresso nem sequer dispõe de um partido. Testemunha a redução de prerrogativas da Presidência, arriscada agora até de perder o pouco que lhe resta de comando orçamentário.

Escolhe a tática de tentar minar o sistema de freios e contrapesos. Privilegia militares com verbas, regras e cargos, e o exemplo federal estimula o apetite de policiais nos estados. Governadores são expostos por uma bravata presidencial sobre preços de combustíveis a um embate com caminhoneiros.

Pistoleiros digitais, milicianos e uma parte dos militares compõem o contingente dos sonhos do presidente para compensar a sua pequenez, satisfazer a sua índole cesarista e desafiar o rochedo do Estado democrático de Direito.

Não tem conseguido conspurcar a fortaleza, mas os choques vão ficar mais frequentes e incisivos caso a resposta das instituições esmoreça. A democracia é o regime da responsabilidade, o que implica a necessidade de punir a autoridade que se desvia da lei.

Defender o reemprego de um ato que fechou o Congresso Nacional, como fez o deputado Eduardo Bolsonaro ao invocar o AI-5, não deveria ser considerado deslize menor pelos colegas que vão julgá-lo no Conselho de Ética.

As imunidades para o exercício da política não foram pensadas para que mandatários possam difamar, injuriar e caluniar cidadãos desprovidos de poder, como está ocorrendo. Dignidade, honra e decoro são requisitos legais para a função pública. O presidente que os desrespeita comete crime de responsabilidade.

Ao entrar no seu centésimo ano, a Folha está convicta de que o jogo sujo encontrará a resposta das instituições democráticas. Elas, como o jornalismo, têm vocação de longo prazo. Jair Bolsonaro, não.

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Ataque de Bolsonaro com insinuações sexuais contra jornalista da Folha é criminoso e inadmissível

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Ao ofender a jornalista Patrícia Campos Mello, com insinuações sexuais que causam nojo a qualquer pessoa de bom senso, o cidadão está na cadeira da Presidência da República demonstra seu completo desrespeito às mulheres e à democracia. Seu comportamento misógino não é compatível com o posto que ocupa. 

Disse ele: “Olha, a jornalista da Folha, tem mais um vídeo dela aí”, referindo-se exatamente a um fake news divulgado pela milícia bolsonarista com montagens grotescas e difamações à profissional.

“Eu não vou falar aqui porque tem senhora do meu lado. Ela falando eu sou a ‘tatata’ do PT. Tá certo? E o depoimento do Hans River foi no final de 2018 para o Ministério Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele. Ela queria um furo. Ela queria dar um furo [pausa, pessoas riem] a qualquer preço contra mim. Lá em 2018, ele já dizia que eles chegavam perguntando ‘o Bolsonaro pagou para você divulgar informações por Whatsapp?’”, continuou Bolsonaro.

Bolsonaro fala sobre o ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows, Hans River do Nascimento, que mentiu em seu depoimento à CPI das Fake News, dizendo que a jornalista teria se insinuado para ele em troca de informações sobre a campanha de Bolsonaro. A empresa onde Hans trabalhava é investigada no esquema de disparo em massa de mensagens falsas por meio das redes sociais durante as eleições. Hans tinha entrado em litígio com a empresa e depois se entendeu com sua direção.

A UMES de São Paulo demonstra seu completo repúdio aos ataques de Bolsonaro contra a jornalista. Além de desrespeitar uma profissional que exerce uma função fundamental para a democracia, o presidente comete crime de Misoginia, contra as mulheres. Tal comportamento não pode ser tolerado em qualquer circunstância, ainda mais para alguém que está no principal cargo da nação brasileira.

Para a Associação Brasileira de Imprensa, Bolsonaro adota um “comportamento misógino” e afirmou que ele necessita de “tratamento terapêutico”.

“Este comportamento misógino desmerece o cargo de Presidente da República e afronta a Constituição Federal. O que temos visto e ouvido, quase cotidianamente, não se trata de uma questão política ou ideológica. Cada dia mais, fica patente que o presidente precisa, urgentemente, de buscar um tratamento terapêutico.”

A Federação Nacional de Jornalistas enxergou na fala um “grave episódio de machismo, sexismo e misoginia”. O órgão avisou que estará atento para denunciar o que vierem a ser outros ataques do mandatário do país contra profissionais da imprensa e mulheres em geral. “Repúdio ao teor do pronunciamento do presidente e, junto com sua Comissão Nacional de Mulheres, coloca-se como incansável na tarefa de denunciar, tão sistemático quanto forem, os absurdos declarados por Jair Bolsonaro”. Por fim, a entidade se colocou à disposição para dar apoio político e jurídico à jornalista Patrícia Campos Mello.

Repúdio de parlamentares e políticos

O caso também foi condenado por parlamentares, governadores, políticos e sindicalistas.

A líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que o presidente precisará responder na Justiça pela sua fala. “Bolsonaro tem que responder na Justiça à Patrícia Campos Mello pela insinuação criminosa feita hoje. Não há muito o que esperar dessa criatura neandertal que se acocora na poltrona presidencial. No mais, não vou divulgar o vídeo da fala asquerosa. É o que ele quer de nós, mas não terá”, disse a parlamentar.

O PSL, antigo partido de Jair Bolsonaro, aderiu ao coro de repúdio. Pelo Twitter, o partido condenou os ataques à jornalista. “O PSL preza pela liberdade de imprensa e respeito pelos indivíduos. As agressões contra a jornalista Patrícia Campos Mello são inaceitáveis e merecem o repúdio dos brasileiros de bem. A atitude, além de ofensiva, demonstra pouco apreço pela democracia”.

Perpétua Almeida, líder do PCdoB, pediu união para superar o machismo ainda existente no país. “Eu não vou colocar aqui a fala vil, ordinária e misógina do Presidente sobre a jornalista Patrícia Campos Mello. Precisamos nos unir para defender nossa democracia, exigir deste senhor postura de um presidente e combater o machismo! Minha solidariedade”, disse.

Também do PCdoB, Alice Portugal (BA) apontou que a fala do presidente só colabora com a violência contra as mulheres. “Bolsonaro insulta com insinuação sexual à jornalista Patrícia Campos Mello. Mais um episódio grotesco de violência contra a mulher, ataque covarde. Todo nosso repúdio. Não vamos tolerar!!!!”, disse ela.

A senadora Katia Abreu (PDT) repudiou o ataque á Jornalista da Folha. “Insinuam sobre aspectos sexuais porque ela é mulher”, disse. O PSDB se manifestou em solidariedade à jornalista. “Reafirmamos nossa solidariedade com a repórter @camposmello, que vem sendo perseguida com insinuações em torno do seu trabalho. Defendemos uma imprensa livre, mesmo que passível de críticas quando necessário”.

Lídice da Mata (PSB-BA), deputada federal e relatora da CPMI das Fake News, condenou a “atitude covarde, descabida e grotesca do presidente da República com a jornalista Patrícia. Em mais de 30 anos de vida pública, nunca imaginei ver algo tão ridículo de um mandatário da Nação”.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também se pronunciou: “Qual o limite do absurdo? Em que democracia sã um presidente da República se sente à vontade agredindo, assediando mulheres? O Brasil nunca esteve diante de tanta covardia! As instituições não podem se calar! Toda minha solidariedade à jornalista!” disse o líder da oposição no Senado.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, disse que “a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo, merece todo o nosso apoio contra os que, feito o Bolsonaro, tentam depreciar o trabalho jornalístico, a dignidade da mulher, a democracia e a busca pela veracidade dos fatos”. Vários parlamentares do PT também repudiaram as declarações de Bolsonaro, entre eles, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o senador Humberto Costa (PT-PE).

Janaina Paschoal (PSL-SP), deputada estadual, também protestou. “Seria prudente o presidente se policiar e seus auxiliares não o instigarem. Essas situações não ajudam ninguém. Por mais que ele tenha sido eleito com esse estilo, todo ser humano pode se esforçar para melhorar”, disse. Ivan Valente (PSOL-SP), afirmou que “o país experimenta total degradação das relações institucionais. A agressão de Bolsonaro contra a jornalista @camposmello atinge todas as mulheres do Brasil. O ocupante do Planalto falta com decoro, atenta e viola a dignidade do cargo. O impeachment será inevitável. Basta!”

João Doria (PSDB-SP), governador de São Paulo, e o ex-presidente Lula também se pronunciaram. “Quero reafirmar todo respeito a liberdade de imprensa. Respeito pelos jornalistas, por aqueles que fazem a notícia. Considero muito desrespeitosa a atitude do presidente mais uma vez em relação aos jornalistas, em especial a uma jornalista mulher. Desrespeitosa e condenável a atitude do presidente”, disse Dória. “Esse comportamento do presidente já virou um comportamento cotidiano dele”, disse Lula.

A mensagem contra a jornalista também foi criticada pela deputada Luizianne Lins, do PT-CE. “Incapaz de governar, Bolsonaro volta a agredir com acusações de cunho sexual jornalista da Folha de SP. Patrícia Campos Mello vem revelando a ligação da família Bolsonaro com a disseminação organizada de fake news. Não nos calaremos!”, protestou.

Margarida Salomão (PT-MG) pediu e prestou apoio à jornalista listando os erros presidenciais. “Todos os dias Bolsonaro testa os limites da democracia. Todos os dias ele mente. Todos os dias, portanto, Bolsonaro comete crimes. Crimes contra o decoro, contra as mulheres, contra a democracia. Está na hora de pagar por seus erros.”

Com informações do Jornal Hora do Povo

marca corpo no chao

“A esquerda brasileira morreu, mas qual?” – Gustavo Castañon

marca corpo no chao

O artigo, de Gustavo Castañon, é uma resposta ao texto “Como a esquerda brasileira morreu“, de Vladimir Safatle, publicado em El País de 10/02/2020.

Originalmente, o artigo de Castañon foi publicado no Portal Disparada (C.L./HP).

Conheço Saflate superficialmente e o respeito como intelectual e como pessoa, por isso espero que a dureza de minha resposta não seja mal recebida. Seu artigo contém observações interessantes, mas tem uma tese central fundamentalmente errada. É claro que a esquerda brasileira como a conhecíamos nos últimos anos morreu, mas qual esquerda? A resposta de Saflate não poderia ser mais míope e errada, afinal de contas, a esquerda que morreu foi a dele próprio.

Talvez por isso mesmo seu artigo um tanto derrotista tenha sido bem aceito exatamente no cemitério da militância petista.

Não, a esquerda que morreu não foi o “populismo de esquerda”. Nem sequer foi a esquerda puramente liberal, que tenta reformas graduais dentro das estruturas representativas da democracia tradicional e praticamente nunca chegou a existir no Brasil. O que morreu foi o que eu chamaria de “esquerda pós-moderna”, ou seja, o PT, criação imortal (?) de Lula, Golbery e da intelectualidade da USP.

Saflate, reconheçamos, é a versão intelectualmente coerente dessa esquerda que, chegando ao poder, mimetizou o populismo na forma e no discurso, mas não para desafiar, de fato, as oligarquias tradicionais e a estrutura escravista do Brasil, e sim somente para conservar as estruturas da sociedade brasileira e se perpetuar no poder se refastelando no banquete do Estado.

A coerência de Safatle, assim como a do PSOL, foi ter renunciado a esta farsa desde o início do governo Lula e, na oposição, manter sua denúncia uspiana do populismo e seu moralismo burguês intactos, assim como a denúncia da falta de reformas progressistas pelo PT.

Mas com o PT fora do poder, o desconforto com o descompasso moral entre prática e discurso cessa e, incrivelmente, o PSOL volta para sua alma mater como uma viúva indiana desesperada que se atira na pira funerária do marido.

A desgraça da esquerda espiritualmente petista, no entanto, é bem maior que seu desastre conservador no exercício do poder. Sua falta de horizonte de transformação econômica no governo acrescentou uma caricatura muito mais funesta a este Frankstein ideológico, que agravou brutalmente o divórcio entre essa esquerda e as aspirações do povo brasileiro: a adesão, mais uma vez somente discursiva (a hipocrisia está no DNA petista, mas não no psolista, os últimos aderiram pra valer), ao identitarismo pós-moderno como substituto retórico para manutenção de um “ethos revolucionário” no petismo, já que as transformações estruturais e universais na sociedade foram definitivamente eliminadas do radar.

Foi uma tentativa desastrada de manter o apelo aos excluídos da sociedade enquanto seu governo, que nunca foi além de políticas compensatórias, aprofundava a desilusão e o fosso entre sua mensagem e prática.

Mas foi então que o fosso se tornou abismo.

Era o nascimento da “esquerda neoliberal pós-moderna brasileira”.

De uma luta por direitos e condições materiais iguais, portanto, universais, o Partido Democrata Norte-Americano do Brasil, o PT (assim como o PSOL), deixou de lutar pela extinção de divisões e fronteiras na sociedade (fronteiras de gênero, etnia, cor da pele e orientação sexual) e passou a lutar para acentuar essas fraturas através de uma reificação de identidades, transformando a luta por direitos e condições iguais para todos numa luta por direitos a serem distribuídos diferentemente por gênero, etnia e orientação sexual.

Os “privilégios” que a esquerda pós-moderna combatia não eram mais os econômicos – agora ela os perpetuava –, mas sim a vantagem de ter nascido num gênero, etnia e orientação sexual historicamente não perseguida.

Essa política fragmentadora dividiu em subclasses intermináveis companheiros de luta dentro dos partidos e de setores da sociedade de tendência esquerdista como um todo, com cada subgrupo em busca de reparação por sua história, ou proteção contra seu presente, de opressão concreta, real.

As políticas afirmativas, de instrumento fundamental, mas frágil e provisório, para integração dos setores oprimidos da sociedade à cidadania, viraram a única resposta social de um governo que economicamente não oferecia nada que não a manutenção das estruturas de desigualdade. Em vez de integrar os oprimidos ao povo brasileiro, essa esquerda procurou sedimentar essa desintegração por via legal.

A luta da esquerda por toda espécie humana se transformou nessa esquerda (pós) liberal e pós-moderna numa contraposição entre mulheres e homens, negros e brancos, gays e héteros. A luta contra a pobreza, o racismo, o machismo e a homofobia em vez de se dar pela defesa e promoção da igualdade social e econômica, se transformou na defesa da diferença e segregação legal via compensações pela estrutura intacta. Em vez de unir e dar voz ao povo brasileiro, as divisões de identidades impostas pela nossa história com a escravidão e o machismo foram alimentadas e esgarçadas.

A busca por falar a língua e usar a estética popular foi substituída pela patrulha “politicamente correta” de expressões populares de nossa linguagem na luta contra preconceitos ocultos. Embora às vezes uma expressão legítima, a substituição da luta política e econômica pela luta linguística marca bem a esterilidade dessa esquerda que se tornou ela própria uma nova forma de opressão “ilustrada” da cultura popular e das formas tradicionais de uma língua. Seu objetivo não é mais justiça econômica e social sintonizada com a pauta popular, mas sim o combate a frases, expressões e formas de falar de populares, adversários e companheiros.

Importando essa abordagem norte-americana de forma totalmente acrítica, essa esquerda se inviabilizou, agora totalmente (agregado ao afogamento na corrupção e na falta de transformações sociais), como força unificadora popular.

Ela é o oposto do populismo de esquerda tradicional, e por isso, morreu.

O “populismo de esquerda”, que nas palavras de Saflate é “um modelo de construção de hegemonia baseado na emergência política do povo contra as oligarquias tradicionais detentoras do poder” é muito mais que uma estética e forma de mobilização de forças sociais, mas um método de transformação da sociedade brasileira que consiste em, como diz Ciro Gomes, “chamar o povo na jogada”, mobilizando-o diretamente na hora dos grandes embates transformativos.

O Governo João Goulart não foi o primeiro governo de esquerda no Brasil, mas sim a grande ausência do artigo de Safatle, aquele que sua alma uspiana está proibida de considerar, o gigante Getúlio Vargas, que, em seu mandato eletivo, fez o primeiro governo claramente de esquerda no Brasil com a criação de grandes empresas estatais como a Petrobrás e a Eletrobrás e a mudança radical de patamar do salário mínimo.

O que os governos Vargas e Goulart tem em comum é o entendimento de que o papel de um governante decente no Brasil é reformar nossas estruturas escravocratas e democratizar a economia e a propriedade, e que para isso, qualquer governo tem que estar preparado para a mobilização popular para o confronto democrático, e não conciliação, com o núcleo das forças oligarcas brasileiras. Porque essas forças nunca farão qualquer acordo que diminua seus privilégios.

Lula sabia disso e ao invés de apostar no acordo com setores produtivos, que ainda existiam, da burguesia nacional para diminuir nosso fosso de privilégios, apostou na conciliação com o sistema financeiro nacional, que é o verdadeiro núcleo do novo oligarquismo brasileiro. E fez isso para que tudo ficasse como está, principalmente, é claro, o PT no poder.

Foi a lição de Vargas e de Goulart que não foi ouvida pela nova esquerda pós-moderna brasileira. E é por isso que ela sim, já está morta, seu legado desmontado e sua base organizacional popular dissolvida, enquanto o legado trabalhista, do “populismo de esquerda” para os uspianos, ainda é tudo aquilo que sobra de Brasil e de direitos dos trabalhadores e que a elite oligarca busca numa corrida contra o tempo exterminar completamente da Constituição.

Essa é a esquerda que ressurgiu das cinzas, a única que já fez algo pelo país e por seus trabalhadores, e que estava impedida de crescer por ter sido mimetizada – na forma e não no conteúdo – por Lula. A esquerda que quer ser a voz de todo o povo, representar suas aspirações, educá-lo profundamente, democratizar a propriedade e a oferta, nacionalizar a economia, dar empregos de qualidade, industrializar o país, cobrar imposto de rico, manter os juros baixos e diminuir a desigualdade.

A “esquerda” está morta. Viva a esquerda genuinamente brasileira!

 

 

Petroleiros 2

Todo apoio à greve dos petroleiros! Em defesa da Fafen e da Petrobrás!

Petroleiros  2

Desde o final de janeiro, os petroleiros coordenam uma das maiores paralisações da história da categoria. De forma unitária, iniciaram uma greve em repúdio ao fechamento da Fafen, a principal fábrica de fertilizantes do país e que pertence à Petrobrás.

A greve nacional dos petroleiros contra o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) já mobiliza cerca de 21 mil trabalhadores em mais de 120 unidades do Sistema Petrobrás.

O fechamento da fábrica e a demissão em massa dos trabalhadores são prova cabal da política de destruição realizada pelo governo Bolsonaro contra a principal empresa brasileira.

O desmonte da Fafen tem como único objetivo privilegiar as multinacionais, garantindo que o mercado de fertilizantes do Brasil, um dos mais importantes do mundo, fique à mercê das empresas estrangeiras.

Bolsonaro já deixou claro que pretende esquartejar as estatais e inviabilizar a produção nacional. O bolsonarismo está agindo como uma verdadeira nuvem de gafanhotos, destruindo o estado brasileiro e entregando as riquezas do nosso país.

A União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) se solidariza com os petroleiros que estão na luta em defesa do patrimônio do nosso povo. Assim como na luta em defesa da Educação, resistiremos à política nefasta do governo Bolsonaro.

União Municipal dos Estudantes
Secundaristas de São Paulo (UMES)

“Nem sabemos o que vamos comer amanhã, quanto mais ir pra Disney”, veja reações sobre a fala de Guedes

 

O portal Intercept Brasil perguntou a opinião das pessoas nas ruas do Rio de Janeiro sobre as declarações do ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, de que com o dólar a R$ 1,80, “todo mundo indo pra Disney, empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa danada”.

Antes de destilar seu ódio aos pobres que, segundo ele, não podem viajar pra fora do Brasil, Paulo Guedes já tinha chamado os servidores públicos, ou seja, professores, médicos, enfermeiros, policiais, entre tantos, de “parasitas que não trabalham e vivem querendo aumento”. A chacota de Guedes contra as domésticas é uma atitude que só revela o quanto este governo é impregnado de arrogância, de preconceito e de racismo.