Introdução ao bolsonarismo cultural: Elogio da Loucura e da Picaretagem

Jair Bolsonaro, expondo o seu preparo intelectual – e cultural (Sergio Lima/AFP)

 

VALÉRIO BEMFICA – Presidente do CPC-UMES

 

Em 1511 o humanista Erasmo de Rotterdam escrevia “Elogio da Loucura”, obra satírica em que o autor demonstra que não é a Razão que está governando o mundo dos homens, mas a Loucura. Pegamos o título emprestado, mas, cinco séculos depois, para descrever acontecimentos do governo do capitão-messias, precisamos acrescentar a picaretagem como corregente da realidade. Há alguns dias utilizávamos o espaço do HP para denunciar o abandono das estruturas do antigo Ministério da Cultura, que haviam sido “esquecidas” no Ministério da Cidadania, enquanto a Secretaria Especial de Cultura tinha sido alocada à sombra dos laranjais do Ministério do Turismo. Escrevemos então, tentando imaginar os motivos do olvido:

“De que serve uma fundação que não lança editais exclusivamente para a arte evangélica, com ênfase na teologia da prosperidade? Ou um instituto que não eleve o Templo de Edir Salomão à condição de patrimônio brega, quer dizer, cultural da humanidade? Ou uma biblioteca que não tenha alas inteiras dedicadas ao astrólogo de Richmond? De que serve uma fundação que estuda o pensamento brasileiro e que não apoiou a principal atividade intelectual que esta turma promoveu, a saber, a Convenção Brasileira de Terraplanismo? Que dizer então de uma fundação que não controla a quantidade de arrobas que cada quilombola pesa? Ou um monte de museus que ignorem os elaboradíssimos memes criados pela intelectualidade whatsapiana amiga do Carluxo? E uma agência que ainda não teve a brilhante ideia de financiar um reality show chamado “Empreguinho Bom”, comandado pelo Queiroz, a ser exibido na TV do Bispo? Dinheiro posto fora!”

Nos últimos dias fomos recebendo notícias sobre a ocupação dos principais cargos da estrutura ora comandada por um certo Alvim (nada a ver com os esquilos), cidadão em surto psicótico com manifestações paranoides (enxerga comunistas embaixo da cama, dentro do armário, nas coxias dos teatros, fungando no seu cangote…). Pensamos, de início, que tínhamos parcela de culpa, por ter despertado o cidadão: cutucamos a anta com vara curta! Mas este artigo não é, caro leitor, um pedido de desculpas. Refletindo melhor, logo ficamos com a consciência tranquila. No máximo a nossa provocação serviu para a bozolândia chamar seus principais intelectuais para tentar dar um lustro ao seu desastre administrativo. Seria impossível para nós contribuir de alguma forma com as barbaridades que a turma olavista da cultura está perpetrando. O leitor duvida? Vejamos então o escrete escalado por Bob Alvim para cuidar da Cultura brasileira:

Na Funarte, um certo Dante Mantovani, maestro. Não sabemos se ele lançará “editais exclusivamente para a arte evangélica”, como havíamos ironicamente sugerido. Mas, em seu site na internet, o regente destaca que seu trabalho “Tem dado ênfase à criação de grupos corais religiosos na Igreja Católica, priorizando o resgate das Tradições Litúrgicas e do Canto Gregoriano”. O chefe Olavo nunca foi mesmo muito fã dos neopentecostais (na verdade sempre dirigiu a eles impropérios variados) e preferiu indicar um aluno mais próximo dos Arautos do Evangelho. Disse o tal Dante: “Canto Gregoriano em latim para crianças. É nisso que eu acredito!”. Seus altos conhecimentos de Filosofia Política Olaviana permitem-lhe fazer revelações bombásticas: os Beatles vieram para implantar o comunismo, John Lennon tinha um pacto com o diabo, Elvis Presley era produto de agentes soviéticos infiltrados na CIA. E tudo isso sob a regência de Theodor Adorno e seus cúmplices da Escola de Frankfurt. Não, amigo leitor, não estamos brincando. O cidadão falou isso mesmo!

Com relação à bicentenária Fundação Biblioteca Nacional, perguntávamos qual a utilidade para o governo do capitão-messias de “uma biblioteca que não tenha alas inteiras dedicadas ao astrólogo de Richmond?” Resolveram a questão! Chamaram para ocupar a sua presidência um certo Rafael Alves da Silva, dit Rafael Nogueira, discípulo do astrólogo e, como ele, “Aspirante a filósofo e a polímata”. Deu aulas de “Geografia, Ética e Cidadania, Empreendedorismo, Sociologia, Inglês, Redação, História e Filosofia, Humanidades e Redação para Enem e vestibulares”. Comenta-se, também, que o polímata é versado em etiqueta, corte e costura, culinária e javanês. Juram seus amigos que o rapaz tem grande habilidade com livros, valendo-se deles como calço de mesa. Para completar o currículo, acrescente-se que o muar é defensor da monarquia. Vislumbra-se, porém, algum conflito com o presidente da Funarte: o moço declarou-se roqueiro, fã da banda de power metal Angra e lamentou profundamente a morte de seu guitarrista, André Matos. Ou seja, é um comunista em potencial. Talvez seja necessário um desencapetamento conduzido pela Damares para que ele seja incorporado definitivamente aos quadros do governo.

Para a Fundação Cultural Palmares o escolhido foi o capitão do mato Sérgio Nascimento de Camargo. Renegado pela família de ativistas da causa negra, o mau crioulo defendeu as vantagens da escravidão, que teria enriquecido negros na África e sido benéfica para os descendentes dos sequestrados. Ignorando os mais de três séculos de luta e resistência, propugnou a extinção do movimento negro, xingou Zumbi e negou a existência de racismo no Brasil. Para os padrões bolsonaristas, deu uma derrapada, ao afirmar que racismo de verdade existe é nos EUA. Mas nada que um puxão de orelha do tio Olavo não resolva. Para não deixar dúvidas sobre sua alta capacidade de tratar dos assuntos de cultura e arte, cravou em seu twitter em 30 de agosto: “Não gosto dos artistas brasileiros. São parasitas e inimigos do País; deveriam estar na cadeia!“. Em breve, deve anunciar medidas para controlar “a quantidade de arrobas que cada quilombola pesa”. Mas as mudanças não param por aí…

Os esforços pelo resgate do audiovisual brasileiro começaram! Uma certa Katiane de Fátima Gouvêa, também conhecida como Katiane da Seda (o tecido, não o invólucro para o cigarrinho do capeta!), dona de 960 votos na última eleição para a Câmara Federal, orgulhosa integrante da Cúpula Conservadora das Américas e amiguinha do zero à esquerda, Dudu Bolsonaro. Não consta em seu currículo que tenha ido algum dia ao cinema, nem para ver o filme do Bispo. Parece que ajudou a elaborar um dossiê que reclamava do ataque à moral e aos bons costumes nos projetos aprovados pela Ancine.

Para colocar nos eixos o cinema nacional, coisa que desde a Cinédia, passando pela Atlântida, pela Vera Cruz, pelo Cinema Novo, pela Embrafilme, pela retomada, por centenas de prêmios internacionais, milhares de filmes e profissionais mundialmente reconhecidos, ninguém conseguiu, ela será auxiliada pelo colunista social televisivo Edilásio Barra Júnior, cognominado Tutuca. Digamos, em seu benefício, que este tem contato com as artes e com a cultura. Seu pai chegou a empresariar Waldik Soriano e ele chegou a fazer pontas em uma novela e trabalhar como dançarino em um programa de auditório. Suas investidas na área espiritual não deram muito certo e teve de encerrar as atividades de sua Igreja Continental do Amor de Jesus (o cara conseguiu falir uma igreja evangélica!). Sua empresa, a VIP Empreendimentos Artísticos, faz de tudo um pouco, de assessoria a empresas e campanhas políticas até “contratação do buffet, decoração, palco, iluminação, som, dj’s, cantores, atores e banda para melhor realização do evento”. Além de um belo estipêndio, Tutuca será responsável pela gestão do Fundo Setorial do Audiovisual, coisa de R$ 800 milhões anuais. O suficiente para “se financiar um reality show chamado “Empreguinho Bom”, comandado pelo Queiroz, a ser exibido na TV do Bispo”, como vaticinávamos.

Para cuidar de nosso patrimônio histórico os olavistas escalaram um craque: Olav Schrader, militante do Movimento Brasil Real e ligado à Associação dos Moradores do Bairro Imperial de São Cristóvão. Os grifos não são à toa, leitor. O tipinho, bastante blasé, é monarquista de carteirinha. Em recente reportagem de O Globo, sobre a inauguração de seu empreendimento gastronômico, além de discorrer sobre sua interessante vida pelos salões europeus, ele revelou seus planos para “reproduzir a ceia organizada pela Imperatriz Leopoldina e por José Bonifácio, em homenagem a Dom Pedro I, assim que ele retornou de São Paulo, após proclamar a Independência”. Em seu favor poderíamos dizer que foi autor de um texto (o único entre as hostes do capitão-messias) lamentando o incêndio do Museu Nacional. Com um pouco de atraso, é verdade (um ano). E tendo por principal reclamação não o incêndio em si, mas o fato de o espaço ter sido descaracterizado pela República: “O Palácio também foi sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, a única Corte do Novo Mundo. Mas onde nasceu uma Rainha de Portugal, haverá talvez um meteorito sob aço e vidro.”, escreveu o cidadão. Ou ainda: “A grande Capela Imperial dentro do Palácio, derrubada à marretadas pela universidade para acomodar esqueletos de dinossauros, já nem em memória mais existe.” Sua endinheirada família está procurando pechinchas no bairro imperial para restauro. Visando, é claro, transformá-los depois em lucrativos empreendimentos. Imagine-se o que será feito com o patrimônio histórico nacional (principalmente o que não puder ser transformado em elogio à monarquia). E o tombamento do Templo de Edir Salomão já está no papo.

Para comandar a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefic) foram buscar em Ribeirão Preto um certo Camilo Calandreli, cantor lírico e fundador do Simpósio Nacional Conservador. Declarou que “Ser cristão, conservador, contra aborto, a favor da vida, contra doutrinação ideológica nas escolas, menino ser menino e menina ser menina não é ser radical”. Ficamos aliviados… A principal tarefa da Sefic é coordenar a Lei de Incentivo à Cultura, mais conhecida como Lei Rouanet. Mas, segundo o novo secretário, ela “passou a ser utilizada como mecanismo de ideologização política”, e foi apropriada pelo “marxismo cultural”. E disse isso sem ter bebido água-benta e nem cheirado incenso! Graças ao luminar descobrimos que Itaú, Bradesco, Cielo e Arcelor Mittal (alguns dos maiores patrocinadores de 2018) injetaram milhões no financiamento ao comunismo, através das ações subversivas do Masp, da Orquestra Sinfônica Brasileira, da Fundação Bienal de São Paulo.

A Fundação Casa de Rui Barbosa, importante centro de debates e produção de conhecimento no Brasil foi entregue à célebre intelectual Letícia Dornelles. Quem??? Ela mesma, a roteirista dos humorísticos “Partiu Shopping” e “Treme Treme”! Ainda não ligou o nome à pessoa? Letícia é a autora do best-seller “Como Enlouquecer em Dez Lições”! Nada ainda? Tá bom: a moça é apadrinhada política do deputado e pastor Marco Feliciano, respeitável intelectual e recentemente convertido ao olavismo. Questionado por um inocente se o nome da moça era mesmo adequado, o combativo deputado sapecou: “a Fundação Rui Barbosa (sic) não precisa de mais um acadêmico, já tem muitos. Precisa de sangue novo”. Animada, a moça declarou que vai “acelerar as palestras, que hoje são muito acadêmicas”. Provavelmente vai convidar os novos coleguinhas para desfilarem seus conhecimentos sobre a monarquia e a terra plana, em um evento organizado pelo Tutuca. Pobre Águia de Haia…

Só mais um pouco de paciência, estimado leitor. Para finalizar a patota, mestre Alvim indicou a reverenda Jane Silva (Janícia Ribeiro Silva) para a Secretaria de Diversidade Cultural. No Twitter ela se apresenta: “Jane Silva é pacifista. PH.D. Honoris Causa em Filosofia com menção em Ciências Politica.” (assim mesmo: sem acento e no singular). Quem terá concedido a titulação Honoris Causa? Como foi feita a “menção”? Como dizia um padre na escola em que eu estudava, quando confrontado com perguntas difíceis: “estes são os mistérios da fé!” A douta evangelizadora comprova seu pacifismo militante sendo uma das entusiastas da transferência da Embaixada Brasileira de Tel Aviv para Jerusalém: “Busquei apoio incondicional pra Bolsonaro por causa da embaixada”, disse ela em agosto passado, quando até o capitão-messias tentava esquecer da promessa. Em outra página na internet ela apresenta-se como “empresária no ramo de publicidade, presidente da Comunidade Brasil Israel, uma lider em edificar pontes entre judeus e cristãos” (a falta de acento continua por conta de nossa dirigente cultural). Talvez ela considere que a paz no oriente médio tem uma solução fácil: basta eliminar os árabes e integrar judeus e cristãos!

Para o Instituto Brasileiro de Museus ainda não foi designado um novo titular. Está faltando maluco no pedaço.

Pois bem, leitor, este foi o resultado de nossa provocação. Não incluímos aqui todas as boçalidades proferidas pelos nomeados pois, ao que parece sob orientação de Alvim, eles apagaram boa parte do conteúdo de suas redes sociais e se recusaram a dar entrevistas. Se fosse um time de futebol, a equipe de Alvim perderia de goleada para o Íbis. Selecionaram os intelectuais mais preparados da turma do capitão-messias, os olavetes mais destacados, os mais brilhantes pensadores do neo-pentecostalismo para dirigir a Cultura Brasileira e foi isso que conseguiram: uma récua! Entre os homens o uso da gravata foi proibido e substituído por amplos babadores. Entre as mulheres foi dada uma instrução clara para que se contivessem e não fizessem sombra à lucidez da Damares. O ministro Abraão ficou com inveja. Nosso editor sugeriu que a situação pudesse ser um dano colateral da extinção dos manicômios, espalhando pelas ruas napoleões de hospício e profetas dos mais variados tipos, ora recolhidos e agraciados com salários de R$ 17 mil no governo do capitão-messias. É uma boa hipótese.

De qualquer forma, depois da análise dos perfis da turma, ficamos um pouco aliviados. Nossa preocupação era com a destruição de nossas instituições culturais. Mas, vendo a turma escalada para a tarefa, nos tranquilizamos. Muito antes de eles conseguirem destruir alguma coisa o atual governo já terá ido para o seu devido lugar na História. Funarte, Ipham, FCRB, Palmares, Ancine, Ibram, Biblioteca Nacional e o que restou do sistema MinC são muito mais fortes do que esta tropa.

Encerramos nosso último artigo afirmando:

“Felizmente, leitor, a história nos ensina que estes pesadelos não costumam durar muito. Não se apaga a Cultura de um povo – menos ainda uma Cultura rica e pujante como a brasileira – por decreto. A loucura e a estultice como forma de governo têm vida curta. Apedeutas só conseguem se fingir de sábios por pouco tempo. As forças vivas da Nação, os setores comprometidos da sociedade reagem e recolocam os tipos em seus devidos lugares: uns no ostracismo, outros na cadeia o resto no manicômio.”

Vendo os nomes escolhidos para tentar dar cabo da Cultura Brasileira, nossa convicção no que escrevemos aumentou.

Publicado no Jornal Hora do Povo

A autocrítica que o PT tem de realizar

Apagando a vela: Gleisi Hoffmann, Fernando Haddad, José Guimarães e Paulo Pimenta – Foto: PT/Divulgação

 

 

Disse Lula, reunido com a direção do PT, que “o PT não tem que fazer autocrítica”. Foi além: “tem companheiro do PT que também fala que tem que fazer autocrítica. Eu não vou fazer o papel de oposição”.

É uma estranha concepção – ainda que bastante habitual, mesmo rotineira, em Lula. Como é óbvio que a “oposição” ao PT não pode fazer “autocrítica” pelo PT; e que, também é óbvio, se “autocrítica” é coisa dos inimigos do PT, só resta expulsar quem acha que é justo alguma autocrítica, estamos diante de uma negação completa de qualquer autocrítica.

Se Bolsonaro chegou ao poder, a culpa é dos outros, jamais de Lula, isto é, do PT.

Mas de que autocrítica estamos falando?

O texto abaixo, publicado originalmente no Portal Disparada, tem o mérito da clareza – e, também, o da concisão.

(C.L., do Jornal Hora do Povo)

ANDRÉ LUIZ DOS REIS

(Do Portal Disparada)

1) Os governos petistas mantiveram uma macroeconomia neoliberal. Deram uma pitada de neokeynesianismo, mas a arquitetura do tripé macroeconômico de Armínio Fraga foi mantida durante todo o período;

2) A macroeconomia neoliberal desindustrializou fortemente o país e nos tornou cada vez mais dependentes da exportação de comoddities. Os momentos de ”felicidade” do governo Lula se deveram, principalmente, à alta do barril de petróleo, da soja e do minério de ferro no mercado internacional. Não é à toa que o PT foi limado no ABC paulista;

3) A expansão de empregos durante a farra das comoddities se deu em áreas de baixa qualificação. Empregos em shoppings, em comércio de rua, em construção civil. A produtividade estagnou na era Lula e decresceu com Dilma. O pleno emprego em áreas de baixa qualificação não dá suporte a nenhuma economia saudável;

4) A Era PT consolidou o maior cartel de bancos da história brasileira, que se sentiu livre para impor os juros mais extorsivos do planeta, que chegam a quatrocentos por cento no cartão de crédito. A farra do crédito caro terminou com dezenas de milhões de famílias endividadas e com o nome no SPC, travando o consumo brasileiro pela próxima década, já que ninguém se propõe a resolver o problema.

5) Os programas sociais do PT se fundamentaram na propaganda do Bolsa-Família. O Bolsa-Família é a expressão de um programa neoliberal, criado por Milton Friedman;

6) O PT vendeu para as classes populares o mito da ”nova classe média” e da integração na cidadania via consumo. Foi um dos erros mais estúpidos que já se cometeu nesse país no diálogo com essas classes, consolidando nelas um ideal consumista típico de Miami sem que tivéssemos sequer a base produtiva real para sustentá-lo a longo prazo;

7) O PT não defendeu como deveria os direitos trabalhistas e previdenciários da população. Sempre que buscou um compromisso com as classes patronais, quem sofreu foram os trabalhadores. Esse tipo de compromisso culminou no erro de Dilma em 2015, logo depois das eleições, quando retirou direitos previdenciários e teve o ”estelionato eleitoral” denunciado pela CUT em protestos públicos;

8) Boa parte da crise fiscal do governo Dilma se deveu à implantação de um Bolsa empresário e de desonerações na folha de pagamento que lhe foram pedidas pela Fiesp;

9) O PT é não só conivente com a corrupção como se aproveitou estruturalmente dela para se manter no poder. Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira nisso daí é conversa pra boi dormir.

10) O PT não defendeu os preços que mais interessavam aos consumidores das grandes cidades. O custo de vida se tornou monstruoso, principalmente no âmbito da energia, do transporte público. Além disso, o PT consolidou o comércio da saúde, impulsionando a indústria dos planos de saúde;

11) O PT se abraçou obsessivamente com a promoção de uma agenda de costumes contrárias à sociedade conservadora e religiosa que diz representar. Confundiu projeto nacional com proselitismo de uma agenda radical de identitarismo pós-moderno.

12) O PT se aliou e incentivou politicamente a pior escória da sociedade brasileira: Eduardo Cunha, Cabral, Temer etc. no sistema partidário; Fiesp, cartel de bancos e agronegócio no sistema produtivo; pastores evangélicos como Silas Malafaia [governo Lula] e Edir Macedo como forma de dialogar com as classes populares urbanas. Deu no que deu.

E isso é só PRA COMEÇAR.

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6ª Mostra Mosfilm: obra prima de Tarkovsky, “Stalker” encanta os amantes do cinema autoral e artístico

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Aclamado pela experiência visual e estética, filme de 1979 teve as sessões lotadas durante a 6ª Mostra Mosfilm 

 

O público de São Paulo lotou as duas sessões de 2 horas e 40 minutos do emblemático “Stalker” (1979), escrito e dirigido pelo diretor soviético Andrei Tarkovsky. O longa é parte da programação da 6ª Mostra Mosfilm de Cinema Russo – organizada pelo CPC-UMES Filmes e que este ano ocupou as salas do Espaço Itaú Unibanco na Rua Augusta e do Cine Olido, no centro da capital paulista.

 

A narrativa complexa e aberta a interpretações cativa espectadores pela oportunidade de ver o filme – ganhador do Prêmio Especial do Júri do Festival de Cannes de 1980 – projetada em escala cinematográfica. Stalker é aclamado pela experiência visual e estética, aspecto comum da cinematografia do soviético que dirigiu Solaris (1971), O Espelho (1975), A Infância de Ivan (1962), entre outros.

 

O oitavo filme de Tarkovsky é tido como sua obra prima e é referência do cinema autoral e artístico contemporâneo, mas herdeiro da tradição cinematográfica soviética, considerada uma das mais importantes do mundo.

 

Os ingressos a preços populares foram disputados por um público de cinéfilos e espectadores fiéis à programação da mostra. Para a segunda sessão do filme no último domingo (08), os ingressos estavam esgotados quatro horas antes da exibição.

 

Diego Migliorini, de 28 anos, soube da mostra por amigos e pegou um dos últimos assentos disponíveis para a sessão de sexta-feira, embora tenha chegado ao Espaço Itaú com 1h30min de antecedência.

 

“Já esperava que fosse lotar quando vi na programação, isso pelo que Tarkovsky representa para o cinema russo e mundial. Uma das coisas mais elogiáveis dessa mostra foi trazer esse filme para uma sala de cinema em São Paulo. É um filme clássico e que a maior parte das pessoas da minha geração não tiveram oportunidade de ver. É singular, extremamente bonito e contemplativo, feito para ser visto na tela de um cinema”, disse.

 

“Stalker parece menos importante pelo que conta e mais pelo que mostra. Não há sequer um daqueles demorados planos que não tenham a composição de uma fotografia. As imagens são muito bonitas”, disse Luana Teixeira, que acompanha a mostra desde a primeira edição. “Mas cansativa a nossa constante tentativa de encontrar as conexões, estabelecer referências. Acho que não teria visto se não fosse no cinema, a experiência não teria sido tão completa”. Luana viu ainda “A Balada do Soldado” na abertura e espera pegar as sessões de “Volga Volga” e “A Prisioneira do Cáucaso”.

 

Jefferson Bittencourt é fã de cinema, soube da sessão do filme de Tarkovsky um mês antes e se programou para chegar cedo.

 

“Ouvia falar do Stalker como um clássico que valia a pena ser assistido. Embora a dificuldade de acompanhar a história, você sai pensando muito sobre as questões filosóficas que o filme levanta”, disse. “Conhecer um pouco do cinema russo e soviético despertou um interesse gigante e estou correndo atrás de outros filmes. Gosto muito do gênero de guerra e acho que os filmes oferecem um retrato muito mais realista sobre os acontecimentos históricos do que filmes americanos do mesmo gênero. São também mais sensíveis”, afirmou Luana após ter saído da sessão e adquirido dois DVD’s do estúdio Mosfilm distribuído pelo CPC Umes-Filmes: Vá e Veja e Tigre Branco.

 

Maria Thereza Alcântara não considera Stalker um filme de ficção científica. “Eu não acho. Acho um tratado filosófico e poético sobre a esperança. Não vi como uma ficção científica. O que mais me impressionou foi o diálogo deles, um jeito tão diferente de ser, de pensar, nos mostra bem uma cultura diferente; achei bem diferente o filme”.

 

Sua filha, Patrícia Alcântara Santos, também elogiou a exibição. “Sou apaixonada por esse filme. Pra falar a verdade eu não entendo muito o significado dele; eu já assisti umas 5 ou 6 vezes e ainda é uma coisa muito incerta na minha cabeça, ainda não encaixou tudo. Eu gosto da poética dele”.

 

CONEXÃO

 

A atriz Shadiyah Becker considera que a Mostra trouxe para ela outra perspectiva sobre o cinema russo.

 

“Esse é o quinto filme que eu assisto da Mostra. Estou achando muito legal acompanhar. A seleção de filmes está me trazendo outra perspectiva do cinema russo, porque antes eu via filmes muito pesados, uns como o Stalker que eu acabei de assistir. Gostei muito do humor russo, de umas sacadas, de como eles conseguem trazer um drama com uma leveza e aí ficam entre uma comédia e um drama”, disse.

 

“Para mim enquanto atriz é muito bom ver filmes russos por toda técnica cênica deles e por todas as histórias e essa curadoria de filmes que tem temas humanos e políticos, temas muito sensíveis”, destacou.

 

“Do Stalker em si, eu gosto muito do Tarkovsky, da poesia que ele cria através das imagens. Eu sempre saio dos filmes dele sem ter muita certeza se eu entendi, mas de qualquer forma eu sinto que eu vivi, que eu me conecto muito com as imagens e com o que vai acontecendo, porque eu acho que ele é bem complexo. Ele vai viajando e eu tenho uma experiência, não sei te dizer exatamente do que se trata, mas eu sei te dizer das sensações que eu tive vendo o filme, que foram muitas. Eu gosto muito desse diretor e foi muito gratificante poder assisti-lo no cinema, na Mostra”, finalizou.

 

Do Jornal Hora do Povo

 

A 6ª Mostra Mosfilm de Cinema Russo segue com sua programação até o dia 11 de dezembro no Espaço Itaú de Cinema da Rua Augusta

Veja a programação completa

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REVISTA DE CINEMA – Mostra exibe longas do cinema soviético e russo

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“Stalker”, de Andrei Tarkovsky

Por Maria do Rosário Caetano

A Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo realiza sua sexta edição em casa nova. Ou melhor, em casas novas. Deixa a Cinemateca Brasileira, onde o CPC-UMES (Centro Popular de Cultura da União Municipal de Estudantes Secundaristas) realizou suas cinco primeiras edições, e estabelece-se, a partir desta quarta-feira, 4 de dezembro, no Espaço Itaú Augusta e no Cine Olido, do Circuito Spcine. Até dia 11 de dezembro, serão exibidos doze longas-metragens, em 29 sessões.

O filme inaugural, “A Balada do Soldado”, de Grigori Chukhray, realizado em 1959, é um rod-movie em tempos de guerra (a Segunda Guerra Mundial, ou A Grande Guerra Patriótica, como os russos a denominam), protagonizado por dois adolescentes.

Aliosha, um soldado de 19 anos, destrói dois tanques alemães. Ao invés de uma medalha, ele solicita licença para visitar a mãe e para consertar o telhado da casa da família, num aldeia. Ganha seis dias. Ao longo de sua jornada, feita em trens militares e nos mais improváveis meios de transporte, ele compartilhará com uma linda e arisca jovem (e com povo soviético, claro!) os sacrifícios da vida na retaguarda bélica.

Sintético (apenas 88 minutos), o filme, que recebeu prêmios em festivais internacionais (Cannes, São Francisco, Londres e Milão) se deixa ver com grande prazer e interesse, pois os atores são muito carismáticos e a fotografia (em preto e branco), de grande beleza. Excessiva, só a música.

A sexta edição da Mostra Mosfilm traz, claro, filmes de guerra, gênero em que os soviéticos desenvolveram excelente expertise (vide o magistral “Vá e Veja”, de Elem Klimov), obras de imenso empenho artístico (caso de “Stalker”, de Andrei Tarkovsky), balés filmados (o imperdível “Spartacus”, dançado pelo Bolshoi), comédias (“A Prisioneira do Cáucaso”, visto por 76 milhões de espectadores), dramas de nomes impensáveis em nosso tempo (“O Comunista”), e um filme menos badalado de Mikhail “Soy Cuba” Kalatozov ( “Amigos Verdadeiros”).

“Stalker” (1979) é uma ficção científica comandada por um dos maiores nomes do cinema soviético, Andrei Tarkowsky (1932-1986). Ao longo de 162 minutos, com imagens que imprimem a predominância de verdes, cinzas e cobres, o grande realizador moscovita nos conduz a um futuro indefinido e misterioso. E a um espaço idem. Um guia (o stalker do título) leva dois homens, identificados apenas como Escritor e Professor, a uma área proibida, a “Zona”. Dentro dela, há uma usina nuclear desativada e um aposento capaz de realizar os desejos de quem nele adentrar. No elenco, estão Aleksandr Kaidanovsky, Anatoly Solonitsyn, Nikolai Grinko e Alisa Freyndlikh. O filme conquistou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes, em 1980.

“O Comunista”, de Yuli Raizman, realizado em 1957, foi produzido para marcar o quadragésimo aniversário da Revolução Bolchevique. O diretor optou por narrar “a curta, mas brilhante, vida” de Vassily Gubanov, “seu trabalho honesto e consciencioso” na construção de uma grande central elétrica em Zagora, durante a Guerra civil que se seguiu à revolução de Outubro. Sem perceber, “Vassily Gubanov realiza os feitos que o tornarão, postumamente, um herói”.

O filme, que ganhou Menção Honrosa no Festival de Veneza, seria um típico produto do Realismo Socialista? Primeiro, há que se lembrar que Josef Stálin (1878-1953) morrera e que o país experimentava novos ares. No livro “Cinema para Russos, Cinema para Soviéticos” (Bazar do Tempo, 2019), o pesquisador e diplomata João Lanari Bo comenta: “Neste filme (‘O Comunista’), a história da implantação do comunismo em um microcosmo longínquo torna-se um relato privado (o filho relembrando a história do pai), carregado de tonalidades emocionais que revelam a internalização do mito revolucionário”. O herói “que mal conhece a cartilha comunista – a despeito do título do filme, ele age por uma ética própria, autodidata – termina sendo assassinado pelos representantes da velha Rússia: não há delegados do Partido que assegurem sua salvação, o que há é destruição da central elétrica e a falência momentânea do projeto revolucionário”.

Há que se prestar atenção em “Eles Lutaram pela Pátria”, outra atração da Mostra Mosfilm, por razão extra-obra: o currículo de seu realizador, o cineasta (e ator) Serguei Bondarchuk (1920-1994). O filme é um épico de guerra, gênero preferido do astro soviético. Além dele, que fazia questão de atuar também nos filmes que dirigia, foram escalados Vassily Shukshin, Vyacheslav Tikhonov e Yury Nikulin.

Ano que vem, a Rússia vai festejar o centenário de nascimento de Bondarchuk, um dos nomes mais poderosos de sua história cinematográfica. Com sua bela estampa, ele tornou-se célebre nas 15 repúblicas soviéticas. Depois, tornar-se-ia nome de alcance planetário ao ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro com seu monumental “Guerra e Paz” (em quatro partes, 1966/67). Seu prestígio chegou ao ponto de ser ele o escolhido por Dino de Laurentis para comandar o épico “Waterloo”, com Rod Steiger na pele de Napoleão Bonaparte, Christopher Plummer como o General Wellington e Orson Welles como Luís XVIII (em aparição fugaz). Para se ter ideia do poder de Sergei Bondarchuk, basta evocar fala de Andrei Tarkovsky no filme “Uma Oração de Cinema”, dirigido por seu filho Andrey A. Tarkovsky e exibido na Mostra Internacional de Cinema de SP, em outubro último. O diretor de “Solaris” assegura que seu filme “Nostalgia”, realizado na Itália, só “não ganhou o Festival de Cannes, em 1982, porque Bondarchuk, um dos jurados, o teria boicotado sob o argumento de que aquele filme não representava a URSS”. Difícil apurar a história, agora que os dois estão mortos.

O selo CPC-UMES já lançou dois filmes de Bondarchuk em DVD – “O Destino de um Homem” (1959), sua estreia na direção e, para muitos, seu melhor trabalho, e o monumental “Boris Godunov”, recriação épica do poema de Alexander Pushkin. O próprio Bondarchuk interpreta o czar Boris Godunov, um dos malfadados herdeiros do trono de Ivan, o Terrível. Ambientado em tempo medieval-religioso, a narrativa nos atira no centro de um império, o russo, em convulsão e a ponto de esfacelar-se (entre 1598 e 1605). Os cenários são arrebatadores, os figurinos espantosos, as cenas de multidão impressionantes e a fotografia de aliciante beleza.

“Eles Lutaram pela Pátria”, que concorreu à Palma de Ouro em 1975, reconstitui os três dias de retirada de um regimento do Exército Vermelho, em direção à cidade de Stalingrado. E o faz a partir da ótica de três soldados de origens diferentes (um engenheiro agrônomo, um mecânico e um mineiro). Este épico bélico baseia-se em romance de Mikhail Sholokhov (1905-1984), Prêmio Nobel de Literatura, em 1965.

Confira abaixo dados gerais e sinopses dos sete filmes que completam a programação da sexta Mostra Mosfilm:

. “Spartacus” (1975, 93 minutos), de Yury Grigorovich. Com Vladimir Vassilev, Natalya Bessmertnova, Maris Liepa, Nina Timofeeva, este filme, um registro de um dos mais famosos espetáculos do Balé Bolshoi, criado por Khachaturian, situa-se na Roma Antiga. Spartacus, um soldado trácio, é capturado por Crasso. Forçado a lutar como gladiador e matar um de seus amigos, ele planeja um levante sem precedentes.

. “A Flor de Pedra” é uma trama de aventura, censura livre, dirigida por um mestre da animação e dos efeitos especiais, Aleksander Ptushko. Produzido em 1946, o filme tem fama, na Rússia, de ser “um dos mais instigantes exemplares da história do cinema fantástico”, gêneros de grande apelo popular. Ptushko narra a fábula de um artesão que se dispõe a sacrificar tudo pela perfeição técnica de sua arte.

.“Amigos Verdadeiros”, de Mikhail Kalatozov, premiado em Cannes com “Quando Voam as Cegonhas” (1959), é um mix de comédia e aventura. Três garotos, moradores de um subúrbio de Moscou, se comprometeram a, no futuro, se reencontrar. Adultos, Borka tornou-se um famoso cirurgião, Sashka, professor de pecuária, e Vaska, doutor em arquitetura. Para cumprir a promessa de outrora, eles partem em uma jangada, pelo rio Volga, para juntos, viverem uma série de aventuras.

. “Volga-Volga” (1938) é uma comédia musical, dirigida por Grigori Aleksandrov, o mais próximo colaborador de Serguei Eisenstein. Juntos, eles trabalharam em vários filmes, incluindo a frustrada experiência mexicana (“Que Viva México!”) do diretor de “Encouraçado Potenkin”. Embora um de seus filmes – “Jovens Alegres” (1934) – seja objeto de estima da crítica francesa, Alexandrov acabou distante dos “Anos Eisenstein” (e da glória do mestre). Fez, inclusive, filmes patrióticos (ou de baixo risco) na era Stalin. É o caso deste, “Volga-Volga”. Na trama, dois grupos de artistas amadores deixam sua aldeia para participar de concurso de talentos em Moscou. Eles o farão acompanhados de um burocrata, interessado em utilizá-los em proveito próprio (ou seja, para turbinar sua ascensão na hierarquia soviética).

. “A Prisioneira do Cáucaso” (1966, 80 minutos), de Leonid Gayday, com os comediantes Aleksandr Demyanenko, Natalya Varley, Yury Nikulin, Vladimir Etush. Um grupo parte em viagem de pesquisa folclórica, rumo ao Cáucaso. O jovem estudante Shurik apaixona-se pela atlética, bela e politizada Nina. Mas a garota é sequestrada pelo homem mais poderoso da região, que planeja impor a ela um casamento arranjado. Um dos imensos êxitos populares de Gayday, que vendeu mais de 76 milhões de ingressos.

. “Rapaziada!” (1981, 92 minutos) é um drama dirigido por Iskra Babic, com elenco encabeçado por Aleksandr Mikhaylov, Pyotr Glebov, Irina Ivanova, Mikhail Buzylyov-Kretso e Pyotr Krylov. Na trama, o protagonista, Pavel, encontra-se prestando serviços ao Exército quando recebe carta da mãe, dizendo que Nastya, sua esposa, o estava traindo. Ele decide, então, não retornar à sua cidade natal. Porém, passados treze anos, descobre que a mãe se enganara. Nastya morrera, deixando três filhos órfãos (a mais velha, filha dele). O filme recebeu menção honrosa no 32º Festival de Berlim.

. “O Mensageiro” (1986, 89 minutos) é um drama dirigido por Karen Shakhnazarov, o poderoso presidente dos Estúdios Mosfilm, e grande apoiador do projeto de difusão do cinema soviético (e russo) empreendido, no Brasil, pelo CPC-UMES. O diretor de “Anna Karenina – A História de Vronsky” (2017), lançado ano passado, e com sucesso, no circuito de arte brasileiro, participa da sexta Mostra com uma narrativa ambientada na Era Gorbachev. Um rapaz sem noção consegue emprego de office boy. Ele se sente parte de uma sociedade à deriva. Ao fazer determinada entrega à domicílio, ele conhece o Prof. Kuznetzov e sua filha Katya. Para irritar o professor, ele afirma ter engravidado Katya. Para sua surpresa, ela confirma a história. À frente do elenco, estão Fyodor Dunaevsky, Anastasya Nemolyaeva, Oleg Basilashvili e Inna Churikova.

. “Aluga-se uma Casa com Todos os Inconvenientes” é o filme mais recente da Mostra Mosfilm. Trata-se de uma comédia de 90 minutos, realizada por Vera Storozheva, com Victoria Isakova, Irina Pegova, Nina Dvorzhetskaya e Svetlana Khodchenkova à frente do elenco. Na trama, um corretor ambicioso aluga a mesma casa para várias famílias. Depois de algumas situações embaraçosas, tudo parecia caminhar bem. Mas, ao retornar de uma viagem, o proprietário do imóvel descobre, surpreso, que o amigo a quem ele emprestara a casa a havia alugado a terceiros.

Dos 12 filmes programados, três chegam em cópia restaurada pela Mosfilm, dentro do rigor das mais avançadas técnicas digitais: a ficção científica “Stalker”, o drama de guerra “Balada do Soldado” e a comédia “A Prisioneira do Cáucaso”.

 

VI Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo

Data: 4 a 11 de dezembro

Local: Espaço Itaú Augusta (sessões diárias às 16h30, 19h e 21h), e no Cine Olido, do Circuito Spcine (sessões às 15h, 17h e 19h). Sessão gratuita para o filme inaugural, “A Balada do Soldado”. Ingressos para as demais sessões no Espaço Augusta (R$10,00 e R$5,00). No Olido (R$4,00 e R$2,00).

No sábado, no cinema do centro da cidade, haverá feira culinária e de artesanato russo. E também exposição de matrioskas, a famosa bonequinha-souvenir russa.

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Espectadores lotam abertura da 6ª Mostra Mosfilm de Cinema Russo

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O presidente da UMES, Lucas Chen e o Cônsul Geral da Rússia em São Paulo, Yuri Lezgintsev,
deram início à 6ª Mostra Mosfilm de Cinema Russo – Fotos: Simão Salomão

 

Na noite desta quarta-feira (4) o Espaço Itaú Cinema da Rua Augusta recebeu a abertura da 6ª Mostra Mosfilm de Cinema Russo. Centenas de espectadores lotaram a sala de cinema para acompanhar a sessão de “A Balada do Soldado”, que deu início à mostra.

O presidente da UMES, Lucas Chen, celebrou a nova edição da consagrada mostra, que já caiu no gosto do publico paulistano e é frequentemente elogiada pela crítica por apresentar um amplo panorama do cinema soviético e russo.

“É uma grande honra para nós da União Municipal dos Estudantes Secundaristas realizar mais uma vez este evento, que têm sido sucesso de público e crítica”, disse Lucas Chen ao saudar o público. A 6ª Mostra Mosfilm de Cinema Russo é uma parceria entre o Centro Popular de Cultura da UMES – CPC-UMES Filmes, o Itaú Cinemas e o SPCine.

O Cônsul Geral da Federação da Rússia em São Paulo, Yuri Lezgintsev, compareceu à abertura da Mostra Mosfilm e agradeceu a presença de todos os que apreciam a cinematografia do país.

“Sinto muito prazer em poder participar da abertura da Mostra Mosfilm de Cinema Russo, que já é realizada pela sexta vez consecutiva. Como é sabido, o Mosfilm é o maior estúdio de cinema da Rússia e um dos maiores da Europa e seus trabalhos incluem sucessos da época da União Soviética e da Rússia Contemporânea”.

“Esta mostra apresenta uma série de filmes que nos são muito queridos, que retratam os vários aspectos da vida cultural da Rússia”, destacou o Cônsul.

  

SOCIEDADE

Dimitry Korobov, diretor da Agência de Assuntos da Comunidade dos Estados Independentes da Federação da Rússia, ressaltou o trabalho realizado pelo CPC-UMES Filmes e todos os que se dedicaram à construção da Mostra. “Nossos amigos brasileiros nos ajudam muito a consolidar a cultura russa aqui no Brasil, nos ajudam a abrir mais um espaço pra discussão sobre a importância do cinema”.

Segundo ele, os filmes que são apresentados nesta edição da mostra “tiveram um impacto muito grande na sociedade russa”.

A diretora da Associação Cultural Grupo Volga de Folclore Russo, Tamara Gers Dimitrov, destacou que a entidade tem muito orgulho de apoiar o evento. “Somos verdadeiros entusiastas de iniciativas como esta. É uma oportunidade rara ver filmes russos com qualidade e legendados aqui”.

Paulo de Macedo, diretor do Sptunik Consulting – Guia para Cultura e Negócios no Leste Europeu, considerou que “É um prazer para nós participarmos de atividades de divulgação da cultura russa. A Rússia é um país que tem muito a contribuir para o mundo, um país de cultura riquíssima e que possui um papel histórico inigualável. Como uma grande potência e que ajuda outros países a se desenvolverem”.   

 

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NOVO LOCAL

 

Valério Bemfica, presidente do Centro Popular de Cultura da UMES – CPC-UMES, agradeceu aos novos parceiros que possibilitaram a realização da Mostra: Espaço Itaú de Cinema, na pessoa de seu diretor, Adhemar de Oliveira e a SPCine na pessoa de sua Diretora-Presidente, Lais Bodanzky.

Valério relembrou que nas edições anteriores, a Mostra foi realizada em outro local. “Este ano, infelizmente, por motivos que não vou declinar aqui, mas que vocês podem imaginar, os antigos parceiros faltaram”.

“Felizmente uma característica o “povo do cinema” no Brasil sempre teve: a solidariedade. Diante dos imprevistos, é só olhar para os lados e há mãos
estendidas. E foi o que aconteceu: se o local tradicional não quis nos receber, as mãos do Ademar e da Lais, do Espaço Itaú de Cinema e da SPCine estavam estendidas”, destacou Valério.

“Graças a gestos como este nossa Mostra continuará acontecendo, outras mostras continuarão vivas, filmes seguirão sendo feitos, festivais terão sequência, enfim o cinema brasileiro seguirá vivo e pujante. Para a tristeza de alguns poucos, mas para a alegria do povo brasileiro”, concluiu.

O diretor geral do Estúdio Mosfilm, Karen Shakhnazarov, enviou carta cumprimentando a realização da 6ª Mostra de Cinema Russo:


A todos da UMES e da CPC-UMES Filmes

Estou muito feliz de saber que a 6º Mostra MOSFILM de Cinema
no Brasil mais uma vez está atraindo um grande número de
espectadores. Evidencia isso o fato de que na abertura da
programação, com a exibição de “A Balada do Soldado”, todos os
lugares foram antecipadamente reservados. Tenho certeza de que
as apresentações seguintes acontecerão com salas cheias e os
filmes repercutiram nos corações dos espectadores.

Apreciamos muito vosso compromisso com a divulgação do
cinema do Mosfilm no Brasil, e desejamos que a parceria entre a
UMES e nosso Estúdio evolua com sucesso no futuro.

Transmitam em meu nome um agradecimento e os melhores
desejos a todos os membros dessa equipe maravilhosa.

Respeitosamente,

Karen Shakhnazarov
Diretor Geral
Laureado com o Premio Artista de honra da Federação da Rússia
Artista do Povo da Federação Russa

 

Ao longo dos dias, serão apresentados 12 longas metragens soviéticos e russos de diferentes períodos e gêneros – comédia, drama, guerra, aventura e musicais compõe a programação mostra. As 29 sessões serão realizadas em Salas do Espaço Itaú de Cinema na Rua Augusta e no SPCine Olido

Locais de exibição

Itaú Cinemas Augusta

Rua Augusta, 1.475, sala 3 – Consolação – São Paulo – SP
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia entrada)

Circuito SPCine – Cine Olido

Av. São João, 473, Centro – São Paulo – SP
Ingressos: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia entrada)

 

Clique aqui e veja a programação completa da 6ª Mostra Mosfilm de Cinema Russo

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Folha de São Paulo: Mostra de cinema soviético chega à sua sexta edição com clássicos restaurados

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Cena do filme ‘Stalker’, de Andrei Tarkovski – Foto: Divulgação/CPC-UMES Filmes

 

Reproduzimos abaixo artigo publicado na Folha de São. Paulo sobre a abertura da 6ª Mostra Mosfilm de Cinema Russo, que começa nesta quarta-feira (4) no Itaú Cinema da Rua Augusta

 

Panorama inclui a sofisticada obra de Andrei Tarkovski e a linha mais popular de Leonid Gaidai

LUIS FELIPE LABAKI

SÃO PAULO

Em sua sexta edição, a Mostra Mosfilm repete a tradição de apresentar um amplo panorama do cinema soviético e russo.

Dos anos 1930 à década de 1980, contando ainda com uma comédia lançada recentemente, os 12 longas da seleção evidenciam a diversidade de gêneros e estilos da cinematografia do país. 

Os destaques são versões restauradas de clássicos. “Stalker” (1979, direção de Andrei Tarkovski) é obrigatório, mas essa é também uma boa oportunidade para se assistir a cópias legendadas de títulos que, apesar de menos conhecidos por aqui, foram imensamente populares na URSS. 

É o caso de “A Flor de Pedra” (1946), de Aleksándr Ptuchkó —mestre dos filmes infantojuvenis e dos efeitos especiais— e, principalmente, da comédia “A Prisioneira do Cáucaso” (1967, direção Leonid Gaidai).

Assim como o poeta Joseph Brodsky disse que a chegada dos filmes de Tarzan à URSS no pós-guerra fez mais pela desestalinização do que qualquer discurso de Khruschiôv, “A Prisioneira do Cáucaso” diz mais sobre o cinema de grande público da URSS do que qualquer outro filme da mostra.

Com cerca de 76 milhões de ingressos vendidos no país, até hoje é fácil encontrar quem saiba de cor as falas de seus personagens. 

Mais próximo de Trapalhões do que de Tarkovski, o filme tem também algo das primeiras comédias de Woody Allen, intercalando gags visuais com diálogos espirituosos e absurdos que seguem a tradição russa de satirizar as nações do Cáucaso e, na medida do possível, o funcionalismo estatal —o nome do vilão, por exemplo, seria uma referência velada a um importante burocrata do próprio estúdio Mosfilm.

A trama envolve as desventuras de Chúrik, paródia do turista russo que viaja em busca do “verdadeiro folclore local”, e de uma trupe de malandros que se aproveita da ingenuidade do jovem para utilizá-lo no rapto de Nina, garota cobiçada por todos. 

Já os musicais de Grigóri Aleksándrov são representados neste ano pela jornada fluvial “Volga-Volga” (1937), um dos filmes favoritos de Iôsif Stálin —o que, diga-se de passagem, não impediu que seu diretor de fotografia, o renomado Vladímir Nilsen, fosse preso e executado em meio ao Terror.

E há na programação ainda outro passeio pelo rio: “Amigos Verdadeiros” (1954, de Mikhail Kalatôzov), uma despretensiosa comédia sobre três amigos de meia-idade que decidem percorrer o Volga a bordo de uma jangada. 

Apenas um ano separa “O Comunista” (1958, direção de Iúli Ráizman) de “A Balada do Soldado” (1959, direção de Grigóri Tchukhrái), mas os filmes pertencem a eras distintas. 

O primeiro ecoa os “heróis positivos” do auge do realismo socialista, com um protagonista austero, de violento entusiasmo. Já o segundo, filme de abertura da mostra e uma das obras-primas da filmografia soviética, é um dos melhores exemplos dos novos ventos estéticos do período do Degelo (1953-1964).

Palavras de ordem e “grandes temas” dão lugar à lírica dos rostos em close e das experiências pessoais do soldado Aliôcha, da jovem Chúra e dos personagens que cruzam seu caminho ao longo da melancólica viagem do front à casa materna. 

Outro retrato da juventude, “O Mensageiro” (1986, de Karen Shakhnazarov) aborda o vazio existencial nesses que seriam os anos finais da URSS, emoldurando a falta de perspectivas com danças de break e espectros da Guerra Afegã-Soviética (1979-1989). 

A mostra fica em cartaz no Itaú Augusta e no SPCine Olido, de 4 a 11 de dezembro, com ao menos duas exibições de cada filme.

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“A Balada do Soldado” abre a 6ª Mostra Mosfilm nesta quarta-feira

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Clássico de 1959, terá sessão de abertura gratuita na Mostra

 

A sessão de abertura da 6ª Mostra Mosfilm de Cinema Russo será realizada nesta quarta-feira (04), Espaço Itaú de Cinema da Rua Augusta, às 21 horas, com o filme “A Balada do Soldado”.

 

A Mostra Mosfilm de Cinema é uma realização do CPC-UMES Filmes, em parceria com a SPCine e Itaú Cinemas.

 

O clássico de Grigori Chukhray, A Balada do Soldado (1959) acompanha a história do soldado Alyosha que, durante a 2ª Guerra Mundial, destrói dois tanques alemães. Ao invés de uma medalha, pede uma licença para visitar a mãe. Na jornada, o jovem compartilha com o povo os sacrifícios da vida na retaguarda

O filme foi premiado nos festivais de Cannes, São Francisco, Londres e Milão.

 

Entre os dias 4 e 11 de dezembro, a já consagrada mostra apresentará 12 longas metragens do cinema em 29 sessões em dois diferentes locais de exibição.

As sessões serão realizadas em dois diferentes e tradicionais cinemas – o SPCine Olido e o Espaço Itaú de Cinema da Rua Augusta, duas importantes referências culturais da capital paulista.

 

Todos os longas terão ao menos duas exibições, sendo pelo menos uma no Itaú (Rua Augusta, 1.475) e uma no SPCine Olido (Av. São João, 473).

 

Os ingressos têm preços populares (R$ 4 a R$ 10) e as acontecem em cinco horários diversos.

 

A sessão de abertura da Mostra é gratuita. É necessário confirmar presença pelo e-mail: mostramosfilm@umes.org.br 

 

Retirada de ingressos com 1 hora de antecedência. Sujeito a lotação da sala.

 

Clique aqui e veja a programação completa e as sinopses dos filmes da Mostra

 

Locais de exibição:

 

Itaú Cinemas Augusta

Rua Augusta, 1.475, sala 3 – Consolação – São Paulo – SP

Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia entrada)

 

Circuito SPCine – Cine Olido

Av. São João, 473, Centro – São Paulo – SP

Ingressos: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia entrada)

 

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Mostra de Cinema Israel-Palestina debate os Caminhos para a Paz

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Debatedores, Ualid Rabah, da Federação Palestina (Fepal) e Daniel Douek, do Instituto Brasil-Israel (IBI).
O debate foi mediado por Nathaniel Braia (ao centro) – Foto: Thaynan Diniz/UMES

 

“O sucesso dessa mostra, com certeza, nos levará a outros eventos sobre este tema”, afirmou o presidente da Umes, Lucas Chen

 

A “Mostra de Cinema Israel-Palestina”, organizada pela União Municipal de Estudantes Secundaristas de São Paulo – UMES e o Instituto Brasil-Israel (IBI), com apoio da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), teve seu encerramento no domingo, dia 1º, com o filme “Promessas de Um Mundo Novo” dirigido pelo israelense B.Z. Goldberg.

À apresentação do filme seguiu-se um debate com a participação do colaborador do Instituto Brasil-Israel, Daniel Douek (mestre em Letras pelo Programa de Estudos Judaicos e Árabes da USP) e de Ualid Rabah, presidente da Fepal.

Além do filme apresentado no encerramento, a mostra trouxe, nos dois dias anteriores, ao Cine-Teatro ‘Denoy de Oliveira’, uma seleção de mais três filmes que colecionaram prêmios ao trazerem para as telas visões críticas aos interesses, preconceito e estreiteza que mantêm o conflito. Os filmes retratam suas graves consequências para as sociedades israelense e palestina. “Paradise Now”, “Limoeiro” e “Bubble”, foram os exibidos nos dias 29 e 30 de novembro.

DEBATE

No debate, Daniel Douek saudou a mostra e seus idealizadores e ressaltou a capacidade do cinema de “ao imaginar outros mundos, contribuir para criar novas realidades”.

“O sucesso dessa mostra, com certeza, nos levará a outros eventos sobre este tema”, afirmou o presidente da Umes, Lucas Chen

Douek analisou o filme “Promessas”, exibido pouco antes, mostrando que o diretor se “valeu de alguns ângulos de abordagem para produzir a reflexão que o próprio título do documentário já sugere. Em alguns momentos é ele próprio que cria as situações incomuns (que sem sua participação não ocorreriam) a exemplo do encontro entre crianças israelenses e palestinas em um campo de refugiados palestinos, ou nas entrevistas com aquelas crianças que não transpõem o afastamento para se encontrarem”.

Daniel Douek

“Em outros momentos”, prosseguiu Douek, “o diretor mostra situações nas quais ele também é espectador e não tem o poder de intervir, a exemplo das cenas da visita da família do palestino detido em uma prisão israelense”.

Daniel acrescentou que, “se de um lado o filme ressalta os impasses, também coloca a utopia da solução do conflito na mão dos mais jovens, abrindo brechas para sua superação”.

O palestino Ualid Rabah, também viu aspectos positivos na busca pela paz preconizada pelo diretor, mas alertou para alguns aspectos que não lhe passaram despercebidos: “Em primeiro lugar é omitida, em absoluto, a presença dos palestinos cristãos na sociedade palestina, além disso as forças políticas ressaltadas no documentário, Hamas e Frente Popular, são forças que não advogam a solução dos Dois Estados. A vertente histórica representada pelo Fatah, por exemplo, não se apresenta”.

“Fica uma sutil sensação de que a intransigência é palestina e tem caráter religioso e isso, além de não ser real, é perigoso”.

 

SOLUÇÕES

 

“Neste aspecto”, ressaltou Ualid, “não pode haver paralelo ou simetria entre ocupante e ocupado. Falamos em paz mas, seja qual for o debate para a alcançarmos, isso implica em tratarmos de assuntos como o do direito dos refugiados ao retorno, o fim dos assentamentos israelenses em território palestino, entre outras questões que nos desafiam”.

 Ualid

Para ele, “a questão palestina não é, nem nunca foi, uma questão religiosa; não é uma questão de visão. Ela resulta da ação colonialista e sua solução se dá – assim como coube a outros povos – na luta pelo fim deste colonialismo que implica em ocupação e pela realização do direito do povo palestino à autodeterminação”.

Ao final de sua participação no debate, Ualid retomou a crítica do uso distorcido e nocivo da religião de forma a gerar a manutenção do conflito: “Vemos com apreensão a visão do falso messianismo propalado pelos neopentecostais, que em sua negação da história, atribuem exclusividade aos judeus na posse do território palestino. Uma visão que reforça a islamofobia e o antissemitismo, exacerba os preconceitos e, assim, atende a interesses colonialistas e que é extremamente prejudicial e perigosa para os judeus, assim como para os palestinos, sejam eles muçulmanos ou cristãos”.

 

SUPERAÇÃO

 

O colaborador do IBI, finalizou sua intervenção voltando a trazer a questão de que “os filmes exibidos na mostra apresentam um aspecto central: para além do conflito, que surge em primeiro plano entre Israel e Palestina, há uma luta no seio destas duas sociedades, hoje fraturadas. A aliança entre as forças que portam as concepções em favor da superação do conflito é o caminho para a integração e a paz”.

O presidente da Umes, Lucas Chen, encerrou a mostra agradecendo a participação dos debatedores e afirmando considerar “muito feliz a iniciativa que proporcionou estas exibições, assim como este debate. Uma iniciativa que nos estimula a outros eventos que, como este, são da maior importância para que a nossa juventude compreenda as raízes deste conflito e, com base nisso, acredite na possibilidade da paz e de sua superação. O sucesso dessa mostra, com certeza, nos levará a outros eventos sobre este tema”.

Do Jornal Hora do Povo

 

Veja a íntegra do debate na nossa Página no Facebook

 

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“Fim do Fundeb ameaça a escola pública brasileira”, alertam parlamentares

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Na quarta-feira (27), uma mobilização de parlamentares de diversos partidos e entidades ligadas à Educação realizaram um ato na Câmara dos Deputados pela continuidade do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

O encontro intitulado como “Dia Nacional em Defesa do Novo Fundeb” foi marcado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) no Salão Verde da Câmara Federal, e contou com a participação da UNE, UBES, ANPG, CONTEE, Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, FNPE, Frente Parlamentar Mista da Educação, FENET, SINASEFE e FASUBRA.

Após o ato, uma delegação se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e vários parlamentares que foram solicitar apoio para a aprovação da PEC 15/2015, que torna permanente a manutenção do Fundeb.

Rodrigo Maia se comprometeu a ajudar na negociação para um entendimento e votação da proposta. O objetivo é evitar a queda da legislação que financia, desde 2006, mais de 60% dos gastos na educação básica, da creche ao ensino médio. O modelo atual validade até 2020 e, segundo os manifestantes, corre risco de não ser renovado ou ser precarizado pelo governo Bolsonaro.

O presidente da CNTE, Heleno Araújo, destacou a importância da população conversar com seus deputados e senadores para mostrar o apoio ao novo Fundeb: “É importante levar esse debate a cada local de trabalho, a cada condomínio e escola. Acabando o Fundeb em 2020 isso significa fechar as escolas públicas. E nós não podemos permitir que isto aconteça! Estamos aqui lutando por um direito universal, básico, humano, que é a educação pública para todos e todas”, disse.

De acordo com o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Pedro Gorki, a partir de 2021, “a escola pública brasileira poderá entrar em colapso total, caso não seja renovado o Fundeb”, que é responsável por quase metade do investimento em educação no Brasil.

Membro ativo da Comissão de Educação, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que um fundo importante como o Fundeb não pode depender de governos, é preciso virar política de Estado. “O Fundeb já significa um grande avanço, mas agora nós queremos um novo tempo, onde o Fundeb seja permanente, para que o financiamento da educação não fique ao sabor dos humores dos governantes, às intempéries. Esse é o investimento que fará do Brasil um país independente, liberto, sem amarras estrangeiras e com garantia da sua afirmação e identidade nacional”, disse.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) considera que o Fundeb “é fundamental para a manutenção, expansão e melhoria da qualidade de ensino no Brasil. Entretanto, corre o risco de ser extinto. Para evitar tamanho retrocesso, apresentamos em nosso mandato, uma proposta de emenda constitucional para tornar permanente o fundo”, disse.

O deputado federal Bacelar (Pode-BA) que esteve presente no ato, se manifestou em suas redes sociais sobre o encontro “Seguimos na defesa da educação básica! Uma quarta-feira marcada por atos e reuniões pelo Novo Fundeb. UBES, Une, deputados e senadores todos, juntos, na luta pelo ensino público de qualidade. Depois do ato no cafezinho do Salão Verde da Câmara fomos recebidos pelo presidente Rodrigo Maia! A expectativa para que, a principal fonte de financiamento da educação básica seja permanente, é alta! O prazo está acabando. 2020 bate na porta e nossos alunos merecem mais respeito!”, destacou Bacelar.

Atualmente três propostas de PECs que tratam da permanência do Fundeb tramitam no Legislativo, caso da PEC 15/2015, cuja relatora é a deputada federal Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), presente no ato e na reunião com Maia. 

A PEC 15/2015 é defendida pelas entidades e determina a ampliação da participação da União no financiamento do Fundeb para 15% em 2021 – hoje essa cota é de 10% –, até chegar a 40% em 2031. O projeto é contestado pelo governo que, até o momento, não apresentou nenhuma proposta concreta sobre o tema, omissão que pode provocar dificuldades orçamentárias para os municípios.

“Queremos manter e desenvolver a educação básica – creche, pré-escola, ensino fundamental e médio, jovens e adultos. Educação básica é tudo para o Brasil. Também queremos, ao mesmo tempo, valorizar os profissionais da educação, professores e profissionais”, explicou o senador Flávio Arns (Rede/PR), relator da Proposta de Emenda Constitucional 65/2019, que também trata da renovação do Fundeb. 

A líder da Minoria da Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), reforçou a luta para colocar a matéria na pauta da Câmara este ano ainda.“

“É fundamental que a gente garanta que esse novo Fundeb possa ser aprovado em curtíssimo espaço de tempo. Essa pauta precisa ganhar a relevância necessária e ganhe a pauta ainda este ano. Esse era o compromisso. Esse texto foi feito a partir de uma construção ampla. Queremos garantir não só nosso compromisso, mas garantir a amplitude suprapartidária para que esse projeto ande e garanta recursos suficientes para manter as escolas”, pontuou.

FUNDEB

O Fundeb foi criado com o objetivo de financiar todas as etapas da educação básica, fortalecer a equidade no financiamento da educação brasileira e garantir a valorização dos profissionais da educação. Além disso, é responsável por 50% de tudo o que se investe por aluno a cada ano em pelo menos 4.810 municípios brasileiros (86% do total de 5.570 municípios). 

O Fundo é formado por 27 fundos (de estados e Distrito Federal) compostos por recursos de impostos como IPVA, IPTU, entre outros. Estes fundos são redistribuídos aos municípios e estados de acordo com o número de alunos. A União complementa com 10% do valor total de tudo que é investido. O Fundeb também garante o Piso Nacional do Magistério e o pagamento de funcionários e funcionárias das escolas.

O Fundeb tem vigência assegurada até 31 de dezembro de 2020. Após essa data, o regime de cooperação ficará extinto, podendo comprometer gravemente o financiamento da educação em todo país. A previsão é que o Congresso vote a proposta do novo Fundeb ainda no primeiro semestre de 2020, para garantir que os municípios recebam recursos para manter as escolas.

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Mostra Permanente de Cinema Italiano encerra a programação de 2019 com “Belíssima”, de Luchino Visconti

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O Cine-Teatro Denoy de Oliveira apresenta: Mostra Permanente de Cinema Italiano

 

Uma das mais importantes cinematografias do mundo, a italiana, já quase não é vista nas telas de cinema e televisão do Brasil, cada vez mais abarrotadas de subprodutos da indústria hollywoodiana.

Enquanto o governo insiste em não realizar uma política cultural que garanta aos brasileiros o acesso às melhores obras da produção cinematográfica mundial, inclusive a nossa, a UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo) vai fazendo o que pode para preencher a lacuna.

 

 

 

02/12 – 19H: “BELÍSSIMA” (1951), DE LUCHINO VISCONTI – ÚLTIMA SESSÃO DO ANO!

 

 

SINOPSE

Madalena Cecconi (Anna Magnani) faz de tudo para que sua filha, a pequena Maria (Tina Apicella), se torne uma estrela de cinema. Ela então acaba levando a menina para disputar um concurso que vai escolher a protagonista do filme de um famoso cineasta. Esse é o início de muitas desilusões.

 

O DIRETOR

Luchino Visconti di Modrone, conde de Lonate Pozzolo, nasceu em Milão e descende da família Visconti da antiga nobreza italiana. Começou seu trabalho no cinema como assistente do diretor francês Jean Renoir nos filmes “Toni” (1934), “Les Bas-Fonds” (1936), “Partie de Campagne” (1936). Ingressou no Partito Comunista d’Italia em 1942. Seu primeiro filme como diretor foi “Obsessão” (1943). Voltou-se em seguida para o teatro. Em 1948, realizou “La Terra Trema”, um clássico do cinema neorrealista. Recebeu sua primeira premiação no Festival de Veneza (Leão de Prata), em 1957, pelo filme “As Noites Brancas” – baseado em conto de Fiodor Dostoievski. Em 1960, chega aos cinemas “Rocco e Seus Irmãos” e, em 1963, o mais aplaudido de seus trabalhos, “O Leopardo”, adaptação do romance de mesmo nome de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Depois vieram “As Vagas Estrelas da Ursa” (1965), “O Estrangeiro” (1967), “Os Deuses Malditos” (1969), “Morte em Veneza” (1971), “Ludwig” (1972), “Violência e Paixão” (1974) e “O Intruso” (1976).

Visconti assina também a direção de 42 peças teatrais e 20 óperas encenadas entre 1945 e 1973.

 

 

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SERVIÇO

Filme: Belíssima (1951), de Luchino Visconti

Duração: 114 minutos

Quando: 02/12 (segunda-feira)

Que horas: pontualmente às 19 horas

Quanto: entrada franca

Onde: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista (Sede Central da UMES SP)